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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Caminhos Cruzados'

Sinopse: Lia, uma professora aposentada da Geórgia, fica sabendo que sua sobrinha transgênero desaparecida cruzou a fronteira e foi para a Turquia. Em busca da moça, Lia viaja para Istambul e explora as profundezas ocultas da cidade. 

Até então eu não tinha certo conhecimento sobre o cineasta sueco Levan Akin. Porém, basta assistir aos primeiros minutos do seu "Caminhos Cruzados" (2024) para constatarmos sua predileção em contar a trama através do olhar da sua câmera. Nota-se, por exemplo, um giro de 360ª graus no primeiro cenário para termos uma noção das motivações que levam um dos protagonistas em querer obter uma nova vida, mesmo correndo o risco de esquecer da vida antiga e das pessoas dentro dela.

Na trama, conhecemos Lia (Mzia Arabuli), uma professora aposentada e moradora de Georgia que, após decidir procurar a sua sobrinha, Tekla, uma mulher trans, Lia recebe a informação do jovem Achi (Lucas Kankava), seu vizinho, que Tekla cruzou a fronteira e está morando na Turquia. Com a intenção de procurar a sobrinha e trazê-la de volta para casa, Lia junta-se a Achi e ambos viajam para Istambul, onde lá se cruzam com a advogada trans Evrim (Deniz Dumanli), que oferece ajuda na busca.

Inspirado em relatos que ouviu no decorrer das filmagens do seu filme anterior,  Levan Akin procura fazer uma análise delicada das motivações que levam as pessoas a saírem de seu país de origem e embarcarem em um novo território. Se por um lado há sempre a questão de as pessoas fugirem dos conflitos políticos, aqui a questão é mais profunda com relação a não aceitação do seu próximo. Tekla foge para a Turquia em busca de liberdade para ser o que ela é, nem que para isso desapareça aos olhos daqueles que buscam pelo seu paradeiro.

Lia, por sua vez, é uma personagem complexa em cena, já que decide rever a sua sobrinha, mas não escondendo o contragosto dessa cruzada, pois ainda não sabe ao certo o que sente com relação a essa história. Já Achi é alguém perdido na vida, mas que vê nas ruas da Turquia uma oportunidade de começar do zero, mesmo tendo que ainda depender de Lia por alguns momentos. Ambos os casos se complementam ao revelarem um para o outro as suas reais personalidades perante os dilemas do mundo.

Mas se na Turquia eles agem como estranhos no ninho, a personagem Evrim sabe muito bem onde está pisando. Com o sonho de ser muito além do que é, a personagem caminha pelas ruas de uma Istambul até acolhedora em certo ponto, mas não escondendo em determinados becos algum perigo, seja vindo da violência ou do próprio preconceito. É através do seu olhar, por exemplo, que sabemos que ela já é uma veterana em saber como se defender, sendo fisicamente ou verbalmente e muito se deve ao ótimo desempenho da atriz Deniz Dumanli.

Ao constatamos que os personagens vistos na tela são pessoas em busca de suas redenções particulares, mas que ao mesmo tempo fogem de algo além do que os seus sentimentos tenham a dizer. Ao final, Levan Akin consegue extrair ao máximo os desejos e as frustrações dos personagens em uma sequência que nós mesmos tiramos as nossas próprias conclusões sobre os destinos deles. Pode soar algo similar ao que foi visto no coreano "Parasita" (2019), mas tendo um fio maior de esperança.

"Caminhos Cruzados" é sobre a busca pelo seu próximo, mas ao mesmo tempo uma cruzada para se encontrar em mundo menos altruísta e mais desumano. 

Onde Assistir: Amazon Prime Video, Apple Tv e Youtube. 

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 3 a 9 de outubro de 2024

 SEGUNDA SEMANA DA MOSTRA O MUNDO PROIBIDO DA TCHECOSLOVÁQUIA

A segunda semana da mostra O Mundo Proibido da Tchecoslováquia apresenta obras cultuadas dos diretores Karel Kachyňa, Juraj Herz, Elmar Klos e Ján Kadár que permaneceram banidas durante duas décadas no país. Na sexta-feira, 4 de outubro, às 19h30, uma edição especial do Projeto Raros exibe Pássaros, Órfãos e Tolos, distopia delirante dirigida por Juraj Jakubisko, o mais radical dos realizadores eslovacos. Entrada franca.


