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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sábado, 3 de setembro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Não, Não Olhe!'

Sinopse: Residentes de  uma localidade solitária no interior da Califórnia testemunham uma espantosa e arrepiante descoberta.

Jordan Peele  é um caso cada vez mais raro dentro de uma Hollywood cheia de vícios. Com apenas dois filmes, "Corra" (2017) e "Nós" (2019) ele não somente fez uma crítica acida sobre o preconceito racial que ainda assola o mundo, como também usou ingredientes de sucesso dentro do gênero de horror e criando algo especialmente novo. Com "Não, Não Olhe!" (2022) ele se envereda agora para a ficção cientifica e novamente reinventa a roda.

O filme se passa no interior da Califórnia, onde começa a ter eventos bizarros de possíveis extraterrestres. Uma dupla de irmãos interpretado por Keke Palmer (True Jackson e Alice) e Daniel Kaluuya, possuem um rancho de cavalos e são vizinhos de um parque de diversões de uma série de televisão do personagem interpretado por Steven Yeun, inspirada no velho oeste. Os dois então são testemunhas de eventos bizarros e discos voadores.

Assim como nos seus filmes anteriores, Jordan Peele abre a sua obra com uma cena inusitada, onde vemos uma sala bagunçada, pessoas no chão com sangue e um macaco que, ao que tudo indica, provocou um verdadeiro massacre. Esse cenário retorna novamente em um determinado momento do filme, para logo obtermos informações sobre o que realmente era e logo constatarmos que não é nada do que a gente imaginava. Aliás, o cineasta já logo alfineta com a sua crítica com relação ao consumismo a qualquer preço da sociedade norte americana, ao ponto que tudo tem um limite e logo tudo se explode.

Curiosamente, esse cenário estrelado pelo macaco parece que não tem muito a ver com a trama principal, porém, logo vai se conectando com o fato de como devemos encarar uma força da natureza da qual pode ser implacável, seja ela vinda de um território que a gente conheça ou vindo de algum lugar que a gente mal fazia ideia que existia. Portanto, o diretor brinca com os velhos elementos conhecidos das aparições dos discos voadores, ao ponto de aproveitar o vasto território de uma planície para incrementar tudo o que a gente já tinha visto ou ouvido falar nesses fenômenos. Vale destacar os impressionantes planos abertos que o realizador cria para o cenário e fazendo a gente querer testemunhar isso em uma tela IMAX a todo custo.

Mas o grande deleite para o cinéfilo de plantão fica por conta das homenagens que o realizador cria durante o decorrer do filme, desde ao lembrar como foi feito as primeiras cenas em película, como também como essa arte está sendo chacinada pelos recursos atuais de ponta. Portanto, ao vermos o protagonista com o seu cavalo a frente de um fundo verde em um estúdio é o mesmo que nos dizer que estamos sendo mastigados por uma indústria que nos força a querer gostar de algo artificial e sem vida alguma. Ao vermos posteriormente protagonista cavalgando em plano abertos em vários momentos do filme é nós dizer que isso sim é cinema de verdade e não o que os grandes estúdios cheios de recursos, porém vazios, tentam nos empurrar a qualquer preço.

Além disso, é notório aqui que Jordan Peele bebe da fonte de talentos de outros grandes cineastas, desde a Steven Spielberg como M. Night Shyamalan. Se por um lado o filme nos lembra em alguns momentos o clássico "Contatos Imediatos de 3º Grau" (1978) e logo em seguida percebemos que a sua simplicidade e segurança na direção nos lembra muito o que Shyamalan havia construído para o seu "Sinais" (2002). Porém, se naquele filme a família de Mel Gibson já lutava contra o luto que estavam passando, aqui os dois irmãos já lutam há muito tempo, não somente pela perda recente do pai de uma forma misteriosa, como também devido ao preconceito que ainda se encontra latente na sociedade norte americana.

OJ Haywood, por exemplo, anda e observa com total desconfiança perante a realidade em sua volta e, portanto, quando começa acontecer os fenômenos de uma possível ameaça vinda de fora ele está mais do que preparado para enfrenta-la. Daniel Kaluuya está ótimo aqui como protagonista e provando que a sua consagração em "Corra" não foi um fato isolado, mas sim uma janela que se abriu para obter novos rumos. E se Keke Palmer cumpre o seu papel como a irmã dura na queda do protagonista, os personagens secundários interpretados por Steven Yeun e Michael Wincott se tornam figuras enigmáticas que são descascadas aos poucos, mas logo se relevando peças fundamentais dentro da trama como um todo.

Na reta final da trama, o filme se envereda para momentos de ação, suspense e tudo alinhado com efeitos visuais bastante convincentes e que se alinham com a verossimilhança criada pelo cineasta no decorrer da história. É claro que o filme levanta inúmeras perguntas, principalmente com relação a sua abertura desde já fantástica, como também alguns pontas soltas que ficaram em aberto no decorrer da trama. Tudo isso é proposital para o realizador nos forçar a pensar o que havíamos testemunhado, sendo que a cena protagonizada por um menino embaixo da mesa e encarando uma ação fora do controle serve como um belo exemplo.

Com uma ligeira, porém, certeira homenagem ao clássico japonês "Akira" (1988), "Não, Não Olhe" é um espetáculo autoral de Jordan Peele, uma ficção fora dos padrões que nos faz pensar do começo ao fim e nós temos mais do que agradecer.  

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