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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 21 de junho de 2011

Cine Dica: Em DVD e Blu-Ray: BRAVURA INDÔMITA

UMA VERSÃO SUPERIOR EM TODOS OS ASPECTOS E QUE FALA POR SI. ‎
sinopse: O filme acompanha o bêbado grosseiro e totalmente destemido comissário Rooster Cogburn. O rabugento Rooster é contratado por uma decidida garota para encontrar o homem que matou seu pai e fugiu com as economias da família. Quando a nova patroa de Cogburn insiste em acompanhá -lo na empreitada voam faíscas. Mas a situação vai de problemática a desastrosa quando o inexperiente mas entusiasmado Texas Ranger entra na festa.

O Bravura Indômita 1969 ficou na lembrança de muitos por ter sido o filme que deu o único Oscar na vida para John Wayne. Assistindo o filme hoje percebo que o prêmio dado ao ator foi uma espécie de tributo pela sua fantástica carreira ao longo dos anos, já que seu papel como Rooster não apresentava muitos desafios e como sempre John Wayne era sempre John Wayne. O que nos leva ao nosso presente, com os irmãos Coen fazendo não só uma refilmagem, mas uma obra bem mais fiel ao livro que deu origem e mesmo com a aura de “nova versão”, o filme fala por si.
Ao começar pela (logicamente) boa direção dos irmãos que novamente exploram um tom de humor negro na trama com personagens humanos, mas não menos que excêntricos. Os diretores já haviam namorado um pouco com o gênero em uma espécie de faroeste contemporâneo em Onde Os Fracos Não Têm Vez, mas é aqui que todos os elementos do velho e bom faroeste retornam as telas, mesmo com uma historia já bastante conhecida pelos cinéfilos. O bom é que eles foram ousados em adotar um ritmo lento no filme para dar maior destaque na personalidade e características de cada um dos personagens, portanto não esperem algo do gênero como tiroteios e mortes aos montes, elas existem, mas acontecem em momentos certeiros quando o espectador acha que esta faltando algo para acontecer.
Como sempre, os diretores foram felizes na escolha do elenco e o que posso dizer é que Jeff Bridges se saiu muito bem do que o próprio lendário Wayne. Enquanto o veterano ator fazia “mais do mesmo” na produção de 1969, Bridges simplesmente desaparece no personagem. O que vemos não é o ator e sim o personagem Rooster, com todos os seus trejeitos de uma vida marcada pela dor e bebedeira, Bridges esta maravilhoso neste papel e é mais uma prova que sua velhice ao longo dos anos serviu para melhorar mais ainda suas boas performances nas telas. Matt Damon e Josh Brolin cumprem bem seus papeis, esse ultimo alias se revelando cada vez melhor em cada filme que atua. Mas nenhum deles é a grande força matriz da produção e sim a jovem estreante Hailee Steinfeld. Se na versão de 1969 Kim Darby possuía energia o suficiente para roubar a cena, Hailee Steinfeld possui seriedade, energia em dobro, presença e segurança perante aos veteranos em cena e não é a toa que ganhou uma merecida indicação ao Oscar, provando que essa jovem promissora atriz ira mais longe.
Mesmo sendo anunciado como uma versão mais fiel ao livro, o filme na realidade possui praticamente seqüências idênticas se comparado ao original, contudo, o que torna esse filme muito superior a produção de 69 é o seu ato final, onde entrega destinos parecidos, mas muito mais corajosos aos seus personagens. E o que dizer do belo casamento da fotografia de Roger Deakins com a trilha sonora de Carter Burwell, cheia de poesia, beleza e tragédia eminente e desde já, uma das mais belas seqüências que eu já vi recentemente no cinema.
Com o maior sucesso da carreira em mãos e com razão, Ethan Coen, Joel Coen provaram que podem continuar sempre mantendo suas visões particulares de fazer seus filmes, seja vindo da cabeça de ambos, seja uma repaginada de algo que já deu certo.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Cine Dica: Em DVD e Blu-ray: O Discurso do Rei

