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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 3 de agosto de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta'

Sinopse: Lyudmila, uma executiva do Partido Comunista que lutou na guerra pela ideologia de Stalin, está certa de que seu trabalho criará uma sociedade comunista e detesta qualquer sentimento anti-soviético. Durante uma greve em uma fábrica local, Lyudmila testemunha um piquete de trabalhadores baleado por ordem do governo, que busca abafar greves na URSS.  

Em tempos políticos atuais, com discursos acalorados, ou você escolhe um lado ou se torna um neutro, sendo que o neutro também não é muito diferente daquele que escolhe o lado opressor e que oprime o povo. Porém, independente de qual lado você escolher, chegará um ponto que você terá de esquecer no que acredita e pensar na sua vida e naqueles em que você ama. "Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta" (2020) nos revela quando uma realidade socialista se torna fascista no momento em que começam a matar a sua própria gente, ao ponto de que o lado positivo sobre a realidade Comunista fica somente na superfície.

Dirigido por Andrey Konchalovsky, o mesmo de "Paraíso" (2017), o filme conta a história de Lyudmila (Julia Vysotskaya), que foi uma devota membra do Partido Comunista que lutou na Segunda Guerra Mundial pela ideologia de Stalin. Certa de que seu trabalho criará uma sociedade comunista igualitária, ela detesta qualquer sentimento anti-soviético. Durante uma greve na fábrica eletromotriz local, Lyudmila testemunha um piquete de trabalhadores que são mortos a tiros sob ordens do governo, que procura, cada vez mais, encobrir greves trabalhistas na URSS. A partir de então, sua imutável visão de mundo começa a ruir, passando a questionar tudo o que sempre acreditou.

Baseado em fatos verídicos, Andrey Konchalovsky recria um momento histórico sangrento, mas do qual o governo URSS encobriu por décadas, mas sendo revelado após a sua queda. Por se tratar de um assunto delicado, o cineasta procura não criar um vilão especifico, mas sim retratar pessoas comuns que, por vezes, mal sabem como reger uma nação perante uma sociedade cada vez mais insatisfeita com a situação do país. Ao mesmo tempo, a protagonista Lyuda seria uma representação perfeita de uma pessoa cega pela sua ideologia dos tempos de Stalin e procurando não querer enxergar o fato de que os governantes daquele período não estavam direcionando o país de acordo no que ela acreditava.

Julia Vysotskaya está ótima em cena, ao retratar uma pessoa cheia de cicatrizes, porém não físicas, mas sim psicológicas, tendo testemunhado os dois lados da história durante a Segunda Guerra e tendo escolhido o que ela achava o mais correto para a sua pessoa. Porém, no momento em que a sua filha desaparece perante os protestos contra o governo, ela começa a se questionar se estava realmente certa sobre o que acreditava, muito embora não permita de forma imediata. O seu olhar ao testemunhar o massacre de Novotcherkassk pode facilmente entrar na lista dos grandes momentos do cinema deste ano.

Tecnicamente o filme também é um colírio para os olhos, sendo que a fotografia em preto e branco sintetiza uma sociedade Russa não sabendo ao certo como será o seu amanhã devido à alta dos preços e o aumento do desemprego. Ao mesmo tempo, Andrey Konchalovsky usa a sua câmera como uma representação do olhar da protagonista que, aos poucos, começa a enxergar o outro lado da moeda da qual ela defende, seja na reunião entre os políticos, como também em uma conversa reveladora com o seu pai sobre tempos ainda mais nebulosos.

Simplificando, é preciso assistir ao filme de mente aberta, pois ele não se encontra em posição de mudar o posicionamento político de ninguém, mas sim sempre nos lembrar do que é mais importante que é os laços familiares e proteger o que nos faz realmente humanos em tempos complexos. No minuto final, testemunhamos uma protagonista reconhecendo que errou, mas tendo a convicção de que nunca é tarde para recomeçar zero.

"Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta" é sobre os erros e acertos de tempos soviéticos e cuja as vozes de trabalhadores oprimidos não devem ser esquecidos. 


Nota: O filme também se encontra em locação pelo Youtube.

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