Nos dias 21, 22 e 23 de março eu estarei participando em Porto Alegre do curso Analise e Interpretação de Filmes, atividade criada pelo Cine Um e ministrada pela jornalista Fatimarlei Lunardelli. Enquanto os dias da atividade não vêm, eu irei fazer por aqui uma pequena analise dos principais filmes que serão analisados no decorrer da atividade.
APOCALYPSE NOW (1979)
Sinopse: Capitão
(Martin Sheen) tem a missão de encontrar e matar coronel (Marlon Brando), que
aparentemente enlouqueceu e se refugiou nas selvas do Camboja, onde comanda um
exército de fanáticos.
O projeto de
Apocalypse Now teve início quando os Estados Unidos ainda estavam envolvidos na
Guerra do Vietnã. Seria a primeira produção da American Zoetrope, empresa
criada por Francis Ford Coppola e George Lucas, em 1969. Lucas queria dirigir o
roteiro, escrito por John Milius, (que faria mais tarde Conan: O Bárbaro),
Coppola como produtor, tentou levantar dinheiro, mas nenhum estúdio quis
apostar em um filme sobre uma guerra impopular e ainda arriscar a vida de
técnicos a atores em uma zona de guerra. Anos mais tarde, embalado com o
sucesso de Poderoso Chefão, 1 e 2, Coppola retornou ao projeto.
Lucas já havia
começado a fazer Guerra nas Estrelas, e Coppola assumiu a direção e a produção.
Mesmo com a retirada das tropas americanas, em 1973, e o fim da guerra, dois
anos depois, o Exército americano não deu apoio á produção. Em fevereiro de
1976, Coppola começou a filmar nas Filipinas, onde a geografia é semelhante á
do Vietnã e as Forças Armadas tinham equipamentos iguais aos usados na guerra.
Sua intenção era rodar o filme nas mesmas condições em que a história é
contada.
Ou seja, equipe,
elenco teriam de enfrentar a selva. Por pouco não entra também na luta armada.
O governo Filipino combatia uma guerrilha comunista no sul do país. Houve
ocasiões em que as batalhas reais ocorreram a menos de 20 km dos locais de
filmagem. Por vezes, pilotos e aeronaves tinham de combater a guerrilha e
abandonavam o trabalho.
Com a freqüente troca
de pilotos, as cenas tinham de ser ensaiadas várias vezes. E esses não foram os
únicos problemas. Logo nos primeiros dias de filmagens um dos atores principais
foi substituído. Escolhido depois Steve McQueen, Al Pacino e Jack Nicholson
recusaram o papel, Harvey Keitel faria o capitão Willard, mas voltou para casa
após duas semanas de filmagem. As razões nunca foram explicadas.
Dizem que Coppola não
gostou do desempenho de Keitel. Martin Sheen foi então escolhido. Aos 36 anos e
fumando cerca de três maços de cigarro por dia, Sheen se considerava fora de
forma, mas não viu problemas em enfrentar as 16 semanas previstas de filmagem
na selva que seriam 34 no total. Não bastasse o calor da selva, atores e
técnicos ainda sofriam com um roteiro constantemente reescrito por Coppola.
Para completar, em
meados de maio, um tufão Olga atingiu as Filipinas, causando mais de 200 mortes
entre a população e destruindo os cenários. Os trabalhos foram suspensos por
dois meses. A imprensa, que já vinha noticiando os problemas da produção,
chamava o filme de Apocalipse When (Apocalipse Quando) e Apocalipse Forever
(Apocalipse para sempre). Segundo o diretor, a verdadeira razão para a má
vontade dos jornalistas era o tema abordado.
No entanto, as
complicações existiam de fato e eram muitas. Com orçamento e cronograma
estourados, Coppola ainda queria mudar o fim da história-Wilard e Kurtz lutando
juntos numa batalha contra os vietcongues que, segundo o diretor, não resolvia
as questões morais propostas pelo filme. Porém, para reescrever o final, seria
preciso adiar ainda mais a participação de Marlon Brando, que ameaçava
abandonar a produção sem devolver o milhão de dólares que receberá adiantado.
Nicholson, Pacino e Robert Redford foram cogitados, mas o papel não mudou de
mãos. Em março de 1977, Martin Sheen sofreu um infarto agudo.
Chegou a receber a
extrema-unção. Para não interromper as gravações, Coppola chamou Joe Estevez,
Irmão de Sheen e também ator. Filmado de costas, em planos abertos, ele gravou
uma parte da narração. Em meados de abril, Martin voltou para filmar seus
closes. Quando Brando chegou, o roteiro ainda não estava definido, o ator não
havia lido a novela que inspirou o roteiro de Milius-Coração das Trevas, de
Joseph Conrad-e ao contrário do que prometerá, não tinha perdido peso. Coppola
e o diretor de fotografia, Vitorio Storaro, decidiram filmar Brando na
penumbra, e muitas cenas foram rodadas com monólogos improvisados.
Ao fim de 238 dias,
produziram-se mais de 200 horas de filme, que ocuparam quatro editores por
quase dois anos. Em 1979, Apocalypse Now foi exibido no Festival de Cannes ainda
como um trabalho em andamento. Mesmo assim, levou a Palma de Ouro, prêmio
dividido com Tambor (De Blechtrommel) de Volker Schlondorff. Com um orçamento
estimado de 31 milhões e meio de dólares, o filme arrecadou mais de 150
milhões. Em 2001, foi lançado a versão Redux. Com 49 minutos a mais, traz cenas
inéditas do tenente-coronel Kilgore (Robert Duvall), uma nova sequência com as
coelhinhas da Playboy e o encontro com uma família de fazendeiros de borracha
franceses, que combate os nacionalistas vietnamitas há gerações.
Só toda está história de
como foi desenvolvido esse filme daria para fazer outro filme, mas Coppola fez
todos os sacrifícios para o seu projeto seguir a diante, e chegou lá. O filme
até hoje se encontra sempre nas listas dos melhores filmes de guerra e nos
melhores filmes de todos os tempos. Apocalypse Now é uma prova para se fazer
uma obra prima do cinema exigisse bastante esforço e empenho, quem dera que
essas gerações novas de diretores cumprissem a mesma coisa, talvez eles temam o
seu próprio Apocalipse.
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