INVERNO DA ALMA
Sinopse: Aos 17 anos de idade Ree Dolly (Jennifer Lawrence) embarca em uma missão para encontrar seu pai depois que ele usa a casa de sua família como forma de garantir sua liberdade condicional e desaparece sem deixar vestígios. Confrontada com a possibilidade de perder a casa onde mora com seus irmãos pequenos e precisar voltar para a floresta de Ozark, Ree desafia os códigos e a lei do silêncio arriscando sua vida para salvar sua família. Ela desafia as mentiras, fugas e ameaças oferecidas por seus parentes e dessa forma começa a juntar a verdade sobre seu pai.
Mesmo em meio a crise criativa que o cinema americano passa atualmente, pelo menos, surgem esperanças de boas promessas futuras. Jovens atores e atrizes que vão surgindo e desempenhando um ótimo trabalho, como no caso de Jennifer Lawrence que brilha neste filme ao interpretar um jovem sofredora que tenta de todas as formas cuidar de seus irmãos menores e ao mesmo tempo procurar seu pai desaparecido, em meio a vizinhos cujas as atitudes podem ser um tanto que imprevisíveis.
Um retrato mais do que escancarado da violência e vida dura da região Missouri, EUA, onde os homens se sustentam por meios errados e as mulheres nada podem fazer a não ser obedecer. Porem, Jennifer Lawrence interpreta a típica personagem jovem forte que tanto o cinema americano gosta atualmente de apresentar em seus filmes (vide Hailee Steinfeld em Bravura Indômita) e mesmo com pouca idade, não deve em nada em termos de interpretação se comparada a outras atrizes veteranas no ramo. Dirigido por Debra Granik que também cuida na adaptação do roteiro (baseado no romance homônimo de Daniel Woodrell) o filme possui uma bela fotografia que transmite o frio e o lado ameaçador do cenário no qual os personagens moram.
TRABALHO INTERNO
Sinopse: Em 2008, uma crise econômica de proporções globais fez com que milhões de pessoas perdessem suas casas e empregos. Ao todo, foram gastos mais de US$ 20 trilhões para combater a situação. Através de uma extensa pesquisa e entrevistas com pessoas ligadas ao mundo financeiro, políticos e jornalistas, é desvendado o relacionamento corrosivo que envolveu representantes da política, da justiça e do mundo acadêmico.
Vencedor do Oscar de melhor longa documentário desse ano, o filme retrata de uma forma bem gradual, as sementes responsáveis pela crise de 2008, que não somente abalou os EUA, como também o mundo. O mais surpreendente no filme é o fato de que as coisas poderiam ter sido evitadas se ao menos tivessem tido mais cuidado desde a década de 80, mas a pergunta que fica é: Como eles iriam imaginar? O destaque fica pela cara de vergonha ou sem nenhuma explicação plausível das pessoas responsáveis que poderiam ter evitado tudo aquilo. Narrado pelo ator Matt Damon, o filme por vezes é um tanto que cansativo e não possui o mesmo dinamismo de Uma Verdade Inconveniente, mas serve para criar um interessante retrato desse recente período que assombrou inúmeros países.
POESIA
Sinopse: Mija tem mais de 60 anos e vive com o neto adolescente numa pequena cidade do interior. Ela trabalha acompanhando um senhor deficiente e gosta de se vestir com roupas elegantes e coloridos chapéus. Sua atração por coisas simples e belas a leva a se inscrever em um curso de poesia onde se torna uma estudante aplicada. Sua sensibilidade parece estar afiada como nunca e sua visão do mundo não poderia ser mais positiva. Mas quando o neto se envolve no suicídio de uma colega a leveza com que Mija encara a vida entra seriamente em crise. Melhor Roteiro no Festival de Cannes 2010.
Em um mundo onde o espaço para a comunicação, ou seja, para o dialogo uns com os outros, esta cada vez em menor grau, uma personagem tenta buscar comunicação através do mundo ao seu redor, através das coisas que passam no decorrer da sua vida e ao longo do percurso tenta acima de tudo não se esquecer de si própria. Assim é Poesia, do diretor coreano. Chang Dong Lee que cria aqui a saga de Mija (Yoon Hee-jeong ótima) que apartir do ponto que sabe que tem mal de alzheimer, busca um modo de frear esse mau através da poesia, mas ao mesmo tempo que sofre por não conseguir encontrar uma inspiração para escrever um texto, enfrenta um grave problema vindo do seu neto, esse alias não possui ou tem alguma dificuldade em saber ter afinidade com a sua própria avo.
Colocamo-nos ao lado de Mia em seu trajeto e nos simpatizamos com ela perante um mundo hostil, que por muitas vezes ignora ela, seja pelo fato dela estar velha, seja pelo fato de ela ter um problema grave, isso é o que menos importa. É as pessoas que se esqueceram ou deixaram de ver o que tem de bom no mundo. Já a protagonista, mesmo com os problemas, esta viva e tenta achar algum significado no mundo em que vive, nem que para isso se arrisque em determinados momentos.
Chang Dong Lee cria aqui então o retrato do humano atual, de que ele esta morto ou cego ou sem tato para sentir o lugar ou a pessoa próxima, ou então simplesmente foi o sistema que fizeram nos tornarmos frios com relação a tudo ou a nos mesmo. Um bom exemplo disso é a reunião de pais que junto com Mia tentam de uma forma política e ao mesmo tempo fria sobre o assunto, tentar achar um modo de livrar seus filhos de um crime que eles cometeram e a única pessoa que demonstra uma reação desconcertada com relação à situação e a própria protagonista que por muitas vezes parece ignorar ou esquecer-se da situação que presenciou ou que terá que encarar.
Com o premio de melhor roteiro recebido a exatamente um ano no ultimo festival de Cannes, Poesia é uma produção simples mas cheia de conteúdo que nos faz fazer uma breve reflexão de nos mesmos se estamos ou não cada vez mais nos desligando do mundo. Pelo menos esse filme é um pequeno belo exemplo para se fazer acordar.
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Um comentário:
Gostei muito de POESIA. Uma obra incrível, tocante, magistral...
O Falcão Maltês
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