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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Parasita' - Delírio Cinematográfico

Sinopse: Ki-taek está desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. 

Joon-ho Bong é um desses casos de cineastas autorais que conseguem fazer uma análise crítica sobre o mundo contemporâneo em que vivemos através de diversos gêneros. Se por um lado "Expresso do Amanhã" (2013) era uma ficção futurística sobre a luta entre as classes dentro de um único cenário, do outro,  "Okja" (2017) fala de uma sociedade consumista, zumbi e sem se importar com o consumo vindo de seres que não podem nem se defender.  Eis então que chegamos ao filme "Parasita", onde novamente se tem um estudo sobre o atrito entre as classes e culminando em desdobramentos surpreendentes.
O filme conta a história da família Ki-taek que se encontra desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. Porém, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos.
Assim como ocorreu no já citado "Expresso do Amanhã",  Joon-ho Bong procura criar aqui uma  história com poucos cenários, ou seja, somente dois em que represente a realidade das duas famílias vistas na tela. Enquanto a família Ki-taek vive em um lar apertado e sem muitos recursos em uma periferia, a família rica, por sua vez, vive em um casarão e do qual contem até mesmo alguns segredos que os próprios desconhecem com um todo. De similaridade, percebemos que em ambos os casos são pessoas presas ao sistema do capitalismo, independente de quem tem mais recursos para obtê-los.
Na abertura, por exemplo, vemos os Ki-Taek desesperados em obter um sinal wi-fi de um vizinho, mesmo que para isso precisem ficar em cima da pia ou até mesmo de uma privada a todo custo. Lógico que se percebe uma ambição dessa família em querer sair dessa realidade limitada, nem que para isso trapaceie e vendam a sua alma.  Porém, a partir do momento em que eles conseguem os tão sonhados recursos através da família rica, é então que o cineasta abri as cortinas.
Com um primeiro ato onde há diversos pontos com pitadas de comédia. o filme vai se encaminhando para um teor de humor mais sombrio e culminando com a revelação nua e crua sobre a divisão entre as classes de hoje em dia. Não é de hoje que o cinema nos dá obras que nos fale sobre esse assunto, pois basta pegarmos, por exemplo, o clássico "Metrópoles" (1927) para constatarmos que isso já algo antigo e muito debatido. Porém,  Joon-ho Bong cria uma história em que sincroniza com esse sufoco cada vez maior dessa política neoliberal atual, do capitalismo desenfreado e culminando em momentos em que nada mais poderá ser controlado, mas sim sendo tudo transbordado.
É aí que chegamos ao derradeiro ato final, onde nada mais pode ser refeito, nem através de algum plano, pois não importa qual status a pessoa tenha, pois no final tudo se descarrilha. Se em "Coringa" Todd Phillips retrata o indivíduo comum se tornar uma entidade da natureza que não tem mais nada  perder ao ser moldada por uma sociedade doente,  Joon-ho Bong, por sua vez, nos diz que esse indivíduo está muito mais perto do que nós imaginamos e, por nossa culpa, nos pegará desprevenidos. Realidade é estilhaçada, novos sonhos são criados, mas tudo se torna indefinido.
"Parasita" é um dos melhores filmes do ano, ao nos dizer que estamos todos perdidos ao sermos consumidos pelo sistema do capitalismo e fazendo a gente se devorar uns aos outros. 


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Cine Dica: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre: Cidade dos Piratas


Bom dia !!
Segue a programação do Clube de Cinema para o próximo sábado:

Sessão comentada
com a presença do diretor Otto Guerra
Local: Sala Eduardo Hirtz, Casa de Cultura Mario Quintana
Data: 09/11/2019, sábado, às 10:15 da manhã

"A Cidade dos Piratas"
Brasil, 2018, 80 min, 16 anos.
Direção: Otto Guerra
Elenco: Matheus Nachtergaele, Marco Ricca, Laerte

Sinopse: O diretor Otto Guerra transporta para a tela os muitos problemas que enfrentou durante a produção do longa "Os Piratas do Tietê", baseado nos quadrinhos de Laerte. Além do próprio Otto ter enfrentado um câncer, a cartunista Laerte começou a rejeitar seus personagens quando o roteiro estava praticamente pronto. A solução para finalizar o filme foi incluir estas histórias e também outros personagens.


