Sinopse: Uma cantora
lírica (Simone Spoladore) viaja a São Paulo a convite de um agente (Lourenço
Mutarelli), que a recepciona para um jantar ao lado da esposa (Betty Gofman). A
cantora e o homem deixam o apartamento e vão para um quarto de hotel, onde o
agente faz uma proposta insólita: que permaneçam ali para sempre, fumando e
lendo o futuro a partir das imagens presentes no verso dos maços de cigarros.
Descobri o universo de
Lourenço Mutarelli através de um dos melhores filmes brasileiros dos últimos anos
que é ‘O Cheiro do Ralo’, uma adaptação para o cinema de seu primeiro livro.
Vale lembrar que o autor participa do filme interpretando um segurança, que
embora sua caracterização seja muito diferente se comparado ao segurança do
livro, sua interpretação foi até boa, mesmo tendo nunca atuado na vida. Dessa vez, o assunto ficou mais sério e Mutarelli é o próprio protagonista de ‘Natimorto’, adaptação de seu
segundo livro (o autor ainda tem uma carreira como quadrinhista que antecede os
livros como o incrível Diomedes).
O criador se encontra com a
sua criatura no mesmo corpo, o que acaba nos confundindo nessa história que
vale pelo esquisito e incomodo que é bem salto a vista neste seu trabalho. O
mais interessante é acompanhar o próprio quadrinhista/escrito/ator explorando
as mais diversas formas de se contar uma história que é vinda de sua própria
cabeça. Seja atuando, escrevendo ou desenhando.
Se eu dissesse que eu gostei
muito desse filme, estaria meio que forçando a barra, mesmo sendo um fã do
escritor. O problema que Lourenço Mutarelli não é ainda um ator experiente e
isso fica bem evidente quando é colocado
como protagonista do filme. Acho que por enquanto ele somente funciona como coadjuvante,
assim como em Cheiro no Ralo.
De qualquer forma, a direção, o cenário (boa
parte do filme se passa num quarto) e os diálogos são bem construídos, Destaco
o incrível desempenho de Betty Gofman (Viva Voz), onde ela sempre rouba a cena
quando surge, ao interpretar uma louca e ciumenta mulher do personagem de
Mutarelli. Não fica muito atrás o desempenho de Simone Spoladore, que havia
conhecido em Elvis e Madona e mais recentemente em A Memoria que nos contam.
Aqui ela rouba a cena nos momentos que contracena Mutarelli e provando o porquê
dela ser uma das mais belas promessas do nosso cinema atual.
O questionamento que a trama
passa sobre o medo de enfrentar o mundo lá fora e derrotar os demônios interiores
que se esconde dentro de nós ao longo da vida, são os ingredientes que fazem
desse filme ser imperdível. Mesmo não sendo o melhor momento do universo de Lourenço
Mutarelli no cinema.
Um pouco mais sobre Lourenço Mutarelli
Livros:
O Cheiro do Ralo (Devir Editora /
Companhia das Letras)
O Natimorto (DBA / Companhia das
Letras)
Jesus Kid (Devir Editora) (2004)
A Arte de Produzir Efeito Sem Causa
(Companhia das Letras)
Miguel e os Demônios (Companhia das
Letras) (2009)
Nada me Faltará (Companhia das Letras)
(2010)
Quadrinhos e Livros
ilustrados
Manaus - Cidades Ilustradas (2013)
Quando Meu Pai se Encontrou com o ET
Fazia um Dia Quente (2011)
Diomedes (trilogia do detetive lançada
pelo Quadrinhos na Cia)
A Caixa de Areia ou Eu Era Dois em Meu
Quintal
Transubstanciação (1991)
Sequelas
A Confluência da Forquilha (1997)
Mundo Pet
Eu te amo Lucimar (1994)
O Dobro de Cinco
O Rei do Ponto
A Soma de Tudo 1
A Soma de Tudo 2
Desgraçados (1993)
OverDoze
Impublicáveis
Resignação (publicado em Brazilian
Heavy Metal)
Solúvel
O Nada (publicado na revista Lúcifer
nº01)
O Astronauta ou Livre
Associação de um Homem no Espaço (2010).
2 comentários:
Ótima dica de filme nacional....
eu não sabia q o Mutarelli tinha atuado nesse, e como eu sou fã do universo bizarro do artista, certamente verei esse tbm!!
Abs!
Assisti semana passada e recomendo bastante Leo.
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