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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Cine Especial: Próxima Sessão do Clube de Cinema - 'Som da Liberdade'

 Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.

SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Espaço de Cinema, Sala 3, Bourbon Shopping Country

Data: 07/10/2023, sábado, às 10:15 da manhã


"Som da Liberdade" (Sound of Freedom)

EUA, 2022, 135 min, 16 anos

Direção: Alejandro Monteverde 

Elenco: Jim Caviezel, Mira Sorvino, Bill Camp

Sinopse: "Som da Liberdade" é um filme de drama e ação baseado na história real de Tim Ballard, ex-agente do governo americano responsável por uma missão de resgate de centenas de crianças vítimas do tráfico sexual na Colômbia. Na trama, depois de resgatar um garotinho, Ballard (interpretado por Jim Caviezel) descobre que a irmã do menino também está sendo mantida como refém. Ele decide, então, dar início a uma perigosa - porém nobre - missão para salvá-la. Disposto a dar tudo de si, Tim se demite de seu antigo emprego no Governo e viaja para as profundezas da selva colombiana em busca da quadrilha.

Sobre o Filme: O trabalho de um crítico de cinema cabe em analisar os pontos positivos e negativos de um longa-metragem e não sobre outras questões, que vai desde a fofocas dos bastidores ou teorias de conspiração para a realização de um determinado projeto. Se não fugir deste caso o mesmo não será muito diferente quando falamos de determinados atores ou atrizes conhecidos entre os cinéfilos, mas cujas as suas vidas pessoais atribuladas fez com que a sociedade em geral não conseguisse separar o ser humano do artista e piorando ainda mais em tempos atuais em que as redes sociais são usadas para o cancelamento da vida das pessoas através de fake news. Portanto, irei falar sobre "Som da Liberdade" (2023) não tocando em nenhuma das polêmicas que o filme se envolveu, mas sim com relação as suas reais qualidades e defeitos que eu percebi ao longo da projeção.

Dirigido por Alejandro Monteverde, o filme é um drama e ação baseado na história real de Tim Ballard, ex-agente do governo americano responsável por uma missão de resgate de centenas de crianças vítimas do tráfico sexual na Colômbia. Na trama, depois de resgatar um garotinho, Ballard (interpretado por Jim Caviezel) descobre que a irmã do menino também está sendo mantida como refém. Ele decide, então, dar início a uma perigosa - porém nobre - missão para salvá-la. Disposto a dar tudo de si, Tim se demite de seu antigo emprego no Governo e viaja para as profundezas da selva colombiana em busca da quadrilha.

Confira a minha crítica completa já publicada clicando aqui. 

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terça-feira, 3 de outubro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Estranha Forma de Vida'

Sinopse: Nos tempos do velho oeste dois amantes se reencontram após vários anos, mas algo faz com que se coloquem em lados opostos.   

Pedro Almodóvar decidiu renovar a sua forma de apresentar uma história durante a Pandemia, pois devido ao isolamento se abriu para possibilidade de certas regras ficarem de lado e adentrar para outras formas de se criar um conto. "A Voz Humana" (2020) foi um caso curioso de curta, onde ele não somente mantém as suas características como cineasta, como também transita entre as regras cinematográficas e o universo do teatro como um todo. Em "Estranha Forma de Vida" (2023), o realizador não só realiza novamente um curta metragem, como também explora o gênero do faroeste e tocando em pontos poucos explorados e tão pouco vistos antigamente.

Na trama, Silva, (Pedro Pascal) embarca em uma jornada solo cavalgando pelo deserto com a intenção de revisitar um velho amigo, o xerife Jak (Ethan Hawke), mas que não se viam a mais de duas décadas. Após esse tempo, os dois compartilham de uma tarde amorosa e de uma possível reconciliação devido algumas desavenças no passado. Porém, o filho de Silva comete um grave crime e o que faz Jak colocar em prática a lei, nem que para isso perca o contato com Silva para sempre.

