Sinopse: Baseado no livro de
mesmo nome August: Osage County conta a história de três irmãs que são
obrigadas a voltar para casa e cuidar da mãe viciada em drogas (Meryl Streep)
depois que o pai alcoólatra as abandona. O encontro provoca diversos conflitos
e revela segredos do passado de cada um.
Os filhos são castigados
pelos pecados dos pais?
Essa era a pergunta que me
soava na cabeça após a sessão de Álbum de Família, que é o tipo de filme que provoca
inúmeras emoções na pessoa que assiste e não tem como não se identificar com a
situação de cada um dos personagens. Dizem que não se fazem mais famílias como
antigamente, mas acredito que os problemas corriqueiros da família
contemporânea não são muito diferentes dos problemas de outras famílias de
décadas atrás, que por vezes eram bem piores. Tudo depende da criação de cada
pessoa, que por sua vez, essa pessoa irá criar a sua família, de acordo da
forma que ela foi criada.
Dirigido por John Wells (Não
estou lá), o roteiro do filme foi criado por Tracy Letts, responsável também
pela criação da peça em que o filme se baseou o que faz com em alguns momentos a
gente consiga sentir o lado teatral da historia. Mas diferente de filmes
recentes como o Deus da Carnificina, a trama se desloca fora do cenário principal,
mas a meu ver a trama funcionaria muito bem num único local. O cenário pouco
importa, mas sim os seus personagens estupendos, interpretados por cada um
deles por astros no ápice de suas interpretações.
Após o sumiço do marido
Beverly (Sam Shepard), Violet (Streep) recorre ajuda as filhas (Roberts,
Nicholson e Juliette Lewis), da irmã (Martindale) e do cunhado (Chris Cooper).
Viciada em remédios e com um câncer na boca, a matriarca passa anos de luz de
ser uma pessoa amável com suas filhas, atacando verbalmente sem dó elas, principalmente
Barbara, vivida por Roberts. A filha se mudou da cidade há vários anos e passou
um bom tempo sem visitar os pais. Agora, ela volta para casa na companhia do
ex-marido (McGregor) e da filha (Abigail Breslin).
Não é segredo para ninguém que
em meio a esse grande elenco, quem rouba a cena novamente é Meryl Streep: dona
de uma presença magnética, a atriz surge em cena com a sua personagem, nos
primeiros minutos de projeção e já da uma dica do que irá acontecer no decorrer
do filme. Envelhecida, esfarrapada, enfraquecida, mas com uma língua afiada,
capaz de destroçar o coração mais duro á sua frente, Streep transmite com a sua
personagem para o cinéfilo, todas as cicatrizes verbais, emocionais e físicas que
ela passou ao longo da vida e mesmo ela magoando a todos em sua volta, nos
compreendemos dela ser assim e ter chegado aonde chegou. Dificilmente a atriz
não deixara de receber a sua décima oitava indicação ao Oscar.
Com um elenco de
quilate, formado tanto por nomes conhecidos como, Julia Roberts, Ewan McGregor, Chris
Cooper, Juliette Lewis, Benedict Cumberbatch, como também nomes menos conhecidos
(mas talentosos) como Julianne Nicholson, Margo Martindale e Misty Upham, todos
eles tem o seu tempo de participação em destaque no filme, principalmente
Cumbergatch, que embora sua participação seja pequena, não deixa de ser tocante,
principalmente numa cena onde ele toca um piano. Como os problemas familiares
são o foco principal da trama, todos protagonistas se reúnem numa cena chave
que é do jantar, em que cada um, principalmente a personagem de Streep, deixa a
mascara cair e revelar a verdadeira face dessa família. Essa cena é disparada o
melhor momento, onde cada um fica com os nervos a flor da pele e Julia Robert
apresenta aqui o melhor desempenho de sua carreira, sendo algo que não se via
desde Closet: Perto Demais.
Com uma trama que envolve alcoolismo,
suicídio, câncer, dependência química, adultério, pedofilia, divórcio e incesto,
Álbum de Família possui uma alta dose de humor negro, dramático e emocional, capaz
de fazer com que cada um que saia da sessão, acabe caindo numa verdadeira dose
de reflexão interna e espiritual.
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