Sinopse: Donghwa, um jovem poeta de Seul, leva sua namorada Junhee para a casa dos pais dela, nos arredores de Icheon. Maravilhado com a beleza da casa deles, aninhada em um jardim ondulado, ele conhece o pai de Junhee, que o convida a ficar.
Quem conhece Hong Sang-Soo já sabe o que encontrar nos seus filmes. O cineasta construiu uma filmografia extensa, onde os seus personagens se envolvem em situações distintas uma da outra, mas tendo em comum o fato deles adentrarem em diálogos curiosos em meio a comida, cigarros e bebidas. "O que A Natureza Te Conta" (2025) nos revela mais um capítulo dessa curiosa visão autoral do realizador, mas da qual sempre desejamos degustá-la.
Na trama, o poeta Donghwa (Seong-guk Ha) leva a sua namorada para a casa dos pais dela. Ao perceber que o namorado estava admirado com o tamanho do lugar e com a vasta natureza presente no quintal, Junhee (Yoon So-yi) resolve mostrar algumas partes do local para ele, porém em um dos cômodos eles se encontram com o pai dela. O senhor resolve convidar eles para passar uma tarde bebendo e jogando conversa fora. A bebida coloca diversas questões em risco durante os diálogos.
Hong Sang-Soo coloca esses personagens extraídos de suas zonas de conforto para adentrarem algo novo, seja através do cenário principal, ou através dos pensamentos distintos um do outro. Na medida em que a trama avança, conhecemos melhor o poeta Donghwa, do qual conheceu o mundo em que vive através do que leu, mas não tendo uma total plenitude do verdadeiro mundo real de sua volta. Uma vez sendo desafiado, mesmo que indiretamente através dos demais personagens, ele se vê um tanto que encurralado devido a certos dilemas que talvez ainda não tenha sabido encarar através do tempo.
Hong Sang-Soo procura descascar cada camada das personalidades de seus respectivos personagens através de diálogos bastante afiados, onde eles não cansam em nenhum momento, mas sim faz com que o filme ganhe força na medida em que o tempo vai passando. Além disso, é notório que o realizador procura destacar o cenário natural da trama, onde cada morro, árvore ou estátua acaba obtendo um significado especial para os personagens e ganhando certa relevância através deles. Dividido em diversos capítulos, cada um é uma espécie de metamorfose, tanto dos personagens, como também daquele cenário que ganha novas pinceladas de cores na medida em que o dia vai terminando.
Porém, o ápice do longa se encontra na sua reta final, onde todos os personagens centrais se encontram na mesa de jantar e aproveitando ao máximo a comida e bebida. Uma vez que quase todos se encontram mais do que satisfeitos é então que os sentimentos cada vez mais afloram, onde a incompreensão um do outro desencadeia até mesmo discussões que não imaginávamos que iria acontecer e gerando até mesmo alguns momentos de tensão. São momentos sem cortes, onde o realizador extrai ao máximo o talento de cada intérprete em cena.
No final das contas é um filme que fala o quanto somos ingênuos perante o mundo em que vivemos, onde nunca temos exatamente certeza de tudo, mesmo quando ainda batemos o pé com relação a isso. Uma vez marchando perante a verdade se tem então o estágio do amadurecimento e estando então pronto para nós enfrentarmos a novos obstáculos. O filme, portanto, cria uma análise não somente sobre os relacionamentos atuais, como também os desdobramentos quando não aceitamos as consequências dos nossos atos até certo ponto, mas que é preciso ser sentido.
"O que A Natureza Te Conta" é tudo aquilo que os fãs do realizador Hong Sang-Soo esperam, onde os personagens colocam os seus ânimos aflorados ao máximo e tudo através de diálogos e bebidas que acabam moldando os seus sentimentos.
Faça parte:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948



Nenhum comentário:
Postar um comentário