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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 3 de agosto de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta'

Sinopse: Lyudmila, uma executiva do Partido Comunista que lutou na guerra pela ideologia de Stalin, está certa de que seu trabalho criará uma sociedade comunista e detesta qualquer sentimento anti-soviético. Durante uma greve em uma fábrica local, Lyudmila testemunha um piquete de trabalhadores baleado por ordem do governo, que busca abafar greves na URSS.  

Em tempos políticos atuais, com discursos acalorados, ou você escolhe um lado ou se torna um neutro, sendo que o neutro também não é muito diferente daquele que escolhe o lado opressor e que oprime o povo. Porém, independente de qual lado você escolher, chegará um ponto que você terá de esquecer no que acredita e pensar na sua vida e naqueles em que você ama. "Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta" (2020) nos revela quando uma realidade socialista se torna fascista no momento em que começam a matar a sua própria gente, ao ponto de que o lado positivo sobre a realidade Comunista fica somente na superfície.

Dirigido por Andrey Konchalovsky, o mesmo de "Paraíso" (2017), o filme conta a história de Lyudmila (Julia Vysotskaya), que foi uma devota membra do Partido Comunista que lutou na Segunda Guerra Mundial pela ideologia de Stalin. Certa de que seu trabalho criará uma sociedade comunista igualitária, ela detesta qualquer sentimento anti-soviético. Durante uma greve na fábrica eletromotriz local, Lyudmila testemunha um piquete de trabalhadores que são mortos a tiros sob ordens do governo, que procura, cada vez mais, encobrir greves trabalhistas na URSS. A partir de então, sua imutável visão de mundo começa a ruir, passando a questionar tudo o que sempre acreditou.

Baseado em fatos verídicos, Andrey Konchalovsky recria um momento histórico sangrento, mas do qual o governo URSS encobriu por décadas, mas sendo revelado após a sua queda. Por se tratar de um assunto delicado, o cineasta procura não criar um vilão especifico, mas sim retratar pessoas comuns que, por vezes, mal sabem como reger uma nação perante uma sociedade cada vez mais insatisfeita com a situação do país. Ao mesmo tempo, a protagonista Lyuda seria uma representação perfeita de uma pessoa cega pela sua ideologia dos tempos de Stalin e procurando não querer enxergar o fato de que os governantes daquele período não estavam direcionando o país de acordo no que ela acreditava.

Julia Vysotskaya está ótima em cena, ao retratar uma pessoa cheia de cicatrizes, porém não físicas, mas sim psicológicas, tendo testemunhado os dois lados da história durante a Segunda Guerra e tendo escolhido o que ela achava o mais correto para a sua pessoa. Porém, no momento em que a sua filha desaparece perante os protestos contra o governo, ela começa a se questionar se estava realmente certa sobre o que acreditava, muito embora não permita de forma imediata. O seu olhar ao testemunhar o massacre de Novotcherkassk pode facilmente entrar na lista dos grandes momentos do cinema deste ano.

Tecnicamente o filme também é um colírio para os olhos, sendo que a fotografia em preto e branco sintetiza uma sociedade Russa não sabendo ao certo como será o seu amanhã devido à alta dos preços e o aumento do desemprego. Ao mesmo tempo, Andrey Konchalovsky usa a sua câmera como uma representação do olhar da protagonista que, aos poucos, começa a enxergar o outro lado da moeda da qual ela defende, seja na reunião entre os políticos, como também em uma conversa reveladora com o seu pai sobre tempos ainda mais nebulosos.

Simplificando, é preciso assistir ao filme de mente aberta, pois ele não se encontra em posição de mudar o posicionamento político de ninguém, mas sim sempre nos lembrar do que é mais importante que é os laços familiares e proteger o que nos faz realmente humanos em tempos complexos. No minuto final, testemunhamos uma protagonista reconhecendo que errou, mas tendo a convicção de que nunca é tarde para recomeçar zero.

"Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta" é sobre os erros e acertos de tempos soviéticos e cuja as vozes de trabalhadores oprimidos não devem ser esquecidos. 


Nota: O filme também se encontra em locação pelo Youtube.

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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Tempo'

Sinopse: Uma família em um feriado tropical que descobre que a praia isolada onde eles estão relaxando por algumas horas está de alguma forma os fazendo envelhecer rapidamente... reduzindo suas vidas inteiras em um único dia. 


