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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 26 de novembro de 2019

Cine Dica: Castanha, John Landis no Projeto Raros, A Cidade dos Piratas e Legalidade (28 de novembro a 4 de dezembro)

SESSÃO ESPECIAL DE CASTANHA, ESTREIA DE JOHN LANDIS NO PROJETO RAROS, A CIDADE DOS PIRATAS E LEGALIDADE EM CARTAZ
Castanha

Na quinta-feira, 28 de novembro, às 19h30, a Cinemateca Capitólio Petrobras e a Tokyo Filmes promovem uma sessão especial de Castanha, de Davi Pretto, comentada pelo diretor e pelo ator João Carlos Castanha. Toda a renda a bilheteria será destinada ao tratamento do ator, que se recupera de uma doença pulmonar. Ingressos antecipados e doações em: https://www.sympla.com.br/sessao-especial-com-debate-do-filme-castanha-na-cinemateca-capitolio
Na sexta-feira, 29 de novembro, às 20h, o Projeto Raros apresenta Schlock (1973, 80 minutos), o longa-metragem de estreia de John Landis. Com projeção em HD e legendas em espanhol, a sessão será comentada pelo crítico e pesquisador Carlos Thomaz Albornoz. Entrada franca. A Cidade dos Piratas, de Otto Guerra, e Legalidade, de Zeca Brito, seguem em exibição até o dia 4 de dezembro. O valor do ingresso é R$ 16,00, com meia entrada para estudantes e idosos.

FILMES

CASTANHA
Brasil, 2015, 95’, DCP
Direção: Davi Pretto
João Carlos Castanha tem 52 anos e é ator. Também trabalha na noite como transformista em festas homossexuais. Solitário, doente e confuso, aos poucos ele deixa de discernir realidade e ficção.

SCHLOCK
Estados Unidos, 1973, 80’, HD
Direção: John Landis
Legendas em espanhol
Carnificina! Terror! Cascas de banana! O poderoso macaco pré-histórico Schlocktropus aterroriza um subúrbio tranquilo do sul da Califórnia. A polícia está confusa. O exército é impotente. A contagem de corpos está aumentando. Mas quando Schlock encontra uma simpática garota cega que vê além de sua aparência, surge uma chance de redenção. A paródia dos clássicos de monstros pré-históricos dá início à filmografia de John Landis, um dos mestres da comédia moderna hollywoodiana. Filmado ao longo de doze dias e com um orçamento baixíssimo, Schlock também ajudou a lançar a carreira do lendário maquiador de efeitos Rick Baker (Nasce um Monstro, A Fúria, Videodrome, Ed Wood, entre vários clássicos).

A CIDADE DOS PIRATAS
Brasil, 2018, 85 minutos, DCP
Direção: Otto Guerra
Distribuição: Lança Filmes
Qual o sentido de fazer um longa-metragem sobre Piratas que navegam pelo Rio Tietê atrás de vítimas para saquear e torturar quando, entre a ideia de fazê-lo até a consumação do fato, passam-se décadas, o mundo entra no século XXI e o Brasil se vê diante de um enredo que supera qualquer ficção? Há um bom e grande motivo: o projeto escrito a partir desses personagens foi finalmente viabilizado. Em meio a isso, Laerte, o autor da história, assume sua troca de gênero, começa a renegar seus antigos personagens, os Piratas do Tietê, e a criar outras narrativas interessantes. O Diretor do filme, perdido com essa nova realidade e decidido a ser fiel aos seus caprichos após se ver diante da morte, resolve contar seu drama misturando-se à trama, criando um caótico labirinto entre a ficção e a vida real.

LEGALIDADE
Brasil, 2019, 120 minutos, DCP
Direção: Zeca Brito
Distribuição: Boulevard Filmes
Em 1961, o governador Leonel Brizola lidera um movimento sem precedentes na história do Brasil: a Legalidade. Lutando pela constituição, mobiliza a população na resistência pela posse do presidente João Goulart. Em meio ao iminente golpe militar, uma misteriosa jornalista pode mudar os rumos do país.