No passado, o cineasta Ang Lee já havia explorado essa intimidade entre dois homens dentro do gênero em "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005). Porém, Pedro Almodóvar vai muito mais além, ao revisitar elementos já vistos no passado, desde as imensas planícies vistas em filmes como "Era Uma vez no Oeste" (1968), como também os duelos vistos em "Três Homens e um Conflito" (1966) e sendo ambos do mestre Sergio Leone. Tudo, logicamente, moldado pelas características do realizador, do qual o mesmo leva suas cores quentes de sua clássica fotografia em meio ao deserto escaldante.

Ao ser um curta metragem toda a trama se direciona aos dois protagonistas, dos quais ambos estão ótimos em cena e gerando até mesmo um clima de tensão na medida em que a trama avança. Uma vez que os dois se entregam aos seus desejos, ao mesmo tempo vem à tona as desavenças vindas do passado, assim também o medo de que o fazem se manterem separados. Porém, Silva não mede esforços em manter essa relação, enquanto Jak se vê preso em um conflito interno em não se entregar ao que realmente sente como um todo.

Curiosamente, o filme também me lembrou o clássico ""Duelo de Titâs" (1959), onde os amigos Kirk Douglas e Anthony Quinn duelavam entre si devido aos crimes que o filho desse último havia cometido. Aqui se tem uma trama similar, mas tendo consequências distintas e culminando em um caminho sem volta. Interessante observar a forma que o realizador termina o seu conto, deixando-o em aberto e fazendo a gente se perguntar qual será o futuro dos dois amantes naquele fim de mundo.

Pedro Almodóvar, portanto, não somente explora camadas antes não exploradas dentro do gênero, como faz também com que a gente construa as várias possiblidades após o encerramento da história, mas que com certeza gerará irritação para alguns fãs para dizer o mínimo. Para contornar isso, o curta vem com uma curiosa entrevista do realizador, onde ele fala sobre as motivações que o levaram a criar o curta metragem e da necessidade de ir muito mais além do que ele havia feito no passado. Se no final do curta deixa um gosto um tanto que amargo para alguns, ao menos a entrevista dá uma amenizada nesta sensação que nos pega de forma desprevenida.

"Estranha Forma de Vida" é o mais novo curta metragem de Pedro Almodóvar, do qual irá agradar os velhos fãs, mas ao mesmo tempo frustrando aqueles que desejam assistir muito mais da sua arte na tela grande.  


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Cine Dica: OUTUBRO NA CINEMATECA CAPITÓLIO

Deus e o Diabo na Terra do Sol


BERLANGA & BARDEM

De 05 a 18 de outubro, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra Berlanga & Bardem, dedicada a Luis García Berlanga e Juan Antonio Bardem, dois grandes realizadores que começaram suas trajetórias juntos, no início da década de 1950, e revolucionaram o cinema espanhol.

A programação é uma realização da Cinemateca Capitólio e do Instituto Cervantes de Porto Alegre, com apoio do Ministerio de Asuntos Exteriores, Unión Europea y Cooperación, e da Versátil Filmes. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6680/berlanga-bardem/


ANIMAÇÃO BRASILEIRA NA SESSÃO VAGALUME

Em outubro, a Sessão Vagalume do Programa de Alfabetização Audiovisual apresenta a animação brasileira Chef Jack: O Cozinheiro Aventureiro, de Guilherme Fiúza Zenha (Brasil, 2022, Animação, 72 min, Livre), nos dias 07 e 10, sempre às 15h. A sessão tem entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6649/sessao-vagalume-chef-jack-o-cozinheiro-aventureiro/


