Sinopse: Deodato
(Eduardo Gomes) é um coveiro em começo de carreira que ajuda uma nova
funcionária do cemitério, Jaqueline (Luciana Paes) a fazer um recadastramento
dos túmulos abandonados. À medida em que o trabalho avança, estranhos
acontecimentos fazem Deodato questionar sua ligação com os mortos.
Foi-se o tempo em que
cinema nacional era conhecido por fazer apenas alguns gêneros, sendo que agora
fazemos de tudo. Há algum tempo fomos brindados com até mesmo suspenses que,
para os olhos dos desavisados, se torna até mesmo incomum ver tal feito. Uma descoberta do cinema de gênero em
benefício de uma cinematografia mais rica para este povo que faz cinema muito
bem. Cannes viu e elogiou o surpreendente Trabalhar Cansa do Marco Dutra e
Juliana Rojas. O próprio Dutra voltou às telonas com Quando Eu Era Vivo. Esse
ainda veio acompanhado por Entre Nós de Paulo Morelli e do aflitivo O Lobo
Atrás da Porta de Fernando Coimbra. Ou seja, quem acha que vivemos somente de comédia descartável está redondamente indo contra a maré.
Juliana Rojas assumiu a direção de seu
primeiro longa-metragem. Num primeiro momento podemos até mesmo estranhar a
sinopse: um jovem coveiro, Deodato (Eduardo Gomes) precisa fazer o
recadastramento de túmulos abandonados juntamente uma nova funcionária. No
entanto, após algum tempo, percebe algumas coisas sobrenaturais o assombrarem a
medida que vai realizando seu ofício.
Soa por um momento convencional, contudo, o filme ganha sabor com a injeção de
humor e canções. Por mais raro que seja para o nosso cinema, o filme é um
musical assumido. Marco Dutra, parceiro de vários anos da cineasta, contribuiu
na construção das canções.
Assistir Sinfonia da
Necrópole é de se estranha num primeiro momento, mas logo a obra arranca inúmeras
risadas e não me admira que tenha sido elogiado pela crítica especializada pelo
país a fora. O filme funciona por talvez tocar em assuntos que, embora
delicados, faça com que o público em geral se identifique. Por possuir um alto
grau de simplicidade, o filme acabou dando espaço para originalidade,
principalmente quando os protagonistas soltam a voz.
Mas o trunfo se
encontra mesmo no fato do roteiro se concentrar no simples coveiro, do qual ele
se torna crível aos nossos olhos. Surgem então as brincadeiras, das quais soam
cômicas, mas jamais bobas e forçadas. Com isso, o cômico e o sobrenatural
(mesmo visto em pouco tempo) se cruzam no decorrer da trama e faz com que o
filme nos prenda até o seu fim.
Por um lado crítico,
o filme implica numa critica social sobre os espaços e realocações, questões
temáticas de uma São Paulo de hoje. Porém, a brincadeira é o que mais
prevalece, sendo que os atores se vêm claramente se divertindo em cena, seja
quando estão atuando ou cantando. Vale ressaltar que o filme foi quase que
inteiramente filmado num cemitério, um feito raro que, poderia nascer mórbido,
mas nos conquista gradualmente de tal forma, que a gente deseja saber os
caminhos que aqueles personagens irão trilhar posteriormente.
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