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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'O Mal Não Existe'

 Nota: Filme Exibido para os associados no dia 14/09/24 

Sinopse: Takumi e sua filha moram na vila de Mizubiki, em Tóquio. Apesar da vida pacata, um dia os moradores descobrem a existência de um plano para construir um acampamento.  

Ryūsuke Hamaguchi já pode tranquilamente entrar na lista dos melhores diretores autorais do cinema recente, pois em seus filmes testemunhamos a relação entre os personagens e como isso os afeta mesmo que indiretamente. Se no premiado "Drive My Car" (2022) vemos aproximação de pessoas cuja as suas vidas em um primeiro momento são distintas uma da outra, por outro lado, "Roda do Destino" (2022) fala sobre o reencontro de determinados personagens solitários e obtendo, enfim, uma segunda chance. "O Mal Não Existe" (2024). porém, fala sobre atos e consequências de pessoas que convivem no mesmo mundo, mas não sabendo ao certo sobre isso.

Na trama, Takumi (Hitoshi Omika) e sua filha, Hana (Ryo Nishikawa), moram na vila de Mizubiki, em Tóquio. Apesar da vida relativamente simples, um dia os moradores acabam descobrindo o surgimento de um plano para construir um acampamento próximo à casa de Takumi, oferecendo aos moradores da cidade uma “fuga” confortável para se conectar com a natureza. No entanto, o que pode ser bom para alguns é o pesadelo de outros, pois toda esta movimentação afeta diretamente a vida de Takumi e Hana como um todo.

Ryūsuke Hamaguchi procura nos mostrar já em sua abertura o cenário principal em que ocorrerá os principais eventos da trama. Nota-se, por exemplo, que testemunhamos um plano-sequência onde vemos as arvores, a neve e o céu encoberto. Porém, repare que nunca sabemos ao certo se estamos diante da neve que está passando, ou se é o próprio céu nublado, pois as cenas registradas pela câmera são continuas e fazendo com que a transição entre o céu e o chão se tornem quase imperceptíveis.

Contudo, o primeiro vislumbre da pequena Hana é dela olhando para cima e dando a entender que as imagens eram uma representação do seu olhar com relação a sua realidade em volta. Ao chegar a essa conclusão, portanto, fazem com que os primeiros minutos se entrelaçam com o enigmático final e do qual muitos irão obter mais perguntas do que respostas com relação ao que irão ver. Porém, até lá, há uma construção sobre os dois lados da mesma moeda.

Se no primeiro ato existe uma apresentação minuciosa sobre a relação entre pai e filha, logo em seguida adentramos no que eu acho um dos pontos altos do filme como um todo, onde ocorre uma reunião entre os moradores e os representantes da empresa que querem fazer um acampamento para turismo e podendo gerar um desiquilíbrio na região. Com diálogos afiados vindo dos moradores, há uma verdadeira desconstrução com relação as palavras vindas dos representantes da empresa e fazendo com que fiquem com a guarda baixa.

Curiosamente, se em um primeiro momento sentimos certo desprezo com relação a esses últimos, por outro lado, o diretor Ryūsuke Hamaguchi se encarrega para que nos simpatizemos com eles, já que são meros funcionários de uma grande empresa, mas que nunca tiveram grande contato fora do sistema em que eles convivem no dia a dia. Interpretados por Ryuji Kosaka e Ayaka Shibutani, ambos nos brindam com diálogos afiados enquanto os seus personagens estão dentro do carro e indo em direção a vila de Mizubiki. Curiosamente, sinto uma certa predileção Ryūsuke Hamaguchi ao inserir os seus protagonistas dentro de veículos e onde os mesmos revelam as suas reais personalidades e cujo artificio é algo similar no que eu acompanhei na filmografia do cineasta iraniano Abbas Kiarostami.

Logicamente existe nas entrelinhas da trama uma crítica acida ao sistema capitalista e cujo as pessoas que controlam as engrenagens não fazem a menor ideia do que é melhor para as pessoas daquela vila. Porém, os habitantes de lá, também possuem os seus próprios sistemas de regras e dos quais fazem com que aquela natureza, por vezes, se torne implacável para aqueles que desconhecem ela como um todo. Uma vez que há o encontro entre esses dois mundos nota-se que há um grande muro que gera a falta de comunicação e da qual se encaminhará para o enigmático final.

