Sinopse:Théo (Jan Bijvoet) é um explorador
europeu que conta com a ajuda do xamã Karamakate (Nilbio Torres) para percorrer
o rio Amazonas. Gravemente doente, ele busca uma lendária flor que pode curar
sua enfermidade. Quarenta anos depois, a trilha de Théo é seguida por Evan
(Brionne Davis), outro explorador que tenta convencer Karamakate a ajudá-lo.
Ciro Guerra usa fatos
verídicos para criar o seu O Abraço da Serpente, primeiro filme colombiano a
concorrer ao Oscar, um longa, cuja suas referências históricas em torno do
conhecimento, da exploração e da colonização na América Latina, mas ao mesmo
tempo sobre o culto à natureza que põe em cheque o encontro de dois mundos
distintos. Não é somente mundo
vindo da civilização e dando de encontro com a natureza selvagem, mas o real e
as fronteiras do misticismo que também correm com o rio e suas margens em
jornadas distintas, porém, ligadas uma com a outra: a do etnologista alemão
Theodor Koch-Grünberg (Jan Bijvoe) e a do etnobotânico norte-americano Richard
Evans (Brionne Davis), guiados pelo xamã Karamakete.
No ano de 1940, Evans
sai em busca da yakruna, uma planta rara, recriando a cruzada de Koch-Grünberg,
que viaja pela a região em 1909, febril, em busca dos dons curativos da flor.
Ambos levados por Karamakete, vivido em dois tempos por Nilbo Torres, o ainda
jovem xamã que se destaca pela presença magnética e Antonio Bolivar, que
associou à sua altivez a sabedoria acumulada com os anos de reclusão voluntária
na selva. As duas narrativas
surgem em épocas diferentes, porém, as semelhanças de ambas as jornadas fazem
com que elas se fundem numa única história.
O filme se torna uma aventura realística,
ao explorar as culturas indígenas e impõem-se como uma necessidade
incontornável de avaliar o mistério e determinar o valor das coisas insondáveis
em meio à exploração, que inclui a ação do homem branco. Filmado com uma bela
fotografia em preto e branco, O Abraço da Serpente tenta nos passar a
existência em seus inúmeros instantes, indo além ao infinito, fazendo então uma
bela referencia (em cores) a 2001 – Uma Odisséia no espaço (1968), de Stanley
Kubrick, onde se encontra um espaço místico, profundo, sendo uma trajetória do
homem para o além do universo do qual ele habita. O terror mostrado por
Conrad em O Coração das Trevas (1902), adaptado por Coppola no seu clássico Apocalipse
Now, é também retratado pelas mãos de Ciro Guerra.
As cenas, por sinal, revelam-se para
além do registro dos acontecimentos narrados. São fortes e enlouquecedoras, no
sentido de determinar a beleza, a magia, o inusitado e a importância dos fatos. O Abraço da Serpente
situa-se entre a alucinação e a realidade, referindo-se diretamente ao martírio
de Koch-Grünberg. Não é à toa que se
encontra, ali, uma espécie de cosmologia da imagem, que tenta apreender em seu
espaço-tempo o princípio de uma natureza infindável.
Nisso, Guerra pode
encontrar como referências desde o Terrence Malick na sua obra prima A Árvores da Vida, em suas ingerência no
sentido de abordar o homem e sua perspectiva diante de um universo ainda intocável
e obscuro, ao transe mágico e religioso da forma como se manifestou no Hector
Babenco de Brincando nos Campos do Senhor de 1991. Mas é no Werner Herzog,
sobretudo de Aguirre – A Cólera dos Deuses (1971) e Fitzcarraldo (1981), ambos
ambientados na selva amazônica, assim como o filme de Babenco, que o cineasta
se inspira como um todo para fazer um
ensaio insano sobre o homem enfrentando o desconhecido, porém, algo que não se
devia temê-lo.
Me sigam no Facebook, twitter e Google+
Nenhum comentário:
Postar um comentário