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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 24 de setembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'O Último Pub'

Sinopse: O dono de um pub luta para manter seu negócio vivo em uma cidade decante. Quando refugiados começam a ocupar as casas vazias da região, a tensão aumenta e a união dos habitantes locais é colocada à prova. 

Ken Loach já era um dos diretores autorais mais conhecidos do cinema britânico quando assisti ao ótimo Eu, Daniel Blake. Logo em seguida viria o incrível "Você Não Estava Aqui" (2019) e no qual ambos os casos era uma análise angustiante sobre como somos apenas peças de um sistema capitalista ganancioso e do qual somos usados e posteriormente descartados. No caso de "O Último Pub" (2023) ele toca em um assunto ainda mais e espinhoso, universal e do qual o ódio é o principal veneno da desunião entre os povos.

Na trama, TJ Ballantyne (Dave Turner) é um proprietário de um pub que luta para manter seu negócio vivo em um vilarejo do nordeste da Inglaterra, onde as pessoas estão deixando a terra porque as minas em que eles trabalhavam estão fechadas. Após a chegada de refugiados sírios em seu vilarejo, TJ começa ajudar essas pessoas mesmo com o olhar preconceituoso dos seus vizinhos em volta. Entre esses refugiados, TJ conhece uma jovem síria, Yara (Ebla Mari), sendo que uma amizade inesperada surge entre eles e ao mesmo tempo nasce uma ideia para o Pub.

Ken Loach já nos passa uma noção sobre o que será o tema principal do longa nos minutos iniciais da história. Yara chega ao local e começa a tirar fotos, sendo que elas surgem na tela e revelando não somente o cenário principal, como também o preconceito daquelas pessoas ao testemunharem a chegada de imigrantes. Há aqui, portanto, algo bastante irônico para dizer o mínimo, já que boa parte dos que moram ali são descendentes de imigrantes, mas cuja geração atual se encontra afogada por desilusões e frustrações quando se dão conta que os tempos dourados daquele lugar já não existem mais.

TJ talvez seja o único que coloca em prática motivos para o levarem a seguir em frente, já que é assombrado por um passado trágico acontecido em uma das minas. Durante a projeção notamos que ele busca motivações de continuar existindo, principalmente quando começa ajudar Yara e a sua família. Porém, novamente, algo trágico acontece em uma praia, da qual se torna uma peça central da trama e se tornando um dos momentos mais tristes e agonizantes do longa.

Através do seu filme, Ken Loach procura nos passar o quanto é difícil em ter esperança em tempos em que os discursos de ódio acalorados vindo através das pessoas, ou das redes sociais que as mesmas usam, podem prejudicar a vida das pessoas. Ao mesmo tempo, uma vez que os personagens imigrantes se encontram presentes na trama, constatamos o quanto o mundo é cruel uma vez que ele dá as costas para pessoas que perderam tudo em uma guerra inútil, mas cuja as principais potências do mundo não estão interessados em mudar esse quadro. Muito bem interpretada pela atriz Ebla Mari, a personagem Yara sintetiza muito bem isso em um grande desabafo e cuja suas palavras são mais atuais do que nunca em tempos atuais em que estamos vivendo.

Porém, o filme pertente ao personagem TJ, brilhantemente interpretado por Dave Turner e do qual se torna alguém raro daquele lugar ao se preocupar com o próximo e não somente com os problemas financeiros que o aflige. Quando notamos que achamos que ele desistirá de tudo, eis que surge um fio de esperança, mesmo quando ela não se torna a solução para todos os problemas. No final das contas, basta um pequeno gesto para ainda se manter a esperança viva.

"O Último Pub" é um delicado retrato sobre a gerações de ontem e hoje da imigração e das quais precisam de união para seguirem vivas junto com as suas histórias. 