Esse, por sua vez, com certeza irá dividir a opinião da maioria, mas que ao meu ver, como eu disse acima, se entrelaça com os minutos iniciais da trama. Se a minha teoria estiver certa, o final acaba se tornando menos pesado, mas não aliviando o fato sobre o real destino de determinados personagens e fazendo com que a trama siga em frente em nossas mentes. Ao meu ver, Ryūsuke Hamaguchi  nunca teve o interesse de criar uma história que tivesse uma autoexplicação, pois uma vez ela não tendo o filme segue dentro de nós por um longo tempo.

"O Mal Não Existe" é o cinema autoral em nível máximo de Ryūsuke Hamaguchi e que com certeza gerará sempre um grande debate. 


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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 19 a 25 de novembro de 2024

Here

MOSTRA FILMÍTICOS

De 19 a 25 de setembro, o Circuito Mitológicas apresenta a Mostra Filmíticos na Cinemateca Capitólio. Com entrada franca, a seleção traz 15 títulos com viés antropológico em produções de curta, média e longa-metragem. As temáticas dos filmes giram em torno da mitologia dos povos originários e afro-religiosos. A atividade integra o Circuito Mitológicas, que comemora na capital gaúcha os 60 anos de “Mitológicas”, obras do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009).


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/7679/mostra-filmiticos/


FILMES DA ZETA EM CARTAZ

Na quinta-feira, 19 de setembro, entram em cartaz na Cinemateca Capitólio duas obras distribuídas pela Zeta Filmes: Here, do belga Bas Devos, e Music, da alemã Angela Schanelec. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7651/here/

https://www.capitolio.org.br/eventos/7654/music/


SESSÃO ESPECIAL DE ANITA – GUERREIRA DE DOIS MUNDOS

Neste sábado, 21 de setembro, às 19h, a Cinemateca Capitólio apresenta uma sessão especial gratuita de Anita - A Guerreira de Dois Mundos, apresentada pelo diretor Guilherme Suman e integrantes da equipe.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7645/anita-a-guerreira-de-dois-mundos/


GRADE DE HORÁRIOS

19 a 25 de setembro de 2024


19 de setembro (quinta-feira)

15h – Music

17h30 – Here

19h – Filmíticos 1: A Propósito de Tristes Trópicos + Abigal + A Menina e o Pote + Fè Mye Talè


20 de setembro (sexta-feira)

15h – Music

17h30 – Here

19h – Filmíticos 2: Xupapoinãg + Lá nas Matas Tem


21 de setembro (sábado)

15h – Filmíticos 3: Sessão Vagalume Especial

17h30 – Here

19h – Anita – A Guerreira de Dois Mundos


22 de setembro (domingo)

15h – Filmíticos 4: Luz nos Trópicos

19h30 – Here


24 de setembro (terça-feira)

15h – Filmíticos 5: Pattaki + YamiYhex: As Mulheres-Espírito

17h30 – Here  

19h – Palavra Presa


25 de setembro (quarta-feira)

15h – Music

17h30 – Here

19h – Filmíticos 6: A Transformação de Canuto

Cine Dica: Mostra Alemã e “Kunhã Karaí e as Narrativas da Terra”

 Mostra de cinema celebra o bicentenário da imigração alemã no Brasil

Até 30 de setembro, a Sala Redenção, em parceria com o Goethe-Institut Porto Alegre, exibe a mostra “Identidades em deslocamento: migrações na Alemanha contemporânea”. A programação celebra os 200 anos da imigração alemã no Brasil e propõe uma reflexão sobre o processo migratório na Alemanha moderna. A sessão de “Exílio” (2020), nesta terça-feira, às 19h, é seguida de debate com o professor Nilo Piana de Castro, doutor em Ciência Política pela UFRGS. Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui. 

Sala Redenção exibe o premiado “Kunhã Karaí e as Narrativas da Terra”

Nesta quinta-feira, dia 19, às 19h, o cinema da UFRGS recebe sessão única do documentário nacional “Kunhã Karaí e as Narrativas da Terra” (2022). O longa retrata trajetórias de mulheres indígenas brasileiras, cujas lutas são marcadas pela conexão com a memória ancestral de seus territórios. A exibição é seguida de conversa com a diretora, Paola Mallmann. Haverá arrecadação de alimentos, além de exposição e venda de artesanatos. A entrada é gratuita.Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui. 

domingo, 15 de setembro de 2024

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'A Língua das Mariposas'

Sinopse: O mundo do pequeno Moncho estava se transformando: começando na escola, vivia em tempo de fazer amigos e descobrir novas coisas, até o início da Guerra Civil Espanhola, 

Muitos filmes retratam determinado ponto da história de acordo com a perspectiva e olhar inocente de uma criança. No clássico "A Vida é Bela" (1997), por exemplo, vemos o personagem de Roberto Benigni usar todos os métodos fantasiosos para que o seu filho não possa testemunhar os horrores do holocausto. Já "A Língua das Mariposas" (1999) vemos a transição da inocência de um menino para o conhecimento e para que o mesmo tivesse uma noção sobre horror da guerra que estaria vindo.