GRADE DE HORÁRIOS
28 de novembro a 4 de dezembro de 2019

28 de novembro (quinta)
16h – Legalidade
18h – A Cidade dos Piratas
19h30 – Castanha + debate

29 de novembro (sexta)
16h – Legalidade
18h – A Cidade dos Piratas
20h – Projeto Raros: Schlock

30 de novembro (sábado)
14h – A Cidade dos Piratas
16h – Legalidade
18h – A Cidade dos Piratas
19h30 – Sujeitude  + No meio do Malestream (abertura da mostra O feminismo e a vanguarda de Helke Sander)

1 de dezembro (domingo)
14h – Legalidade
16h – Cara Para Além dos Muros
18h – A Cidade dos Piratas
19h30 – Gula? + O Amor é o Início de Todo Terror

3 de dezembro (terça)
14h – A Cidade dos Piratas
16h – Legalidade
18h – A Cidade dos Piratas
19h30 – Quebrem o Poder dos Manipuladores + Dos relatórios dos serviços de vigilância e patrulha Nº 1, Nº 5 e Nº 8 + debate com Carla Oliveira

4 de dezembro (quarta)
14h – A Cidade dos Piratas
16h – Legalidade
18h – A Cidade dos Piratas
19h30 – Silvo + A Personalidade Reduzida em Todos os Ângulos

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Rainha de Copas’ - O perigo vindo do nosso íntimo.

Sinopse: Advogada bem-sucedida se relaciona com o seu próprio enteado dentro de sua casa. 

Se por um lado caminhamos sempre em linha reta, do outro, há sempre uma possibilidade de sairmos da curva. Razão e desejos, por vezes, não compartilham do mesmo local e fazendo a gente se chocar em uma direção mortal. "Rainha de Copas" fala sobre desejos reprimidos, mas dos quais liberados precisam ser refletidos e até mesmo questionados.
Dirigido pela diretora May el-Toukhy, o filme conta a história de Anne (Trine Dyrholm), uma advogada do direito das crianças e dos adolescentes. Acostumada com lidar com jovens complicados, ela não tem muitas dificuldades para estreitar laços com seu enteado Gustav (Gustav Lindh), filho do primeiro casamento de seu marido Peter (Magnus Krepper) que acaba de se mudar para sua casa. No entanto, a relação que deveria ser paternal se torna uma relação romântica, envolvendo Anna em uma situação complexa, arriscando a estabilidade tanto de sua vida pessoal quanto profissional.
May el-Toukhy se arrisca em seu prólogo, já que ele se passa no futuro e já nos preparando por um possível final trágico. Porém, ao fazer a trama retornar antes disso logo adiante, a realizadora consegue a proeza de obter a nossa atenção sobre o que vai acontecer até aquele ponto e isso graças a sua direção elegante. Ao mesmo tempo, desde os primeiros minutos do filme, a cineasta nos brinda com o seu maior trunfo que é atuação da atriz Trine Dyrholm.
Sua personagem Anne, aliás, é uma figura que já desde o início queremos torcer, já que ela é uma bem feitora ao defender jovens mulheres espancadas pelos homens. Na medida em que a trama avança, porém, observamos uma Anne querendo sair aos poucos do seu convencional, como se a ordem das coisas que ela mesma havia criado não lhe satisfizesse mais como um todo. Trine Dyrholm consegue passar para nós uma mulher que se sente afogada por uma realidade que já não lhe dá muito prazer e fazendo a gente até mesmo compreender as escolhas que ela vem a tomar a seguir.
Escolhas essas, por vezes, que não nos fazem a gente questiona-la em um primeiro momento, já que ela desperta em nosso intimo o desejo de torcemos e de testemunharmos ela se sentindo mais realizada. É nesse ponto que o filme adentra em assuntos mais delicados, como no caso da relação da protagonista e de seu enteado e nos surpreendendo com cenas de sexo até mesmo explícitos. Porém, são momentos enriquecedores, pois nos coloca em dilemas e que fazem a gente querer ou não questionar as atitudes da protagonista até naquele momento da trama.
É então que chega o terceiro ato e onde constatamos que não temos como mais ficarmos ao lado, mas sim somente testemunharmos as consequências dos seus atos. Curiosamente, Anne se torna tudo aquilo que ela havia já enfrentado em seu trabalho e fazendo a gente constatar que o que separava ela dos maus feitores era apenas uma divisão ilusória dos fatos. Não existe bem e mal na história, mas sim somente seres humanos que cometem erros e temem, na maioria das vezes, enfrentar a verdade.
Com um final arrebatador, "Rainha de Copas" é sobre atos e consequências e cuja as nossas ações mal pensadas podem nos levar a nos tornar tudo que a gente mais odeia.  