Mais informações:  https://www.capitolio.org.br/novidades/7666/o-mundo-proibido-da-tchecoslovaquia/


ANIMAÇÃO BRASILEIRA NA SESSÃO VAGALUME

Nos dias 05 e 06 de outubro, às 15h, a Sessão Vagalume apresenta na Cinemateca Capitólio Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca, animação em stop motion brasileira lançada em 2023 e premiada internacionalmente. O valor do ingresso é R$ 4,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7727/sessao-vagalume-teca-e-tuti-uma-noite-na-biblioteca/


ESTREIAS SUL-AMERICANAS

A partir de quinta-feira, 3 de outubro, a Cinemateca Capitólio exibe duas produções sul-americanas: Prisão nos Andes, do chileno Felipe Carmona, e O Auge do Humano 3, do argentino Eduardo Williams. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações:

https://www.capitolio.org.br/eventos/7723/prisao-nos-andres/

https://www.capitolio.org.br/eventos/7721/o-auge-do-humano-3/


GRADE DE HORÁRIO

3 a 9 de outubro de 2024


3 de outubro (quinta-feira)

15h – Prisão nos Andes

17h – O Auge do Humano 3

19h30 – Afinidades Eletivas


4 de outubro (sexta-feira)

15h – Prisão nos Andes

17h – Nau dos Loucos ou Contos do Fim da Vida

19h30 – Projeto Raros: Pássaros, Órfãos e Tolos


5 de outubro (sábado)

15h – Sessão Vagalume: Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca

17h – Dama Branca

19h – Orelha


6 de outubro (domingo)

15h – Sessão Vagalume: Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca

17h – O Martelo das Bruxas

19h – O Cremador


8 de outubro (terça-feira)

15h – Prisão nos Andes

17h – O Auge do Humano 3

19h30 – Reformatório


9 de outubro (quarta-feira)

15h – Prisão nos Andes

17h – O Auge do Humano 3

19h30 – O Acusado

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'HERE'

Sinopse: Trabalhador da construção Civil entra de férias e decide voltar para a sua cidade natal. Durante o percurso cruza com velhos amigos e conhece novas pessoas que podem lhe mudar de rumo.    

Dois filmes com o mesmo tempo de projeção podem se diferenciar um do outro de acordo com o seu ritmo e do seu modo de ter sido filmado. Dependendo do diretor, há casos de o cinema ser mais contemplativo e fazendo com que determinada cena nos passes a sensação que o tempo acabe se deslocando e fazendo com que adentremos em um outro espaço e tempo. "Here" (2024) é um desses casos que a sua curta duração se difere dos filmes convencionais e fazendo para nós uma experiência incomum sobre o tempo que escorre ao nosso redor.

Dirigido por Bas Devos, de "Ghost Tropic" (2019), acompanhamos a história de Stefan (Stefan Gota), trabalhador da construção civil romeno que mora em Bruxelas e está prestes a voltar para casa. Durante sua despedida, ele prepara uma grande panela de sopa como presente para distribuir entre seus amigos e parentes. Durante o percurso ele conhece Shuxiu (Liyo Gong), uma estudante de doutorado belga-chinesa especializada em musgos que está realizando uma pesquisa na região.

Bas Devos procura nos apresentar um paradoxo entre a cidade grande sempre em movimento com a natureza que surgirá aos poucos. Nota-se, por exemplo, que ele se preocupa em focar uma cidade que nos transmite certa frieza através de suas grandes paredes de pedra e sem vida, mesmo quando há pessoas que vivem por lá, mas não sentimos nenhum calor. O que se difere quando adentramos ao verde em que os personagens centrais adentram e revelando um mosaico cheio de detalhes e fazendo com que o tempo pare, pois não há pressa neste cenário, mas sim somente contemplar o lado natural do mundo.

Para termos maior sensação sobre isso, o diretor usa um enquadramento menos horizontal, mais comum no cinema de antigamente. Essa opção reflete o seu desejo em querer que a nossa visão foque os detalhes que se seguem, desde a movimentação das arvores, como também determinadas passagens de um trem em movimento. O ápice disso se encontra em um restaurante onde o protagonista está sentado e onde vemos cada pingo da chuva cair atrás dele.