Meia entrada para o público em geral: R$ 7,00.
Associados do Clube de Cinema não pagam.


Confira a minha crítica sobre o filme já publicada clicando aqui. 


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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Doutor Sono' - Kubrick vs King

Sinopse: Ainda extremamente marcado pelo trauma que sofreu quando criança no Hotel Overlook, Dan Torrance lutou para encontrar o mínimo de paz. Essa paz é destruída quando ele encontra Abra, uma adolescente corajosa com um dom extra-sensorial, conhecido como Brilho.   

"O Iluminado" (1980) é um daqueles filmes que tinha tudo para dar errado, pois as filmagens foram um verdadeiro inferno e cujo o resultado se tornou positivo graças ao sorriso vindo dos Deuses do cinema. Dentre as coisas mais problemáticas se encontrava justamente no atrito entre o cineasta Stanley Kubrick e o escritor Stephen King, cujas suas visões eram diferentes uma da outra na concepção da obra. Visto hoje, se percebe que neste embate quem saiu ganhando foi Kubrick, mesmo no contragosto de King e que sempre considerou adaptação inferior à sua fonte original de sua autoria.
Não satisfeito com o resultado, mesmo quando o filme se tornou um grande clássico, King procurou a televisão para os mesmos fazerem uma minissérie baseada em seu livro. o resultado foi a minissérie "O Iluminado" (1997), bastante fiel a sua fonte, mas sem nenhum pingo de personalidade autoral e se tornando nada especial. Eis que agora chega ao cinema "Doutor Sono", filme que dá continuidade aos eventos do clássico e cujas as visões autorais dos dois artistas estão impregnadas na obra como um todo.
Dirigido por Mike Flanagan, que havia comandado recentemente a série "A Maldição da Residência Hill" (2018), o filme foca novamente na infância de Danny Torrance, que conseguiu sobreviver a uma tentativa de homicídio por parte do seu pai, um escritor perturbado por espíritos malignos do Hotel Overlook. Ao se tornar adulto (Ewan McGregor) ele é alguém traumatizado e alcoólatra. Sem residência fixa, ele se estabelece em uma pequena cidade, onde consegue um emprego no hospital local. Mas a paz de Danny está com os dias contados a partir de quando cria um vínculo telepático com Abra, uma menina com poderes tão fortes quanto aqueles que bloqueia dentro de si.
Se havia alguma dúvida se o filme focaria mais em sua fonte original, ou não visão autoral de Stanley Kubrick, isso é dissipado no momento em que a trama retorna justamente no cenário dos derradeiros acontecimentos do filme original. É na abertura, por exemplo, que já se percebe que Mike Flanagan faz um grande esforço, não somente na reconstituição do clássico cenário do hotel, como também na caracterização dos atores para que eles ficassem quase idênticos aos interpretes originais. Não é somente uma forma para alegrar os fãs da velha guarda, como também fisgar a curiosidade das novas plateias e fazerem com que elas tenham interesse em conhecer o grande clássico oitentista.
Porém, se há um respeito nítido pelo inesquecível cineasta, por outro lado, há também um interesse dos realizadores em não se esquecerem do verdadeiro pai da fonte literária. Há então no primeiro ato um alinhamento entre as duas visões, tanto de Kubrick como também de King, mesmo quando a gente sabe muito bem que nenhum dos dois se sentou na cadeira de direção, mas nos dando a entender que os realizadores fizeram questão de incrementar as duas visões autorais e que são vistas na tela. É, portanto, um primeiro ato em que se respeita até por demais da fonte literária da autoria de King e cujo o resultado é algo parecido do que foi visto em sua última adaptação recente que foi "It – Capítulo Dois".
Isso acaba exigindo certa paciência para aqueles que forem assistir ao filme, mesmo quando inúmeras situações acontecem na tela a todo momento. Porém, é preciso destacar que Ewan McGregor se sai muito bem como Danny adulto, onde ele se torna uma pessoa cheio de conflitos internos e cuja a sua única forma de exorcizar os seus demônios é aceitar o seu verdadeiro fardo. É nesse meio tempo que então conhecemos Abra (Kyliegh Curran), jovem que possui o mesmo dom de Danny e que ambos irão se unir contra algo muito ruim que estará por vir.
A ala de vilões, por sua vez, é muito bem representada por seres imortais, que sugam o potencial de jovens com o mesmo dom de Danny e para sim continuarem caminhando na terra. Destaque para a líder do grupo Rose the Hat, interpretada pela atriz Rebecca Ferguson e que simplesmente dá um show toda vez que surge na tela. É a partir deles, por exemplo, que o filme ganha ares mais pesados, principalmente em uma sequência em que eles cometem tamanha crueldade contra uma criança e cuja a cena se torna até mesmo explicita.
É a partir desse momento em que os dois lados dessa moeda se chocam e é então que Mike Flanagan tenta criar um visual que lembre, tanto as ideias megalomaníacas de King elaboradas em seu livro, como também a visão autoral de Kubrick. O resultado é uma salada visual bastante curiosa, cujo os efeitos visuais são incrementados justamente para expandir as ideias criativas do escritor e que antigamente, por falta de recursos, não seriam possíveis de serem adaptadas para o cinema. Atenção para a sequência em que a personagem Rose viaja entre o tempo e o espaço e cujo o momento é tão criativo que nem com o recurso 3D causaria o mesmo efeito.
Embora o segundo ato em diante aconteça alguns furos no roteiro, além de momentos um tanto que forçados, é no seu ato final que mora o coração do filme como um todo.  Ao retornarmos para o Hotel Overlook, por exemplo, Mike Flanagan se entrega ao clássico de Stanley Kubrick como um todo e fazendo a gente sentir aquela gostosa sensação de nostalgia ao revisitarmos um cenário que nos brindou com cenas que entraram para a história do cinema. Pode não possuir o mesmo impacto que a obra original havia adquirido, mas também não faz feio.
"Doutor Sono" é uma boa continuação de um grande clássico e que nem a mistura de visões diferentes de dois grandes artistas atrapalham o resultado. 


