Sinopse: A trama gira em
torno do traficante colombiano Pablo Escobar (Wagner Moura), retratando a
história de ascensão dele de um criminoso comum para um dos homens mais
perigosos, procurados e ricos do mundo.
Sendo um cineasta autoral
como ninguém, José Padilha gosta de alfinetar na ferida, principalmente em
assuntos que envolvam política e as origens que fazem nascer à violência urbana.
Em Ônibus 174 ele não moldou um vilão, mas sim buscou as razões pelas quais
aquele garoto chegou naquele ponto. Assim como ele colocou todas as justificativas
na mesa, ao mostrar o que leva uma Tropa de Elite a fazer justiça com as próprias
mãos em seus dois grandes sucessos na carreira.
Se ele derrapou por não ter
tido liberdade criativa em seu primeiro projeto americano que foi Robocop: A
Origem, pelo menos ele encontrou a sua redenção na ilha da liberdade de todos
os cineastas autorais almejam conseguir um dia: Netflix. No poderoso site
online das séries autorais do momento, Padilha teve a liberdade de produzir, roteirizar
e escolher os diretores para cada episódio da série Narcos, produção que conta
os primeiros anos de poder de Pablo Escobar, um dos maiores traficantes de
drogas da história.
Para interpretar o
protagonista, coube ninguém menos que Vagner Moura incorporar um dos
personagens (para o bem ou para o mau) mais importantes da história da Colômbia.
Versátil como ninguém, Moura ganhou peso, teve que aprender a falar Espanhol e
conviveu com pessoas e nos lugares em que Escobar viveu. Sua interpretação é
digna de nota, pois nem de longe lembra o seu personagem Capitão Nascimento que
o consagrou e, com certeza, fará com que outros estúdios americanos prestem
mais atenção nele.
José Padilha, pelo visto,
fez um verdadeiro estudo sobre a história de Escobar, pois ele era sempre o
grande assunto da mídia Colombiana na virada dos anos 80 para os 90. Através de cenas
de arquivos (assim como em Ônibus 174), Padilha criou então um mosaico de inúmeros
eventos verídicos que, por sua vez, se enlaça com as sub-tramas criadas pelos próprios
roteiristas dos episódios. As cenas reais que envolvem o assassinato de um
candidato a presidência e de uma queda de avião devido a uma bomba são dignas
de nota.
Mas, embora a primeira
temporada seja somente de 10 episódios, a meu ver a trama funcionária muito bem se
ela fosse somente 06 no máximo. Isso porque muita coisa apresentada ali é dispensável
para a trama principal, como no caso de terem inserido agentes americanos da
DEA que, aqui no caso, é liderado pelo personagem real Steve Murphy (Boyd
Holbrook) que é na realidade o verdadeiro protagonista da série, mas muito
embora isso não signifique muita coisa.
Logicamente o produtor
principal da série Chris Brancato (que foi roteirista de Hannibal) queria colocar
protagonistas americanos para que o público de lá se interessasse pelo programa.
Porém, a série não esconde o fato que, mesmo indiretamente, o governo americano
teve em parte um papel de culpa com relação à entrada de drogas em seu próprio país.
Sendo que, eles ainda se preocupavam muito mais com comunistas que nem sequer
na época já não mais existiam, do que a guerra narcotráfico que estava
explodindo.
Apesar de alguns pontos os
criadores tentarem tapar o sol com a peneira, Narcos é uma série corajosa sobre
o submundo das drogas, mas ainda longe de ser revolucionária assim como foi Breaking
Bad.
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