Sinopse: A história do rei George VI pai da atual rainha da Inglaterra Elizabeth II. Após ver seu irmão Edward (Guy Pearce) abdicar o trono inglês o jovem George (Colin Firth) se vê obrigado a assumir a coroa. Dono de uma gagueira que lhe deixa em maus bocados com os súditos o rei busca a ajuda do &147terapeuta da fala&148 Lionel Logue (Geoffrey Rush). Em meio a tudo isso precisa juntar forças para comandar o país na Segunda Guerra Mundial.
Muito cinéfilos (incluindo eu próprio) não gostou de ver esse filme ganhar o Oscar de melhor filme, em um ano que filmes de grande calibre como A Origem, Cisne Negro, Bravura Indômita e Toy Story 3 estavam concorrendo. Mas não a como negar que o filme possui suas qualidades, principalmente com relação ao elenco.
Colin Firth finalmente ganha seu merecido Oscar, premio que havia sido negado no ano anterior no maravilhoso Direito de Amar. Aqui, pode não ser seu melhor desempenho, mas com certeza não é fácil interpretar um personagem histórico e principalmente gago em publico e que luta para tentar desfazer esse problema (algo que a academia adora premiar). Mas quem da o show aqui mesmo é realmente Geoffrey Rush, que da um verdadeiro banho com quem contra cena com ele. Não importa se for protagonista ou coadjuvante ele sempre rouba a cena e aqui não é diferente ao fazer o medico do rei e que usa os seus dons para tentar curar da sua gagueira. As cenas em que ambos trabalham nesse problema são dignas de nota e são os melhores momentos do filme.
Apesar do segundo ato meio arrastado e de Helena Bonham Carter estar apenas ok, o filme fecha com chave de ouro em seu ato final quando finalmente acontece o grande discurso do rei para o publico e é ai que tanto a direção de Tom Hooper e a interpretação de Colin Firth fazem um belo casamento.
Com uma reprodução de época impecável e com um ótimo elenco, O Discurso do Rei talvez tenha ganhado reconhecimento um tanto que exagerado, mas pelo menos não é outro Shakespeare apaixonado a ganhar Oscar que muitos imaginavam.

Cine Especial: STANLEY KUBRICK: Parte 7

Barry Lyndon
Sinopse: No século 18, um irlandês pobre usa de todos os expedientes para fazer parte da aristocracia inglesa.
Apesar da longa duração, é um belo filme onde (talvez) Kubrick tenha namorado bastante com o conteúdo da época, devido ao fato que era do seu desejo em fazer um filme sobre Napoleão (projeto que jamais saiu do papel) e aqui, se encontra ingredientes do que poderia ter sido a superprodução que o diretor tanto sonhava fazer. Por muitos momentos, as cenas parecem tiradas das pinturas que retratavam a época e figurino é de um deslumbramento inesquecível. Apesar de Ryan O'Neal ser lembrado pelo publico em geral pelo tão conhecido Lovy Story, é aqui que ele possui seu melhor momento na carreira. Seu personagem vai crescendo, amadurecendo e mudando gradualmente conforme a historia vai seguindo, e com isso, muito da personalidade do seu personagem vai sendo descascada.

Curiosidades: O diretor Stanley Kubrick optou por não utilizar luzes artificiais nas cenas noturnas de Barry Lyndon. . Deste modo, foi utilizada uma lente especial que conseguia rodar cenas noite precisando apenas da luz de uma simples vela.
O figurino de Barry Lyndon , que inclusive ganhou o Oscar, formado por roupas realmente confeccionadas no século XVIII.