Curiosamente, essas passagens me lembraram da pintura "Falcões da Noite", criada em 1942 pelo pintor Edward Hopper. Para muitos críticos da arte, a pintura simbolizava o vazio que os cidadãos norte-americanos estavam vivendo naqueles tempos e fazendo com que, ao mesmo tempo, profetizasse o futuro de uma civilização cada vez mais individualista e com o futuro indefinido. Ao menos aqui ainda há um fio de esperança, principalmente quando nasce a relação entre Stefan e  Shuxiu.

Enquanto o primeiro começa a revisitar o seu passado através da natureza, por outro lado, Shuxiu parece procurar compreender aquele estranho com certo receio, mas da sua curiosidade surge uma forma para que ambos enxerguem o mundo por uma nova perspectiva. Quando achamos que ambos ficaram juntos, eis que o cineasta opta em testar a nossa observação através dos seus enquadramentos de cena e fazendo com essa possibilidade fique somente aberto até o final da trama. No final das contas, os pequenos gestos valem por muitos, principalmente quando temos a chance de desfrutamos de um mundo cada vez mais invisível, pois estamos cada vez nos afogando em uma civilização dominada por um sistema vicioso.

"Here" é sobre a tentativa de fuga do ser humano em tentar se deslocar para outros lugares e fazendo com que o tempo pare e se torne um mero detalhe. 



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Cine Dica: Nova Programação na Sala Redenção

Minimostra Infâncias que Olham o Mundo celebra o mês da criança no cinema da UFRGS

De 1 a 9 de outubro, a Sala Redenção, em parceria com a Aliança Francesa Porto Alegre e o Goethe-Institut de Porto Alegre, apresenta a Minimostra Infâncias que Olham o Mundo. Em celebração ao mês das crianças, a programação destaca o poder do imaginário infantil ao descobrir o mundo.

A mostra reúne três filmes que abordam a perspectiva infantil em diferentes culturas e épocas da história, oferecendo um olhar poético sobre a construção de sentido das experiências cotidianas quando vividas de maneira inédita e lúdica pelas crianças. “Zazie no Metrô” retrata uma jovem aventureira que explora Paris em meio ao caos de uma greve. “A bola de ouro” acompanha a jornada de um menino guineano em busca de seu sonho de ser jogador de futebol. “Sua beleza não vale nada” explora as dificuldades de um jovem imigrante em Viena, lidando com conflitos familiares e a barreira linguística enquanto descobre o primeiro amor.

A programação tem entrada franca e é aberta à comunidade em geral, e os filmes são legendados. O cinema da UFRGS está localizado no campus central da Universidade, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.

Confira a programação completa no site oficial clicando aqui. 

“Sobreviventes do Pampa” ganha sessão comentada no cinema da UFRGS

Em outubro, é celebrado o Dia da Natureza, levantando questões como a importância da preservação ambiental. Pensando nisso, a Sala Redenção e o BiMa-Lab (Laboratório de Evolução, Sistemática e Ecologia de Aves e Mamíferos) apresentam uma sessão especial do documentário “Sobreviventes do Pampa”, no dia 03 de outubro, quinta-feira, às 16h.

Produzido pela Atama Filmes em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, “Sobreviventes do Pampa” apresenta a rica biodiversidade do bioma pampa, ao mesmo tempo que expõe e condena a sua acelerada degradação. O longa-metragem percorre 13 municípios gaúchos, acompanhando diferentes comunidades que têm o pampa como lar. Entre perspectivas de pecuaristas familiares, assentados da reforma agrária, comunidades remanescentes de quilombolas e povos indígenas, a obra constrói um rico mosaico de identidades sociais, mostrando como suas experiências estão intimamente ligadas à urgência da conservação ambiental. Em sua estreia no 51º Festival de Cinema de Gramado, a produção levou o Kikito de Melhor Longa-metragem Gaúcho pelo Júri Popular.