Dirigido por José Luís Cuerda, o filme retrata a realidade do pequeno Moncho, começando pela escola, como vivia em tempo de fazer amigos e descobrir novas coisas, até o início da Guerra Civil Espanhola. Antes disso, porém, o menino adquire conhecimento através do seu professor republicano e através dele obterá um conhecimento até então inédito sobre o seu próprio mundo.

Assim como o já citado filme de Roberto Benigni, aqui vemos a curiosidade do pequeno personagem através do seu olhar, onde vemos ele ter contato pela primeira vez com relação aos mais diversos tipos de amor, assim como também a beleza da natureza que não pode ser vista ao olho nu. Porém, José Luís Cuerda procura retratar um jovem que não esconde a sua curiosidade, mas ao mesmo tempo sua frustração com relação a certas coisas que antes mesmo ele desconhecia. Ao mesmo tempo, ele precisa amadurecer, por vezes, de forma precoce e compreender melhor o mundo dos adultos em que vive.

Embora seja uma trama que sirva de prelúdio com relação a Guerra Civil Espanhola, o filme não tem pressa em revelar a sombra deste conflito, mas sim retratar pessoas com opiniões distintas uma da outra com relação a política, mas que na maioria das vezes vivem em harmonia.  Por conta disso, conhecemos a faceta distinta de cada um, desde um professor de mente aberta, como também os pais do menino que possui pensamentos diferentes com relação a igreja. Enquanto a mãe se posiciona de forma conservadora com relação a religião e política, por outro lado, o pai age de forma crítica com relação ao estado e o sistema religioso e o que faz dele se diferenciar dos demais adultos dentro da história.

Com algumas pitadas de humor, o filme também possui passagens até mesmo pesadas para o olhar de uma criança, mas que faz com que a mesma compreenda o lado sombrio do ser humano e que por vezes age somente por extinto. Os livros, por sua vez, se tornam peça central para abertura de uma nova janela para o pequeno protagonista, mesmo quando a sombra da guerra comece a dominar o local em que ele vive e fazendo com que ele tome certas decisões precocemente. Portanto, a cena final com ele se torna poderosa, porém, bastante ambígua, pois ou ele está jogando tudo fora com relação ao que ele havia aprendido desde então, ou guardando para si o conhecimento e se defendendo para que o mesmo não seja arrancado em meio ao conflito que está vindo.

"A Língua das Mariposas" é sobre a perda da inocência de uma criança perante o conflito político, mas obtendo uma nova janela para conhecer até então um desconhecido mundo.   

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Cine Dica: Estreia da restauração de Um é Pouco, Dois é Bom

 Cinemateca Capitólio estreia na próxima semana a nova cópia do primeiro longa-metragem restaurado de seu acervo 

 No próximo dia 17 de setembro, às 20h, a Cinemateca Capitólio apresenta pela primeira vez ao público gaúcho a longamente aguardada restauração em 4K do clássico do cinema gaúcho Um é Pouco, Dois é Bom (1970), de Odilon Lopez (1941-2002), primeiro longa assinado por um diretor negro no Rio Grande do Sul. O projeto de restauração digital de Um é Pouco, Dois é Bom foi viabilizado através de uma parceria entre a Cinemateca Capitólio, a Indeterminações, plataforma de crítica e cinema negro brasileiro, e a Mnemosine Serviços Audiovisuais, e contou ainda com o apoio do Itaú Cultural. O filme é produzido, roteirizado, protagonizado e dirigido por Odilon Lopez e tem diálogos assinados por um jovem Luis Fernando Verissimo, então ainda em início de carreira. Dividido em dois episódios, “Com... um Pouquinho de Sorte”, protagonizado por Araci Esteves e Carlos Carvalho, e “Vida Nova... por Acaso”, em que Odilon Lopez é o protagonista ao lado de Francisco Silva, o filme equilibra drama e humor para falar das desigualdades do país durante a ditadura militar, além de trazer uma abordagem pioneira sobre o racismo.