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Cine Dica: FelaKuti é tema do documentário “Meu Amigo Fela” que estreia dia 7 de novembro no CineBancários na sessão das 15h


Filme sobre músico nigeriano que virou lenda em seu país já foi exibido e premiado em festivais internacionais; direção é de Joel Zito Araújo e distribuição da O2 Play Fela Kuti em ação no documentário “Meu Amigo Fela”

O documentário musical “Meu Amigo Fela” sobre o músico Fela Kuti estreia dia 7 de novembro no CineBancários na sessão das 15h. Dirigido pelo brasileiro Joel Zito Araújo (“A Negação do Brasil” e “As Filhas do Vento), o filme já percorreu festivais no Brasil e no exterior. Nascido na Nigéria em outubro de 1938, Fela estudou música em Londres e se tornou uma lenda em seu país. O documentário traz uma nova perspectiva sobre ele, considerado um dos maiores nomes da música africana e o criador do afrobeat.
Na história acompanhamos a complexidade de sua vida, desvendada através dos olhos e conversas de seu amigo íntimo e biógrafo oficial, o africano-cubano Carlos Moore. Segundo o diretor, a intenção do filme não é ser celebrativo, mas mostrar lados do cantor que poucos conhecem. “A minha tentativa de contar a história de um gênio musical, chamado Fela Kuti, foi a de que, apesar do seu grande sucesso internacional, ele passou despercebido no Brasil, e encarando de frente seu lado de sombra e as tragédias que abateram o seu espírito guerreiro.” afirma. Kuti faleceu em agosto de 1997 em decorrência de uma complicação devido ao vírus HIV.
“Meu Amigo Fela” é uma produção da Casa de Criação Cinema e faz parte do programa O2 Play Docs, da distribuidora O2 Play, ocupando salas de cinema em cidades brasileiras de todas as regiões com sessões em horário nobre. A arte do pôster de “Meu Amigo Fela” foi criada por Babatunde Banjoko, artista que trabalhou com Kuti e que fez capas de discos clássicos do músico, como “Coffin for Head of State”.

