Nos dias 10 e 11 de Outubro, eu estarei no Cine Capitólio, participando do curso Mario Bava: Maestro do Macabro, criado pelo Cine Um e ministrado pelo doutor em Literatura Inglesa pela Universidade de São Paulo, com especialização em romance gótico, Fernando Brito. Enquanto atividade não chega, irei falar dos principais filmes desse diretor que foi fonte de influência para inúmeros outros diretores como Francis Ford Coppola e Tim Burton.
O CICLO DO PAVOR
(1966)
Sinopse: No século
XIX, médico é chamado a um pequeno vilarejo para fazer autópsia em mulher que
morreu sob estranhas circunstâncias. Instigado pelo mistério da morte e pela
suspeita de ter sido provocada por um ritual, começa a investigar o caso por
conta própria e se depara com uma inimaginável maldição.
O roteiro simples é
uma marca registrada de Bava, mas não se enganem, pois o simples é muito diferente de
ruim, a simplicidade do roteiro é a tela em branco que permite a Bava criar sua
narrativa pictórica para contar a história. Quando a tensão do filme aumenta o
espectador é induzido ao medo, cores fortes, o claro, o escuro são usados sem
nenhuma preocupação com a realidade, estão ali apenas para a sensação visual do
medo, a sensação de assistir O ciclo do pavor é a de estar dentro de um
pesadelo, onde o inexplicável é aceito de forma natural. Neste pequeno fragmento do filme é possível
conferir um pouco do lirismo e a atmosfera onírica criada pelo maestro do
macabro.
Hércules no Centro da
Terra (1960)
Sinopse: Hércules
precisa lutar contra um monstro de pedra, recuperar uma maçã dourada da árvore
de Hespérides e enfrentar horrores de Hades para salvar sua amada das garras do
perverso Lyco (Christopher Lee).
Hercules no Centro da Terra
é o segundo filme de Mario Bava, mas já demonstra que A Máscara do Demônio não
foi um acidente de percurso. Já com estrada no gênero (havia fotografado os
dois primeiros filmes do ciclo, Hercules [1957] e Hercules Unchained [1958], e
foi o responsável pelos efeitos especiais em inúmeros outros dirigidos por
amigos), o diretor demonstra maturidade e força transformando o que podia vir a
ser um conto da Carochinha numa assustadora viagem ao Inferno, com todos os
tipos de belzebus possíveis e imagináveis. Aqui, Hércules é interpretado por
Reg Park que, foi três vezes (1951, 1958 e 1965) Mr. Universo (e que alguns
anos depois entregaria o cetro para um certo Arnold Schwarzenegger).
Carismático no papel, o suficiente para, por exemplo, não ser engolido por
atores mais talentosos e experientes em cena, como Christopher Lee. Esse
ultimo, aliás, nos brinda com uma performance sincera e emocionada como Lyco, o
rei que faz um pacto com o Inferno, oferecendo o sangue de Dejanira, mulher de Hércules,
em troca de vida eterna Seria fácil partir para a caricatura e transformar um
personagem destes em um vilão de desenho animado, com caras e bocas, mas Lee, o
eterno conde Drácula, consegue entregar um personagem mais complexo e variado
do que o próprio roteiro pedia.
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