Glória Feita de Sangue
Sinopse: Quando soldados franceses nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial recusam-se a continuar um ataque aparentemente impossível de se vencer, seus superiores resolvem levá-los à corte marcial, onde poderão ser julgados à morte.
Filme fantástico e a frente do seu tempo, devido ao fato que a trama escancarava os jogos de política e o interesse por traz da guerra e que acaba sobrando para jovens soldados vitimas de decisões mesquinhas e vaidosas em meio ao conflito. Não é a toa que o filme durante muito tempo ficou banido em muitos países, principalmente na frança, que via ali, uma imagem distorcida dos seus lideres e simplesmente não aceitavam a imagem retratada daquela época.
Mas o estrago já estava feito, o que favoreceu Stanley Kubrick, que acabou ganhando mais prestigio e confiança daqueles que acreditavam que aquele jovem diretor iria mais longe. Sua forma de conduzir a câmera em meio ao fronte foi de uma forma ate então inédita, pelo fato que a câmera avança nas trincheiras a tal ponto que não a cortes, em meio a soldados e terreno difícil de se andar. Kirk Douglas e George MacReady estão fantasticos como Dax e Mireau, respectivamente, assim como o resto do elenco.

Curiosidade: Susanne Christian, que aparece cantando na inesquecível seqüência final do filme, viria a ser a futura sra. Kubrick.

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Cine Dica: Em DVD: Não me abandone jamais

FILME DE FICÇÃO SURPREENDE E CONQUISTA DO COMEÇO AO FIM
Sinopse: Ruth, Kathy e Tommy cresceram juntos em um internato na Inglaterra. Já jovens adultos, os três têm de encarar a verdade sobre a infância e a vida que levam agora.
O filme já nos prende apartir do belo prólogo e com isso nos simpatizamos com os jovens personagens que crescem juntos em um internato ja de imediato. Mas até ai, nos não sabemos exatamente do porque eles estarem nesse lugar e quando finalmente é revelada a espantosa verdade, nos já estamos presos aos protagonistas e com isso tememos pelos seus destinos. Baseado no livro homônimo de Kazuo Ishiguro e dirigido por Mark Romanek (Retratos de Uma Obsessão) o filme poderia muito bem cair em lugar comum no gênero da ficção, mas o diretor não tem pressa nenhuma e constrói a personalidade do trio central de uma forma tão humana e tocante que por vezes esquecemos que estamos diante de uma historia incomum, mas isso se deve graças aos personagens que soan  reais e próximos a nos e com isso, nos identificamos com eles, suas dores e medos que sentem pelo futuro.
Carey Mulligan, Andrew Garfield e Keira Knightley estão ótimos em seus respectivos papeis principalmente Keira que vem surpreendendo em termos de amadurecimento em cada papel que atua e com isso, vai aos poucos afastando a sua imagem presa a cine serie Piratas do Caribe. Um filme corajoso e diferente de tudo que se vê neste tipo de gênero. O que não se encontrou no esquecível A Ilha, se encontra tudo neste belo filme.

Curiosidade: A atriz Carey Mulligan teve que fazer um curso intensivo para aprender a dirigir, mas foi reprovada nos testes, obrigando a produção a rodar as cenas numa estrada particular para que ela pudesse ficar ao volante.

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Cine Dicas: Estréias no final de semana (17 06 11)

Chegamos a mais um final de semana e molhado, pois la fora esta chovendo canivete, fazer o que né. Neste final de semana irei participar do curso vida e obra de Stanley Kubrick no Cinebancários, curso que alias, já deveria ter feito, mas por causa das paralisações dos aviões devido a fuligem do vulcão do Chile, o curso foi adiado para ser feito agora. Só espero que a mãe natureza me deixe em paz neste final de semana hehehe.
Só lamento que devido a isso, irei perde o filme com debate de Meia Noite em Paris que o Cineclube da Zero Hora ira promover amanhã, mas já diz o velho ditado, não se pode ter tudo.

Confiram as estréias e um bom final de semana para todos.


Meia Noite em Paris
Sinopse: Uma família viaja a negócios para a capital francesa enquanto um casal descobre um dura realidade diante do sonho de uma vida melhor.