Dez anos até a conclusão do longa
Entre a concepção e a finalização do documentário o diretor levou dez anos. O período entre filmagens, montagem, a longa negociação por seus direitos de imagem e de música até o lançamento foram quatro anos. “Esse filme me tomou muito tempo, desde o momento que resolvi contar esta história e busquei patrocínio no Brasil. Além de ser a história de um rebelde e iconoclasta negro, era a história de um africano pouco conhecido por aqui”, avalia.
Foi o próprio biógrafo de Fela, Carlos Moore, que tomou a iniciativa de procurar Joel para sugerir o filme. “Me encantei com a idéia e passei a pensar como seria a forma mais viável de contar esta história, diminuindo a pressão dos direitos. Mas confesso que o momento chave em que me encantei, foi ao ler a biografia escrita por Carlos Moore e perceber que tinha muita coisa para ser contada além dos documentários existentes. Especialmente, o pan-africanismo e o lado trágico da última parte da vida de Fela, evitada pelos outros filmes”, comenta Araújo.

Prêmios internacionais
“Meu Amigo Fela” ganhou o Prêmio Paul Robeson, como o Melhor Filme realizado na diáspora africana (o que significa fora da África) no Fespaco (Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou) de Burkina Faso, que é o maior festival de cinema africano, realizada a cada dois anos. Por lá, o documentário já é considerado um dos 15 melhores filmes do ano, apesar de ter sido concebido e dirigido por um diretor afro-brasileiro. E está indicado para disputar o Oscar Africano.

Assista o trailer clicando aqui. 

C i n e B a n c á r i o s 
Rua General Câmara, 424, Centro 
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 
Fone: (51) 34331205

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Cine Dica: Neville d'Almeida, A Cidade dos Piratas, Meu Nome é Daniel e Legalidade (7 a 14 de novembro)

NEVILLE D’ALMEIDA É HOMENAGEADO NA MOSTRA CINEMA DE INVENÇÃO MEU NOME É DANIEL E A CIDADE DOS PIRATAS EM CARTAZ  SESSÃO COMENTADA DE LEGALIDADE
MANGUE BANGUE

O grande homenageado da mostra Cinema de Invenção da Cinemateca Capitólio Petrobras é o cineasta Neville D’Almeida, que vem a Porto Alegre participar de sessões comentadas. O realizador mineiro apresenta três obras centrais de sua filmografia: Jardim de Guerra, seu longa de estreia; Mangue Bangue, filme experimental dado como perdido até meados dos anos 2000; e a sua versão de Matou a Família e Foi ao Cinema.
A Cidade dos Piratas, de Otto Guerra, e Meu Nome é Daniel, de Daniel Gonçalves ganham exibições até o dia 14 de novembro. Na segunda-feira, 11 de novembro, às 19h, o longa Legalidade ganha exibição seguida de bate-papo com o diretor e roteirista Zeca Brito, o roteirista Leo Garcia, o diretor de fotografia Bruno Polidoro e a diretora de arte Adriana Borba.

FILMES
JARDIM DE GUERRA
100 min, 1968, p&b, digital
Direção: Neville D’Almeida
Um jovem amargurado e sem perspectivas apaixona-se por uma cineasta e é injustamente acusado de terrorista por uma organização de direita que o prende, o interroga e o tortura.

MANGUE BANGUE
60 min, 1971, cor, digital
Direção: Neville D’Almeida
Filmado no Mangue, uma zona de prostituição no Rio de Janeiro, o filme acompanha a loucura de um homem em meio ao milagre econômico na década de 1970, na mesma época da liberdade sexual, uso excessivo de drogas e a censura.

