Apresentação
O
Cinema, a chamada 7ª arte, é, antes de tudo, uma arte coletiva,
colaborativa. Mas é impossível negar que por trás da construção de uma
obra audiovisual há sempre o olhar de um realizador apontando o caminho a
seguir. No entanto, há uma cadeia de forças, desejos e ambições que
invariavelmente se sobrepõem à inspiração artística do diretor. Exercer
na plenitude um cinema autoral é, em essência, uma arte em si.
O
Cinema de Autor é um tipo de produção cinematográfica na qual o diretor
é visto como a principal força criativa na realização de um filme. O
pensamento crítico e a doutrina dessa forma de cinema surgiram no
contexto francês no final dos anos 1940, a partir das reflexões teóricas
de André Bazin e Alexandre Astruc. Esta nova maneira de "ver" e
"conceber" um filme, incentivada pela revista Cahiers du Cinéma, acabou
por contribuir para o surgimento do movimento da Nouvelle Vague.
Antes
de produzirem seus filmes autorais, cineastas como Jean-Luc Goddard e
François Truffaut deram importantes contribuições no desenvolvimento da
chamada Política dos Autores. O fundamento principal dessa doutrina é
que o diretor, por ter uma visão global dos sons e imagens do filme,
deve ser considerado mais o autor da obra do que o roteirista. Assim, é a
linguagem de câmera, a fotografia, a duração da cena e todos os outros
elementos decididos pelo diretor que definirão os significados expressos
pelo filme, mais até do que o próprio roteiro.
Objetivos
O curso Cinema de Autor, ministrado por Fernando Mascarello,
vai analisar e propor uma reflexão sobre o cinema de autor como
manifestação encontrada tanto no “cinema de arte” quanto no cinema de
tipo “hollywoodiano” ou “clássico”, além de traçar a genealogia da ideia
de autoria cinematográfica. Será objeto de estudo o desenvolvimento das
cinematografias e cineastas que compõem o cânone histórico do cinema de
autor, identificando as três matrizes estéticas históricas da produção
do cinema autoral: o Clássico; o Realista e o Expressivo.
Temas
Definições iniciais
1. Cinema clássico (ou “hollywoodiano”) x cinema de arte: a tensão constitutiva central do campo cinematográfico.
2. Entre o cinema clássico e o cinema de arte, o que é o cinema de autor?
3. Limpando a área: definições de blockbuster, filme cult, cinema experimental, cinema independente, etc.
Período clássico
1. Consolidação do cinema clássico hollywoodiano e hegemonia de Hollywood no pós-Primeira Guerra.
2.
A resposta europeia: Expressionismo Alemão (nascimento do cinema
“expressivo”); Montagem Soviética e outras vanguardas dos anos 1920.
Friedrich W. Murnau; Fritz Lang; Serguei Eisenstein e Dziga Vertov.
3. Anos 1920: o surgimento da ideia de autoria na França.
Período moderno
1. Neorrealismo italiano e a consolidação do cinema realista. Roberto Rossellini; Luchino Visconti e Vittorio De Sica.
2.
Cineclubismo e cinefilia na França pós-Segunda Guerra: a Cinemateca
Francesa e o boom das revistas de crítica cinematográfica.
3. A “Política dos Autores” de François Truffaut; Éric Rohmer; Jean-Luc Godard & cia. nas páginas dos Cahiers du Cinéma dos anos 1950.
4.
O escandaloso amor dos jovens franceses por uma “Hollywood autoral”:
Alfred Hitchcock; Howard Hawks; Billy Wilder; Douglas Sirk, etc.
5. Anos 1960: a Nouvelle Vague francesa e a explosão do cinema de autor modernista pelo mundo. John Cassavetes e o cinema indie americano. Ingmar Bergman; Michelangelo Antonioni; Federico Fellini e Pier Paolo Pasolini. O caso japonês: Akira Kurosawa; Yasujiro Ozu e Kenji Mizoguchi X Nouvelle Vague Japonesa. O Novo Cinema Alemão: Wim Wenders; Werner Herzog e Rainer Werner Fassbinder.
Período contemporâneo
1. O “renascimento” de Hollywood e o declínio do cinema de autor modernista.
2. Filme de autor híbrido, ou em busca do público perdido. ONew American Cinema de Martin Scorsese e Francis Ford Coppola. Os casos de Quentin Tarantino; Pedro Almodóvar e o último Woody Allen.
3. Cinema de autor hoje: um mapa sinóptico do contemporâneo.
Ministrante: Prof. Dr. Fernando Mascarello
Pesquisador
e professor com atuação nas áreas de Teoria do Cinema, História do
Cinema, Análise Fílmica, Crítica Cinematográfica e Estudos Culturais.
Seu livro História do Cinema Mundial (Papirus, 2012, 7a. edição) é
adotado na maior parte dos cursos de graduação em Cinema e Audiovisual
do país. Pesquisador com trabalhos apresentados em congressos
internacionais como os da "Society for Cinema and Media Studies" (SCMS),
tem também forte atuação na Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e
Audiovisual (SOCINE), da qual foi membro do Conselho Executivo de 1999 a
2009, além de criador e coordenador dos Seminários Temáticos "Indústria
e Recepção Cinematográfica e Audiovisual" (2009 a 2011) e "Recepção
Cinematográfica e Audiovisual" (2012 a 2014). Publica com freqüência no
caderno Cultura (Proa) do jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Como
crítico de cinema, também foi responsável pela criação da revista
"Teorema - Crítica de Cinema", de Porto Alegre, da qual foi editor. Foi
coordenador do curso de "Realização Audiovisual" (Cinema) da UNISINOS,
onde atualmente coordena o curso de "Especialização em Cinema". Atua
como professor das disciplinas de "História do Cinema Internacional " e
"Teoria do Cinema" do curso de Realização Audiovisual. É doutor em
Cinema pela Universidade de São Paulo (2004). Já ministrou o curso
"Filme Noir: Cinefilia & Sexualidade" pela Cine UM.
Curso
Cinema de Autor
de Fernando Mascarello
Datas
Dias 26 e 27 / Setembro (sábado e domingo)
Horário
Das 15h às 18h
Local
Cinemateca Capitólio
(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Porto Alegre - RS)
Informações
cineum@cineum.com.br / Fone: (51) 9320-2714
Realização
Cine UM Produtora Cultural
Patrocínio
Sapere Aude Livros
Editora Aleph
Back in Black
Loja Nerdz
Apoio
Parceria
Espaço Vídeo
Papo de Cinema
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