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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 17 de agosto de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Irmãos à Italiana'

Sinopse: Valerio tem 10 anos e uma imaginação fértil. Sua vida de criança vira de cabeça para baixo quando ele testemunha o atentado a seu pai Alfonso, por um comando terrorista. 

Quando se é criança nós não temos uma dimensão exata da realidade em nossa volta, mas sim aquela que a gente constrói e se esconde dentro dela. Muitas crianças do Brasil, por exemplo, cresceram mal sabendo que viviam em tempos de chumbo, ou tão pouco testemunhando a redemocratização do país ao longo dos anos. É esse pensamento que me veio ao assistir "Irmãos à Italiana" (2021), filme cuja a história testemunhamos somente pela perspectiva de uma criança.

Dirigido por Claudio Noce, a trama se passa em Roma, 1976. Valério (Mattia Garaci) é um menino de dez anos cheio de imaginação. Sua infância é virada de cabeça para baixo quando ele testemunha um ataque terrorista a seu pai, Alfonso (Pierfrancesco Favino). A partir desse momento, o medo e o sentimento de vulnerabilidade marcam a vida do menino. Mas é justamente nestes dias difíceis que Valério conhece Christian (Francesco Gheghi). Este encontro, em um verão cheio de descobertas, mudará suas vidas para sempre.

O filme começa com ares de suspense, já que se passa em um determinado ponto do presente e vemos o menino já adulto avistando alguém no trem do qual não o via a muito tempo. Somos jogados então para a década de setenta, onde a fotografia rapidamente muda, onde tudo fica mais claro e colorido com as cores quentes daquele universo. Seria uma representação dos pensamentos do jovem protagonista, que lembra de tempos mais dourados, mesmo quando algumas situações tenham se tornado nebulosas em alguns momentos.

Percebemos que ele possui uma imaginação fértil, ao ponto que dá a entender que ele possui um amigo imaginário. Porém, no momento em que ele testemunha uma tragédia que quase matou o seu pai, o amigo imaginário logo desaparece e dando lugar a Christian, mas cujo o mesmo a gente fica se perguntando se ele é real ou só existe na imaginação do protagonista. Essa e outras dúvidas ficam sendo lançadas no decorrer do filme, já que nem sabemos ao certo qual é a profissão do pai do rapaz, mas temos uma ligeira suspeita.

Tudo gira em torno do olhar de Valério, desde aos afazeres de sua mãe, como também das brincadeiras de sua irmã. Observamos o seu olhar pessoal com relação a sua família, grande aliás, como toda a típica família italiana e fazendo com que a gente levante inúmeras teorias sobre ela. Porém, nada é explicado de forma explicita, mas sim tudo é jogado em nosso colo, como se o realizador quisesse que a gente construísse um quebra cabeça de acordo com as lembranças do garoto.

No final das contas o filme fala sobre exorcizar os seus medos interiores vindos do passado, cuja as lembranças quando revistas quando adulto podem agora fazerem algum sentido e, portanto, se deve encara-las sem medo. Além disso, o filme é sobre uma curiosa amizade nascida de um fato incomum, porém, realista e muito bem filmada. Os minutos finais podem até simplificar a trama como um todo, mas não retira o grande feito que nos provocou até aquele momento.

"Irmãos à Italiana" é sobre laços de sangue e de amizades em tempos em que a imaginação infantil separava a inocência dos tempos de tirania. 

 

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