As Doze Estrelas
Sinopse: Uma viagem pelo inconsciente coletivo a partir da astrologia. Herculano Fontes renomado astrólogo é chamado para trabalhar na equipe da próxima novela das oito. Ele tem que entrevistar doze atrizes cada uma de um signo do Zodíaco para compor o elenco da badalada novela. Mas devido a uma visita inesperada o que parecia bem simples poderá se tornar muito complexo.


Ricky
Sinopse: No filme Ricky, Katie (Alexandra Lamy) é apenas uma mulher comum, que trabalha numa fábrica e luta para cuidar de sua pequena filha. Quando conhece Paco (Sergi López), também um homem comum, algo mágico acontece e eles se apaixonam. Do amor dos dois surge outro milagre: um bebê extraordinário chamado Ricky (Arthur Peyret.



Mamonas Para Sempre
Sinopse: O filme narra a história da banda que em menos de dez meses saiu do anonimato para ser um dos maiores fenômenos da música brasileira. Repleto de material inédito guardado até hoje pela famílias, resgata a trajetória do grupo, os desafios vencidos e sua ascensão. Irreverentes, inteligentes, sarcásticos, mas, acima de tudo, extremamente criativos, os Mamonas viraram o país de cabeça para baixo enquanto divertiam e uniam as famílias brasileiras. Após longa pesquisa, foi compilado um vasto arquivo de imagens, incluindo cenas do começo, bastidores e gravações dos próprios Mamonas em suas turnês e apresentações.



VIPs - Histórias reais de um mentiroso
Sinopse: Ele foi empresário, aviador, líder de facção criminosa, rico e famoso. Vigarista, enganou autoridades, celebridades, jornalistas e até os guardas da prisão de Bangu, usando 15 identidades diferentes. Marcelo (Wagner Moura) não consegue conviver com sua própria identidade, o que faz com que assuma a dos outros. Isto faz com que passe a ter diversos nomes, nos mais variados meios, onde aplica seguidos golpes.

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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Cine Dica: Em DVD e Blu-Ray: CISNE NEGRO

OBSCURO, SINISTRO E MARAVILHOSO

Sinopse: Beth MacIntyre (Winona Ryder) a primeira bailarina de uma companhia está prestes a se aposentar. O posto fica com Nina (Natalie Portman) mas ela possui sérios problemas interiores especialmente com sua mãe (Barbara Hershey). Pressionada por Thomas Leroy (Vincent Cassel) um exigente diretor artístico ela passa a enxergar uma concorrência desleal vindo de suas colegas em especial Lilly (Mila Kunis).
Loucura, obsessão, vicio, queda e redenção, esses são alguns ingredientes que moldam a filmografia de Darren Aronofsky. Desde quando começou a se destacar em PI e se consagrando em Réquiem Para Um Sonho, o diretor só vem surpreendendo e testando os nervos do espectador em que for assistir os seus filmes. Cisne Negro não é diferente, pois é uma verdadeira descida ao inferno para adquirir a perfeição e realizar um sonho, mas a que preço?
Em uma espécie de encontro com A Malvada e O Inquilino, o filme mostra passo a passo os desafios de Nina em realizar seu maior sonho, ser a Rainha dos Cisnes, mas para isso precisa ser não só o cisne branco, mas também o cisne negro e transmitir o lado perverso e sensual da sua alma humana. Natalie Portman realiza aqui o que talvez seja o melhor desempenho de sua carreira, pois ela consegue passar todas as transformações de sua personagem, de uma inocente bailarina determina a conseguir realizar seu sonho, para um ser cheio de duvidas e paranóias e que lhe acabam lhe afetando, tanto fisicamente como psicologicamente, mas até aonde é ilusão e realidade no filme? Até aonde é fato que estão querendo destruir ela? Seria tudo fruto de sua imaginação? Ou realmente o mundo que ela vive é um mundo cruel e cheio de disputas?
Muitas perguntas ficam no ar e talvez elas sejam somente respondidas nos minutos finais do filme. Até lá, o publico acompanha a jornada de Nina com uma câmera que jamais deixa de focá-la, isso, graças Darren Aronofsky que pelo visto gostou do estilo documental que criou a si próprio desde O lutador.
O diretor também não poupa o resto do elenco e mesmo sendo coadjuvante, cada um exerce um papel fundamental na trama. Vincent Cassel (como sempre) surpreende como coreografo que seduz e induz sua bailarina a ultrapassar seus limites, Winona Ryder como uma famosa bailarina decadente arrasa mesmo em poucos momentos em cena, contudo, é Mila Kunis que da um show como a rival da protagonista para adquirir o papel na peça. Mila divide com Portman uma das cenas mais picantes dos últimos anos e com certeza, essa jovem atriz ainda vai longe.
Com um ato final que presta uma homenagem grandiosa ao clássico Lago do Cisne, aliado a uma excelente fotografia, edição de arte, figurino e montagem, Cisne Negro é aquele tipo de filme que lhe deixa anestesiado. A projeção acaba na sua frente, mas você continua sentado porque o seu cérebro ainda esta administrando devido o que acabou assistir e seu corpo recusa a levantar porque você precisa respirar um pouco porque esta sem forças para caminhar. Darren Aronofsky desafia nossa mente e corpo e nos cinéfilos agradecemos, pois cinema não se vive apenas de entretenimento.