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 26 de setembro a 02 de outubro de 2024

O Baile dos Bombeiros

 SESSÃO DE ABERTURA - O MUNDO PROIBIDO DA TCHECOSLOVÁQUIA

Nesta quinta-feira, 26 de setembro, às 19h30, a Cinemateca Capitólio e a CzechArte apresentam a sessão de abertura da mostra O Mundo Proibido da Tchecoslováquia, com a exibição de O Baile dos Bombeiros, uma das comédias mais inspiradas de Miloš Forman. Após a sessão, será oferecido um brinde de cerveja tcheca e vinho eslovaco para o público da Cinemateca Capitólio. Entrada franca.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7684/o-baile-dos-bombeiros/


CINEMA E ANTROPOLOGIA NA SESSÃO VAGALUME PROFESSOR

No sábado, 28 de setembro, às 10h, a Sessão Vagalume Professor apresenta um programa duplo com A Propósito de Tristes Trópicos (1990), de Jorge Bodanzky, Jean-Pierre Beaurenaut e Patrick Menget e Bicicletas de Nhanderú; (2011), de Ariel Ortega e Patrícia Ferreira, seguida de debate com o professor da UFRGS Vitor Queiroz, organizador do Circuito Mitológicas. A entrada é franca para professores.

A sessão é uma parceria com a mostra Filmíticos, que integra o Circuito Mitológicas, uma celebração na capital gaúcha dos 60 anos de Mitológicas, obra do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009). Realização do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7705/sessao-vagalume-professor-a-proposito-de-tristes-tropicos-bicicletas-de-nhanderu/


ADAPTAÇÃO DE MILAN KUNDERA EM EXIBIÇÃO

No sábado, 28 de setembro, às 19h30, a Cinemateca Capitólio apresenta a sessão de A Piada, longa-metragem que Jaromil Jireš (diretor do cultuado Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos) realizou em parceria com o escritor Milan Kundera, a partir do romance homônimo lançado em 1967, publicado no Brasil como A Brincadeira. Com entrada franca, a sessão integra a mostra O Mundo Proibido da Tchecoslováquia.   

Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7694/a-piada/


GRADE DE HORÁRIOS

26 de setembro a 02 de outubro


26 de setembro (quinta-feira)

15h – Here

17h – Music

19h30 – O Baile dos Bombeiros


27 de setembro (sexta-feira)

15h – Music

17h – O Martelo das Bruxas

19h30 – 322


28 de setembro (sábado)

10h – Sessão Vagalume Professor:

15h – Music

17h – O Caso de Barnabas Kos

19h30 – A Piada


29 de setembro (domingo)

15h – Here

17h – Todos os Bons Companheiros

19h30 – Lírios do Campo


1º de outubro (terça-feira)

15h – Here

17h – Music

19h30 – Cerimônia Fúnebre


2 de outubro (quarta-feira)

15h – Here

17h – Music

19h30 – Andorinhas Por um Fio

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Ainda Somos os Mesmos'

Sinopse: Retrato sobre os sobreviventes que procuraram refúgio na embaixada da Argentina no início do golpe de estado no Chile.  

A música "Nossos Pais", criada por Belchior e eternizada pela voz de Elis Regina, se tornaria um símbolo de resistência perante os tempos em que o Brasil vivia da sombra criada pela Ditadura Militar iniciada em 1964. Porém, essa sombra se estendia por toda America latina, tanto é que o Chile foi um dos países que mais massacrou inocente em tempos de chumbo. "Ainda Somos os Mesmos" (2024) é um pequeno retrato de uma das várias histórias de horror contadas pelos sobreviventes em meio ao horror desumano orquestrado por aqueles que diziam defender a pátria de seu país.

Dirigido por Paulo Nascimento, realizador de "A Oeste do Fim do Mundo" (2012), o filme é baseado em fatos reais no período em que o General Augusto Pinochet assume o comando do país em 1973 e instaura o regime militar enquanto políticos e imigrantes são presos e torturados no Estádio Nacional de Santiago. Em meio a isso o empresário Fernando (Edson Celulari) se encontra desesperado para resgatar o seu filho Gabriel (Lucas Zaffari), que, ao lado de demais pessoas que buscam sobreviver, se refugia na embaixada da Argentina. O tempo passa e risco de todos serem mortos se encontra mais próximo.