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Cine Dica: Curso Akira Kurosawa - Inscrições abertas

INSCRIÇÕES ABERTAS
Aproveite os valores promocionais
para as primeiras inscrições


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Akira Kurosawa é responsável pela abertura concreta do cinema japonês para o mundo, com seu filme Rashomon de 1950. Foi um dos poucos diretores que esteve presente em diferentes períodos do cinema nipônico, e que ao longo da carreira trouxe uma série de inovações com uma cinematografia diversa. Geralmente lembrado pelos seus filmes de samurais que inspiraram diferentes diretores americanos como Martin Scorsese, George Lucas e Francis Ford Coppola.

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Produziu desde filmes críticos à sociedade japonesa de sua época, e até mesmo um filme que trouxe à tona seus sonhos incompreendidos. Esteve presente nos momentos mais gloriosos do cinema japonês, mas também viu o mesmo ter a maior derrocada da história, a partir da década de 60, o que afetou muito sua carreira. Mesmo assim, conseguiu fazer alguns dos seus filmes mais notórios nesse meio tempo em que a cinematografia de seu país parecia ter estagnado em um ponto sem volta.
 
O curso Akira Kurosawa: O Último Samurai, ministrado por Alex Salvi, vai discutir a obra completa do realizador japonês, analisando sua carreira através da apresentação dos filmes com referências biográficas e contextualização histórica. Neste estudo também serão contextualizados alguns dos mais importantes períodos do cinema japonês, no qual Kurosawa deixou sua marca como um dos grandes nomes do cinema mundial.

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Curso
AKIRA KUROSAWA: O ÚLTIMO SAMURAI
de Alex Salvi

 

Datas
7 e 8 de Dezembro (sábado e domingo)
 

Horário
14h às 17h
 

Duração
2 encontros presenciais (6 horas / aula)
 

Local
Cinemateca Capitólio Petrobras / Sala Décio Andriotti
(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - 3º andar - Centro Histórico - Porto Alegre - RS)
 


Investimento
- R$ 95,00 (Cartão de crédito / PagSeguro)

***

PROMOÇÃO
(Válido apenas para depósito bancário)
* 1º Lote (até 22/nov): R$ 70,00
* 2º Lote (até 29/nov): R$ 80,00
* 3º Lote (até 06/dez): R$ 90,00

 

Informações
cineum@cineum.com.br  /  Fone: (51) 99320-2714
 
 

INSCRIÇÕES
www.cinemacineum.blogspot.com.br

domingo, 24 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Azougue Nazaré' - Estado laico acima de tudo

Sinopse: Em uma cidade do interior, em meio aos canaviais, um grupo de pessoas vive suas vidas, suas tensões, seus desafios, seus sonhos e também pratica rituais fantásticos à espera da chegada dos dias de festa.

