Sinopse:Emad (Shahab
Hosseini) e Rana (Taraneh Alidoosti) são casados e encenam a montagem da peça
teatral "A Morte de um Caixeiro Viajante", de Arthur Miller. Após um
imprevisto, ambos se mudam para uma nova moradia, mas sem se dando conta de uma
imprevisível situação que irá trazer a eles sérios problemas.
O bate e boca em torno
de O Apartamento tem um nome e esse nome Asghar Farhadi. O diretor iraniano é perito
em criar tramas que conquistam o mais cético cinéfilo e exemplos é o que não
faltam em sua filmografia, que vai desde a À Procura de Elly (2009) e A
Separação (2011), sendo que esse último saiu premiado no Oscar de filme
estrangeiro. E, assim como nos seus filmes anteriores, em O Apartamento acompanhamos
um debate moral com várias metáforas com relação à própria sociedade iraniana.
Ernad (Shahab
Hosseini) é um professor dedicado, mas que também mantém um grupo de teatro
junto com a sua esposa, Rana (Taraneh Alidoosti). O casal trabalha numa
montagem de A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, mas se vêem
obrigados a se mudar de apartamento após o primeiro ameaçar desmoronar graças
aos avanços hipócritas do progresso. Os primeiros minutos são angustiantes,
onde Farhadi cria uma tensão e fazendo a gente temer se os personagens irão
descer até o lado de fora do apartamento.
Curiosamente, esse
ponto da trama acaba ficando meio que de lado, sendo que o cenário em si
somente retorna no ápice da trama. Fico curioso em imaginar como seria um filme
de Farhadi do qual explorasse o avanço do progresso e extinguindo determinados patrimônios
de grande ou menor porte da história. Com exemplos de filmes recentes como Aquarius,
Leviathan e Demon, O Apartamento poderia ter sido mais um filme dessa leva que
toca nesse assunto do qual passa batido pela sociedade.
Voltando a trama
principal, a nova casa do casal tinha uma inquilina que, de forma nebulosa, saiu
às pressas, deixando várias coisas das quais eram suas por lá. Num dia como
qualquer outro, Rana deixa a porta aberta e é atacada violentamente durante o
banho por alguém misterioso. O criminoso foge tão depressa que esquece o carro
e alguns outros pertences. Ernad então embarca numa investigação pessoal para tentar
descobrir a identidade do sujeito enquanto Rana se nega a denunciar o caso à
polícia.
Talvez um dos ápices da
visão autoral e cinematográfica de Asghar Farhadi é da maneira da qual ele cria
situações que nos levam a uma reflexão da qual nos deixam destruídos por dentro.
O mais surpreendente é que tudo é feito de forma simplista, sem apelar por situações
que poderia gerar momentos inverossímeis, mas retratando a cruzada dos
protagonistas de uma forma da qual poderia acontecer com a gente, independente
da cultura e costume do qual os protagonistas vivem. Claro que ficamos nos
perguntando o que nós faríamos numa situação parecida, mas ao mesmo tempo,
pensamos como agiriam os que se dizem “cidadãos do bem” atual e que sempre desejam
fazer um julgamento com as próprias mãos, mas nunca analisam ou se perguntam o porquê
de terem chegado a essa determinada situação.
O Apartamento traz o
melhor do cinema iraniano atual, do qual, infelizmente, certo governo norte
americano atual tenta restringir, mas que jamais deixaremos de enxergar.
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