Sinopse: A
ex-guerrilhera Ana (Simone Spoladore), ícone do movimento de esquerda, é o
último elo entre um grupo de amigos que resistiu à ditadura militar no Brasil.
Com a iminente morte da amiga, eles se reencontram na sala de espera de um
hospital. Entre eles está Irene (Irene Ravache), uma diretora de cinema que
sente-se perdida diante da iminente morte da amiga e que precisa ainda lidar
com a inesperada prisão de Paolo (Franco Nero), seu marido, acusado de ter
matado duas pessoas em um atentado terrorista ocorrido décadas atrás na Itália.
Embora seja estrelado
por personagens fictícios, a diretora Lúcia Murat (Quase Dois Irmãos), cria uma
fabula contemporânea que retrata um pouco do seu passado e presente (na pele de
Irene Ravache), sendo mais precisamente revisitando a ditadura, onde tudo
começa no momento que é internada Ana, guerrilheira que se tornou lenda no
circulo de seus amigos(e família) e interpretada com intensidade pela atriz
Simone Spoladore (Elvis e Madona). A personagem em si, é livremente inspirada
em Vera Silvia Magalhães, ex guerrilheira que participou do seqüestro de um
embaixador em 1969, se tornando então um símbolo da resistência.
O filme em si é bem
arquitetado, onde possui momentos que surpreende o espectador pela sua
criatividade, principalmente da forma como é apresentada Ana, tanto para o
resto dos personagens, como também para os espectadores que assistem. Embora o
pano de fundo seja sobre esse período turbulento do nosso país, o filme foca
mais sobre as pessoas que enfrentaram aquele regime, que embora tenham
sobrevivido, vivem com lembranças de um período jaz morto e que se distancia
mais e mais da época em que nos vivemos. Bom exemplo disso é a forma que a
geração de filhos desse grupo se apresenta, que diferente do passado de seus
pais, não temem em dar as suas opiniões e tão pouco a esconder o que sentem,
tendo então o direito de ir e vir livremente.
Embora tenha lutado
por um bem maior, Lúcia Murat se entrega na tela grande, não negando talvez com
a possibilidade de ter errado no seu passado. Principalmente com o fato de que
o movimento que participava, caso vencesse, poderia desencadear uma ditadura
nova naquele período, fazendo então a gente se perguntar que tipo de realidade
seria caso tivessem conseguido o que queriam na época. Política e possibilidades
a parte, A Memória que me Contam acaba se tornando mais um exemplo de se extrair
daquele período pequenas historias, mas com grande conteúdo, onde cada pessoa
que enfrentou aquela realidade, possui grandes historias para serem contatas,
tanto do nosso país, como dos nossos vizinhos (Infância Clandestina).
No seu ato final, o
circulo de amigos pouco podem fazer contra o inevitável momento que irá
acontecer, sendo que simplesmente terão que encarar a vida seguindo em frente,
mas manter o passado em que eles viveram ainda vivo dentro deles. Seja em que
eles viveram, ou através da sua companheira que se tornou um ícone, pelo menos
intimamente para cada um deles.
NOTA: O filme teve pre-estreia ontem em Porto Alegre no Cinebancários e terá estreia oficial a partir do dia 21 a 30 na na mesma sala.
Um comentário:
Maravilha Marcelo...boa pedida!
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