Mesmo com certas limitações de produção, Paulo Nascimento consegue obter certo êxito em sua realização, principalmente ao construir um clima claustrofóbico dentro da embaixada. A fotografia, por exemplo, remete tempos mais dourados, mas que se tornam meras ilusões quando boa parte dos personagens se vê diante da possibilidade da morte e cuja a liberdade se torna uma mera palavra ao vento. Infelizmente o filme perde um pouco do seu fôlego ao construir determinados personagens de forma estereotipada, principalmente ao retratar os dois lados do conflito bem ao estilo no preto e no branco, mas tornando tudo um pouco inverossímil em alguns momentos.

Porém, o filme ganha contornos dramáticos através de boas interpretações de alguns, como no caso da atriz Carol Castro, ao dar vida a uma sobrevivente em meio ao conflito, mas se entregando aos poucos para uma loucura nascida em meio aquele inferno. Portanto, a sua personagem se torna uma figura trágica, da qual sintetiza a força de vontade perante os tempos de chumbo, mas cujos os mesmos podem nos levar para um caminho sem rumo. A obra em si fala sobre sacríficos, dos quais recaem para aqueles que se entregam pela vida do próximo, mesmo quando tudo parece perdido.

O filme chega em um momento em que o Brasil e o mundo convivem com a incerteza, onde países Democráticos podem cair a qualquer momento e sendo dominados por um fascismo que nunca morreu mesmo quando foi decretada em tempos longínquos. Ao menos, o passado serve como um ensinamento para que os golpes de ontem não se repitam e que precisamos enfrenta-los a qualquer custo. Durante os créditos de encerramento, o filme nos alerta que a qualquer momento o jogo pode virar e não podemos baixar a guarda haja o que houver.

Com a já citada música "Nossos Pais" sendo tocada ao final do longa, "Ainda Somos os Mesmos" é um pequeno retrato sobre pessoas que buscaram lutar pelas suas vidas e cujo exemplo é preciso ser visto por essas gerações desinformadas.    

Nota: O filme estreia no próximo dia 26 de setembro.  

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Cine Dica: O Mundo Proibido da Tchecoslováquia

 CINEMATECA CAPITÓLIO APRESENTA MOSTRA COM FILMES PROIBIDOS DA TCHECOSLOVÁQUIA

O Martelo das Bruxas

De 26 de setembro a 13 de outubro, a Cinemateca Capitólio e a Czech Art apresentam a mostra O Mundo Proibido da Tchecoslováquia, um panorama dos “filmes do cofre”, como ficaram conhecidas as obras banidas no país após a invasão soviética no ano de 1968. Com narrativas subversivas, satíricas e sombrias produzidas entre 1964 e 1972, período de grande efervescência cinematográfica nos territórios tchecos e eslovacos, a programação destaca clássicos consagrados e raridades inéditas no Brasil, dirigidas por nomes como Miloš Forman, Věra Chytilová, Juraj Jakubisko, Dušan Hanák e Jiří Trnka.


Todas as sessões têm entrada franca.


PROGRAMAÇÃO: https://www.capitolio.org.br/novidades/7666/o-mundo-proibido-da-tchecoslovaquia/


Realização: Cinemateca Capitólio, Associação Cultural Tcheco-Brasileira de Porto Alegre, Embaixada da República Eslovaca no Brasil, Consulado Geral da República Tcheca em São Paulo, CzechArte, NFA e SFU.


Produção e programação: Věra Matysíková e Leonardo Bomfim

Assistência de produção e legendas: João Boeira


GRADE DE HORÁRIOS


26 de setembro (quinta-feira)

19h30 – O Baile dos Bombeiros


27 de setembro (sexta-feira)

17h – O Martelo das Bruxas

19h30 – 322


28 de setembro (sábado)

17h – Ajudantes + O Caso de Barnabas Kos

19h30 – A Piada


29 de setembro (domingo)

17h – Todos os Bons Companheiros

19h30 – Lírios do Campo


1º de outubro (terça-feira)

19h30 – Cerimônia Fúnebre


02 de outubro (quarta-feira)

19h30 – Andorinhas Por um Fio


03 de outubro (quinta-feira)

19h30 – Afinidades Eletivas


04 de outubro (sexta-feira)

17h – Nau dos Loucos ou Contos do Fim da Vida

19h30 – Projeto Raros: Pássaros, Órfãos e Tolos


05 de outubro (sábado)

