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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Nimona'

Sinopse: Um cavaleiro é acusado de um crime que não cometeu, e a única pessoa que pode ajudá-lo a provar sua inocência é Nimona, uma adolescente que muda de forma e que também pode ser um monstro que ele jurou matar.

Nos últimos tempos, seja em filme de drama ou de aventura, a representatividade se faz constante em produções que falam sobre direito de igualdade e alinhado com a superação perante os obstáculos. No caso das animações isso é explorado por décadas, pois basta pegar os filmes da Pixar/Disney para termos uma vaga ideia. Porém, devido a um certo conservadorismo, parece que a casa do Michey ignorou o projeto "Nimona" (2023) que fala de todos esses temas específicos, mas mas pelo visto se acovardaram.

Adotado pela Neflix, e dirigido por Nick Bruno e Troy Quane,  animação é baseada no graphic novel de N. D. Stevenson, onde testemunhamos Ballister Boldheart (Riz Ahmed), um cavaleiro que é menosprezado por não ter status da realeza e ser acusado injustamente por um crime que não cometeu. Para provar sua inocência, a única esperança do homem é aceitar a ajuda de Nimona (Chloë Grace Moretz), uma jovem transmorfa, da qual tem muitos segredos escondidos e nos plantando a dúvida sobre as suas reais intenções com relação ao reino.

Visualmente o filme é um colírio para os olhos, onde animação tradicional, alinhada com animação computadorizada cria um visual único e poucas vezes vistos no cinema. Além disso, o reinado onde se passa a trama principal é algo raro de se ver, já que é um universo de fantasia medieval, mas que se mistura com a tecnologia de ponta e fazendo da temática algo até mesmo incomum. A última vez que eu vi algo parecido foi também na animação "Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica" (2020), que possui uma proposta parecida, mas ambas as tramas caminhando de forma distinta.

Claro que o filme pode espantar o olhar mais conservador para aqueles que procuram algo mais tradicional, já que o protagonista é um caso raro de herói de aventura pertencente ao mundo LGBT mas tratado aqui da maneira como deveria ser, de forma simples e extremamente humana. Porém, o filme é recheado sobre temas que vai desde ao preconceito por ser diferente, como também sobre como até que ponto a desinformação pode desarmonizar uma população.

Nimona é uma personagem cativante, cheia de energia e disposta em derrubar o sistema da realeza. Assim como o protagonista ficamos nos perguntando o do porque ela desejar isso, cuja as respostas vem aos poucos mas jamais de imediado. Quando as respostas chegam tudo flui perfeitamente, fazendo com que nos simpatizemos ainda mais por essa pequena personagem, pois uma vez ou outra ao longo de nossas vidas sempre passamos pela prova difícil de sermos aceitos, mas cujo o medo fecha diversas portas. Neste último caso isso nos transmite assuntos diversos, que são discutidos e que se encontram mais atuais do que nunca.

Em um determinado momento, por exemplo, os protagonistas centrais tentam denunciar o verdadeiro vilão da trama com um vídeo, que por sua vez é modificado para confundir a população e fazendo a mesma não saber ao certo em que acreditar. Ponto para a produção que fez sintetizar os tempos atuais em que vivemos, dos quais convivemos cada vez mais com fake news e fazendo as pessoas não aceitaram mais os verdadeiros fatos. Uma forma inteligente de convidar as pessoas de todas as idades para debater e pensar sobre isso, pois já se foi o tempo que a verdade não é mais o suficiente por uma parcela do público.

O filme por si só é recheado de momentos emocionantes, seja com relação a verdadeira origem de Nimona quando é apresentada em flashback, como também quando a mesma se entrega ao seu lado mais obscuro devido a dor de ser menosprezada por tudo e a todos. O final por si só engrandece ainda mais essa animação que foi menosprezada pela Disney e que foi merecidamente indicada ao longa de melhor animação para a próxima cerimonia do Oscar. Uma volta por cima mais do que merecida.

