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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 13 de abril de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Trainspotting' (1996)

Sinopse: Mark Renton tem amigos estranhos: um psicopata alcoólatra, um desesperado, um fã de Sean Connery mulherengo e um viajante. Todos buscan superar o desemprego, os relacionamentos e as drogas. 


O tempo passa e cada vez fica mais notório que durante os anos noventa foram lançados filmes que serviriam de base para o que o cinema se tornaria posteriormente. Filmes como, por exemplo, "Clube da Luta" e "Matrix", ambos de 1999, foram o que melhor sintetizam o que acontecia naqueles tempos, onde a sociedade cada vez mais se tornava alienada, consumista e presa ao sistema capitalista. Porém, antes disso, um pequeno filme tomou por assalto o mundo cinematográfico em 1996, o britânico "Trainspotting" e se tornando facilmente um dos grandes filmes de uma época em que a juventude procurava se definir na vida.
Dirigido por Danny Boyle, que na época já era badalado pelo filme "Cova Rasa" (1994), a trama é baseado no livro do escritor escocês Irvine Welsh, onde a trama se passa em  Edimburgo, na Escócia, onde vive Renton (Ewan McGregor), um jovem usuário de heroína que leva uma vida despreocupada, dividindo-se entre seu romance com a estudante colegial Diane (Kelly Macdonald) e os encontros com seus quatro amigos viciados: Sick Boy, (Jonny Lee Miller), um imoral desenhista de HQs fanático por Sean Connery; Tommy (Kevin McKidd), um atleta responsável; Spud (Ewen Bremner), um bobalhão de bom coração e Begbie (Robert Carlyle), um violento sociopata.
Vindo de clipes e curtas metragens, Danny Boyle se aproveita ao máximo para fazer o que bem entender com a sua câmera e isso é bem perceptível nos primeiros minutos de filme vistos na tela. Vemos os protagonistas correndo, com sua narração off disparando, trilha sonora pesada da época e cuja a edição de cenas a tornam bastante dinâmica. Tudo isso para nos colocar naquele universo cheio de bebidas e drogas em meio a jovens perdidos na vida, porém, com opções demais de consumo e fazendo deles ainda mais viciados.
O filme pode facilmente ser comparado a outras obras primas do cinema como, por exemplo, "Taxi Driver" (1976) já que em ambos os casos fala do indivíduo em meio a muitas possibilidades para melhorar a vida, mas presos a elas e se enveredando para o consumo ilícito e, por vezes, vicioso. É nas cenas de consumo de drogas, por exemplo, que Danny Boyle comprova porque veio a se tornar um dos grandes diretores que surgiram naquele momento.
'Trainspotting' é um daqueles filmes que possui tantas cenas imperdíveis que acaba se tornando até mesmo difícil escolher qual a sua favorita. Em alguns casos, elas se tornam uma espécie de símbolo abstrato com relação a situação que o protagonista se encontra naquele momento e, portanto, não se surpreenda do próprio se enfiar em um vaso cheio de excremento para somente obter de volta a sua preciosa droga. Se isso não é o suficiente se prepare então para a sequência da abstinência, com o direito de haver um bebê andando no teto e deixando o protagonista ainda mais enlouquecido devido à falta de consumo.
O filme não só consagraria o diretor como também o seu protagonista. Após "Trainspotting",  Ewan McGregor testemunharia a sua carreira chegar a um novo patamar, atuando tanto em superproduções, como no caso da segunda trilogia "Star Wars", como também continuando atuando em filmes mais autorais, como no caso, por exemplo, "Peixe Grande" (2003) de Tim Burton. Tanto ele como os demais do elenco retornaram "T2 Trainspotting" (2016) mas jamais superando o impacto que foi a obra original como um todo.
Quase vinte e cinco anos depois do seu lançamento, "Trainspotting" é uma obra prima de sua época, mas servindo de modelo para outros cineasta para tentarem fazer a sua Mona Lisa cinematográfica.  

Onde assistir: DVD, Netflix e Net Now

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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Doutor Sono' - Kubrick vs King

Sinopse: Ainda extremamente marcado pelo trauma que sofreu quando criança no Hotel Overlook, Dan Torrance lutou para encontrar o mínimo de paz. Essa paz é destruída quando ele encontra Abra, uma adolescente corajosa com um dom extra-sensorial, conhecido como Brilho.   

