Sinopse: O mundo do pequeno Moncho estava se transformando: começando na escola, vivia em tempo de fazer amigos e descobrir novas coisas, até o início da Guerra Civil Espanhola,
Muitos filmes retratam determinado ponto da história de acordo com a perspectiva e olhar inocente de uma criança. No clássico "A Vida é Bela" (1997), por exemplo, vemos o personagem de Roberto Benigni usar todos os métodos fantasiosos para que o seu filho não possa testemunhar os horrores do holocausto. Já "A Língua das Mariposas" (1999) vemos a transição da inocência de um menino para o conhecimento e para que o mesmo tivesse uma noção sobre horror da guerra que estaria vindo.
Dirigido por José Luís Cuerda, o filme retrata a realidade do pequeno Moncho, começando pela escola, como vivia em tempo de fazer amigos e descobrir novas coisas, até o início da Guerra Civil Espanhola. Antes disso, porém, o menino adquire conhecimento através do seu professor republicano e através dele obterá um conhecimento até então inédito sobre o seu próprio mundo.
Assim como o já citado filme de Roberto Benigni, aqui vemos a curiosidade do pequeno personagem através do seu olhar, onde vemos ele ter contato pela primeira vez com relação aos mais diversos tipos de amor, assim como também a beleza da natureza que não pode ser vista ao olho nu. Porém, José Luís Cuerda procura retratar um jovem que não esconde a sua curiosidade, mas ao mesmo tempo sua frustração com relação a certas coisas que antes mesmo ele desconhecia. Ao mesmo tempo, ele precisa amadurecer, por vezes, de forma precoce e compreender melhor o mundo dos adultos em que vive.
Embora seja uma trama que sirva de prelúdio com relação a Guerra Civil Espanhola, o filme não tem pressa em revelar a sombra deste conflito, mas sim retratar pessoas com opiniões distintas uma da outra com relação a política, mas que na maioria das vezes vivem em harmonia. Por conta disso, conhecemos a faceta distinta de cada um, desde um professor de mente aberta, como também os pais do menino que possui pensamentos diferentes com relação a igreja. Enquanto a mãe se posiciona de forma conservadora com relação a religião e política, por outro lado, o pai age de forma crítica com relação ao estado e o sistema religioso e o que faz dele se diferenciar dos demais adultos dentro da história.
Com algumas pitadas de humor, o filme também possui passagens até mesmo pesadas para o olhar de uma criança, mas que faz com que a mesma compreenda o lado sombrio do ser humano e que por vezes age somente por extinto. Os livros, por sua vez, se tornam peça central para abertura de uma nova janela para o pequeno protagonista, mesmo quando a sombra da guerra comece a dominar o local em que ele vive e fazendo com que ele tome certas decisões precocemente. Portanto, a cena final com ele se torna poderosa, porém, bastante ambígua, pois ou ele está jogando tudo fora com relação ao que ele havia aprendido desde então, ou guardando para si o conhecimento e se defendendo para que o mesmo não seja arrancado em meio ao conflito que está vindo.
"A Língua das Mariposas" é sobre a perda da inocência de uma criança perante o conflito político, mas obtendo uma nova janela para conhecer até então um desconhecido mundo.
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