"Nimona" é uma fantástica aventura de fantasia e ficção na medida certa e que nos convida para debatermos sobre diversos assuntos que convivemos no nosso dia a dia.

    Onde Assistir: Netflix. 

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Cine Dica: Sessão Clube de Cinema 24/02/2024 - 'Meu Amigo Robô'

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.

SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 24/02/2024, sábado, às 10:15 da manhã

"Meu Amigo Robô" (Robot Dreams)

Espanha / França, 2023, 102 min, 10 anos


Direção: Pablo Berger

Sinopse: Dog vive sozinho em Manhattan e resolve comprar um robô para lhe fazer companhia. Os dois se tornam grandes amigos e aproveitam o verão em vários passeios pela cidade, ao som do clássico pop “September”, da banda Earth, Wind & Fire. Mas, na última noite do verão, Dog é obrigado a deixar o Robô em uma praia, de onde ele só poderá sair no próximo ano – se a amizade dos dois resistir. O longa é uma adaptação da HQ americana "Robot Dreams", de Sara Varon, e é um dos cinco títulos indicados ao Oscar de melhor animação.



Atenciosamente,

Carlos Eduardo Lersch

Diretor de Programação CCPA.

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Cine Especial: Oscar 2024 - 'Das Lehrerzimmer'

Sinopse: Quando determinadas coisas começam a sumir na escola professora assume a investigação. Porém, os eventos desencadeiam consequências irreversíveis.   

O ambiente de trabalho requer um jogo de cintura, onde nós precisamos saber dançar conforme o tipo de música que é tocada. No caso do ambiente escolar a situação se torna ainda mais desafiadora, pois além das regras do local é preciso lidar com alunos que, por vezes, se tornam mais imprevisíveis do que os próprios adultos que cometem erros. "Das Lehrerzimmer" (2023) é um verdadeiro jogo de gato e rato em pleno ambiente escolar, onde o aprendizado fica em segundo plano e fazendo a gente testemunhar momentos de puro suspense psicológico.

Dirigido por İlker Çatak,  o filme conta a história de Carla (Leonie Benesch), uma professora de matemática e que faz pouco tempo que ingressou na nova escola. Porém, logo após a sua chegada, tem início alguns roubos nas salas de aula e nas salas de reunião dos professores. Ao investigar o caso, Carla obtém provas contra uma funcionária, mas sendo justamente a mãe de seu melhor aluno Oskar (Leonard Stettnisch).

O filme não perde tempo com relação a temática principal da trama, sobre até que ponto devemos julgar uma pessoa sem ao menos tenhamos cem porcento de certeza. Além disso, o filme toca em assuntos espinhosos, pois nos coloca de frente com a protagonista e fazendo com que ela e nós questionemos sobre até que ponto devemos nos entregar ao sistema do nosso ambiente de trabalho e quanto isso pode nos custar para dizer o mínimo. No caso aqui, uma vez se entregando ao sistema para demonstrar bom serviços, acaba tendo que enfrentar as consequências, pois a maneira que as pessoas agem, principalmente quando são acusadas, podem gerar situações sem volta.

O cineasta  İlker Çatak, por sua vez, constrói um cenário de suspense digno de nota, principalmente quando faz com que a câmera se torne o nosso olhar com relação aos eventos que estão acontecendo e fazendo com que caminhemos ao lado da protagonista o tempo todo. Leonie Benesch nos brinda com uma atuação espetacular, sendo que em um primeiro momento o olhar de sua personagem nos passa total controle, para logo em seguida nos transmitir uma confusão mental e da qual ela começa a se desequilibrar em momentos em que ela é colocada na parede, seja pelos seus superiores, pela acusada ou pelos próprios alunos que se veem invadidos pela investigação árdua da escola.

