Sinopse: Luo Yusheng retorna para sua casa em um vilarejo no norte da China para o enterro de seu pai, o professor da vila. Lá ele relembra das histórias do seu pai e de como conheceu a sua mãe.
Yimou Zhang é um cineasta que aprecia criar contos alinhado com uma bela fotografia e fazendo com que cada cena enchesse os olhos na medida em que a trama avança. Se isso foi notado em "Lanternas Vermelhas" (1991) logo se intensificou no ótimo "Herói" (2002), onde cada versão da mesma história possuía cores diferentes e que sintetizam o teor sobre verdades e mentiras daquele longa. "O Caminho para Casa" (1999) procura alinhar a sua bela fotografia com uma história de amor cada vez mais rara hoje em dia e fazendo das cores do passado se tornarem ainda mais quentes dentro do conto.
Na trama, Luo Yusheng volta para a vila de Sanhetun onde nasceu após saber da morte do seu pai. O prefeito espera que Luo convença sua mãe a permitir que o caixão siga num carro em vez de ser carregado durante todo o enterro, como reza a tradição local. Ela, no entanto, prefere seguir os antigos rituais. Enquanto isso, Luo começa a relembrar das histórias dos seus pais, de como se conheceram e fazendo refletir qual seria o seu futuro.
O prólogo e o epílogo possuem uma bela fotografia em preto e branco, da qual representa a sensação de luto que os personagens estão sentindo pela perda do professor. Uma vez Luo estando no local ele começa gradualmente compreender o papel importante que o seu pai tinha naquele lugar, ao trazer conhecimento e vida para aqueles habitantes isolados no mundo. Curiosamente, a premissa me lembrou bastante do ótimo "A Felicidade das Pequenas Coisas" (2019), já que um dos principais cenários de ambas as tramas é uma humilde pequena escola, mas que pode significar muito para algumas pessoas.
Uma vez que Luo se entrega às histórias do passado dos seus pais, logo adentramos em tempos mais dourados do casal central e fazendo com que o filme avance a um novo patamar, principalmente com relação a sua fotografia. Uma vez a gente estando no passado presenciamos cores vivas, quentes e fazendo do passado deles algo para ser apreciado com maior atenção. Nessas passagens do passado o filme funciona não somente pela direção segura do cineasta, como também graças ao ótimo desempenho de Ziyi Zhang.
Conhecida mundialmente pela sua consagração em "O Tigre e o Dragão" (2000), Ziyi Zhang já demonstrava forte presença através desse filme e não é à toa que posteriormente ela retornaria em outros dois projetos do diretor, como o já citado "Herói" e "Clã das Adagas Voadoras" (2003). Aqui, ela transmite através de sua personagem uma inocência pura perante a realidade em sua volta, mas não escondendo para si as suas obrigações, principalmente ao tecer tecidos e cuja as cores representavam o status políticos da época. É através dessas cores vivas, por exemplo, que o casal central começa a se atrair um pelo outro.
Curiosamente, é uma relação singela, quase inocente e poucas vezes vista no cinema atual. Mas somente sentimos o peso dessa paixão através do ótimo desempenho da jovem atriz, sendo que é através do seu olhar que sentimos todos os mais diversos sentimentos que ela está sentindo, desde ao amor que sente pelo professor, como também das palavras que ele solta na sala de aula e que sempre são ouvidas no lado de fora. O filme por si só fala sobre amor verdadeiro, conhecimento e como as velhas tradições precisam ser preservadas para as novas gerações como um todo.
"O Caminho para Casa" é uma pequena, porém, grande obra de Yimou Zhang e da qual fala sobre o amor em meio a cultura, velhas tradições e das quais precisam se manter nos dias atuais.
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