17h – Dama Branca

19h – Orelha


06 de outubro (domingo)

17h – O Martelo das Bruxas

19h – O Cremador


08 de outubro (terça-feira)

19h30 – Reformatório


09 de outubro (quarta-feira)

19h30 – O Acusado

10 de outubro (quinta-feira)

19h30 – Nau dos Loucos ou Contos do Fim da Vida


11 de outubro (sexta-feira)

17h – O Baile dos Bombeiros

19h30 – A Mão + A Festa e os Convidados


12 de outubro (sábado)

17h – Órgão

19h – O Sétimo Dia, a Oitava Noite


13 de outubro (domingo)

17h – Hélade Moravia + Fuga Sobre Teclas Pretas

18h30 – Cineclube Academia das Musas: As Pequenas Margaridas

domingo, 22 de setembro de 2024

Cine Dica: Próxima Sessão do o Cineclube Torres -"A Tabacaria"

 O filme austríaco-alemão será exibido no idioma original, com legendas, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, localizada na UP Idiomas.

O filme é baseado no best-seller internacional "Der Trafikant” (que significa “dono ou vendedor de tabacaria”), escrito pelo romancista austríaco Robert Seethaler e ambientado em Viena durante a ocupação nazista, imediatamente antes da segunda guerra mundial. Um jovem de 17 anos chamado Franz (Simon Morzé) se muda do interior para a cidade e começa a trabalhar como aprendiz em uma tabacaria que tem como assíduo cliente o Sigmund Freud (Bruno Ganz, na sua última interpretação).

A presença central da figura de Freud na ficção gerou muita expectativa e interesse por parte de psicanalistas em estudar e avaliar a personagem do pensador no roteiro e especialmente nos diálogos, embora todos eles sejam fora do âmbito estritamente profissional. Para a escritora e psicanalista Ana Cecília Carvalho o Freud do filme escapa “da representação da caricatura do psicanalista que a gente vê em filmes americanos, que ridicularizam o psicanalista com o silêncio frio ou o comentário clichê”.

A sessão, com entrada franca, integra a programação continuada realizada nas segundas feiras, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.


“A Tabacaria” | de Nikolaus Leytner | Áustria/Alemanha | 2018 | 1h 47min


Serviço:

O que: Exibição do filme “A Tabacaria”, integrado no ciclo “Cortinas de Fumaça”.

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, dia 23/09, às 20h.

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).


Cineclube Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Cine Especial: Próxima Sessão Clube de Cinema - 'Pacto de Sangue'

SESSÃO DE SÁBADO

Pacto de Sangue (Double Indemnity)

EUA, 1944, 107min, 14 anos

Local: Cinemateca Capitólio (R. Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico)

Data: 21/09/2024, sábado, às 10:15 da manhã

Direção: Billy Wilder

Elenco: Fred MacMurray, Barbara Stanwyck, Edward G. Robinson


Sobre o Filme: 

O cinema Expressionista Alemão foi sem sombra de dúvida um dos movimentos cinematográficos mais importantes para o cinema no início do século vinte. Porém, com ascensão nazista no início dos anos trinta na Alemanha muitos cineastas de lá, assim como roteiristas e muitos da área técnica, decidiram desembarcar para os EUA e fazendo enfim carreira em Hollywood. Do que eles colocaram em prática na Alemanha através do expressionismo eles criaram em solo americano o que hoje chamamos de "Cinema Noir", onde a trama era na maioria das vezes do gênero policial e cujo os ingredientes como crimes, traições e damas fatais se tornaram fórmulas corriqueiras dentro desse subgênero.

Além disso, a fotografia em preto e branco era outro fator determinante para esse tipo de produção, onde as sombras se tornaram peças centrais na construção de determinadas cenas e que simbolizavam até mesmo o destino dos seus respectivos personagens. Porém, no início, essas produções eram sempre rotuladas como Filmes B e sendo elas muito censuradas nos tempos de Código Rays. Porém, "Pacto de Sangue" (1944) de Billy Wilder mudou a perspectiva com relação a esse tipo de filme, pois não há melhor representante para o subgênero do que esse grande clássico.

