Nos dias 26 e 28/Março; 02 e
03/Abril, estarei participando do curso "O que é um Documentário?",
criado pelo Cena Um e ministrado pelo jornalista Rafael Valles. Enquanto os
dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando sobre últimos documentários
nacionais e internacionais que eu assisti nos últimos anos.
VOU RIFAR MEU CORAÇÃO
Sinopse: Assinado por Ana Rieper, o
documentário Vou Rifar Meu Coração utiliza a obra dos principais nomes da
música popular romântica - também conhecida como música brega - para falar
sobre o imaginário romântico, erótico e afetivo do brasileiro.
O grande acerto desse documentário
de Ana Rieper, foi ter escolhido as pessoas certas, acertar no tom das
declarações dessas pessoas que vai do bem humorado ao mais puro desabafo. O
documentário tem inicio focando as origens da musica brega, mais precisamente
sobre os cantores e suas motivações que os levaram a cantar esses tipos de
musicas. De todos os entrevistados, Vando é o que mais não se intimida em
explicar, sobre as origens de suas musicas de sucesso, sendo que elas estão ligadas
a sua vida amorosa do passado, que de uma forma ou de outra acaba em amor não
correspondido ou traição.
Alias, Vando é de um grupo de
geração de cantores, que decidiram não somente criar musica que contavam suas
vidas amorosas, como também era uma forma de laçar o publico em geral que iria
se identificar com elas. Mesmo reconhecendo que a musica não é aquelas coisas
ou simplesmente brega, as pessoas entrevistadas reconhecem que se vêem em
varias letras famosas e não tendo nenhum tipo de vergonha de ter ouvido e
chorado junto com elas. O grande acerto da cineasta foi fazer a transição sobre
as origens da musica brega, para focar os depoimentos de pessoas, cuja suas
vidas poderiam gerar outras melodias semelhantes, através de suas historias de
corações partidos e de uma grande bagagem para contar. O que vemos na tela, são
pessoas humildes, humanas, sem papas na língua e não tendo nada para esconder.
A sorte da diretora, foi ter pegado como exemplo, o depoimento do ex prefeito
Osmar, que mesmo tendo tido uma relação fora do casamento durante 33 anos, e
ter gerado filhos e netos do outro lado, ele ainda tenha a capacidade de chamar
a outra nesta altura do campeonato de amante e focar a esposa como a sua
prioridade.
O que
vemos, é a declaração de um ser humano reconhecendo os seus erros, que não
deseja que outros façam o mesmo e que sente no fundo o sofrimento das suas
mulheres que surgem na tela com as marcas das dores do passado que ainda as
assombram. São momentos como esse e outros, que o publico em geral se vê na
tela, compreendendo as pessoas que surgem, com seus erros e acertos e sem poder
julgá-las se estão certas ou erradas. Pois no final das contas, há de todos nos
cometermos erros semelhantes, mesmo quando não admitimos abertamente para
outras pessoas. Para um documentário, cujo ponto de partida era descobrir as
origens das musicas bregas, a proposta foi muito mais longe do que se poderia
imaginar, e nos meros mortais com nossos inúmeros erros e defeitos, temos mais
do que agradecer.
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