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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Cine Dica: "São Paulo em Hi-Fi" estreia no CineBancários

O CineBancários estreia o premiado documentário “São Paulo em Hi-Fi, com roteiro, produção e direção de Lufe Stefen, no dia 11 de agosto. O longa-metragem será exibido nas sessões das 15h e 19h, dividindo a sala de cinema com “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, que ficará no horário das 17h.
Os ingressos podem ser adquiridos no local a R$10,00. Estudantes, idosos, pessoas com deficiência, bancários sindicalizados e jornalistas sindicalizados pagam R$5,00. Aceitamos os cartões Vale Cultura do Banrisul, Banricompras, Visa e Mastercard.

SÃO PAULO EM HI-FI

    Documentário histórico que resgata a era de ouro da noite gay paulistana, fazendo uma viagem pelas décadas de 1960, 70 e 80 – a bordo das lembranças de testemunhas do período, trazendo à tona as casas noturnas que marcaram época, as estrelas, as transformistas, os heróis, e até os vilões: a ditadura militar e a explosão da AIDS.

    Ao longo das gravações, registradas em junho de 2013, a equipe entrevistou cerca de vinte pessoas, que revelaram suas memórias e experiências. O escritor João Silvério Trevisan, o jornalista Celso Curi – autor da pioneira “Coluna do Meio”, primeira coluna gay do jornalismo brasileiro, em 1976 –, o historiador norteamericano James Green e os jornalistas Leão Lobo e Mário Mendes, entre outros, dão seus depoimentos no filme.

    A empresária Elisa Mascaro é outro destaque. Ao lado do marido, Fernando Simões, ela foi proprietária de três casas noturnas que marcaram o cenário gay da cidade: o K-7, o Medieval e a Corintho.

    A transformista Miss Biá, que começou a carreira em 1960, a transexual Gretta Starr e a drag queen Kaká di Polly também comparecem com histórias pitorescas, emocionantes e inesquecíveis.

    Ao longo das entrevistas, diversas casas noturnas e bares foram relembrados, como a boate Homo Sapiens (a famosa “HS”, onde hoje funciona a boate gay Bailão), a danceteria Off, o “inferninho” Val Improviso e os bares lésbicos Ferro’s Bar, Moustache e Feitiço’s. Além, naturalmente, da boate Nostro Mondo, inaugurada em 1971 e que durou 42 anos.

    “São Paulo em Hi-Fi” foi exibido pela 1ª vez em novembro de 2013 no Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual, em São Paulo. No fim de 2014, o projeto foi premiado pelo programa “Fomento ao Cinema Paulista” do ProAC – Governo do Estado de São Paulo, e recebeu apoio da Sabesp para ser finalizado. Assim, o filme ganhou nova mixagem de cor, de som, trilha sonora original, nova direção de arte e repaginação geral. Transformou-se num novo filme, a versão definitiva da obra – e é essa versão que finalmente estreia nos cinemas, em maio de 2016, pela 1ª vez em circuito.

    O filme ganhou prêmios em festivais nacionais e e internacionais, como o melhor documentário eleito pelo público no 18º Festival de Cinema Queer Lisboa, em Portugal, e o Troféu Ida Feldman no 21º Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual. O filme também foi exibido em festivais importantes como a 4ª edição do Close (Festival da Diversidade Sexual de Porto Alegre), o 6º In-Edit Brasil (Festival Internacional do Documentário Musical, em São Paulo) e o 28º Mix Milano Festival, em Milão na Itália.



LUFE STEFEN

    Lufe Steffen é cineasta, roteirista, escritor e jornalista. “São Paulo em Hi-Fi” é o segundo longa-metragem dirigido por ele. O primeiro é “A Volta da Pauliceia Desvairada”, também documentário, rodado em 2012, focalizando a noite gay de São Paulo nos dias atuais.

    Em 2016, lançou seu segundo livro: “O Cinema que Ousa Dizer Seu Nome” ( Editora Giostri ), coletânea de entrevistas com 24 cineastas brasileiros cujos filmes abordam o universo LGBT – entre eles, o autor entrevistou a si próprio.

    Em 2008, ele havia lançado o livro “Tragam os Cavalos Dançantes”, pela Dynamite Produções. A obra é um livro-reportagem sobre os dez anos de existência da festa Grind, sediada na casa noturna paulistana A Lôca.

