Sinopse: A vida e a morte através das histórias de diferentes pacientes com doenças terminais.
Costa-Gavras sempre foi um diretor ferrenho ao realizar longas que exploram as questões políticas e como elas se movem com relação ao sistema que os domina. Atualmente, por exemplo, existe uma população cada vez maior de idosos e fazendo muitos se perguntarem qual seria o melhor destino para eles enquanto o tempo e o dinheiro nunca dormem. "Uma Bela Vida" (2025) nos mostra a força de vontade de uns para que pessoas em seus momentos finais de vida sejam mais dignos enquanto outros tentam compreender essa realidade sem ter medo do inevitável fim.
Na trama, acompanhamos a relação profissional de um médico especializado em tratamentos paliativos Augustin Masset (Kad Merad) e um renomado escritor e filósofo Fabrice Toussaint (Denis Podalydés). A trama examina a vida e a morte através das histórias de diferentes pacientes com doenças terminais, como uma rica socialite parisiense, uma mãe com o último desejo de comer ostras e tomar um vinho Breizh’Cadet à beira do mar, e uma matriarca que prefere que sua morte assistida seja mantida em segredo.
Através do protagonista Fabrice, o cineasta faz com que ele se torne o nosso guia para adentrarmos nesta realidade em que a espera da morte não precise necessariamente ser dolorida, mas sim uma passagem que simboliza o que a pessoa foi em vida. É curioso, por exemplo, a ação e reação de cada um deles com relação ao seu destino, onde vemos os parentes se preparando para o inevitável, mas tudo de uma forma controlada e serena de acordo como o médico Augustin deseja. Em contrapartida, o olhar curioso de Fabrice é uma representação da nossa surpresa diante daquelas situações serem tratadas com maior controle, de uma forma mais humana e menos mecânica.
Temendo por estar com uma possível doença, Fabrice procura através dessas histórias apresentadas na trama uma forma de conter os seus temores, mesmo quando essa jornada não ameniza os seus pensamentos negativos. Ao mesmo tempo, em meio a possibilidade de escrever um livro sobre o assunto, o protagonista adentra sobre a questão do crescimento da população idosa e como ela está cada vez mais sendo abandonada por um sistema que não pensa de forma humana, mas sim que somente respira através das engrenagens capitalistas. Quando vemos determinados personagens debaterem sobre isso é quando o cineasta usa os mesmos como avatares e colocando as suas opiniões e pensamentos sobre o assunto em cena e fazendo com que a gente refletisse sobre elas.
Em tempos pós pandemia em que muitas pessoas viram os seus entes queridos partirem, ao mesmo tempo se nota menos humanidade e mais ação para avanços nos mais diversos setores, mas esquecendo do calor humano diga-se de passagem. Nos seus noventa e dois anos de vida, Costa-Gavras testemunhou a metamorfose de uma população cada vez menos pensante e mais presa em números e fazendo se esquecerem do que fazem realmente humanos. Ao menos, o realizador está fazendo a sua parte, mesmo quando o seu trabalho não seja visto por todos, infelizmente.
"Uma Bela Vida" é um filme de Costa-Gavras em sua essência e provando que o realizador está sintonizado com esse mundo cada vez mais desumano.
Faça parte:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948
Nenhum comentário:
Postar um comentário