MATOU A FAMÍLIA E FOI AO CINEMA
100 min, 1991, cor, digital
Direção: Neville D’Almeida
Jovem assassina pai e mãe e vai ao cinema, onde assiste a varias mortes anunciadas por manchetes de jornais sensacionalistas, entremeadas por cenas de um homem que rouba calcinhas de mulheres.

MEU NOME É DANIEL
Brasil, 2018, 83 minutos, DCP
Direção: Daniel Gonçalves
Distribuição: Olhar
Daniel de Castro Gonçalves nasceu com uma deficiência que nenhum médico foi capaz de diagnosticar. No documentário em primeira pessoa o jovem relembra sua infância, por meio de registros de família, para tentar entender sua condição, enquanto no presente busca novas respostas para sua doença.

A CIDADE DOS PIRATAS
Brasil, 2018, 85 minutos, DCP
Direção: Otto Guerra
Distribuição: Lança Filmes
Qual o sentido de fazer um longa-metragem sobre Piratas que navegam pelo Rio Tietê atrás de vítimas para saquear e torturar quando, entre a ideia de fazê-lo até a consumação do fato, passam-se décadas, o mundo entra no século XXI e o Brasil se vê diante de um enredo que supera qualquer ficção? Há um bom e grande motivo: o projeto escrito a partir desses personagens foi finalmente viabilizado. Em meio a isso, Laerte, o autor da história, assume sua troca de gênero, começa a renegar seus antigos personagens, os Piratas do Tietê, e a criar outras narrativas interessantes. O Diretor do filme, perdido com essa nova realidade e decidido a ser fiel aos seus caprichos após se ver diante da morte, resolve contar seu drama misturando-se à trama, criando um caótico labirinto entre a ficção e a vida real.

LEGALIDADE
Brasil, 2019, 120 minutos, DCP
Direção: Zeca Brito
Distribuição: Boulevard Filmes
Em 1961, o governador Leonel Brizola lidera um movimento sem precedentes na história do Brasil: a Legalidade. Lutando pela constituição, mobiliza a população na resistência pela posse do presidente João Goulart. Em meio ao iminente golpe militar, uma misteriosa jornalista pode mudar os rumos do país.

INGRESSOS
Mangue Bangue: entrada franca
Cinema de Invenção: R$ 10,00
Legalidade: R$ 16,00
A Cidade dos Piratas: R$ 16,00
Meu Nome é Daniel: R$ 16,00

GRADE DE HORÁRIOS
7 a 14 de novembro de 2019

7 de novembro
14h – Kinoclube: Túmulo dos Vagalumes
16h – A Cidade dos Piratas
18h – O Jardim das Espumas
20h – Bandalheira Infernal

8 de novembro
14h – Meu Nome é Daniel
16h – A Cidade dos Piratas
18h – Hitler III Mundo
20h – Projeto Raros: Mangue Bangue + debate com Neville d’Almeida

9 de novembro
14h – A Cidade dos Piratas
16h – Matou a Família e Foi ao Cinema (1991)
18h – Jardim de Guerra + debate com Neville d’Almeida

10 de novembro
14h – Meu Nome é Daniel
16h – Curtas de Edgard Navarro
18h – O Monstro Caraíba
20h – A Miss e o Dinossauro + Sem Essa, Aranha

11 de novembro
19h – Legalidade + debate
12 de novembro
16h – A Cidade dos Piratas
18h – Meu Nome é Daniel
19h30 – Riocorrente (Mostra Brasil Contemporâneo)

13 de novembro
14h – Meu Nome é Daniel
16h – A Cidade dos Piratas
18h – Riocorrente (Mostra Brasil Contemporâneo)
19h30 – Diz a Ela que me Viu Chorar + debate (Mostra Brasil Contemporâneo)

A Cinemateca Capitólio Petrobras conta, em 2019, com o projeto Cinemateca Capitólio Petrobras programação especial 2019 aprovado na Lei Rouanet/Governo Federal, que será realizado pela FUNDACINE – Fundação Cinema RS e possui patrocínio master da PETROBRAS. O projeto contém 26 diferentes atividades entre mostras, sessões noturnas e de cinema acessível, master classes e exposições.

