Sinopse: Hollywood, anos
1950. Edward Mannix (Josh Brolin) é o responsável por proteger as estrelas do
estúdio Capitol Pictures de escândalos e polêmicas e vive um dia intenso quando
Baird Whitlock (George Clooney), astro da superprodução Hail, Caesar!, é
sequestrado no meio das filmagens por uma organização chamada
"Futuro".
Durante as décadas de 40 e
50, enquanto o mundo gradualmente abraçava um cinema mais realista, a partir do
que foi visto no cinema neo-realista Italiano, Hollywood ainda se espreguiçava
em uma fábrica de sonhos, ou mais precisamente um cinema plástico. Faroestes,
filmes bíblicos e musicais eram os lideres de bilheteria naquele tempo, onde se
passava a sensação de grandiosidade e perfeição inabalada, bem ao gosto do norte
americano daquele período. Mas por detrás das cortinas sempre havia alguma podridão
no ar do qual sempre os engravatados escondiam e cabe os irmãos Coen (Fargo)
revelar um pouco disso através de inúmeras histórias pertencentes em única teia
de eventos.
Ao acompanharmos o dia a dia
do produtor de cinema Eddie Mannix (Josh Brolin), ficamos sabendo que ele está
mais do que pronto em lançar mais um épico bíblico e estrelado pelo seu astro
canastrão Baird Whitlock (George Clooney). Porém, o seu astro é sequestrado por
grupo misterioso, mas isso não é tudo. Ele precisa lidar com a gravidez
indesejada de sua atriz favorita (Scarlett Johansson), driblar as irmãs gêmeas jornalistas
(Tilda Swinton) que buscam por um furo e enfrentar o perfeccionismo de um
cineasta (Ralph Fiennes) que não suporta dirigir um astro de faroeste sem
talento (Alden Ehrenreich).
São inúmeras sub-tramas, mas
que jamais nos deixa confusos, mas sim nos diverte, principalmente por fazer inúmeras
referencias a inúmeros clássicos da era de ouro, que são: Quo Vadis, Ben-Hur,
Manto Sagrado, Marujos do Amor e etc. Para o cinéfilo é um verdadeiro prato
cheio, mas para o marinheiro de primeira viagem é uma verdadeira analise em
forma de crítica ácida sobre o que rolava realmente nos bastidores de uma das
maiores fábricas cinematográficas do mundo.
Hollywood sempre vendia uma
perfeição falsa através dos seus astros, mas eles eram humanos e cheios de
falhas. A personagem de Scarlett Johansson, por exemplo, é uma representação de
inúmeras atrizes envolvidas em escândalos, que vão desde os casamentos
arranjados e traições. Por detrás de um sorriso plástico, sempre se escondia os
problemas que vinham graças ao sucesso meteórico.
O filme não poupa nem ao
menos a imagem de John Wayne: idolatrado pelos americanos direitistas daquele
tempo, aqui o personagem interpretado por Alden Ehrenreich nada mais é do que
uma crítica ácida contra o astro, que somente dava certo atuando em inúmeros
filmes, mas sendo todos faroestes. Não que os irmos Coen estejam menosprezando
a imagem de Wayne, mas sim mais fazendo uma analise de como as engrenagens do
cinema americano funciona realmente, pois se uma fórmula rende dinheiro infinitamente,
eles a usam até se esgotar por completo.
Isso acaba levando ao ponto
sobre os comunistas: perseguidos de uma forma injusta naquele tempo, aqui eles
surgem de uma forma bem humorada, mas sem deixar de tocar na ferida, pois Hollywood
foi responsável pela destruição da carreira de inúmeros astros, principalmente roteiristas,
que chegaram ao ponto de ter que abandonar o seu país unicamente por pensarem
de uma forma diferente sobre o capitalismo. Com isso, os irmãos Coen dão tiros
para todos os lados com seu retrato daquele tempo e fazendo ecoar e chegar ao
cinema dos dias de hoje, pois querendo ou não, Hollywood não mudou muito na
forma de arrecadar nas bilheterias a todo custo e criar inúmeros astros da
noite pro dia de uma forma, por vezes, forçada.
Podendo ser
interpretado simplesmente com uma continuação do clássico Barton Fink -
Delírios de Hollywood, criado também pelos irmãos cineastas, Ave, César! é uma
corajosa, porém divertida crítica dos irmãos Coen com relação a uma fábrica de
sonhos de décadas passadas, mas que pelo visto ela ainda possui certos vícios lucrativos
e vazios até hoje.
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