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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice'

Sinopse: Retornamos à casa em Winter River, onde três gerações da família Deetz se unem após uma tragédia familiar inesperada. 

Tim Burton foi o responsável por eu começar amar o cinema, pois eu era uma criança quando fui assistir "Batman - O Filme" (1989). A partir dali, não somente acompanhei os seus trabalhos posteriores, como também ter um interesse em saber o que os outros atores haviam trabalhado ao longo da história. Quando eu fui conhecer a filmografia de Jack Nicholson, por exemplo, acabei assistindo "O Iluminado" (1980) de Stanley Kubrick, fazendo com que assistisse aos outros filmes do realizador e o resto é história.

Ou seja, Tim Burton foi a pessoa que criou essa bola de neve e da qual me fez conhecer o universo da sétima arte como um todo e, portanto, devo muito a ele. Porém, sendo um crítico de cinema atualmente, é preciso reconhecer que nos últimos anos o realizador estava mal das pernas através de filmes duvidosos como "Dumbo" (2019), mas ganhando uma sobrevida através da série "Wandinha" (2022) e protagonizada por Jenna Ortega. Em tempos de incerteza nada melhor do que voltarmos as raízes e Tim Burton faz isso através de "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" (2024), continuação de um dos seus maiores clássicos, mas que não se limita somente ao lado nostálgico.

Na trama, voltamos à casa em Winter River, onde três gerações da família Deetz se reúnem após uma tragédia inesperada. Lydia Deetz (Winona Ryder), agora adulta, é mãe da adolescente Astrid (Jenna Ortega). A jovem introvertida, acaba dando de encontro com o mundo dos mortos para reencontrar o seu pai, mas correndo um sério risco de ficar presa para sempre por lá. Não tendo outra opção, Lydia acaba recorrendo ao excêntrico fantasma Beetlejuice (Michael Keaton) que, mais uma vez, transforma a vida dos Deetz em um verdadeiro caos.

Embora tenha se passados mais de trinta anos após o clássico, felizmente, Tim Burton não cai no obvio ao fazer do filme uma verdadeira nostalgia com relação ao longa anterior, mas sim fazendo com que esse novo capítulo obtenha identidade própria ao dar continuidade a história daqueles personagens. Com isso, vemos Lydia sendo apresentadora de um programa sobre paranormalidade, prestes a se casar com alguém duvidoso e tendo problemas de relacionamento com a sua filha Astrid. Falando nela, Jenna Ortega nasceu para o universo de Tim Burton e, portanto, ao vê-la sendo filha da personagem de Winona Ryder é mais do que prefeito.

Com relação ao visual como um todo é como se não tivesse se passado mais trinta anos que separam os dois filmes, sendo que o cenário do mundo após a morte continua intacto e remetendo novamente ao bom e velho expressionismo alemão. Vale destacar o retorno de Danny Elfman na composição da trilha sonora, sendo que ela já é reconhecida na abertura e se casando com perfeição com a proposta principal do cineasta. Falando na abertura, novamente, Burton inicia a história com um plano-sequência parecido com o que foi visto no clássico, mas cujo seu término se difere e nos pregando mais uma vez uma curiosa surpresa.

Curiosamente, Burton também resgata para a sua trama o casal  Deetz, mas desta vez sem a presença do ator Jeffrey Jones após os escândalos que o fizeram arruinar a sua carreira. Para usar o personagem sem a presença do ator, Burton usa da sua genialidade ao seu favor, ao usar um boneco animatrônico de uma forma inesperada e com uso de animação em stop motion em um determinado flashback. Aliás, esse é um pequeno exemplo do que iremos testemunhar no decorrer da projeção em questões técnicas, já que o cineasta descarta qualquer possibilidade ao uso do CGI e optando pelas velhas fórmulas de fazer o seu cinema como era antigamente.

E como é bom ver Catherine O'Hara retornando em cena. Sendo a protagonista da famosa cena do jantar onde é tocada a música "Banana Boat", O'Hara ressurge mais uma vez como Delia Deetz mais excêntrica do que nunca com relação a sua arte e podem esperar para que, novamente, ela participe de um número musical ao lado dos demais personagens. Esse momento, aliás, não supera a cena clássica do original, mas a música "MacArthur Park" de Richard Harris não sairá de nossas cabeças tão cedo.

Porém, essa cena em si somente funciona em termos de humor graças a Michael Keaton, ao retornar novamente para dar vida ao personagem que nasceu para fazer que é Beetlejuice. Tendo agora maior tempo de cena, Keaton parece que não envelheceu em dar vida ao personagem, cuja imprevisibilidade é a palavra que move esse ser e novamente nos brindando com situações pra lá de divertidas. Para os amantes do cinema de horror, aguardem o protagonista falando em italiano ao contar uma história sombria do passado e é onde Tim Burton presta uma bela homenagem ao clássico "A Maldição do Demônio" (1960), de Mario Bava e cuja obra serviu muito de inspiração para a sua carreira.

Vale salientar que é neste ponto que surge em cena Monica Bellucci, ao dar vida a noiva vingativa Delores, muito embora a personagem se encaixaria melhor através de outra grande atriz da filmografia de Burton que foi Helena Bonham Carter. Falando de personagens novos, destaque para o policial da vida pós morte Jackson, que durante a vida era um ator canastrão e sendo interpretado de forma muito divertida pelo ator Willem Dafoe. É interessante observar que, embora haja  personagens por demais em cena em um determinado ponto da história, cada um funciona de um modo para que aconteça o grande ápice no terceiro ato e do qual Burton não poupa nem essa geração de influenciadores e que fazem uma geração inteira ficar presa em seus celulares.

Do modo geral, é um filme que resgata tudo o que o cineasta já foi um dia e fazendo com que a sua visão autoral funcione mesmo em tempos em que o cinema cada vez mais se afunde em franquias intermináveis. Resta saber se ele obterá daqui em diante carta branca para tocar um novo projeto, nem que para isso revisite novamente alguns dos seus clássicos. Não custa sonhar, por exemplo, dele concluir a sua visão sobre Batman em um novo filme para encerrar uma trilogia jamais concluída.

Com os minutos finais que prestam uma criativa homenagem ao clássico "Carrie - A estranha" (1976), "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" é vermos Tim Burton sendo ele mesmo, um cineasta que não se entrega facilmente para o lado convencional da indústria cinematográfica norte americana e da qual está matando o cinema atual de forma gradativa. 


Nota: Leia também - Revisitando 'Os Fantasmas Se Divertem'          

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