Aliás, é neste ponto que o filme cresce ainda mais, ao apresentar crianças aparentemente inocentes, mas que uma vez sendo coagidas se veem dispostas a enfrentarem o próprio sistema escolar. Curiosamente, o filme adentra em questões que são discutidas hoje em dia, desde a fake news, racismo estrutural e até onde a verdade é o suficiente para satisfazer ambas as partes. Se o ambiente escolar é a base preparatória para a criação de um mundo melhor o nosso futuro, portanto, se torna uma incógnita.

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, "Das Lehrerzimmer" é um retrato pesado do ambiente escolar de hoje em dia, onde um passo em falso pode desencadear eventos em que todos podem ser julgados de uma forma precipitada. 

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Cine Curiosidade: Uma breve apresentação do Clube de Cinema de Porto Alegre

 

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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Zona de Interesse'

Sinopse: Uma família de um oficial vive tranquila em sua casa com um imenso pátio. O paraíso, porém, não abafa o fato que o local se encontra justamente ao lado do campo de concentração de Auschwitz.  

Nos últimos trinta anos o cinema nos proporcionou experiências emocionais ao testemunharmos tramas que nos levava aos tempos da Segunda Guerra Mundial e onde os nazistas estavam dispostos em riscar os judeus da face da terra. De todos, um dos mais angustiantes foi para mim "O Menino de Pijama Listrado" (2008), cuja fantasia e os sonhos de um menino alemão dão de encontro com a realidade nua e crua do campo de concentração através de um menino judeu. "Zona de Interesse" (2023) possui uma proposta familiar, mas cujo horror do extermínio é banalizado e fazendo com que os personagens fiquem agindo como se nada estivesse acontecendo.

Dirigido por Jonathan Glazer, do genial "Sob a Pele" (2014), o filme é uma adaptação de um livro escrito por Martin Amis. Na trama, Rudolf Höss (Christian Friedel) é um comandante de Auschwitz, e sua esposa Hedwig (Sandra Hüller) vivem uma vida aparentemente simples e cujo pátio parece a entrada para o paraíso. Porém, tudo não passa de uma verdadeira cortina de fumaça, pois ao lado do muro se encontra justamente o campo de concentração de Auschwitz e do qual foi cenário de inúmeras mortes de judeus. No decorrer do filme, as atrocidades nunca vemos, mas sentimos que algo terrível está acontecendo.

Se filmes como "A Lista de Schindler" (1993) e "O Pianista" (2002) era mostrado o lado explicito do genocídio cometido pelos nazistas, aqui a situação é inversa, já que em nenhum momento testemunhamos as mortes praticadas por eles, mas elas estão lá e sentimos a cada minuto de projeção. Isso é obtido graças ao design de som realizado por Johnnie Burn, onde ele cria inúmeros efeitos sonoros dos quais ouvimos e fazendo a gente ter a consciência sobre o que realmente está acontecendo do outro lado do muro. Atenção para abertura e o encerramento da trama, onde o som transitando com a trilha sonora nos cria uma sensação bastante peculiar e arrasadora.

Outro fator de destaque e que merece ser mencionado é as diversas situações que acontecem ao fundo da cena do cenário principal da trama. Em um determinado momento, por exemplo, se nota um trem chegando através apenas de sua fumaça, ou da mesma sendo vista saída de uma chaminé e fazendo a gente se dar conta com relação ao que está realmente queimando. Um artificio foi muito bem usado no ótimo "Roma" (2018) e que nos dava uma noção maior sobre os eventos principais da trama.

Jonathan Glazer procura nos passar a mentalidade daquela sociedade alemã daquela época, sendo que a própria passou por uma verdadeira lavagem cerebral através da propaganda nazista e fazendo das mortes dos judeus algo banal e do qual deveria ser menosprezada. A melhor personagem que sintetiza muito bem essa minha observação é a personagem Hedwig, esposa do comandante e que revela a sua real pessoa no momento em que descobre que existe a possibilidade de perder a sua casa e conforto vindo dela. Enquanto a própria se preocupa com o seu bem-estar as mortes que são ouvidas cada vez ficam mais intensas, mas não despertando nenhuma compaixão vindo dela e é graças a ótima interpretação assombrosa de Sandra Hüller que testemunhamos uma personagem verdadeiramente fria e calculista.