PROJETO RAROS ESPECIAL NA SEXTA-FEIRA 13

Na sexta-feira, 13 de outubro, às 19h30, uma edição especial do Projeto Raros apresenta o programa duplo com Tara Diabólica (The Sadist, 1963), de James Landis, primeiro longa fotografado pelo lendário Vilmos Zsigmond nos Estados Unidos, e Malatesta's Carnival of Blood (1973), inventivo horror b dirigido por Christopher Speeth. Com apoio do Imaculada Pub e apresentação do crítico Cristian Verardi, a sessão tem entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6687/projeto-raros-especial-sexta-feira-13/


O CINEMA É NICHOLAS RAY E IDA LUPINO

A partir de 14 de outubro, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra O Cinema é Nicholas Ray e Ida Lupino, com oito filmes dirigidos por dois nomes incontornáveis da virada moderna do cinema hollywoodiano, incluindo Johnny Guitar, No Silêncio da Noite, Cinzas que Queimam e O Mundo Odeia-me. Em novembro, uma segunda parte do ciclo apresentará mais filmes, com foco nos trabalhos de atuação de Ray e Lupino. 


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6682/o-cinema-e-nicholas-ray-e-ida-lupino


A CINEMATECA É BRASILEIRA

A partir de 20 de outubro, a Cinemateca Capitólio recebe a mostra A Cinemateca é Brasileira, que faz parte do Projeto Viva Cinemateca, lançado em junho de 2023, que reúne os grandes projetos da Cinemateca Brasileira voltados à recuperação de importantes acervos, além da modernização de sua sede e infraestrutura técnica. Para a mostra, a curadoria da Cinemateca Brasileira preparou uma seleção de 19 filmes que perpassam diferentes momentos históricos, propostas estéticas e abordagens temáticas, demonstrando a riqueza do cinema brasileiro ao longo dos mais de 120 anos de história. A sessão de abertura, na sexta-feira, 20 de outubro, às 19h30, apresentará a nova restauração de Deus e o Diabo na Terra do Sol, obra-prima de Glauber Rocha. A programação tem entrada franca.


Em breve será divulgada a programação completa.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Nosso Sonho'

Nota: Filme exibido para os associados no dia 01/10/23

Sinopse: cinebiografia de Claudinho e Buchecha, dupla de maior sucesso do funk melody nacional em todos os tempos e ícone máximo do gênero na música popular brasileira. 

Nunca me interessei muito pelo funk, mesmo eu tendo crescido nos anos noventa quando a mesma disparava nas rádios e fazia o seu devido sucesso nos programas de tv. Porém, certa vez eu estava viajando para Nova Petrópolis e meus colegas estavam ouvindo rádio e da qual estava tocando funk. Foi a partir daquele momento que eu comecei a prestar mais atenção na letra, sendo que as canções nada mais eram do que a realidade que estes jovens conviviam na periferia.

São músicas que vai desde a pobreza, falta de emprego, preconceito, sexo e a luta perante um sistema que somente serve para mastigá-los. Com o tempo comecei a respeitar mais esse tipo de música e o que fez me relembrar de Claudinho e Buchecha, a dupla de funk mais famosa do Brasil e que fez parte da cultura pop brasileira dos anos noventa. Eis então que chega "Nosso Sonho" (2023), cinebiografia que reconstitui os fatos dessa dupla improvável, mas que logo obteriam o grande sucesso em meio aos percalços.

Dirigido por Eduardo Albergaria, o filme é uma reconstituição sobre a história da famosa dupla de cantores brasileiros Claudinho e Buchecha (interpretados, respectivamente, por Lucas Penteado e Juan Paiva). A trama é narrada a partir do ponto de vista de Buchecha e mostra como a amizade entre os dois - que começou ainda na infância - se transformou em um poderoso combustível para a superação de desafios e diversas conquistas do duo, incluindo o status de maiores fenômenos do funk melody nacional de todos os tempos. O título da produção presta uma homenagem a uma das canções mais conhecidas do grupo, lançada em 1996. Partindo de uma comunidade em Niterói, no Rio de Janeiro, a dupla conquistou o Brasil a partir de ritmo, poesia e músicas envolventes.