Cine Dica: Em Cartaz: 'A Fera na Selva' - Isso não é um filme

Sinopse: João e Maria vivem uma vida inteira juntos. Ele é professor de português, ela de literatura inglesa. João é atormentado pela obsessão que uma coisa extraordinária vai acontecer em sua vida. Maria aceita esperar com ele A Fera na Selva, que um dia chegará avassaladora. 

Na recente versão de "O Beijo no Asfalto", de Murilo Benício, vemos a transição perfeita entre o teatro e o cinema e fazendo do filme uma obra única. Mas esse feito somente foi obtido graças ao perfeccionismo do diretor e além de nunca esquecer de fazer cinema de verdade para ser visto na tela grande. Não é o caso de "A Fera na Selva", uma adaptação que sofre por estar presa em sua fonte de origem e fazendo assim perder a sua própria identidade.
Dirigido por Eliane Giardini, Paulo Betti e Lauro Escorel, o filme é baseado livremente na obra do escritor norte-americano Henry James, que narra a história de um homem (Paulo Betti) que vive na esperança de presenciar em algum momento de sua vida um acontecimento extraordinário, sem enxergar as pequenas maravilhas de seu cotidiano. Ele compartilha os seus pensamentos com Maria (Eliane Giardini) e assim começa a nascer uma forte amizade entre os dois. Os anos passam e logo essa relação ganha vários desdobramentos.
Na medida em que a trama avança se percebe que ela poderia ocorrer em um único cenário, mesmo com as transições perceptíveis do tempo, pois o que se tem aqui é uma produção presa a sua fonte de inspiração que é no caso o teatro. Por conta disso, acaba se tornando perceptível, por exemplo, que os diálogos tenham sido extraídos dessa fonte e fazendo com que a dupla principal da trama fiquem travados em suas atuações e sem ter muito o que acrescentar. Tecnicamente, ao menos, o filme é feliz em suas reconstituições de diversas épocas onde se passa a trama, mesmo com os poucos recursos que os realizadores tinham em mãos durante a realização. O filme só consegue manter a nossa atenção graças a dupla principal, mesmo com os problemas de produção citados acima. Embora seja um dos grandes talentos do cinema e da televisão, Paulo Betti se encontra aqui num verdadeiro piloto automático, como se estivesse apenas repetindo algo já dito por outro ator dos palcos em que foi encenado essa trama. Ao menos Eliane Giardini colabora para que as cenas de ambos interpretes não sejam tão desperdiçadas e levando boa parte do filme nas costas. Mas, talvez, uma das piores coisas da produção seja mesmo a narração off, da qual além de não ajudar em nada, nos trata como se fossemos ingênuos com relação ao que realmente está acontecendo em cena. Além de tornar tudo muito artificial, faz com que o os derradeiros minutos finais se tornem tão sem graça que fazem evaporar todo o peso de significados que poderia ter naquele momento. "A Fera na Selva" não é cinema, mas sim uma produção presa em suas próprias regras e se tornando uma produção aquém do que se esperava.  


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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Uruguai Na Vanguarda' - Um país em que o Brasil está longe de ser

Sinopse: História de como os movimentos sociais no Uruguai colocaram na agenda do presidente José Mujica reivindicações como a legalização da maconha, o matrimônio igualitário, o aborto e a lei de cotas para afrodescendentes, assuntos que posicionam o país na vanguarda da luta pela justiça social no século XXI.