A estreia da restauração digital de Um é Pouco, Dois é Bom aconteceu no 13º Olhar de Cinema, em Curitiba, no último mês de junho. O filme integrou a seção Olhares Clássicos deste que é um dos eventos cinematográficos mais prestigiados do Brasil. Na ocasião, Gabriel Borges, um dos diretores artísticos do festival, destacou que “na história do casal Jorge e Maria ou na jornada pelas desventuras dos cativantes Magrão e Crioulo, o cineasta adentra, pelo particular, o debate de questões sociais, como o racismo e a marginalização cíclica de seus personagens, neste que é o primeiro longa-metragem dirigido por uma pessoa negra no Sul do Brasil”. Além da exibição, o filme de Odilon Lopez foi objeto de uma mesa de debate no festival paranaense, que contou com a participação de Vanessa Lopez (filha de Odilon Lopez), Lorenna Rocha e Gabriel Araújo (da Indeterminações), Debora Butruce (responsável pela restauração) e Marcus Mello (representando a Cinemateca Capitólio). Desde então, o filme já tem convites para exibições em Lisboa, em Londres, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

A restauração digital

O processo de restauração digital em 4K de Um é Pouco, Dois é Bom se deu a partir dos negativos originais de imagem e som em 35mm do filme, que se encontram depositados em perfeito estado de conservação na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Até o momento, apenas a segunda parte do filme, formado por dois episódios, estava disponível (digitalizada em baixa resolução em 2006 pelo ator, diretor e produtor Zózimo Bulbul), limitando o conhecimento da obra em sua integralidade. O primeiro episódio, protagonizado por Araci Esteves e Carlos Carvalho e visto por muito poucos espectadores, agora poderá ser assistido e certamente surpreenderá os espectadores pela contundência de sua crítica ao milagre econômico brasileiro.

O cotejo dos negativos com a única cópia positiva em 35mm ainda disponível do filme, depositada desde 2017 no acervo da Cinemateca Capitólio, possibilitou a descoberta de material inédito, com sequências mais longas e planos nunca antes vistos. Devido ao excelente estado de conservação do material, também foi possível recuperar a exuberância de suas cores.

A digitalização em 4K de Um é Pouco, Dois é Bom foi realizada no laboratório da Link Digital, no Rio de Janeiro, O trabalho teve a supervisão de Debora Butruce, conceituada profissional da área da preservação audiovisual, responsável pela restauração de obras importantes do cinema brasileiro como Rainha Diaba, A Hora da Estrela e Os Mucker.


Serviço:

Exibição da cópia restaurada de Um é Pouco, Dois é Bom, de Odilon Lopez

Data: 17 de setembro de 2024

Hora: 20h

Local: Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1085)

Entrada gratuita (retirada de ingressos a partir das 19h)

Lotação: 164 lugares

Cine Dica: "A Piscina" na tela do Cineclube Torres

 Em homenagem ao Alain Delon, "A Piscina" na tela do Cineclube Torres, na segunda-feira dia 16 de setembro, às 20h.

Alain Delon, recentemente falecido, foi um ícone cinematográfica mundial, fascinando com a sua beleza grandes cineastas e público, dando nome a produtos como roupas, perfumes, óculos e, claro, cigarros, que sempre o acompanharam dentro e fora das telas. No filme “A Piscina” (1969), de Jacques Deray, ele retornou a fazer par com a sua ex-noiva, Romy Schneider, e a contracenar com Maurice Ronet, com quem protagonizou anos antes "O sol por testemunha", outro suspense clássico, que os franceses apelidam de “polar”.

Jean-Paul (A. Delon) e Marianne (R. Schneider) formam um casal ideal de férias numa opulenta mansão em Saint-Tropez, Costa Azul. A serenidade reina até a chegada de dois visitantes, um antigo amante da dona da casa, Harry (M. Ronet), e sua filha Penelope, interpretada pela Jane Birkin, desencadeando jogos cruzados de sedução e instaurando um perigoso clima de disputa.

E assim a perfeição do amor e dos corpos bronzeados no sol paradisíaco de Saint-Tropez acaba por desmoronar dramaticamente à beira da piscina. O filme garantiu a quarta maior bilheteria na França no ano do seu lançamento e recentemente voltou a ganhar popularidade com o lançamento de um remake pelo diretor italiano Luca Guadagnino, "A Bigger Splash". A dupla Jacques Deray e Alain Delon, como diretor e ator, na esteira deste sucesso, se repetiu em mais oito filmes.

A sessão, com entrada franca, integra a programação continuada realizada nas segundas feiras, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.

“A Piscina” | de Jacques Deray | França | 1969 | 2h 02min

Serviço: 

O que: Exibição do filme “A Piscina”, integrado no ciclo “Cortinas de Fumaça”.