Além dela, os demais personagens vistos na tela vão se revelando perante as atrocidades do outro lado do muro, sendo que cada um age de uma forma diferente, mas jamais mencionando sobre o que realmente acontece. Ao final, tudo é questão de obter poder, status e não se importando com as consequências e sobre o que a história irá julgar e dizer futuramente. Neste último caso, por exemplo, essa resposta vem nos minutos finais da trama e fazendo dela ainda mais pesada e reflexiva do que se imagina.

Indicado a cinco Oscars, incluindo Melhor Filme, "Zona de Interesse" é um retrato incomum sobre os horrores praticados no campo de concentração de Auschwitz, sendo visto pela perspectiva nazista e fazendo da experiência muito mais sombria.         


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Cine Dica: Sam Peckinpah - O Rebelde Implacável

Um dos mais controversos e revolucionários autores do cinema americano, Sam Peckinpah  (1925-1984) trilhou um caminho de aventura e autodestruição. Dono de um temperamento forte, aliado a uma visão político-social ousada, ele chocou público e crítica. Em sua carreira relativamente curta, viveu uma guerra pessoal interminável contra estúdios, produtores e a moral vigente. Tantas vezes comparado ao escritor Ernest Hemingway, Peckinpah foi o cronista de uma era agonizante, redefinindo as tradições do Western com muito chumbo e sangue. Porém, debaixo da aparente truculência, havia um artista sensível e nostálgico.

Realizou clássicos absolutos como Meu Ódio Será Sua Herança  (The Wild Bunch - 1969), Pat Garrett e Billy the Kid (Pat Garrett and Billy the Kid - 1973) e Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia (Bring Me the Head of Alfredo Garcia - 1974), tornando-se um cineasta influente e cultuado até os dias de hoje.

Objetivos

O Curso de Férias SAM PECKINPAH: REBELDE IMPLACÁVEL, ministrado por Cesar Almeida. tem como objetivo analisar a obra deste grande mestre filme a filme, além de mergulhar nas histórias reais e lendárias de sua vida pessoal atribulada, combustível para os conflitos que exibiu nas telas.

Ministrante: CESAR ALMEIDA

Pesquisa e escreve sobre cinema. É o autor do livro Cemitério Perdido dos Filmes B . Também atua como tradutor e editor, além de escrever ficção policial com o pseudônimo Cesar Alcázar. Foi um dos criadores e organizadores do Porto Alegre Noir. Já ministrou os cursos “Mestres & Dragões: A Era de Ouro das Artes Marciais no Cinema”; “À Queima-Roupa – A Literatura Policial Americana no Cinema”; “Blaxploitation – O Cinema Negro Americano dos Anos 70”; “Zumbis no Cinema – Eterno Retorno” e “Era Uma Vez o Spaghetti Western” pela Cine UM.


Curso de Férias

SAM PECKINPAH: O REBELDE IMPLACÁVEL 

de Cesar Almeida


* Datas

24 e 25 de Fevereiro

(sábado e domingo)


* Horário

14h30 às 17h30


* Local

Cinemateca Capitólio

(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro - Porto Alegre - RS)

INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2024/02/sam-peckinpah-o-rebelde-implacavel.html


Realização

Cine UM Produtora Cultural


Apoio

Cinemateca Capitólio


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Cine Especial: Revisitando 'Os Abutres Têm Fome'

Para continuar existindo o gênero de faroeste teve que passar por uma metamorfose ao longo das décadas. No princípio era tudo muito claro, sendo sempre o mocinho contra o bandido, porém, a realidade ao longo do percurso bateu à porta e comprovou esse lado poético não poderia ser colocado sempre em prática. Quando os anos cinquenta chegaram esses filmes tiveram um teor mais psicológico e humano, enquanto nos anos sessenta o subgênero "Spaghetti western" vindo da Itália trouxe um faroeste mais sujo, realístico e onde não se tinha uma divisão entre o bem e o mal, mas sim retratavam pistoleiros vingativos, foras da lei e que buscavam qualquer missão para obter determinado lucro.