Curiosidades: O ator Vincent Cassel comparou seu personagem com George Balanchine, um dos fundadores do New York City Ballet. Segundo Cassel, Balanchine era "um verdadeiro artista, que tinha um controle neurótico e usava a sexualidade para comandar seus bailarinos";
Para as cenas de sexo mais fortes entre os personagens de Portman e Kunis (muito amigas na vida real), as duas sugeriram uns copos de drinques para quebrar o "gelo". Uma garrafa de tequila foi providenciada e foi reservado um dia e meio para filmar a sequência. O diretor, sentindo-se culpado, afastou-se durante o restante do dia;

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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cine Dicas: Lançamentos em DVD e Blu-Ray (15 06 11)

INVERNO DA ALMA
Sinopse: Aos 17 anos de idade Ree Dolly (Jennifer Lawrence) embarca em uma missão para encontrar seu pai depois que ele usa a casa de sua família como forma de garantir sua liberdade condicional e desaparece sem deixar vestígios. Confrontada com a possibilidade de perder a casa onde mora com seus irmãos pequenos e precisar voltar para a floresta de Ozark, Ree desafia os códigos e a lei do silêncio arriscando sua vida para salvar sua família. Ela desafia as mentiras, fugas e ameaças oferecidas por seus parentes e dessa forma começa a juntar a verdade sobre seu pai.
Mesmo em meio a crise criativa que o cinema americano passa atualmente, pelo menos, surgem esperanças de boas promessas futuras. Jovens atores e atrizes que vão surgindo e desempenhando um ótimo trabalho, como no caso de Jennifer Lawrence que brilha neste filme ao interpretar um jovem sofredora que tenta de todas as formas cuidar de seus irmãos menores e ao mesmo tempo procurar seu pai desaparecido, em meio a vizinhos cujas as atitudes podem ser um tanto que imprevisíveis.
Um retrato mais do que escancarado da violência e vida dura da região Missouri, EUA, onde os homens se sustentam por meios errados e as mulheres nada podem fazer a não ser obedecer. Porem, Jennifer Lawrence interpreta a típica personagem jovem forte que tanto o cinema americano gosta atualmente de apresentar em seus filmes (vide Hailee Steinfeld em Bravura Indômita) e mesmo com pouca idade, não deve em nada em termos de interpretação se comparada a outras atrizes veteranas no ramo. Dirigido por Debra Granik que também cuida na adaptação do roteiro (baseado no romance homônimo de Daniel Woodrell) o filme possui uma bela fotografia que transmite o frio e o lado ameaçador do cenário no qual os personagens moram.