Quando éramos crianças a sensação que dava era que o ano demorava para passar, como se o natal estivesse muito distante para se comemorar e abrir aquele tão desejado presente. Quando se cresce parece que tudo fica mais acelerado, talvez devido a responsabilidades que surgem para a fase adulta e fazendo com que não testemunhemos o tempo passar. Por conta disso, parece que estamos cada vez mais esquecendo de aproveitar a vida, ao ponto que a chegada da velhice acaba não sendo mais tão distante.

Esse medo com relação ao fim da vida parece estar cada vez mais sendo explorado no cinema recente, seja de forma dramática ou fantasiosa. Se por um lado o horror psicológico nos afeta e nos faz cair em lagrimas no filme "Meu Pai" (2020), do outro, nos faz a gente se amedrontar perante ao que é visto em "Relíquia Macabra" (2021), já que neste último caso o horror se encontra no fato do medo de nós encararmos a responsabilidade de cuidar de um ente querido em seus últimos passos. É aí que chegamos em "Tempo" (2021), onde o medo perante o fim através da velhice acelerada nos coloca para fora o pior e o melhor de todos nós.

Neste novo trabalho do cineasta M. Night Shyamalan e estrelado por Gael Garcia Bernal, acompanhamos uma família durante uma viagem para uma ilha tropical. Quando chegam em uma praia deserta, algo estranho começa a acontecer: todos passam a envelhecer rapidamente, anos inteiros passam em questão de minutos. Eles, então, precisam descobrir o que está acontecendo antes que suas vidas sejam encurtadas drasticamente.

M. Night Shyamalan gosta de usar o gênero fantástico para falar sobre a humanidade e da qual é sempre testada em seus filmes. Curiosamente, os seus protagonistas são sempre testados perante uma situação que, por vezes, nós nunca testemunhamos exatamente o que está a sua frente. Se por um lado raramente vemos os alienígenas em "Sinais" (2002), do outro, ficamos imaginando o que é exatamente a ameaça nunca vista no filme "Fim dos Tempos" (2008).

O resultado é situações das quais chamamos de extracampo - ou seja, sons e objetos imateriais, que criamos e completamos com a nossa imaginação - para dentro do quadro, da imagem, sem necessariamente dar corpo a esses sons e objetos. Por conta disso, em seu mais novo filme, ameaça que coloca a vida da família central em cheque é sugerida apenas através de sons, de enquadramentos pensados pelo cineasta, além de planos-sequências que representam a direção do olhar que o protagonista faz em determinada situação que lhe choca.

Além disso, boa parte da verdadeira ação ocorre na beira de uma praia misteriosa, com poucos personagens e fazendo com que a situação se torne cada vez mais claustrofóbica. Na medida que os personagens vão se dando conta que estão envelhecendo rapidamente suas máscaras vão caindo, ao ponto de cada um revelar as suas principais fraquezas, assim como também a sua real pessoa. Todos ali são na realidade uma representação do ser humano atual, cada vez mais sozinho em seus compromissos, enquanto a família que ele construiu vai se deteriorando através de problemas, por vezes, mesquinhos.

Por conta disso, o terror vai cada vez mais dominando o espaço, ao ponto de o diretor fazer o seu filme mais violento, mas não menos filosófico com relação ao começo do fim. Se por um lado testemunhamos no início o casal central em uma crise conjugal, aos poucos, eles vão se entendendo perante ao fato de que suas vidas estão cada vez mais dando Adeus e tendo que desfrutar do que faziam eles serem felizes antes que seja tarde. Não deixa de ser singelo, exemplo, um plano fechado em que o cineasta filma o casal se entendo mesmo com todo os problemas que o envelhecimento trouxe para os mesmos.

Como não poderia deixar de ser, M. Night Shyamalan vai deixando pistas ao longo do filme sobre o verdadeiro mistério que envolve toda ilha. O ato final, por exemplo, possui duas grandes revelações, muito embora a última tenha sido criada mais para aliviar a tensão que até ali havia sido criado em todos nós. Se por um lado faltou um pouco de coragem na reta final, ao menos, todo o restante do filme compensa ao ter nos criado vários pensamentos, tensões e questionamentos.