A exibição de “Sobreviventes do Pampa” na Sala Redenção é seguida de uma conversa com pesquisadores do Instituto de Biociências. Ana Porto, Felícia Fischer e Mateus Camana trazem um breve panorama de seus estudos sobre o pampa, e promovem um diálogo voltado a problematizar a situação crítica do bioma.

A entrada é franca e aberta à comunidade em geral. O cinema da UFRGS está localizado no campus central da Universidade, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.

Confira a programação completa da sala clicando aqui. 

Sala Redenção exibe documentário “Toda Noite Estarei Lá”

No dia 03 de outubro, às 19h, a Sala Redenção, em parceria com a Descoloniza Filmes, apresenta o documentário “Toda Noite Estarei Lá”, em uma sessão seguida de conversa (participantes a confirmar). O filme acompanha a história de Mel, uma cabeleireira transexual impedida de frequentar o culto de sua preferência, que luta para exercer seu direito constitucional à liberdade religiosa.

Ao longo de anos marcados pela ascensão de um governo ultraconservador e pelas dificuldades da pandemia, Mel persiste em levar cartazes à porta da igreja, na esperança de um dia poder voltar a entrar. O documentário lança luz sobre questões de identidade, resistência e direitos fundamentais em um cenário de opressão política e social.

A entrada é franca e aberta à comunidade em geral. A Sala Redenção está localizada no campus central da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333. 

Confira a programação completa clicando aqui. 

domingo, 29 de setembro de 2024

Cine Especial: Próximo Cine Debate - "Testamento'

Sobre o Filme: 

Em tempos em que a Direita e a Esquerda se enfrentam ao extremo ao redor do globo me parece que chegou o ponto que os seus discursos não se diferem muito um do outro. Se por um lado temos uma Extrema Direita que briga pelo retorno da idade da pedra, por outro lado, a própria esquerda prega a censura com relação as artes feitas no passado, sendo que as próprias são pertencentes de um período e da qual as mesmas contam a sua história. "Testamento" (2023) fala desta crise de identidade de ambos os lados e dos quais acabam se esquecendo do porque estão brigando.

Dirigido por Denys Arcand, do já clássico "Invasões Barbaras" (2003), o cineasta retorna com sua marca registrada de humor ácido ao centrar na vida de Jean-Michel (Rémy Girard), um homem culto e aposentado. Vivendo em um lar para idosos, Jean-Michel desfruta de uma vida tranquila ao lado de sua amiga Suzanne (Sophie Lorain) que é diretora da instituição. Porém, não demora muito para que um grupo de jovens começarem a protestar contra uma pintura antiga que se encontra dentro do local.

Confira a minha crítica completa clicando aqui e participe do próximo Cine Debate.  


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sábado, 28 de setembro de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Mirante'

Nota: Filme Exibido para os associados no dia 28/09/24

Sinopse: Moradores de Porto Alegre tentam levar suas vidas, enquanto o Brasil passa por uma virada histórica - o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Nas janelas de um apartamento no centro da cidade, o lado de fora e o de dentro se sobrepõem.

Se formos rever hoje em dia o clássico "Janela Indiscreta" (1954) do mestre Alfred Hitchcock podemos interpretá-lo como uma espécie de prelúdio do que o voyeurismo se tornaria hoje. Em tempos de realty shows e redes sociais em que todos se encontram conectados um com outro e gerando assim uma obsessão em observar o seu próximo, constatamos quase sempre uma pequena história a ser contada, mesmo com a perda cada vez mais forte da privacidade hoje em dia. O documentário "Mirante" (2018) revela um olhar pessoal do dia a dia do centro da capital gaúcha e que nos conta conhecidas histórias por outra perspectiva.

Dirigido por Rodrigo John, o documentário nos mostra o mesmo desenvolvendo o costume de admirar as pessoas desconhecidas que passam pelas ruas do centro de Porto Alegre, através da janela de sua casa. No entanto, transformações na política brasileira fazem com que antigas feridas sejam reabertas e os moradores de Porto Alegre tentam levar suas vidas, enquanto o Brasil passa por diversas histórias.