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres 

Quando: Segunda-feira, dia 16/09, às 20h.

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).

Cineclube Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Cine Especial: Revisitando 'FANTASIA'

Walt Disney era uma pessoa a frente do seu tempo, onde as suas ideias eram, por vezes, esnobadas pelos grandes estúdios e sendo rotulado como louco. Quando ele lançou a ideia de adaptar o conto de fadas "A Branca de Neve e os Sete Anos" (1937) em um longa-metragem de animação ele foi imediatamente acusado como insano, pois até aquela época desenhos eram destinados somente para curtas metragens. Porém, a sua visão autoral falou mais alto, o filme foi lançado e obtendo um enorme sucesso de público, crítica e obtendo os mais diversos prêmios.

O sucesso foi tão grande que o seu estúdio acabou obtendo recursos necessários para alimentar outras ideias do realizador para que elas saíssem de sua prancheta de desenhos. Amante de música clássica, ele imaginou como seria elas sendo apresentadas com desenhos que se casassem com cada letra que era tocada. O resultado é então "Fantasia" (1940), talvez uma das maiores obras primas do estúdio e do realizador, mas tendo alto preço a se pagar.

O filme como um todo foi um projeto de ambicioso. Ao fazer a união entre animação e música erudita e ainda tentar recuperar a popularidade de seu personagem mais importante do seu estúdio, que era Mickey Mouse, do qual a sua popularidade estava se perdendo ao longo dos anos. A ideia inicial era de um curta protagonizado pelo personagem clássico, intitulado "O Aprendiz de Feiticeiro". Porém, isso acabou se expandindo e se transformou no que hoje conhecemos como "Fantasia", longa composto por oito segmentos independentes em que as animações são acompanhadas de obras primas de Beethoven (Sexta Sinfonia, também conhecida como Pastoral), entre outros. A regência ficou a cargo do maestro inglês Leopold Stokowsku.

As oito histórias são variadas. Vão desde a reinvenção das quatro estações do ano até a teoria da revolução, passando por mitos gregos, balé, demônios a noite de Halloween, uma procissão religiosa e as desventuras do aprendiz vivido por Mickey. Vale destacar que a conclusão do longa reproduz a série de composições de Mussorgsky, "Uma Noite no Monte Calvo". Até mesmo para os dias de hoje essa passagem é conhecida como a mais sombria e adulta do estúdio, pois o amedrontador Demônio visto na montanha é realmente assustador. Porém, tudo é suavizado com a clássica "Ave Maria" de Franz Schubert, da qual sintetiza o resultado infinito do embate entre o bem e o mal e do qual a luz sempre prevalecerá.

Tanta ambição não foi o suficiente para transformar o longa em um sucesso, tendo sido considerado pela crítica e público pretensioso e enfadonho na época. O fracasso e o alto custo de produção sepultaram os planos dos estúdios Disney de realizar um relançamento de "Fantasia" a cada ano, trazendo sempre uma nova sequência. O filme foi o primeiro da história a utilizar a tecnologia estereofônica, em que o som é dividido em canais.

Apesar do fracasso no seu lançamento, o filme foi gradualmente ganhando o seu prestigio em cada relançamento e ganhando o seu público na década de sessenta. O filme ganhou 2 Oscars honorários, em virtude do trabalho inovador feito no filme. No ano 2000, um novo longa metragem trouxe novos números entrelaçados com divertidos contos que, além do retorno do clássico "Aprendiz de Feiticeiros", temos a introdução de Pato Donald na passagem "Marchas de Pompa e Circunstância", onde o personagem é ajudante de Noé e na missão de reunir todos os animais do mundo para entrar na Arca e sobreviverem perante o diluvio.

Embora esse novo capítulo não possua o mesmo impacto do clássico, o filme acabou servindo para uma nova geração conhecer a música clássica e, logicamente, ter interesse de conhecer o longa de 1940. Revisto hoje é de se impressionar como Disney obteve tamanho feito, em uma época em que o preconceito perante os desenhos animados era muito maior e sendo que esse público sempre acreditava que essa arte era feita somente para crianças. Ao meu ver, Disney sempre enxergou animação não como um gênero, mas sim como outra forma de arte para se contar histórias e neste caso foi pioneiro em todos os sentidos.

"Fantasia" é a maior obra prima dos estúdios Disney, ao ser um projeto ambicioso, a frente do seu tempo e que teve a coragem de convidar o público a conhecer a verdadeira magia através de belas músicas. 

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