    Como jornalista, atuou como repórter, redator e fotógrafo para veículos LGBT (site Mix Brasil, revista G Magazine, revista e site A Capa) e de cultura geral (sites Virgula e iG), além de apresentar programas de TV via internet, como “Boa Noite Bee” (2008), “Direto da Redação” (2011) e “Tricotando Lurex” (2014).



PRÊMIOS

Prêmio do Público: Melhor Documentário – 18º Queer Lisboa / Lisboa, Portugal

3º Prêmio Papo Mix da Diversidade – Categoria Cultura LGBT

Prêmio Câmara Municipal de São Paulo – Dia Municipal de Combate à Homofobia

Troféu Ida Feldman – 21º Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual



FESTIVAIS

21º Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual / São Paulo, SP / Rio de Janeiro,

RJ / 2013

4º Close – Festival da Diversidade Sexual / Porto Alegre, RS / 2013

6º In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical / São Paulo,

SP / 2014

3ª Sansex – Mostra de Cinema da Diversidade / Santos, SP / 2014

28º Mix Milano Festival / Milão, Itália / 2014

4º Rio Festival Gay de Cinema / Rio de Jneiro, RJ / 2014

18º Queer Lisboa / Lisboa, Portugal / 2014

7ª Mostra Possíveis Sexualidades / Salvador, BA / 2014

4ª Mostra Interiores de Cinema da Diversidade Sexual / Rio Preto, SP / 2014

2º Recifest / Recife, PE / 2014

14º For Rainbow / Fortaleza, CE / 2014


FICHA TÉCNICA

SÃO PAULO EM HI-FI

Brasil / Cor / Documentário / 2016 / 101 minutos

Roteiro, produção e direção: Lufe Steffen

Produção executiva: Taís Nardi

Direção de produção: Edu Lima

Direção de fotografia e câmera: Thaisa Oliveira

Som direto: Tomás Franco e Guilherme Assis

Montagem: José Motta e Lufe Steffen

Pordução: Cigano Filmes



GRADE DE HORÁRIOS

2 de agosto (terça-feira)

15h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert



3 de agosto (quarta-feira)

15h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert



4 de agosto (quinta-feira)

15h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert



5 de agosto (sexta-feira)

15h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert



6 de agosto (sábado)

15h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert



7 de agosto (domingo)

15h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert



9 de agosto (terça-feira)

15h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert



10 de agosto (quarta-feira)

15h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert



11 de agosto (quinta-feira)

15h – São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Stefen

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Stefen



12 de agosto (sexta-feira)

15h – São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Stefen

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Stefen



13 de agosto (sábado)

15h – São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Stefen

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Stefen



14 de agosto (domingo)

15h – São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Stefen

17h – Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert

19h – São Paulo em Hi-Fi, de Lufe Stefen

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: CHOCOLATE



Sinopse: Chocolate, de Roschdy Zem, apresenta a história do primeiro artista negro de circo na França, o ex-escravo Rafael Padilla (Omar Sy, de Intocáveis). Estamos na virada do século 19 para o 20, a chamada Belle Époque.