Tanto "Aquarius" (2016), como "Boi Neon" (2015), "Bacurau" e "Divino Amor", são filmes que mostram toda a força e potencial do cinema nordestino. Em comuns, ambos são produzidos pelo produtor Tiago Melo e que foram distribuidos, tanto no restante do Brasil como ao redor do mundo. Em seu primeiro trabalho na direção, "Azougue Nazaré" fala de um estado laico, mas que corre sério perigo.
O filme conta a história de diversos acontecimentos misteriosos que assombram os moradores de Nazaré da Mata, município de Pernambuco.  O Carnaval, a maior festa brasileira, conhecida internacionalmente, mobiliza as populações de diversas cidades Brasil afora. E nesta cidade do interior, em meio aos canaviais, um grupo de pessoas vive suas vidas, suas tensões, seus desafios, seus sonhos e também rituais fantásticos à espera da chegada dos dias de festa.
transitando entre documentário e ficção,  Tiago Melo dirige tanto atores como também pessoas reais que convivem daquela vasta cultura no seu dia a dia. Isso faz com que adentremos com facilidade naquele universo do  Maracatu e cuja as suas raizes africanas florecem até hoje em nosso território nacional. Porém, devido expanção do evangelismo, há uma crescente tensão no ar, onde o atrito entre as duas religiões começa a se intencificar.  Tiago Melo transita entre essas realidades, onde das quais vemos pessoas comuns em conflito e que procuram algum significado no cenário que estão convivendo.
Ao mesmo tempo, é curioso que há elementos do gênero fantástico, do qual fica em segundo plano, mas que chama atenção ao se misturar com realismo proposto pelos realizadores. A transição entre o real e ficção acaba se tornando tão verossimil que acabamos não nos dando conta desses detalhes que, por sua vez, ficam pelo caminho no decorrer do tempo. Se por um lado isso possa parece um furo em um primeiro momento, por outro lado, isso também pode ser perdoado, já que o mundo real pode se tornar as vezes muito mais assustador do que qualquer entidade sobrenatural.
Ao testemunharmos, por exemplo, a richa entre os que praticam  Maracatu e o  evangelismo, contatamos que isso é pequeno cenário que representa o Brasil atual como um todo. Se por um lado nos dizem que o Brasil é um estado laico, do outro, o filme nos diz que esta verdade se encontra somente na superficie e que a verdade está mais embaixo do que nós imaginamos. Ao vermos um grupo de evangélicos armados, prontos para assassinar um pai de santo, constatamos que as religões, por vezes, se tornam mera desculpa para as pessoas liberarem o que há dentro delas.
Nesse cenário, há dois lados da mesma moeda, que em comum lutam pelo que acreditam naquele cenário de incertezas. Se por um lado temos um pastor (Mestre Barachinha) que acredita cegamente na palavra da biblia, por outro lado, temos Catita (Valmir do Côco), que balança em ficar na sua velha tradição ou abraçar a ideia da evangelização. Vale destacar atuação de ambos os atores, principalmente de Valmir do Côco que se transforma em cena toda vez que o seu personagem abraça o seu verdadeiro papel em sua terra.
Por fim, é um filme em que retrata toda a riquesa da cultura nordestina, mas que da qual sofre pela interferencia de novas ideias surgindo atualmente em um Brasil indefinido. Em tempos em que religão e política se misturam, cada vez se vê um perigo real do estado laico ser censurado e predominar uma única religão por interesses escusos. Cabe a união do povo manter as suas opniões próprias, suas crenças e suas raizes que os fazem ser o que são como pessoa.
"Azougue Nazaré" é sobre o Brasil e o seu estado laico e do qual merece sempre ser preservado. 


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Cine Dica: 'Legalidade' é um dos destaques na Sala Redenção desta semana