Como eu sou mais envolvido com relação ao universo do cinema eu fiquei até mesmo surpreso com relação ao destino trágico de Claudinho que morreu precocemente em um acidente de carro. O filme, portanto, começa com Buchecha sozinho e tendo uma sensação de desconforto, como se algo de ruim está prestes acontecer. O filme logo retorna ao passado, onde mostra como eles se conheceram e formando assim uma bela amizade para dizer o mínimo.

São dois lados da mesma moeda, da qual são distintas, mas que precisam uma da outra. Enquanto Claudinho era força da natureza em termos de persistência, Buchecha era alguém que possuía um talento por dentro, mas que precisava de alguém para puxá-lo para fora e assim nascer alguém que iria muito além do que se imaginava. Esse entrave era justificado com a presença do pai, interpretado com intensidade pelo ator Nando Cunha, cujo talento não despertou quando devia, se entregando a na bebida e fazendo disso um teste para que Buchecha soubesse ou não futuramente saber perdoá-lo pela sua fraqueza.

Com uma reconstituição de época cuidadosa, o filme remete os tempos de mudança em que o Brasil estava passando, desde a mudanças do governo como também a explosão do politicamente incorreto, mas do qual o mesmo dava mais liberdade para os artistas passarem a mensagem sobre o que conviviam. O funk. por sua vez, foi visto como algo negativo para os conservadores, mas fazendo um público sair do morro e começar a dançar através das músicas que faziam para eles todo o sentido. A dupla, portanto, serviu para quebrar um sistema camuflado pelo lado conservador e fazendo com que muitas classes enxergassem essas pessoas com outros olhos.

Embora com algumas pinceladas aqui e ali para dar maior apelo dramático, o filme obtém um ar mais verossímil graças a dupla de atores que se vê a vontade interpretando os respectivos cantores. Lucas Penteado, por exemplo, imprimi uma aura forte ao interpretar Claudinho, ao ponto de fazer da sua imagem uma espécie de predestinado ao ajudar Bochecha em não somente seguir no ramo da música, como também insistir para que o seu amigo faça as pazes com o seu pai como um todo. Portanto, ao vermos Claudinho saindo de cena em um determinado show, não só sabemos o que irá acontecer em seguida, como também nos passa a entender que a sua missão foi cumprida.

"Nosso Sonho" é sobre a vida e a superação de jovens que estavam predestinados a serem um dos maiores cantores do funk brasileiro e cuja suas jornadas facilmente nos conquista de imediato. 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 05 a 11 de outubro de 2023

Chef Jack: O Cozinheiro Aventureiro

 CLÁSSICOS ESPANHOIS EM DESTAQUE

De 05 a 18 de outubro, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra Berlanga & Bardem, dedicada a Luis García Berlanga e Juan Antonio Bardem, dois grandes realizadores que começaram suas trajetórias juntos, no início da década de 1950, e revolucionaram o cinema espanhol. A programação é uma realização da Cinemateca Capitólio e do Instituto Cervantes de Porto Alegre, com apoio do Ministerio de Asuntos Exteriores, Unión Europea y Cooperación, e da Versátil Filmes. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6680/berlanga-bardem/


ANIMAÇÃO BRASILEIRA NA SESSÃO VAGALUME

Em outubro, a Sessão Vagalume do Programa de Alfabetização Audiovisual apresenta a animação brasileira Chef Jack: O Cozinheiro Aventureiro, de Guilherme Fiúza Zenha (Brasil, 2022, Animação, 72 min, Livre), nos dias 07 e 10, sempre às 15h. A sessão tem entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6649/sessao-vagalume-chef-jack-o-cozinheiro-aventureiro/


LANÇAMENTO DE FLORES DA PRIMAVERA

Na quinta-feira, 11 de outubro, às 19h30, a Cinemateca Capitólio apresenta a sessão de lançamento do longa-metragem Flores da Primavera, de João Pedro Fiuza. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6683/flores-da-primavera/


GRADE DE HORÁRIOS

05 a 11 de outubro de 2023


05 de outubro (quinta-feira)

15h – Terra de Deus

17h30 – Lobo e Cão

19h30 – Bem-vindo, Mr. Marshall!