O filme não possui uma trama linear, sendo que a única coisa que serve de linha narrativa é constatarmos que há alguém na janela, por vezes com a sua namorada, e que fica observando os acontecimentos nas ruas da cidade, além de situações vistas em outras janelas ao redor. Curiosamente, há algo bastante interessante a ser constatado, pelo fato de vermos a divisão de classes no decorrer do documentário, onde testemunhamos tanto uma pessoa de boa fortuna cruzar a rua, como também um morador de rua cruzar o mesmo local e usando o que tem em mãos para sobreviver em seu dia a dia. O resultado é um mosaico de informações, que vai desde os costumes de cada um, como também sintetizar a enorme divisão invisível que separa as pessoas no tempo atual.

Tecnicamente o filme é simples, porém, bastante eficaz com relação ao tempo, pois o documentário avança entre horas, dias, mês e anos, onde presenciamos na maioria das vezes o mesmo local, mas do qual o mesmo vai mudando gradualmente. Ao utilizar o efeito stop motion e do time lapse, o filme rapidamente me lembrou do clássico "A Máquina do Tempo" (1960), onde vemos o protagonista usando a sua tecnologia enquanto testemunha determinado cenário mudar gradualmente na medida em que o tempo avança. Aqui a situação não é diferente, pois o próprio cinema é uma máquina do tempo em que voltamos ao passado e presente através da imagem e o documentário se torna ainda mais rico quando pensamos nesta linha de raciocínio.

Pelo fato de os eventos vistos na tela acontecerem a partir de 2013, é curioso observamos o início dos protestos estudantis que começaram naquela época, da qual se tornou uma imensa bola de neve, gerando assim o golpe e impeachment da presidenta Dilma Rousseff e desencadeando o início de um fascismo que perdura até nos dias de hoje com a imagem de Jair Bolsonaro. Por conta disso, as imagens onde vemos a divisão de classes se torna ainda mais acentuada e fazendo desencadear ainda novas mudanças naquelas ruas e prédios na medida em que a trama avança. Ao final, ao constatarmos uma parte de que um determinado prédio que desmoronou, concluímos que o documentário nos passa a ideia de recomeçar tudo de novo, não somente com aquele ponto significativo da cidade, como também dos próprios rumos do país como um todo.

"Mirante" é marcante ao nos levar em eventos e situações através de uma perspectiva pessoal e cujo tempo constrói e destrói tudo  a todo o instante. 


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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (28/09/24)

 O DIABO NA RUA NO MEIO DO REDEMUNHO

Sinopse: Riobaldo, um jagunço (cangaceiro ou pistoleiro) revive sua vida turbulenta no sertão. Ele relata suas experiências como membro de dois bandos inimigos entre si, um bando liderado por Joca Ramiro e o outro, por Zé Bebelo. Posteriormente, assume a liderança do bando após a morte de Ramiro. 


A FORJA – O PODER DA TRANSFORMAÇÃO

Sinopse: Um ano depois de encerrar o ensino médio, o jovem Isaías Wright não tem planos para o futuro e é desafiado por sua mãe solo e um empresário de sucesso a começar a traçar um rumo melhor para sua vida. 


PASÁRGADA

Sinopse: Pasárgada é um drama/thriller que tem uma pegada ecológica forte, pois lida com o tráfico de aves silvestres no Brasil. O filme conta a história de Irene (Dira), ornitóloga, que faz uma pesquisa sobre pássaros na mata atlântica, com a ajuda de um mateiro/guia de birdwatching (Humberto Carrão). 



SAUDADE FEZ MORADA AQUI DENTRO

Sinopse: Bruno tem 15 anos e está perdendo a visão de forma irreversível. Com todas as incertezas da adolescência, amplificadas pela cegueira iminente, a história converte o destino trágico de seu protagonista em um relato de aprendizagem coletivo. 


SOFIA FOI

Sinopse: O longa, que mistura elementos da ficção e do documentário, mostra a história de Sofia Tomic, uma jovem tatuadora que, após ser despejada de casa, precisa passar uma madrugada no campus da Universidade de São Paulo. 


TERRA DE CIGANOS

Sinopse: O Brasil é o lar da terceira maior população cigana do mundo, com aproximadamente 800 mil membros. O diretor Naji Sidki explora a vida de várias comunidades ciganas pelo país, mostrando como preservam suas tradições enquanto se integram à sociedade brasileira, com um olhar especial para os desdobramentos na música.

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