TRABALHO INTERNO
Sinopse: Em 2008, uma crise econômica de proporções globais fez com que milhões de pessoas perdessem suas casas e empregos. Ao todo, foram gastos mais de US$ 20 trilhões para combater a situação. Através de uma extensa pesquisa e entrevistas com pessoas ligadas ao mundo financeiro, políticos e jornalistas, é desvendado o relacionamento corrosivo que envolveu representantes da política, da justiça e do mundo acadêmico.
Vencedor do Oscar de melhor longa documentário desse ano, o filme retrata de uma forma bem gradual, as sementes responsáveis pela crise de 2008, que não somente abalou os EUA, como também o mundo. O mais surpreendente no filme é o fato de que as coisas poderiam ter sido evitadas se ao menos tivessem tido mais cuidado desde a década de 80, mas a pergunta que fica é: Como eles iriam imaginar? O destaque fica pela cara de vergonha ou sem nenhuma explicação  plausível das pessoas responsáveis que poderiam ter evitado tudo aquilo. Narrado pelo ator Matt Damon, o filme por vezes é um tanto que cansativo e não possui o mesmo dinamismo de Uma Verdade Inconveniente, mas serve para criar um interessante retrato desse recente período que assombrou inúmeros países.


POESIA
Sinopse: Mija tem mais de 60 anos e vive com o neto adolescente numa pequena cidade do interior. Ela trabalha acompanhando um senhor deficiente e gosta de se vestir com roupas elegantes e coloridos chapéus. Sua atração por coisas simples e belas a leva a se inscrever em um curso de poesia onde se torna uma estudante aplicada. Sua sensibilidade parece estar afiada como nunca e sua visão do mundo não poderia ser mais positiva. Mas quando o neto se envolve no suicídio de uma colega a leveza com que Mija encara a vida entra seriamente em crise. Melhor Roteiro no Festival de Cannes 2010.
Em um mundo onde o espaço para a comunicação, ou seja, para o dialogo uns com os outros, esta cada vez em menor grau, uma personagem tenta buscar comunicação através do mundo ao seu redor, através das coisas que passam no decorrer da sua vida e ao longo do percurso tenta acima de tudo não se esquecer de si própria. Assim é Poesia, do diretor coreano. Chang Dong Lee que cria aqui a saga de Mija (Yoon Hee-jeong ótima) que apartir do ponto que sabe que tem mal de alzheimer, busca um modo de frear esse mau através da poesia, mas ao mesmo tempo que sofre por não conseguir encontrar uma inspiração para escrever um texto, enfrenta um grave problema vindo do seu neto, esse alias não possui ou tem alguma dificuldade em saber ter afinidade com a sua própria avo.
Colocamo-nos ao lado de Mia em seu trajeto e nos simpatizamos com ela perante um mundo hostil, que por muitas vezes ignora ela, seja pelo fato dela estar velha, seja pelo fato de ela ter um problema grave, isso é o que menos importa. É as pessoas que se esqueceram ou deixaram de ver o que tem de bom no mundo. Já a protagonista, mesmo com os problemas, esta viva e tenta achar algum significado no mundo em que vive, nem que para isso se arrisque em determinados momentos.
Chang Dong Lee cria aqui então o retrato do humano atual, de que ele esta morto ou cego ou sem tato para sentir o lugar ou a pessoa próxima, ou então simplesmente foi o sistema que fizeram nos tornarmos frios com relação a tudo ou a nos mesmo. Um bom exemplo disso é a reunião de pais que junto com Mia tentam de uma forma política e ao mesmo tempo fria sobre o assunto, tentar achar um modo de livrar seus filhos de um crime que eles cometeram e a única pessoa que demonstra uma reação desconcertada com relação à situação e a própria protagonista que por muitas vezes parece ignorar ou esquecer-se da situação que presenciou ou que terá que encarar.
Com o premio de melhor roteiro recebido a exatamente um ano no ultimo festival de Cannes, Poesia é uma produção simples mas cheia de conteúdo que nos faz fazer uma breve reflexão de nos mesmos se estamos ou não cada vez mais nos desligando do mundo. Pelo menos esse filme é um pequeno belo exemplo para se fazer acordar.

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