Na trama, Walter Neff (Fred MacMurray), um vendedor de seguros, é seduzido e induzido por Phyllis Dietrickson (Barbara Stanwyck), uma sedutora e manipuladora mulher, a matar seu marido, mas de uma forma que pareça acidente para a polícia e também em condições específicas, que façam o seguro ser pago em dobro (no caso, 100 mil dólares). Porém, o chefe de Walter, interpretado pelo ator Edward G. Robinson, começa a desconfiar de tudo o que está acontecendo.

Para muitos cinéfilos, um dos melhores filmes da história do cinema. Criado brilhantemente por Billy Wilder, que com certeza foi decisivo para o resultado final dessa obra e que se tornasse um filme indispensável se comparado com os outros filmes noir daquele tempo. O filme faz um verdadeiro giro em inúmeros gêneros dentro da história: da comédia ao drama, do romance ao noir.

Tudo numa forma bem perfeccionista e muito bem dirigida. Mas o grande trunfo está no roteiro, adaptado do romance homônimo de James Cain, e escrito a quatro mãos pelo próprio Wilder e por Raymond Chandler. O curioso, é que é de se espantar o roteiro ter ficado tão bom, já que, por motivos pessoais, Wilder e Chandler, simplesmente se odiavam.

Para a época, a história de adultério e assassinato, levou anos para sair do papel devido ao código Hays, que ainda era vigente em 1944. Por isso a trama teve que ser moldada de várias maneiras para passar pela censura. O resultado final, foi um roteiro mais sugestivo em determinadas situações, como no caso dos encontros do casal central, cujo ato sexual é mais sugestivo, nunca visto explicitamente, assim como a cena do principal assassinato dentro da trama que é desde já espetacular.

Atuação de Barbara Stanwyck, vivendo a fria Phyllis , que usou o tempo todo Walter para conseguir o que queria é magistral. Fred MacMurray, interpreta com desenvoltura Walter Neff. Mas o destaque do elenco é Edward Robinson, que interpreta o analista Barton Keyes e dá o tom irônico dos filmes de Wilder.

Curiosamente, se nota uma curiosa relação entre os personagens Barton e Walter, sendo que o primeiro sempre desconfia de tudo com relação aos seus clientes quando ingressam nos planos de seguro. Há ali uma amizade genuína, fazendo com que a gente simpatize com essa relação, mas ao mesmo tempo despertando em nós que mais cedo ou mais tarde Barton irá descobrir tudo e ficamos nos perguntando como será a sua ação sobre isso. Portanto, a cena final entre ambos se fecha perfeitamente, onde a intimidade de ascender um cigarro tem muito mais a dizer do que se possa imaginar.

Mas no que eu mais amo neste filme é realmente a sua fotografia em preto e branco, sendo que o fotografo John F. Seitz elaborou com que até mesmo a poeira se tornasse algo que nos chamasse atenção em determinadas cenas e fazendo da obra algo para ser sempre revisitado, pois sempre haverá outro detalhe para ser encontrado. Porém, o ápice desse lado técnico se encontra quando a luz e a sombra se casam com perfeição, sendo que as cenas em que os personagens centrais se misturam com a sombra das persianas da janela simbolizam, não somente a suas possíveis prisões, como também estarem presos pelos seus próprios crimes que haviam cometido. Não é à toa, portanto, que essas cenas serviram de inspiração para as mais diversas produções nos anos que seguiram e é só pegar a cena final da série "Better Call Saul" para termos uma base sobre isso.

Voltando sobre Billy Wilder, é notório que muito o que ele havia criado para a produção foi através do improviso e do qual acabou se tornando até mesmo melhor do que na ideia inicial. Pegamos, por exemplo, a cena em que o casal central, logo após terem cometido o crime, tentam ligar o carro que está emperrado e fazendo com que o público da época ficasse ainda mais ansioso e achando que já seria ali que seriam pegos. São esses e outros pequenos detalhes que fazem desse filme se tornar único como um todo.