"O Iluminado" (1980) é um daqueles filmes que tinha tudo para dar errado, pois as filmagens foram um verdadeiro inferno e cujo o resultado se tornou positivo graças ao sorriso vindo dos Deuses do cinema. Dentre as coisas mais problemáticas se encontrava justamente no atrito entre o cineasta Stanley Kubrick e o escritor Stephen King, cujas suas visões eram diferentes uma da outra na concepção da obra. Visto hoje, se percebe que neste embate quem saiu ganhando foi Kubrick, mesmo no contragosto de King e que sempre considerou adaptação inferior à sua fonte original de sua autoria.
Não satisfeito com o resultado, mesmo quando o filme se tornou um grande clássico, King procurou a televisão para os mesmos fazerem uma minissérie baseada em seu livro. o resultado foi a minissérie "O Iluminado" (1997), bastante fiel a sua fonte, mas sem nenhum pingo de personalidade autoral e se tornando nada especial. Eis que agora chega ao cinema "Doutor Sono", filme que dá continuidade aos eventos do clássico e cujas as visões autorais dos dois artistas estão impregnadas na obra como um todo.
Dirigido por Mike Flanagan, que havia comandado recentemente a série "A Maldição da Residência Hill" (2018), o filme foca novamente na infância de Danny Torrance, que conseguiu sobreviver a uma tentativa de homicídio por parte do seu pai, um escritor perturbado por espíritos malignos do Hotel Overlook. Ao se tornar adulto (Ewan McGregor) ele é alguém traumatizado e alcoólatra. Sem residência fixa, ele se estabelece em uma pequena cidade, onde consegue um emprego no hospital local. Mas a paz de Danny está com os dias contados a partir de quando cria um vínculo telepático com Abra, uma menina com poderes tão fortes quanto aqueles que bloqueia dentro de si.
Se havia alguma dúvida se o filme focaria mais em sua fonte original, ou não visão autoral de Stanley Kubrick, isso é dissipado no momento em que a trama retorna justamente no cenário dos derradeiros acontecimentos do filme original. É na abertura, por exemplo, que já se percebe que Mike Flanagan faz um grande esforço, não somente na reconstituição do clássico cenário do hotel, como também na caracterização dos atores para que eles ficassem quase idênticos aos interpretes originais. Não é somente uma forma para alegrar os fãs da velha guarda, como também fisgar a curiosidade das novas plateias e fazerem com que elas tenham interesse em conhecer o grande clássico oitentista.
Porém, se há um respeito nítido pelo inesquecível cineasta, por outro lado, há também um interesse dos realizadores em não se esquecerem do verdadeiro pai da fonte literária. Há então no primeiro ato um alinhamento entre as duas visões, tanto de Kubrick como também de King, mesmo quando a gente sabe muito bem que nenhum dos dois se sentou na cadeira de direção, mas nos dando a entender que os realizadores fizeram questão de incrementar as duas visões autorais e que são vistas na tela. É, portanto, um primeiro ato em que se respeita até por demais da fonte literária da autoria de King e cujo o resultado é algo parecido do que foi visto em sua última adaptação recente que foi "It – Capítulo Dois".
Isso acaba exigindo certa paciência para aqueles que forem assistir ao filme, mesmo quando inúmeras situações acontecem na tela a todo momento. Porém, é preciso destacar que Ewan McGregor se sai muito bem como Danny adulto, onde ele se torna uma pessoa cheio de conflitos internos e cuja a sua única forma de exorcizar os seus demônios é aceitar o seu verdadeiro fardo. É nesse meio tempo que então conhecemos Abra (Kyliegh Curran), jovem que possui o mesmo dom de Danny e que ambos irão se unir contra algo muito ruim que estará por vir.
A ala de vilões, por sua vez, é muito bem representada por seres imortais, que sugam o potencial de jovens com o mesmo dom de Danny e para sim continuarem caminhando na terra. Destaque para a líder do grupo Rose the Hat, interpretada pela atriz Rebecca Ferguson e que simplesmente dá um show toda vez que surge na tela. É a partir deles, por exemplo, que o filme ganha ares mais pesados, principalmente em uma sequência em que eles cometem tamanha crueldade contra uma criança e cuja a cena se torna até mesmo explicita.
É a partir desse momento em que os dois lados dessa moeda se chocam e é então que Mike Flanagan tenta criar um visual que lembre, tanto as ideias megalomaníacas de King elaboradas em seu livro, como também a visão autoral de Kubrick. O resultado é uma salada visual bastante curiosa, cujo os efeitos visuais são incrementados justamente para expandir as ideias criativas do escritor e que antigamente, por falta de recursos, não seriam possíveis de serem adaptadas para o cinema. Atenção para a sequência em que a personagem Rose viaja entre o tempo e o espaço e cujo o momento é tão criativo que nem com o recurso 3D causaria o mesmo efeito.
Embora o segundo ato em diante aconteça alguns furos no roteiro, além de momentos um tanto que forçados, é no seu ato final que mora o coração do filme como um todo.  Ao retornarmos para o Hotel Overlook, por exemplo, Mike Flanagan se entrega ao clássico de Stanley Kubrick como um todo e fazendo a gente sentir aquela gostosa sensação de nostalgia ao revisitarmos um cenário que nos brindou com cenas que entraram para a história do cinema. Pode não possuir o mesmo impacto que a obra original havia adquirido, mas também não faz feio.
"Doutor Sono" é uma boa continuação de um grande clássico e que nem a mistura de visões diferentes de dois grandes artistas atrapalham o resultado. 


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