Sinopse: Documentário
analisa a 13ª emenda, que pôs fim na escravidão nos Estados Unidos. Mas os
entrevistados levantam a questão de que a emenda não tem mais significado num
país que prega a liberdade e tem uma das maiores populações carcerárias do
mundo, formada em sua quase maioria por negros.
Em 1915, o cineasta D.W.
Griffith lançou o filme O Nascimento de uma Nação, do qual seria considerado
pela crítica da época como o primeiro grande épico cinematográfico. Porém, a reconstituição
sobre a Guerra Civil americana foi alvo de protestos pelo seu teor racista ao
extremo, pois Giffith acabou colocando até mesmo o famigerado grupo Ku Klux
Klan como herói da trama e fazendo com que nascesse uma nova onda de intolerância
pelo país naquela época. Aqui a vida imita a arte de uma forma errônea, mas
felizmente o cinema também dá a oportunidade de ouvirmos algo melhor para ser
debatido, como no caso de A 13ª Emenda, um belo e poderosíssimo documentário que
não tem medo de tocar na ferida.
Dirigido por Ava
DuVernay (Selma: Uma Luta Pela Igualdade), o documentário cria uma verdadeira
teia de eventos, do qual vai desde a abolição da escravatura nos EUA, até os
dias de hoje. A obra destaca o fato que, mesmo com a 13ª Emenda, lei da qual libertaram
inúmeros escravos, isso não foi o suficiente para matar a discriminação e o racismo
em solo americano, No início do século 20, por exemplo, qualquer negro que
fosse pego, desde a mínima coisa, era o suficiente para serem presos e levados em
correntes para martelar pedras nos campos presidiários e gerando assim um
aumento de superlotação nas cadeias americanas ao longo das décadas.
Com depoimentos de
pessoas ilustres que lutaram pela igualdade, como Angela Davis, por exemplo, o
filme não poupa praticamente quase nenhum dos Presidentes que governaram o
país, pois cada um deles usou discursos subliminares para atacar de forma
direta, ou indiretamente, a comunidade negra e assim gerando quase uma guerra
civil como aconteceram inúmeras vezes nos anos 70. Se na época isso não era
analisado a fundo, Ava Duvenay faz questão de jogar na tela inúmeros discursos
como de Nixon, por exemplo, para nos darmos conta que, não era a criminalidade,
drogas ou algo do gênero que eram alvos do governo no período, mas a própria
comunidade negra que foi perseguida ao extremo, gerando atos violentos e com inúmeras
mortes. O resultado disso foi o nascimento cada vez maior de grupos em defesa
dos direitos humanos, assim como também de grupos radicais, como Panteras Negras,
por exemplo, que não mediram esforços para encarar o governo de frente.
E se nos finais dos anos
80 para o começo dos anos 90 esse quadro deu uma diminuída, mesmo com o número
de presidiários negros só aumentando nas cadeias, por outro lado, há infelizmente
uma espécie de retrocesso que anda acontecendo, não só no país, como também
pelo mundo. Determinados crimes que acontecem acabam gerando discursos
inflamados e alimentando cada vez mais a intolerâncias de pessoas que, não desejam
um dialogo reflexivo, mas sim uma solução rápida. O ápice do documentário se
encontra num momento em que surge um jovem Donald Trump na TV e cuspindo um discurso
de ódio, onde desejava que suspeitos negros ganhassem pena de morte, quando na
realidade nem sequer foi comprovado se eles haviam cometido tais crimes.
Com isso, Ava
DuVernay prova em seu documentário que o governo dos EUA levou o país a voltar
a estaca zero e que erros do passado não foram exemplos suficientes para que os
seus políticos aprendessem a não repeti-los. É estarrecedor, por exemplo,
ouvirmos as vésperas da última eleição os discursos de Donald Trump que, não só
atinge comunidade negra, como também inúmeras pessoas que pensam de forma
diferente e que acredita sempre na igualdade e na união das pessoas. Não se
teme mais um futuro nebuloso, pois infelizmente já estamos nele.
Mesmo com algumas
mensagens otimistas, A 13ª Emenda escancara o fato dos EUA não terem aprendido
com os erros do passado, se vendo nas mãos de um Presidente intolerante e dando poucas perspectivas boas para o futuro.
Nota: O filme se
encontra na grade da Netflix.
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