A trama se inicia em um pequeno circo da França, onde vemos o protagonista Rafael (Omar Sy) inicialmente assustando os espectadores ao interpretar um canibal em um número, para  logo depois os conquistar com humor e charme. Com ajuda de Footit (uma impressionante interpretação de James Thierrée, neto de Charlie Chaplin), um palhaço branco em quase decadência, mas que com talento em abundancia, ambos iniciam uma dupla de palhaços de circo. O sucesso é instantâneo e fazendo com que eles chegassem a fazer inúmeros shows em Paris.
O filme de Roschdy Zem trabalha bem a cinebiografia de Rafael Padilla, tocando em temas como ascensão social, inovação, artistas de circo, artistas franceses e principalmente a questão racial. O fato de Rafael ser o primeiro artista negro da França traz questões delicadas sobre racismo que o diretor não se esquiva, mas também não procura vitimizar o protagonista, expondo suas ações e promovendo análises profundas. 
Há observações nada sutis sobre o racismo, onde vemos o quão o ser humano pouco evoluiu ao longo desses cem anos desde que surgiu essa dupla de palhaços. Chocolate é sim um filme sobre o horror que é o preconceito, onde vemos até mesmo brancos tratando negros como se fossem animais de zoológico e gerando um verdadeiro contraste se comparado ao protagonista que conseguiu uma luz ao sol. Respeitado por toda Paris, Rafael começa a usufruir do sucesso que adquiriu, desde a comprar carros de luxo, como namorar uma moça branca (Clotilde Hesme).
Não demora muito para os racistas de Paris surgirem em peso e transformarem a vida de Rafael num inferno. É interessante observar que, estávamos falando de Paris, uma cidade multicultural e moderna, mesmo para época, mas que pelo visto vivia com a imagem de tolerantes somente nas aparências. O ápice do preconceito é visto numa exposição com nativos africanos, onde vemos então Rafael ser questionado por um nativo que está do outro lado da cerca, mas com palavras das quais ele não compreendia, mesmo sendo pertencente da mesma raça.
Isso coloca o protagonista em um dilema: qual seria o seu lugar numa sociedade que o usa para entretimento, mas que ao mesmo tempo lhe trata como um animal? Uma cidade com oportunidades, mas que não aceita pessoas unicamente por ter uma cor de pele diferente.
Apesar de um ato final questionável em seu discurso, o roteiro de Chocolate é magnífico. Uma bela homenagem a um grande artista, expondo-o de maneira honesta e celebrando, acima de tudo, a arte de fazer humor, mesmo com todas as adversidades criadas por uma sociedade inconsequente.



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Cine Dica: Mostra Claire Denis - Sala Redenção - agosto

Sala Redenção – Cinema Universitário, em parceria com Aliança Francesa de Porto Alegre, Cinemateca da Embaixada da França e Institut Français, apresenta Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis. Cineasta e roteirista francesa, Claire Denis estudou economia antes da formação em cinema pelo Instituto de Altos Estudos Cinematográficos, a atual Fémis, École Nationale Supérieure des Métiers de L'image et du Son. Trabalhou como assistente de direção para Robert Enrico, Jacques Rivette, Costa-Gavras e Jim Jarmusch. Conta quase sempre com a mesma equipe de colaboradores, como o roteirista Jean-Pôl Fargeau, a diretora de fotografia Agnès Godard, a montadora Nelly Quettier e o compositor Stuart Staples. Filha de um oficial francês, cresceu em Camarão, na África, fato que marca sua filmografia, como em seu primeiro filme Chocolat (1988), inspirado em sua infância. Os temas centrais de sua obra giram em torno do desejo, do amor, e da violência que os cercam. As narrativas de Denis orbitam também em torno do estranho, da sexualidade, da subjetividade das relações, e aborda os conflitos raciais, a identidade e os fluxos migratórios. O cinema de Denis é bastante sensorial, exigindo do espectador uma experiência quase táctil com os espaços, ambientes e com os personagens. O olhar da cineasta percorre os extremos, explorando ao mesmo tempo a delicadeza e a crueldade, a leveza e o peso, o distanciamento e a proximidade, resultados de uma mise en scène atenta e precisa no que diz respeito ao enquadramento, ao movimento de câmera, à composição do quadro. Os corpos nos filmes de Claire Denis são objetos de desejo, de tensão, mas também de delicadeza e dança. Eles surgem diante do espectador com toda a sua beleza, ao mesmo tempo revelando sua brutalidade, suas feridas, marcas e cicatrizes, causando sensação de estranhamento. A indiferença do espectador diante das imagens de Claire Denis é algo impossível: seu cinema é visceral, como as vísceras presentes em suas narrativas. Desejo e obsessão (2001) e Bom Trabalho (1993) são filmes que exploram os limites do corpo selvagem e delicado, um corpo que dança e que é constituído (ou construído) também de memória e de poesia bruta. Outra questão central na obra da cineasta é a da identidade. Ao abordar o fluxo migratório, os deslocamentos constantes entre países, Claire Denis traz para o centro da cena aqueles que estão à margem, que não pertencem mais a um local, a um território geográfico, mas a dois, a vários ou, em última instância, a nenhum. Personagens que caminham em busca de um novo lugar no mundo, de uma identidade sem território específico, pois já não é mais possível ser da África, da Lituânia e muito menos tornar-se da Europa. Dane-se à morte (1990), Noites sem dormir (1993), 35 doses de rum (2008) e O intruso (2004) são filmes que exploram mais de perto essas questões, mesmo que não abandonem as temáticas já citadas. Uma curiosidade: seu avô era brasileiro, nascido em Belém.
Tânia Cardoso de Cardoso
Coordenadora e curadora da Sala Redenção- Cinema Universitário
Realização:
  