06 de outubro (sexta-feira)

15h – Terra de Deus

17h30 – Retratos Fantasmas

19h30 – Morte de um Ciclista


07 de outubro (sábado)

15h – Sessão Vagalume: Chef Jack

17h – Lobo e Cão

19h – Plácido


08 de outubro (domingo)

15h – Sessão Vagalume: Chef Jack

17h – Retratos Fantasmas

19h – O Carrasco


10 de outubro (terça-feira)

15h – Terra de Deus

17h30 – Lobo e Cão

19h30 – Aquele Casal Feliz


11 de outubro (quarta-feira)

15h – Terra de Deus

17h30 – Retratos Fantasmas

19h30 – Flores da Primavera

domingo, 1 de outubro de 2023

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'Castelo de Vidro'

Sobre o Filme: Baseado no livro autobiográfico de Jeannette Walls, “O castelo de vidro” é a história de uma família disfuncional que vive sob os desígnios de Rex (Woody Harrelson), um pai idealista que odeia a artificialidade da vida moderna e roda os EUA de cidade em cidade ocupando casas abandonadas com sua mulher e quatro filhos. O filme se constrói quase como um culto à personalidade desse pai brilhante e sonhador, mas também alcoólatra, negligente e arredio. A figura do pai é vista a partir do ponto de vista de Jeannette, e os flashbacks funcionam como uma coleção de memórias ora belas, ora traumáticas, por exemplo, ele “ensina” a filha a nadar na marra, jogando-a na água.

O roteiro apresenta uma narrativa não linear que se mescla entre o passado e presente, em que o público acompanha o crescimento e amadurecimento de Jeannette, interpretada pelas atrizes Ella Anderson e Chandler Head e a vê adulta, independente e transformada pela performance impecável de Brie Larson,  ganhadora do Oscar pelo "O Quarto de Jack" (2015) e que veio a se tornar a heroína Capitã Marvel no cinema. O filme ganha a atenção do público não só por ser baseado em fatos reais, mas também por retratar uma história nua e crua que retrata problemas como alcoolismo, falta de ambição, injustiça, violência, desarmonia, desaforos e ressalta a força da identidade família, além de questionar o perdão. Tais elementos farão com que o espectador se sensibilize e até se identifique em determinados momentos, mesmo quando eles soam previsíveis para dizer o mínimo.

Toda a dramaticidade fica por conta dos personagens. As atrizes mirins que encarnam Jeannette são boas e os conflitos entre pai e filha são bem executados ao ponto de fazer o espectador se sensibilizar e até se colocar no lugar da garota. Chandler Head faz uma Jeannette que, apesar de amar muito o pai e estar sempre ao seu lado, ela está ciente do quanto aquela vida é prejudicial não só para si, mas também para os seus irmãos, fazendo com que a garota bata de frente com o pai diversas vezes, trazendo boas entonações nas cenas, além de diálogos consistentes e emotivos.

Já Harrelson consegue impor carisma e crueldade em Rex, que é o personagem com mais nuances ao longo pra projeção, justamente por sua capacidade de, por meio das mudanças de postura e entonação, soar doce ou malicioso. A surpresa, porém, fica com a jovem Ella Anderson, que interpreta a protagonista em sua infância. Com uma atuação segura e incisiva, a menina consegue expressar todos os conflitos de uma criança criada em uma família disfuncional, passando desde o medo ao ódio que motiva Jeannette a buscar uma nova vida.

Falho parcialmente na estrutura de seu roteiro e competente graças à intima direção de Cretton, "O Castelo de Vidro" é um drama biográfico eficiente e capaz de emocionar os mais sensíveis.