"Tempo" é sobre o medo que todos nós carregamos sobre o começo do fim da vida e sobre a real maneira de aproveita-la antes que ela passe sem que a gente perceba. 


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sexta-feira, 30 de julho de 2021

Cine Dica: Em cartaz: 'Um Lugar Silencioso - Parte II'

Sinopse: A família Abbott precisa enfrentar os terrores do mundo exterior enquanto luta pela sobrevivência em silêncio. Forçados a se aventurar no desconhecido, eles percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças no caminho da areia. 

"Um Lugar Silencioso" (2018) foi sem sombra de dúvida uma grande surpresa para os aficionados por filmes de terror. Ao testemunharmos personagens principais em não fazerem barulho para não atraírem os monstros em cena se cria um verdadeiro jogo de gato e rato e a construção de momentos de pura tensão e medo. Pois bem, "Um Lugar Silencioso - Parte II" (2021) não é superior ao filme original, mas dá continuidade a trama de forma coerente e mantendo o ritmo tenso do qual nos havia conquistado.

Dirigido novamente John Krasinski, o longa se passa logo após os acontecimentos do filme anterior, onde família Abbott (Emily Blunt, Millicent Simmonds e Noah Jupe) precisa agora encarar o terror mundo afora, continuando a lutar para sobreviver em silêncio. Obrigados a se aventurar pelo desconhecido, eles rapidamente percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças que os observam pelo caminho de areia.

É curioso que o prólogo desse segundo filme dá uma chance para aqueles que não haviam assistido ao primeiro, já que ele mostra exatamente como as criaturas chegaram a terra e o começo do pesadelo para os nossos protagonistas. Em um determinado momento, por exemplo, há um plano-sequência espetacular, onde vemos as criaturas chegarem sem que os protagonistas principais percebam e fazendo com que fiquemos a frente deles por alguns instantes sobre os fatos. Uma abertura digna de nota e que merece sempre ser revisitada.

Voltando ao presente, vemos a família tentando sobreviver com o que tem e com a herança que o pai havia deixado e que pode ajudar no combate contra os monstros. Na ausência do ator e também diretor John Krasinski, entra em cena o personagem Emmett, interpretado por um quase irreconhecível Cillian Murphy e que cumpre com dignidade o espaço vazio que o protagonista havia deixado no filme anterior. Embora seja um personagem interessante o protagonismo ainda pertence a personagem Regan.

Interpretada pela jovem atriz Millicent Simmonds, que é realmente surda na vida real, Regan é força matriz contra os monstros que atacam através do som e sendo ela, talvez, a única esperança para a família sobreviver perante esse pesadelo. É por ela, por exemplo, que testemunhamos os principais momentos de pura tensão da trama, mas que ao mesmo tempo é intercalado por situações quando a família está dividida e fazendo a gente testemunhar dois acontecimentos tensos no mesmo momento. Embora isso pareça um tanto que forçado, não deixa de ser angustiante esses momentos, pois nunca sabemos ao certo se algum irá ou não sobreviver ao longo do percurso.

Curiosamente, o filme não tem a pretensão de dar uma solução definitiva com relação as criaturas, sendo que podemos interpretar a continuação como uma releitura em potência máxima sobre o que já havia sido visto anteriormente. Se por um lado isso soa frustrante para aqueles que desejavam uma solução definitiva para a jornada dos protagonistas, do outro, é notório que o sucesso do primeiro filme tenha elevado os ânimos dos realizadores em querer, no mínimo, que a trama se encerre em uma possível trilogia.

Polêmicas à parte, Um Lugar Silencioso - Parte II" é uma prova que continuações não precisam ser necessariamente obrigadas a superarem o filme original, desde que se mantenha o que já havia funcionado no passado e mantendo assim atenção do cinéfilo. 


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quinta-feira, 29 de julho de 2021

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (29/07/21)

 Tempo 

Sinopse: O visionário cineasta M. Night Shyamalan revela um novo thriller misterioso e arrepiante sobre uma família em um feriado tropical que descobre que a praia isolada onde eles estão relaxando por algumas horas está de alguma forma os fazendo envelhecer rapidamente... reduzindo suas vidas inteiras em um único dia.