Esse tipo de cinema Italiano acabou influenciando o cinema norte americano, ao ponto que o início da década de setenta surgiu alguns títulos que lembravam esse tipo de subgênero, mas que ao mesmo tempo se misturava com que já era visto em território americano. Um dos títulos que melhor se saiu dessa mistura foi "Os Abutres Têm Fome" (1970), um faroeste americano, com coprodução do México, que mesclou elementos já vistos no "Spaghetti western" e ao mesmo tempo incrementando pitadas de humor que já estava sendo explorado na Itália no mesmo ano pelo filme "Trinity" (1970). Vale salientar que a obra tem trilha sonora do mestre Ennio Morricone, compositor que obteve sucesso ao criar trilhas inesquecíveis no cinema italiano e que aqui a sua trilha ressoa de forma inconfundível.

O filme foi dirigido por Don Siegel, realizador que já havia trabalhado anteriormente com Clint Eastwood em "Meu Nome é Coogan" (1968) e que repetiria a parceria em obras como "O Estranho que Nós Amamos" (1971), "Perseguidor Implacável" (1971) e "Fuga de Alcatraz" (1979). Aqui, o realizador e o intérprete trazem a figura do estranho sem nome criado por Sergio Leone, ao menos na abertura do filme, pois o protagonista tem uma identidade, porém, não há como deixar de associá-lo a figura lendária criada na Itália. Isso se intensifica ainda mais quando ouvimos os acordes sublimes de Ennio Morricone e fazendo a gente se lembrar de imediato a "trilogia dos Dólares" comandada por Sergio Leone.

Nesta aventura desenfreada e anárquica que desenrola no México do século XIX, um mercenário americano (Eastwood) salva uma freira (Shirley MacLaine) dos seus pretensos molestadores. Mais tarde, ele descobre que este encontro casual foi golpe de sorte, já que ela sabe muito acerca dos oficiais do quartel que ele planeja invadir. Ambos unem forças e formando uma dupla inusitada ao longo de suas jornadas.

Embora tenham tido conflitos durante as filmagens é notório que há uma química perfeita entre Eastwood e Maclaine, sendo que ambos se saem bem no humor romântico e até mesmo refinado em alguns momentos. Maclaine está incrível como uma freira que aparenta ser mais do que a gente imagina e cuja revelação sobre a sua real natureza na reta final da trama não surpreende muito, pois ao longo do percurso ela já havia dado todos os sinais. É notório também que Don Siegel buscou também inspiração no clássico "Uma Aventura na África" (1951), já que ambos os filmes são sobre um casal improvável que embarcam em uma perigosa aventura, mas que ao longo do percurso percebem que possuem mais em comum do que se imagina.

O filme somente desliza um pouco quando o roteiro descamba para mais ação e menos humor, sendo que o filme já estava se sustentando muito bem pela química do casal central e fazendo a gente desejar que eles continuassem cavalgando do que se meterem no conflito entre os mexicanos e os franceses. Ao menos há também cenas de ação interessantes, como a queda do trem e cuja cena se assemelha em uma passagem vista no clássico "A General" (1926) de Buster Keaton. O filme, logicamente, termina de forma previsível, mas de um jeito engraçado e se casando com a proposta da obra como um todo.

"'Os Abutres Têm Fome' é um faroeste que deu certo ao usar elementos distintos um do outro, sendo uma obra que nasceu em meio a mudanças do gênero e se adaptando conforme o tempo foi passando.    

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