 Parceria:
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O Quê: Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis
Quando: 01 a 19 de agosto
Onde: Sala Redenção – Cinema Universitário (Rua Eng. Luiz Englert, s/n., Campus Central UFRGS
Quanto: Entrada Franca
Coordenação e curadoria da Sala Redenção – Cinema Universitário: Tânia Cardoso de Cardoso
Departamento de Difusão Cultural da UFRGS
Fone (51) 3308-3933

 Dane-se a Morte (S’en Fout La Mort, França, 1990, 91min) Dir. Claire Denis

01 de agosto- segunda-feira - 16h
08 de agosto- segunda-feira - 19h
09 de agosto- terça-feira - 16h
16 de agosto- terça-feira – 19h
19 de agosto- sexta-feira – 16h

A vida de dois irmãos imigrantes do oeste da África no subúrbio de Paris. Confinados, eles preparam os animais para a briga de galo no subsolo do restaurante onde trabalham.

Após a sessão do dia 08 de agosto, segunda-feira, às 19h, debate com Carla Oliveira, médica e integrante do grupo de pesquisa Academia das Musas.

Noites sem Dormir (J’ai pas Sommeil, França, 1993, 110min) Dir. Claire Denis
01 de agosto- segunda-feira – 19h
02 de agosto- terça-feira – 16h
09 de agosto- terça-feira – 19h
10 de agosto- quarta-feira – 16h
17 de agosto- quarta-feira – 16h

É madrugada quando Daïga parte da Lituânia em direção a Paris ao volante de seu velho carro, tendo como bagagem apenas um pouco de dinheiro, dois números de telefone e muitos cigarros, em direção a Paris.

Bom Trabalho (Beau Travail, França, 1999, 93min) Dir. Claire Denis
02 de agosto- terça-feira – 19h
03 de agosto- quarta-feira – 16h
10 de agosto- quarta-feira – 19h
11 de agosto- quinta-feira – 16h
18 de agosto- quinta-feira – 19h

O filme é um passeio coreográfico pelo campo de treinamento da Legião Francesa, no nordeste da costa africana. As imagens mostram o universo repressor e os conflituosos sentimentos de um sargento.

Desejo e Obsessão (Trouble Every Day, França, 2001, 101min) Dir. Claire Denis
3 de agosto- quarta-feira – 19h
4 de agosto- quinta-feira – 16h
11 de agosto- quinta-feira – 19h
12 de agosto- sexta-feira – 16h
18 de agosto- quinta-feira – 16h
 
Shane e June são um perfeito casal americano em lua de mel em Paris na tentativa de reconstruir uma vida nova. Secretamente, Shane começa a frequentar uma clínica médica que trata da libido humana e deixa-se levar por perigosos impulsos sexuais.
O Intruso (L’Intrus, França, 2004, 119min) Dir. Claire Denis
4 de agosto- quinta-feira – 19h
5 de agosto- sexta-feira – 16h
12 de agosto- sexta-feira – 19h
15 de agosto- segunta-feira – 16h
17 de agosto- quarta-feira – 19h

Louis Trebor vive recluso nas alturas das montanhas jurassianas com seus dois cachorros. Ele e natureza parecem formar um só ente, e as suas relações com os homens são cada vez mais difíceis, especialmente com o filho, Sidney.

35 Doses de Rum (35 Rhums, Alemanha/França, 2008, 100min) Dir. Claire Denis
5 de agosto- sexta-feira – 19h
8 de agosto- segunda-feira – 16h
15 de agosto- segunda-feira – 19h
16 de agosto- terça-feira – 16h
19 de agosto- sexta-feira – 19h

O viúvo Lionel é condutor de trens e vive num complexo habitacional com sua filha Josephine, que criou sozinho e é muito próxima dele. Um taxista flerta com Josephine e eles passam a sair juntos, enquanto Lionel se aproxima de uma mulher de meia-idade.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: FOME


Sinopse: Em São Paulo, um morador de rua (Jean-Claude Bernardet), que no passado foi professor universitário, anda pelas ruas sem rumo. Ele busca água, comida e um pouco de conversa. Nessas suas caminhadas, o morador conhece uma pesquisadora, que fica fascinada com sua história de vida.