Dizer que o Brasil de hoje é um país democrático e laico pode estar correndo um sério risco de ser rotulado como mentiroso, pois nos últimos anos surgiu sinais explicitos de retrocessos e que levará muito tempo para nos recuperarmos desse prejuizo. Se por um lado a Ditadura Militar havia acabado nos anos oitenta, do outro, foi nos primeiros anos desse século vinte um que a  igreja evangélica e a extrema direita se tornaram peças fundamentais para que o Brasil não avançasse mais. Portanto, é triste quando assistimos ao  documentário "Uruguai Na Vanguarda", onde testemunhamos o governo vizinho verdadeiramente democrático e fazendo a gente constatar que o  nosso se tornou uma verdadeira piada de mal gosto.
Dirigido e produzido por Marco Antonio Pereira, o documentário revela um Uruguai onde se há  garantias de direitos trabalhistas, lei de cotas, equidade de gêneros, reconhecimento político da diversidade sexual, matrimônio igualitário, interrupção voluntária da gravidez, regulamentação do uso da maconha – todas essas conquistas do povo uruguaio nos últimos trinta anos estão na pauta no documentário. Com a participação de cientistas políticos e sociais, historiadores, ativistas, educadores, políticos e artistas, o filme vai atrás das raízes desses movimentos que colocaram o pequeno país da América do Sul na linha de frente da justiça social no século XXI.
Após doze anos de Ditadura Militar, iniciada em 1973, o governo usou diversos meios para que o país se tornasse genuinamente laico, mas que nenhuma dessas religiões obstruisse ou até mesmo entrasse no governo para atrasar as pautas que das quais beneficiaria o povo. Com depoimentos e registros históricos, o documentárista Marco Antonio Pereira deixa bastante claro que essa foi uma de muitas peças  fundamentais para que a democracia prevalecesse e que pudesse ouvir todas as classes. Criou-se assim as bases de uma sociedade reformista, progressista e dos quais prevalecem até mesmo hoje em dia.
Outro fato determinante dos avanços foi o  agrupamentos reivindicatórios que  começaram a se articular e se fortalecer mutuamente, estimulados pela vitória da Frente Ampla esquerdista em 1990. Estava aberto o caminho para os futuros governos de Tabaré Vasquez (2005-2010 / 2015-2020) e José Mujica (2010-2015). Os movimentos sociais levavam, enfim, suas causas das ruas para as agendas do poder político.  Com isso, não somente os direitos trabalhistas avançaram, como também do papel das mulheres no mercado do trabalho, os direitos LGBT, a luta contra discriminação racial, aprovação do aborto e legalização da maconha.
Todos esses avanços tem um único objetivo, que é ouvir e dialogar com aqueles que se sentem excluidos perante a sociedade e conseguissem assim os mesmos direitos de ir e vir no dia a dia. A questão do aborto, por exemplo, foi aprovada para combater as clinicas clandestinas e que faziam das várias jovens correrem um sério risco de vida. E se há uma maneira mais simples de extinguir a violência  do tráfico de drogas, o governo do Uruguai, por sua vez,  prova sim que isso é possivel, eliminando o preconceito e legalizando assim a maconha controlada pelos meios autorizados.
Com todo esse quadro diante dos nossos olhos, constatamos o quanto que o Uruguai trabalhou para que os erros do passado não ecoassem no presente e que não fizesse com que  o país retrocedesse novamente. A partir do momento em que deram ouvido as vozes nas ruas se criou um exemplo de democracia e reconhecida até mesmo mundialmente. Se por um lado é maravilhoso testemunharmos esse retrato social, do outro, é triste constatar o quanto nós brasileiros  teremos que avançar diversas casas desse tabuleiro retrógrado e que, infelizmente, convivemos com ele em um pesadelo continuo.
"Uruguai Na Vanguarda" é um retrato de um país verdadeiramente democrático e do qual o Brasil dificilmente chegará a esse estágio enquanto estiver sendo governado por conservadores, golpistas e milicianos da vida.  

Confira o trailer clicando aqui.


Em Cartaz: Cinebancários. R. Gen. Câmara, 424 - Centro Histórico, Porto Alegre. Horário: 19horas.   



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