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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Cine Especial: Revisitando Noivo Neurótico, Noiva Nervosa

Sinopse: Um humorista judeu e divorciado que faz análise há quinze anos, se apaixona por Annie Hall, uma cantora em início de carreira com uma cabeça um pouco complicada. Em pouco tempo eles decidem morar juntos, mas as crises conjugais começam a aparecer e afetar os sentimentos de ambos. 

Os filmes de Woody Allen são sobre sua pessoa, sobre suas neuroses e suas críticas acidas com relação a realidade em sua volta. É fácil, portanto, acusá-lo de ser repetitivo, já que a maioria dos seus personagens são uma representação sobre si e sobre determinada fase de sua vida particular. Portanto, "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977) é apontado por muitos como um dos melhores filmes de sua carreira unicamente por saber ser um ótimo ponto de partida para aqueles que forem conhecer a sua filmografia.

Para começar, o realizador já de início quebra a quarta parede e onde o mesmo nos convida para conhecer a sua vida desde a sua infância e já fazendo a gente constatar que ele tem sérios problemas. A beleza do filme está no fato de, tanto ele como os demais personagens, interagirem com o passado e o presente, como se as regras narrativas ficassem de lado e se sentirem livres em caminharem neste mundo. Esse mundo, aliás, podemos interpretá-lo como a mente de Woody Allen por dentro e do qual ele tenta ditar as regras, mas o próprio não consegue controlá-las e fazendo com que a edição de cenas da obra se torne ainda mais fantástica.

É perto do final dos anos 70, época em que ocorria uma transição que o cinema norte americano estava passando. Iniciando a década com a "Nova Hollywood", do qual é apontado até hoje como a melhor fase do cinema norte americano, a mesma passou naquele período por uma espécie de metamorfose devido ao sucesso "Tubarão" (1975) e posteriormente "StarWars" (1977). Em meio a essas mudanças, Allen estava ali como não quer nada, mas já chamando atenção da crítica através de filmes como "Um Assaltante Bem Atrapalhão" (1969) e "O Dorminhoco" (1973). Ironicamente, o realizador acabaria levando os seus Oscars de melhor filme e direção no ano em que "" mudaria o mercado cinematográfico para sempre, mas pelo visto os votantes da academia se encantaram pelas suas neuroses do que por uma história que se passava em uma galáxia distante.

O filme também marcaria a primeira grande parceria entre o cineasta e a atriz Diane Keaton, que vinha do sucesso "O Poderoso Chefão" (1972), mas obtendo chance maior através desse filme. Vale destacar que nunca Diane Keaton esteve tão à vontade em um personagem que se casou com perfeição com a sua pessoa, pois keaton não era um símbolo da beleza ou da maneira de se vestir, mas sendo ela mesma em seus respectivos papéis. A cena em que ela surge com o seu chapéu e gravata simboliza uma pessoa descontraída, mas não escondendo os mesmos questionamentos de sua cara metade da época.

Ambos em cena possuem uma ótima química em abundância, ao ponto que alguns momentos parecem que nada é improvisado e dando a entender que eles simplesmente estavam atuando como eles mesmos e seguindo apenas a premissa do roteiro. Pode-se dizer que o filme quebra a regra básica de uma comédia romântica como um todo, já que não há exatamente um final feliz para o casório, mas sim um exemplo que devemos obter relacionamentos para continuarmos vivos e seguirmos em frente, pois cada um é um aprendizado a ser guardado para si e com carinho. Ou seja, é um filme a frente do seu tempo e talvez até mesmo a frente da filmografia do realizador, pois se assistirmos aos demais filmes antes deste nos dá a sensação de que é um filme que fala sobre a sua carreira, de como foi a sua pessoa e da qual a mesma não conseguiu encobrir as suas principais falhas genuinamente humanas.

"Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" não é somente um dos melhores filmes da carreira de Woody Allen, como também um cartão de visita para conhecer suas grandes neuroses e suas relações não resolvidas. 

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