Jungle Cruise

Sinopse: Jungle Cruise gira ao redor do malandro e brincalhão Frank Wolff (Dwayne Johnson), capitão do barco La Guilla. Ele é contratado pela Dra. Lily Houghton (Emily Blunt) e seu irmão McGregor (Jack Whitehall) para levá-los em uma missão pelas densas florestas amazônicas com a intenção de encontrar uma misteriosa árvore com poderes de cura que poderá mudar para sempre o futuro da medicina. No caminho, eles viverão inúmeros perigos, enfrentando animais selvagens e até mesmo forças sobrenaturais.


NOTA: Confira também as estreias e programação completa da Cinemateca Capitólio clicando aqui. 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 29 DE JULHO A 4 DE AGOSTO DE 2021 na Cinemateca Paulo Amorim

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

Todos os Mortos


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h30 – UM DIVÃ NA TUNÍSIA

(Un Divan à Tunis - França/Tunísia, 2020, 90min. Direção de Manele Labidi, com Golshifteh Farahani, Majd Mastoura, Aïcha Ben Miled. Imovision, 12 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Depois de muitos anos vivendo e estudando na França, a psicanalista Selma resolve abrir uma clínica em Túnis, capital da Tunísia, onde nasceu. Ela se depara com um país moderno, tomado de contrastes e conflitos culturais latentes, e tudo isso se reflete em seus novos pacientes. Assista o trailer aqui.


17h30 – DOCE ENTARDECER NA TOSCANA

(Dolce Fine Giornata - Itália/Polônia, 2019, 95min). Direção de Jacek Borcuch, com Krystyna Janda, Kasia Smutniak, Vincent Riotta. Arteplex Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Marie Linde é uma poeta de origem polonesa, que vive na região italiana da Toscana e é festejada por ter sido reconhecida com o Prêmio Nobel de Literatura. Progressista e independente, ela não aceita o sentimento de xenofobia que toma conta do lugarejo onde mora depois de um ataque terrorista à Roma – e isso pode trazer consequências difíceis para sua família. Krystyna Janda ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Sundance. Assista o trailer aqui.

SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – TODOS OS MORTOS *ESTREIA*

(Brasil, 2020, 120min). Direção de Caetano Gotardo e Marco Dutra, com Mawusi Tulani, Clarissa Kiste, Carolina Bianchi, Alaíde Costa e Thomás Aquino. Vitrine Filmes, 14 anos.  Drama fantástico.

Sinopse: Na São Paulo do finalzinho do século XIX, os resquícios da escravidão ainda são recentes. As irmãs Soares, da aristocracia paulista, acabam de perder sua última criada e não conseguem se adaptar a uma sociedade sem terras e sem escravos. Ao mesmo tempo, a família Nascimento, que trabalhava como escrava na fazenda dos Soares, agora se depara com uma sociedade na qual não há espaço para os negros recém-libertos. Mesmo com as diferenças sociais, todos lutam para sobreviver neste mundo moderno. Prêmios de melhor ator e atriz coadjuvante (para Thomás Aquino e Alaíde Costa) no Festival de Gramado 2020. 


17h – MÚSICA PARA QUANDO AS LUZES SE APAGAM

(Brasil, 2019, 70min). Direção de Ismael Caneppele, com Emelyn Fischer e Júlia Lemmertz. Arthouse Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Primeiro título do gaúcho Ismael Caneppele como diretor, o filme mistura ficção e documentário para mostrar a trajetória de Emelyn, uma jovem trans. A história se passa em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, onde uma autora começa a seguir os passos da jovem insatisfeita com seu corpo. Assim, ela inicia o processo para se tornar Bernardo e vive várias inquietações pessoais e também com os pais e amigos. O filme é adaptado do livro de mesmo nome, que o diretor lançou em 2007. Assista o trailer aqui.


18h30 – RODANTES *ESTREIA*

(Brasil, 2019, 100min). Direção de Leandro Lara, com Caroline Abras, Félix Smith, Jonathan Well, Murilo Grossi. Zeta Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: Um Brasil desconhecido se apresenta neste projeto, que marca a estreia do diretor Leandro Lara na direção de longas-metragens. Durante seis meses, ele viajou por Rondônia, na região amazônica, para contar as histórias de três personagens que tentam seguir seus caminhos em um cenário hostil. Tatiane é uma jovem mulher que foge para esquecer um passado traumático, enquanto Odair precisa deixar a casa dos pais para protagonizar suas próprias descobertas; já Henry é um imigrante haitiano que enfrenta várias dificuldades para sobreviver em meio à miséria brasileira. Assista o trailer aqui.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores tem direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala. A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 28 de julho de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Ana. Sem Título'

Sinopse: Misto de documentário e ficção, o filme acompanha Stela, uma jovem atriz brasileira, que decide fazer um trabalho sobre as cartas trocadas entre artistas plásticas latino-americanas nos anos 1970 e 1980. 



