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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Cine Especial: Revisitando 'Alligator'

Sinopse: Após ser levado por um encanamento para o sistema de esgoto, um jacaré ainda filhote cresce se alimentando de ratos de laboratório descartados em Chicago. O problema é que, em seu alimento, foram injetados hormônios, o que o deixa gigante.

Ano passado faleceu o apresentador, empresário e dono da emissora SBT Silvio Santos. Por eu ter mais de quarenta anos, o apresentador, assim como o seu canal, marcou a minha infância durante os anos oitenta com desenhos, séries, programas infantis e, logicamente, muitos filmes. Curiosamente, durante os programas aos domingos em que apresentava, ele sempre gostava de fazer a maior propaganda com relação aos longas metragens que eram exibidos na grade, ao ponto de que cada lançamento se tornaria um grande evento, como no caso, por exemplo, quando eram exibidos na saudosa Sessão das dez. Aliás, os anúncios dos filmes na grade chegaram até ser melhores que os próprios longas em si, sendo que os filmes de horror quando eram anunciados me arrepiava a espinha.

Em um destes casos, um filme que foi bastante alardeado na época foi o lançamento do longa "Alligator" (1980), longa que pegava carona do sucesso que "Tubarão" (1975) havia adquirido e foi exibido no SBT por volta do ano de 1982. O caso que o clássico de Steven Spielberg serviu de inspiração para os mais diversos estúdios de filmes com baixo orçamento fazerem os seus filmes de monstros. Talvez o mais bem sucedido dessa leva foi o clássico trash "Piranha" (1978), produzido pelo mestre de filmes de baixo orçamento Roger Corman e que, curiosamente, a produção de "Alligator" possui alguns de seus discípulos. O roteiro foi criado por John Sayles e Frank Ray Perilli, que já haviam trabalhado para o produtor, enquanto a direção ficou a cargo de Lewis Teague, conhecido na época por algumas adaptações das obras de Stephen King para o cinema como “Cujo” (1983) e Olhos de Gato (1985).

Engraçado que, por mais absurdo que seja a trama revista hoje, o longa possui alguns pontos sérios, como no caso que o maior vilão da trama não seja exatamente o Jacaré em si, mas sim o próprio homem com os seus poluentes. A criatura é resultado de testes de anabolizantes que estavam sendo colocados em prática em cachorros de rua. Uma vez excluídos, as carcaças eram jogadas fora nos esgotos e onde a criatura se alimentava deles e provocando assim um efeito avassalador nele.

O Jacaré em si é outro fato curioso para ser observado de perto, sendo que em alguns casos ele era feito como um enorme boneco de borracha, mas sendo filmado nas cenas escuras ou em cortes rápidos que cobriam o lado falso da figura. Ao mesmo tempo, os realizadores usaram também jacarés menores em cena, sendo que foi construído pequenas maquetes para nos passar a ideia de um enorme jacaré. Revisto hoje nota-se que havia sim um orçamento apertado, mas sendo compensado pela criatividade dos envolvidos.

Como protagonista temos Robert Forster como policial que enfrenta um passado traumático e ao mesmo tempo tendo que investigar essas estranhas mortes que andam acontecendo devido aos atos da criatura. Foster nunca gostou da ideia de ser lembrado por esse filme, sendo que sempre achou a ideia ridícula. Trabalhando por um bom tempo na tv após isso, o ator voltou aos holofotes através de Quentin Tarantino com o seu Jackie Brown (1997) e posteriormente nos filmes de David Lynch como "Cidade dos Sonhos" (2001).

Vale destacar que o filme marca a estreia de uma atriz e a despedida de outra, sendo que a bela Robin Riker marcou a sua estreia aqui nesta produção, mas obtendo somente uma carreira regular em séries de tv. Aqui, ela interpreta a personagem especialista em répteis e par romântico do protagonista e que, por muita coincidência, quando a sua personagem era menina no início da trama ela havia adquirido um pequeno jacaré, mas sendo descartado pelo seu pai, ao ser jogado no vaso sanitário e posteriormente se tornando o monstro gigante visto na trama. Já Sue Lyon, conhecida mundialmente pelo filme “Lolita” (1967) de Stanley Kubrick, se despede do mundo cinematográfico através desse filme ao interpretar uma repórter investigativa.

Vale destacar a atuação canastrona do ator chamado Henry Silva, que aqui faz um caçador de jacarés sem noção e mal tendo a ideia do que enfrentará em seguida. Não é preciso ser gênio para adivinhar que ele se tornará outra vítima da criatura. Em termos de violência, o filme chega a ser até mesmo gore, com direito de pernas e braços decepados, pessoas sendo devoradas e sobrando até mesmo para crianças indefesas. Se Steven Spielberg teve coragem de fazer isso com o seu clássico "Tubarão" aqui não foi muito diferente.

Porém, embora com todas essas cenas de violência, o filme ainda tem tempo de nos brindar com alguns momentos de humor, como o fato do protagonista enfrentar o problema da calvície e não gostar quando as pessoas em volta falam sobre isso. Há algumas cenas de humor até mesmo sem sentido, quando do nada surge um rapaz querendo explodir a delegacia com uma bomba. Porém, a situação somente acaba fazendo algum sentido no ato final da trama, mesmo que de forma bastante tardia.

Vale lembrar que o filme foi todo concebido ao se inspirar em uma lenda urbana de que era cada vez mais comum os jacarés viverem nos esgotos e que tudo seria uma questão de tempo de um surgir na superfície. Da lenda, portanto, surgiu essa pérola trash que com certeza é lembrada mais aqui no Brasil do que nos EUA e isso se deve muito, claro, ao Silvio Santos. Nunca uma propaganda tão alardeada para assistir ao filme na grade de uma emissora acabou dando tão certo.

"Alligator", talvez seja o filme B mais bem sucedido da década de oitenta e muito dessa minha memória nostálgica se deve muito ao dono do Baú da Felicidade. 

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