Legalidade

Finalizando o mês de novembro, a Sala Redenção recebe na próxima semana a mostra que trará, através dos olhares de grandes cineastas chilenos, problemáticas sociais, políticas e de gênero. O projeto “Semana do Cinema Chileno em Porto Alegre 2019” contempla filmes com direção de Andrés Wood,  Sebastián Lelio e Pepa San Martín, em longas-metragens que abordam histórias de diferentes mulheres e as suas lutas particulares e, ao mesmo tempo, coletivas. O machismo, em Violeta foi para o céu (2011), a transfobia, em Uma Mulher Fantástica (2017), e a homofobia, em Rara (2017), sensibilizam o público disposto a discutir e refletir sobre os temas. 
Para aqueles que gostam de reviver clássicos da cinegrafia, a Sessão Especial dessa semana viaja para a década de 30. Numa imersão à Nova York industrializada, Tempos Modernos (1936) critica fortemente e com humor a lógica capitalista e imperialista, bem como as condições insalubres dos trabalhadores urbanos, desde a Revolução Industrial. Já para a audiência interessada em arte e em assuntos culturais do mundo hodierno, entre os dias 27 e 30 de novembro, o Cinema Universitário sedia parte da programação do Colóquio Internacional Apagamentos da Memória na Arte, com a exibição de um longa brasileiro e três curtas franceses. 
Voltando as telas para as últimas produções nacionais, a Sala Redenção, em ação conjunta com o Grupo de Pesquisa Identidade e Território da UFRGS, apresenta a mostra Espaços (Sub)traídos. A edição conta com a exibição da obra de Zeca Brito, Legalidade (2019), a trama que relata o quadro político brasileiro pré regime civil-militar traz cores e sons ao movimento da Legalidade, liderado pelo então governador do Estado, Leonel Brizola. Após a sessão, haverá debate com integrantes do projeto e convidados.

 Para verificar a programação completa da próxima semana confira no site oficial clicando aqui. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Ford vs Ferrari' Emoção em alta velocidade

Sinopse: a incrível história real do visionário designer automotivo americano Carroll Shelby (Damon) e do destemido piloto britânico Ken Miles (Bale). Juntos, eles lutaram contra o domínio corporativo, as leis da física e seus próprios demônios. 

O público em geral de cinema ficou mal-acostumado a franquias como, por exemplo, "Velozes e Furiosos", em que ação ininterrupta orquestrada por carros não permite um melhor desenvolvimento dramático. Não é o mesmo o que acontece com o maravilhoso "Rush - No Limite da Emoção" (2013) que retrata um dos períodos mais poéticos da Formula 1 e transitando entre ação e boas doses de emoção. É mais ou menos isso o que acontece com o filme "Ford vs Ferrari", onde o lado humano dos personagens se alinha com altas doses de cena de ação, roteiro caprichado e retratando uma visão mais poética de tempos mais dourados.
Dirigido por James Mangold, do ótimo filme "Logan"(2017), a trama se passa nos anos de 1960, onde a Ford resolve entrar no ramo das corridas automobilísticas de forma que a empresa ganhe o prestígio de sua concorrente Ferrari, campeã em várias corridas. Para tanto, contrata o ex-piloto Carroll Shelby (Matt Damon) para chefiar a empreitada, mas  por mais que tenha carta branca para montar sua equipe, incluindo o piloto e engenheiro Ken Miles (Christian Bale), Shelby enfrenta problemas com a diretoria da Ford, especialmente pela mentalidade mais voltada para os negócios e a imagem da empresa do que propriamente em relação ao aspecto esportivo.
O filme é um verdadeiro prato cheio para quem curte o automobilismo, independente de qual modalidade do automobilismo a pessoa tenha acompanhado ao longo desses anos. Visualmente o filme é um verdadeiro requinte sobre a época, onde a fotografia de cores quentes sintetiza tempos mais ricos e dourados com relação a esse esporte. Por conta disso, é um tempo em que o risco era maior, porém, não menos poético e desafiador.
Em contrapartida, o filme não esconde o lado ambicioso dos verdadeiros donos dessas maquinas, cujo o único objetivo é criar e vender as marcas para o redor do mundo e assim somente para obter lucro. Por outro lado, tanto os personagens de Damon como de bale, são pessoas que enxergam nesse esporte algo muito além do que os seus chefões podem ver e testam a todo momento os seus próprios limites em meio a alto velocidade. Falando nela, qualquer cena de corrida vista nesse filme dá de dez a zero para qualquer capitulo da franquia "Velozes e Furiosos", pois aqui se tem um retrato mais realista e cru para aqueles que viveram e morreram segurando um volante na mão.
Tanto Matt Damon como Christian Bale estão ótimos em seus respectivos personagens, sendo que esse último nos brinda, novamente, com uma de suas melhores atuações de sua carreira. Como um verdadeiro camaleão, Bale muda em cada um dos seus filmes em que atua e aqui não é diferente, ao interpretar um Ken Miles disposto a ultrapassar os seus próprios limites na pista. Mas se bale é o lado emocional, Damon é a razão que passa através do seu personagem e fazendo de ambos os protagonistas os dois lados dessa mesma moeda.
O ato final nos brinda com momentos emocionalmente eletrizantes, onde o jogo de gato e rato visto tanto na pista, como também entre os engravatados da escuderia, dominam a tela. Ao chegarmos na reta final do filme, concluímos que essas pessoas vivem somente pelo que realmente gostam, independente das consequências que vierem pelo caminho. Ao testemunharmos isso só ficamos lamentando que o automobilismo de hoje tenha perdido esse lado poético e mais dourado daqueles tempos já longínquos.
"Ford vs Ferrari" é prato cheio para quem gosta de velocidade de tempos em que o perigo tornava esse esporte muito mais poético e saboroso.  


