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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 12 de novembro de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Deixe-me'

Nota: Filme exibido para os associados no dia 10/11/24.

Sinopse: Claudine, mãe de um filho deficiente, vai a um hotel para se encontrar com homens de passagem. 

No clássico "A Bela da Tarde" (1967) vemos a personagem de Catherine Deneuve como uma dona de casa infeliz que decide passar as tardes em um bordel para se satisfazer. Não é de hoje, portanto, que vemos protagonistas femininas adentrar a esse mundo para obter algum significado em seu dia a dia, mas que pode ocorrer em algum momento uma mudança de rota. "Deixe-me" (2024) é um retrato complexo de uma mulher em busca pelo prazer, mas que acaba experimentando algo que vai contra as suas expectativas.

Dirigido por Maxime Rappaz, o filme conta a história de Claudine, interpretada por Jeanne Balibar, que vive como costureira e tendo a responsabilidade de cuidar do seu filho especial em casa. Porém, todas as terças a tarde ela vai em hotel nos Alpes Suíços para se entregar aos homens que estão de passagem por lá. Porém, um deles, interpretado por Thomas Sarbacher, decide retornar ao local após tê-la conhecido e fazendo com que Claudine conheça o outro lado desse jogo de sedução.

Curiosamente, o longa explora a imagem da Princesa Diana, já que a trama se passa nos anos noventa e o filho da protagonista vive colecionando fotos dela. Ao meu ver, o diretor faz um paralelo entre as duas mulheres, já que ambas procuravam fugir de um sistema cheio de regras e buscavam uma forma de se sentirem realmente vivas. Se na vida real Diana pagou um alto preço por isso, ao menos nesta trama vemos Claudine procurar saber administrar esse novo cenário com a  sensação de amar já há muito tempo esquecido.

Veterana do cinema francês, Jeanne Balibar constrói para si uma personagem com uma  presença forte, por vezes, peculiar e carrega boa parte do filme nas costas. Sua Claudine é uma mulher como todas as outras, mas que no passado talvez tenha se desapontado o suficiente para querer se satisfazer no presente de outras maneiras e se dedicando ao trabalho e ao seu filho. Neste último caso, por exemplo, é curiosa as cenas em que ela lê para ele cartas vindas de um suposto pai, mas que talvez nunca tenha existido em suas vidas.

Visualmente o filme nos brinda com belas paisagens naturais dos Alpes Suíços, do qual enche a tela como um todo e enriquecendo os nossos olhos. Ao mesmo tempo é curioso o retrato da Usina Hidrelétrica, sendo apontado por muitos como a maior da Europa e nos dando uma dimensão de sua magnitude. O diretor Maxime Rappaz parece querer nos passar aqui um casamento perfeito entre a natureza e o progresso do homem, mas da qual infelizmente não é eficaz na maioria das vezes.

Do segundo ao terceiro ato o filme se envereda para uma história de amor intensa, mas da qual requer duras escolhas a serem tomadas. É nesses momentos que Jeanne Balibar desconstrói a sua personagem e fazendo com que a própria baixe a sua guarda e revelando um ser frágil ao se dividir entre sua rotina para uma nova vida. A cena final em que ela coloca para fora tudo o que ela sentia talvez seja o momento em que ela se encontra finalmente plena e tendo a chance de seguir um novo caminho na vida.

"Deixe-me" é uma complexa história sobre voltar a saber amar mesmo quando a vida lhe impede de poder abraçar.  

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