Em certa ocasião durante a sua carreira, Betty Davis (A Malvada), disse que o cinema em cores matou os filmes. Embora a opinião dela possa parecer um tanto que precipitada, é bom salientar que o cinema em preto e branco sempre teve a proeza de revelar um mundo com muito mais detalhes e beleza, algo que não se vê muito no colorido, nem mesmo em sua época mais dourada (o tecnicolor). Em Fome, o preto e branco não está ali para somente representar uma vida sem cores do protagonista, mas também revelar um novo olhar da cidade de São Paulo, cuja sua beleza não esconde sua frieza sedutora entre arranha céus e ruas.
Dirigido por Cristiano Burlan (Mataram o meu Irmão) acompanhamos o dia a dia de um morador de rua (interpretado pelo escritor e crítico de cinema Jean-Claude Bernardet) que perambula pelas ruas de São Paulo. Durante sua cruzada pela sobrevivência, o protagonista dá de encontro com alguns personagens curiosos, do qual revelam inúmeras facetas diferentes da cidade. Ao mesmo tempo, o filme explora a fundo, tanto a realidade dessas pessoas, como também de outras e de como elas enxergam essas primeiras.
Com um orçamento de pouco mais de dez mil reais, e rodado em apenas seis dias, o filme já abre de uma forma engenhosa, onde protagonista lava as mãos num lago de uma determinada praça, mas ao mesmo tempo para por um momento para observar a cidade. É nesse momento que a câmera de Burlan dá um giro de 360º graus e fazendo a gente ficar maravilhado com a riqueza dos detalhes. Seja na noite ou no dia, a fotografia do filme é uma espécie de filtro e revelando o que nós não enxergamos.
Além disso, Burlan ainda tem a proeza de acompanhar o protagonista em inúmeros planos seqüências e fazendo da sua câmera (ou nós) uma espécie de acompanhante do personagem e testemunhar sobre o que acontecerá com ele em seguida. Isso se cria até momentos de tensão, já que o protagonista vai com o seu carrinho em frente e sem rodeio, como se nada lhe preocupasse, nem com relação aqueles que o enxergam com um olhar preconceituoso ou opressor. Aliás, esses últimos surgem representados por pessoas das quais se dizem solidárias, quando na realidade são pessoas hipócritas, sendo que o próprio protagonista escancara a verdadeira face deles numa cena chave.
Assim como acontece em inúmeros filmes brasileiros recentes (como Castanha), Fome oscila entre realidade e ficção e fazendo uma fusão dos dois gêneros e criando então uma experiência prazerosa com relação ao lado mais cru visto na tela. Por um momento, o protagonista é deixado de lado, para então acompanharmos uma pesquisadora fictícia (Ana Carolina Marinho) de uma universidade, que entrevista alguns moradores de rua reais para um trabalho a ser apresentado. Curiosamente, os depoimentos dos verdadeiros moradores de rua acabam sendo tão bons e emocionantes, que quando a jovem entrevista finalmente o protagonista, acaba então se revelando o momento mais artificial do filme.
Porém, se Jean-Claude Bernardet falha por um momento nesse cruzamento entre o seu personagem morador de rua fictício com os verdadeiros, ele consegue então uma redenção quando dá de encontro com um personagem que se diz ter sido o seu aluno de cinema no passado. Durante o diálogo, se percebe que Bernardet está à vontade falando dele mesmo, cujo passado do personagem oscila entre verdades e ficção de sua própria pessoa e faz com que não aja uma separação entre personagem e interprete. É nesse momento que criador e criatura se tornam então um só e fazendo do tropeço anterior se tornar meio que irrelevante.
Com pouco mais de uma hora de duração, Fome é um estudo sobre a sociedade contemporânea de hoje, do qual tratam moradores de rua como seres invisíveis, quando na realidade eles estão bem ali e cada um com a sua própria história para contar.   




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