Em tempos em que a extrema direita pelo mundo, principalmente na América Latina, tenta governar usando diversos fake news para até mesmo acobertar passados tenebrosos da opressão, por outro lado, o cinema foi peça fundamental para que a verdade sobre os fatos jamais seja esquecida. O documentário "Santiago, Itália" (2018), por exemplo, mostra o horror do golpe no Chile, onde os militares mataram o até então Presidente Salvador Allende, além de diversas pessoas terem sido presas, torturadas e mortas em um estádio de futebol. "Ana, Sem Título" (2021), por sua vez, procura não somente revisitar esses cenários, como também diversos pontos da América latina que sofreram com golpes militares e procurando reaver pistas de pessoas que viveram e morreram naqueles tempos.

Dirigido por Lucia Murat, do filme "Praça em Paris" (2016), o documentário é livremente inspirado na peça “Há mais futuro que passado”, onde conta a história de Stela (Stella Rabello), uma jovem atriz brasileira, que decide fazer um trabalho sobre as cartas trocadas entre artistas plásticas latino-americanas nos anos 70 e 80. Viaja para Cuba, México, Argentina e Chile à procura de seus trabalhos e de depoimentos sobre a realidade que elas viveram durante as ditaduras que a maior parte desses países enfrentaram na época.  Em meio à investigação, Stela descobre a existência de Ana, uma jovem brasileira que fez parte desse mundo, mas desapareceu. Em 1968, Ana foi do sul do Brasil, de uma pequena cidade do interior, para a efervescente Buenos Aires, que vivia um momento de mudança nas artes plásticas e no comportamento. Obcecada pela personagem, Stela resolve encontrá-la e descobrir o que aconteceu com ela.

Assim como diversas obras brasileiras recentes como, por exemplo, "Branco Sai, Preto Fica" (2014), a obra de Lucia Murat transita entre a ficção e a realidade, sendo que chegamos ao ponto que acreditamos realmente que Ana existe, pois todos os lugares e fatos que a protagonista testemunha realmente aconteceram, seja como uma possível artista chamada Ana, ou com qualquer outra pessoa que pensava diferente com relação a realidade em que vivia em sua volta. A procura por Ana é uma bela desculpa para Stela se aventurar nos principais cenários que serviram de palco em tempos, tanto revolucionários, como também aqueles que sofreram fortes golpes militares entre os anos sessenta e setenta. Se por um lado vemos uma Cuba sobrevivendo entre a cultura, socialismo, além de servir de exemplo positivo com relação ao seu regime Comunista, do outro, vemos países como Argentina, México e Chile que hoje vivem através da democracia, mas que não escondem cicatrizes que ainda carregam de tempos ditatoriais e que procuram não se esquecer. 

Em cada lugar que Stela passa ela vai conhecendo pessoas, das quais sofreram perseguições ferrenhas dos governos daqueles tempos, que lutaram para manter e viver com as suas ideias culturais e sociais intactas. Além disso, o documentário faz questão de se aventurar em museus que servem de memorial para as pessoas que morreram ou ainda se encontram desaparecidas até hoje. Cada foto vista na tela é uma história a ser contada, das quais a maioria se assemelha uma com a outra.

No ato final, talvez o mais emblemático, testemunhamos o cenário do estádio de futebol onde serviu de prisão e tortura para milhares de pessoas após o golpe no Chile e cuja as marcas daquele período ainda se encontram nas paredes até hoje. Dentre essas diversas pessoas uma poderia ser Ana, mas cuja a mesma poderia ter sido calada unicamente por ser negra, politizada, socialista e que não se enquadrava na realidade daqueles que davam ordens ou matava. O ponto final da vida de Ana, enfim, se encontra em uma cidade comum do RS, mas se tornando uma representação de diversas vidas que queriam ser lembradas, mas cuja as adversidades políticas frearam as suas vidas precocemente.

