Sinopse: Maria Bethânia fala sobre amores, discorre acerca das rédeas curtas autoimpostas, relembra momentos maiúsculos de sua trajetória, mareja ao falar das saudades da mãe, se curva em reverência ao irmão Caetano Veloso, diz que é absolutamente rigorosa com seus colaboradores, etc.
A música brasileira de hoje anda se enterrando através da música sertaneja universitária, da qual a mesma tem um único tema, que é sobre traição e sexo nas entrelinhas. Bons tempos em que o nosso país tinha uma música poética, da qual não era somente romântica, como também falava sobre as adversidades do nosso dia a dia. Em "Maria, Ninguém Sabe Quem Sou Eu" (2022) a cantora Maria Bethânia se abre sobre a sua pessoa, sobre a sua carreira e revelando a verdadeira beleza da nossa música brasileira.
Dirigido por Carlos Jardim, o documentário foi gravado no teatro do Hotel Copacabana Palace, onde a cantora, que completou 55 anos de carreira em 2020, fala sobre assuntos importantes na sua trajetória. O documentário conta com a participação da atriz Fernanda Montenegro, que narra cinco textos marcantes de autores como Ferreira Gullar e Caio Fernando Abreu, sobre Bethânia, ilustrados com imagens de fãs e de arquivo, além de registros raros de ensaios e shows da cantora.
O documentário em si é um bate papo descontraído onde artista revela um pouco sobre a sua pessoa, sobre as suas raízes e o que levou ela a cantar. A própria mal sabia que um dia se tornaria uma das melhores vozes da nossa música que, ao lado do seu irmão Caetano Veloso, nos passou poesia e reflexões sobre o amor, vida e a nossa realidade brasileira através de suas letras. O documentário tanto transita em momentos em que a cantora fala frente a frente com Carlos Jardim, como também nos momentos em que surgem imagens de arquivo e revelando os tempos dourados da cantora e os seus primeiros anos de sucesso.
Curiosamente, a cantora é franca em suas palavras, seja com relação aos outros talentos do mundo da música dos quais ela buscou inspiração, como também demonstra total humildade perante as pessoas que acham ela uma parte importante da nossa história cultural. Sendo tema da escola de samba da Mangueira em 2016, Maria Bethânia não esconde o seu papel com relação à política, sendo que ela não discute sobre o assunto, mas sim ela fala através da sua letra ao longo dos anos. Logicamente, assim como outros grandes talentos como Chico Buarque, ela também foi perseguida nos tempos da ditadura, pois as suas músicas faziam as pessoas refletirem e só por conta disso já era mais do que o suficiente os milicos da época se preocuparem.
Sobrevivente daqueles tempos e tendo seguido em frente até nos dias de hoje, Bethânia escancara o fato que a música é a melhor coisa que ela fará em vida, ao ponto que nas cenas dos ensaios ela demonstra total exigência consigo mesma, assim como também ela exige total empenho com relação aos demais em sua volta. Ao meu ver, a sua dedicação tem com relação ao fato dela tentar manter essa arte ainda intacta em solo brasileiro, principalmente em tempos em que esse desgoverno não está interessado em mantê-lo, mas sim extingui-lo. Cabe então talentos como Maria Bethânia e tantos outros continuarem combatendo para que assim a cultura prevaleça perante a ignorância.
"Maria, Ninguém Sabe Quem Sou Eu" é um documentário sobre uma grande artista, mas que também fala sobre como se faz a verdadeira arte da nossa música brasileira.
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