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Cine Dica: Em Cartaz: ‘Os Pássaros de Massachusetts’ - Porto Alegre em transe

Sinopse: Durante um inverno na cidade de Porto Alegre, Sofia, Fernanda e Bruno se conhecem. 

Nos últimos tempos o cinema gaúcho tem investido em mostrar uma realidade de Porto Alegre pouco vista em seus cartões postais. Se por um lado "Ponto Zero"(2015) explorava pela superfície uma geração gaúcha perdida, por outro lado, "Tinta Bruta" (2018) explicita a mesma em um verdadeiro beco sem saída. "Os Pássaros de Massachusetts", ao menos, tenta amenizar esse teor apreensivo, onde poucos gestos humanos podem ser sim muito bem-vindos.
Dirigido por Bruno de Oliveira, do filme "Circular" (2012), a trama se passa enquanto a cidade de Porto Alegre passa pela estação de inverno. Os personagens principais, Fernanda, Bruno e Sofia se cruzam. O entrelace ocasional na vida dos três o levam a se conhecerem e descobrirem mais sobre cada um.
Com uma trama não cronológica, Bruno de Oliveira apresenta gradualmente os seus personagens principais, onde cada um vive em sua rotina diária enquanto a vida vai passando em volta. Com uma fotografia de cores frias, o cineasta filma diversos cenários conhecidos da capital gaúcha, mas passando para nós uma sensação de vazio, como se aquelas pessoas convivessem em uma realidade sem muita perspectiva para o futuro. Eles somente conseguem adquirir algum ânimo nas suas rotinas quando começam a se conhecer uns aos outros.
É a partir desse cruzamento que Bruno de Oliveira faz um curioso jogo com a câmera em que, em alguns casos, ele foca os gestos dos seus personagens principais e fazendo do toque humano a principal forma para que eles voltem acordar. Mesmo nas entrelinhas, concluímos que é uma história de uma geração "não desperta" com os fatos que acontecem, ao ficarem ocupadas demais com os seus hobbys, sejam eles com os seus jogos eletrônicos ou redes sociais, e pouco se importando com o que virá a seguir. Em tempos em que cada vez mais pessoas vivem em uma espécie de piloto automático, ao menos, o filme vem para nos dizer o quanto é importante o toque humano.
Apesar de ser curto em sua proposta, "Os Pássaros de Massachusetts" é sobre uma geração Porto Alegrense que busca, mesmo de forma indireta, tentar acordar antes que seja tarde demais. 

Nota: O filme fez parte da última mostra Cinema Brasileiro Contemporâneo pela Cinemateca Capitólio Petrobras.  


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