"Ana, Sem Título" não é sobre uma personagem, mas sobre diversas vozes reais que não serão caladas, mesmo quando houver opressores que acham que terminaram o trabalho contra elas. 



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terça-feira, 27 de julho de 2021

Cine Especial: 'O Violinista que Veio do Mar' (2004)

Sinopse: Após uma tempestade, um misterioso rapaz polonês aparece na praia em frente à casa de duas irmãs solteironas. Elas cuidam de seu tornozelo quebrado e descobrem que se trata de um ótimo violinista. Inevitavelmente se apaixonam e começam a disputá-lo. 

São tanto longas metragens que são lançados anos após anos que alguns passam desapercebidos aos nossos olhos. Em alguns casos, por exemplo, se percebe que tal filme não recebeu a sua merecida atenção, talvez por má divulgação ou simplesmente por ter estreado em época errada. "O Violinista que Veio do Mar" (2004) é um desses casos sobre filmes que passa distante dos nossos olhos, mas que vale uma conferida através da curiosidade e que logo nos conquistar facilmente.  

Dirigido pelo veterano ator Charles Dance, o filme é baseado no conto do consagrado escritor William Locke, onde a trama se passa em 1936. As idosas, irmãs Janet (Maggie Smith) e Ursula (Judi Dench), vivem em uma velha casa na pequena vila em Cornwall, no sudoeste da Inglaterra. Após uma tempestade violenta perto da praia, elas encontram um jovem ferido chamado Andrea (Daniel Brühl) – provavelmente sobrevivente de um naufrágio - levam-no para sua casa e cuidam para que se recupere. Descobrem que ele não fala nenhuma palavra em inglês, mas é um talentoso violinista polonês que queria emigrar para os Estados Unidos. As duas irmãs se enamoram dele, o que conduz a uma rivalidade de quase possessiva tutela. Ele lembra Janet do amor que ela perdeu, quando o marido foi morto na I Guerra Mundial, e desperta em Ursula sentimentos românticos que ela nunca tinha sentido.  

A relação, seja ela de amizade ou amorosa, de pessoas com idades diferentes não é novidade dentro da história do cinema, sendo que muitos casos isso é sempre retratado de forma delicada, pois nem todos enxergam esse quadro com bons olhos. No caso desse filme, logo se percebe que o jovem desperta algo em ambas as irmãs, principalmente em Ursula, cuja as lembranças douradas de um passado distante vem à tona, mas cuja as adversidades do mundo real lhe tiraram tudo e somente restante a companhia de sua irmã. Com a presença de Andrea se abre uma nova janela para as suas vidas, assim como também para os demais do vilarejo que começam a ter bastante curiosidade com o novo visitante.  

Tecnicamente o filme é suave em sua fotografia, mas ao mesmo tempo possuindo uma ótima edição de arte e reconstituindo uma época em que o mundo não sabia ao certo por onde ir, principalmente após o encerramento de uma guerra e o começo de uma outra. Embora aja uma desconfiança sobre a real origem do rapaz, os conflitos entre países e posições políticas ficam em segundo plano, já que arte da música ganha um maior espaço. Falando nela, para os amantes violinistas o filme é um prato cheio, principalmente para aqueles que ainda admiram uma música clássica em todos os sentidos.  

Em termos de atuação é preciso tirar o chapéu para as duas veteranas em cena. Tanto Judi Dench como Maggie Smith estão ótimas em seus respectivos papeis, sendo que a primeira consegue passar em seu olhar os desejos nunca antes conquistados e vendo em Andrea a chance de, enfim, conseguir senti-los mesmo que parcialmente. Embora seja um ótimo interprete, Daniel Brühl economiza na atuação para a construção de seu Andrea, muito embora os seus momentos em que ele toca o violino impressiona em diversas formas. O ato final pode até ser previsível para alguns, mas não deixa de ser emocionante ao vermos os principais personagens da trama alcançando um cenário incomum fora do seu cotidiano e aproveitando, enfim, um momento único em que somente a arte da música pode proporcionar.  

"O Violinista que Veio do Mar" é uma pequena joia a ser descoberta, ao nos revelar o nascimento do amor de diversas formas e cuja a arte da música se torna o coração pulsante da obra.  

Onde Assistir: Youtube 

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