Sucesso de público e crítica na época, "Pacto de Sangue" foi indicado a diversos Oscar, mas perdendo praticamente todos para o filme "O Bom Pastor" (1944), de Leo McCarey, e se tornando um dos primeiros grandes erros históricos da academia. Reza a lenda que Billy Wilder ficou tão desapontado com o resultado que fez com que Leo McCarey tropeçasse antes de subir ao palco para receber o prêmio. Felizmente, as premiações para Wilder viriam em "Farrapo Humano" (1945) e "Se Meu Apartamento Falasse" (1960).

Revisto hoje, nota-se que o clássico possui todos os ingredientes para se fazer uma curiosa análise sobre como se faz um filme noir. A partir da obra de Wilder os estúdios, enfim, começaram a enxergar esse subgênero com outros olhos e lançando obras primas como "O Terceiro Homem" (1949) estrelado por Orson Wells. Wilder, por sua vez, retornaria ao subgênero no filme que é para mim a sua maior obra prima "Crepúsculos dos Deuses" (1950).

"Pacto de Sangue" é cinema puramente noir, onde Billy Wilder nos brinda com uma verdadeira aula sobre como se faz uma bela História sobre crime, morte e traição.

 

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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Cine Dica: Sessões Clube de Cinema 21 e 22/09: "Pacto de Sangue" (sábado) + "Psicose" (domingo)

Neste fim de semana, o Clube de Cinema de Porto Alegre tem o prazer de te convidar para duas sessões que celebram grandes produções do cinema noir e do suspense!

No sábado, na Cinemateca Capitólio, exibiremos "Pacto de Sangue" (1944), de Billy Wilder. Considerada uma obra-prima do cinema noir, é uma ótima pedida para quem gosta de boas tramas, direção de fotografia de cair o queixo, e personagens inesquecíveis. No domingo, na Cinemateca Paulo Amorim, será a vez de "Psicose" (1960), de Alfred Hitchcock! Um divisor de águas no cinema de suspense, não apenas pela famosa cena do chuveiro, mas também pelas atuações, desafio às convenções, trilha sonora, montagem, e direção majestosa de Hitchcock neste grande clássico que vale a pena ver — e rever.

Os dois filmes serão exibidos às 10h15. Esperamos você para conferir essas obras maravilhosas na telona com a gente! 🥰


SESSÃO DE SÁBADO

Pacto de Sangue (Double Indemnity)

EUA, 1944, 107min, 14 anos

Local: Cinemateca Capitólio (R. Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico)

Data: 21/09/2024, sábado, às 10:15 da manhã

Direção: Billy Wilder

Elenco: Fred MacMurray, Barbara Stanwyck, Edward G. Robinson


Sinopse: Walter Neff, um experiente vendedor de seguros, é seduzido pela enigmática Phyllis Dietrichson, uma mulher fatal que o convence a arquitetar o assassinato de seu marido. O plano é fazer com que pareça um acidente, garantindo assim o pagamento de uma apólice de seguro de vida com cláusula de indenização dupla, que renderia 100 mil dólares. No entanto, à medida que o esquema se desenrola, Neff percebe que o crime perfeito pode não ser tão infalível, e a teia de manipulações em que se envolveu começa a desmoronar. Um clássico do cinema noir, Pacto de Sangue explora a tensão entre desejo, culpa e traição em um jogo perigoso de sombras e luzes.


SESSÃO DE DOMINGO

Psicose (Psycho)

EUA, 1960, 109min, 14 anos

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana (R. dos Andradas, 736 - Centro Histórico)

Data: 22/09/2024, domingo, às 10:15 da manhã

Direção: Alfred Hitchcock

Elenco: Anthony Perkins, Janet Leigh, Vera Miles, John Gavin


Sinopse: Após roubar 40 mil dólares na esperança de mudar sua vida e se casar com o namorado, Marion Crane foge da cidade e, em meio a uma tempestade, decide passar a noite em um isolado motel de beira de estrada. O estabelecimento é administrado por Norman Bates, um jovem tímido e aparentemente inofensivo, com um inquietante interesse por taxidermia e uma relação perturbadora com sua mãe. O que parecia ser apenas uma parada temporária logo se transforma em um pesadelo, onde segredos sombrios e um mistério mortal vêm à tona, em um dos mais icônicos filmes de suspense de Alfred Hitchcock.


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