Sinopse: Em Roma durante o verão o escritor Jap Gambardella (Toni
Servillo) reflete sobre sua vida. Ele tem 65 anos de idade e desde o grande
sucesso do romance O Aparelho Humano escrito décadas atrás ele não concluiu
nenhum outro livro. Desde então a vida de Jep se passa entre as festas da alta
sociedade os luxos e privilégios de sua fama. Quando se lembra de um amor
inocente da sua juventude Jep cria forças para mudar sua vida e talvez voltar a
escrever.
Dono de uma visão
incomum na forma de filmar, Paolo Sorrentino havia surpreendido a critica
internacional ao arrancar um ótimo desempenho de Sean Penn no filme Aqui é o
Meu Lugar e agora chega aos cinemas brasileiros com o seu surpreende A Grande
Beleza, cujo protagonista vive em conflitos internos e com relação ao mundo que
vive. Aqui existe uma critica feroz (atenção na cena da conversa entre amigos),
com relação à alta sociedade da Itália, mais precisamente de Roma, que por mais
que vivam no luxo e festas, não escondem o fato de não saberem qual é o seu
lugar naquele mundo cheio de luzes e cores. Tudo isso, através de um olhar
amadurecido do protagonista, que se vê cansado de tudo, mas buscando algum
sentido entre amigos e nas ruas da capital italiana.
Jep Gambardella,
interpretado pelo ótimo ator Toni Servillo (visto recentemente A Bela que Dorme)
fica perambulando e se fascinando pela sua cidade. Vale destacar, que isso é
muito bem representado nos maravilhosos primeiros dez minutos de projeção, onde
o diretor avança de um lado para o outro com a câmera, capturando o mais de
essencial da cidade e fazendo um resgate da Roma de ontem e hoje. Em meio a
isso, testemunhamos o protagonista dançando em meio a inúmeras pessoas
(aparentemente) felizes e desfrutando do melhor que as suas vidas podem lhe
oferecer consigo próprias.
Em meio a um circulo
de pessoas da alta, vemos diálogos maravilhosos, que ao mesmo tempo são tapa na
cara para alguns personagens, que se desconstroem com palavras duras, mas
verdadeiras. Jep é um que não possui papas na língua, sendo que ele não suporta o fato de ver seus conterrâneos com a faca e o queijo nas mãos, mas ficam dizendo
que sempre se sacrificaram na vida, quando na realidade nunca sentiram na pele o
verdadeiro significado da palavra. Essa alienação é ainda bem mais sentida no
momento que essa classe da alta mergulha num universo cheio de festas, bebida, drogas
e sexo, sendo que eles experimentam esses ingredientes noite após noite, talvez
por acreditarem que faça eles realmente se sentirem-se vivos.
Jep, por mais que queira, não se sente acomodado nesse universo que vive, que por vezes se refugia ao
passado, se lembrando tanto do seu primeiro amor, como também indo á lugares
que o faça se lembrar da grande beleza que foi aquela visão de quando jovem. Ao
mesmo tempo ele começa a experimentar algum sentido disso tudo, no momento que
começa a dialogar e a observar personagens super interessantes, desde as
confissões de um padre quase papa, como também as girafas que somem, que são sequências de grande conteúdo e beleza. Tudo isso moldado por momentos que lembram o
melhor da filmografia de Federico Fellini (principalmente A Doce Vida), mas Sorrentino
sempre deixou claro que jamais buscou inspiração através da obra desse grande
diretor.
Embora seja um tanto
que longo em alguns momentos, A Grande Beleza nos encanta pelo seu incrível visual
fantástico e por nos apresentar uma fábula adulta contemporânea que nos remete
ao passado glamoroso do cinema Italiano, mas que sobrevive ainda aos dias de
hoje com estilo.
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