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Casa Gucci
Sinopse: Casa Gucci é inspirada na chocante história real do império da família por trás da italiana casa de moda Gucci. Abrangendo três décadas de amor, traição, decadência, vingança e em última instância, assassinato, vemos o que um nome significa, o que vale e quão longe uma família é capaz de ir para se manter no controle.
Encanto
Sinopse: A história de uma família extraordinária, os Madrigais, que vivem escondidos nas montanhas da Colômbia, em uma casa mágica, em uma cidade vibrante, um lugar maravilhoso e encantador chamado Encanto.
A Sogra Perfeita
Sinopse: Neide (Cacau Protásio) é uma mulher de 40 e poucos anos que se separou do marido, tem pouco tempo e sonha em aproveitar a vida de solteira.
Imperdoável
Sinopse: Inspirado na minissérie de mesmo nome, Unforgiven acompanha Ruth Slater após cumprir seu tempo na prisão por um crime violento. Ao voltar para o convívio na sociedade e se recusar a perdoar seu passado por ter sido discriminada no seu lar, sua única esperança agora é encontrar a irmã que ela foi forçada a deixar para trás.
Deserto Particular
Sinopse: Em Deserto Particular, Daniel é um policial exemplar, mas acaba cometendo um erro que coloca em risco sua carreira e sua honra. Quando nada mais parece o prender a Curitiba, ele parte em busca de Sara, uma mulher com quem se relaciona virtualmente. Ele então mergulha em um intenso processo interno para aprender a lidar melhor com seus próprios afetos.
A Mostra de Cinemas Africanos, com curadoria de Ana Camila Esteves, volta a Porto Alegre entre os dias 02 e 09 de dezembro de 2021. Durante uma semana, o público poderá conferir uma cuidadosa seleção de ficções e documentários africanos, reconhecidos em grandes festivais e respaldados pela crítica e públicos internacionais.
A Mostra reúne 13 títulos realizados nos últimos anos em países como Costa do Marfim, Sudão, Argélia, Etiópia, Ruanda, Lesoto, Egito e República Democrática do Congo. Entre os destaques, Você Morrerá aos 20, de Amjad Abu Alala, e Falando Sobre Árvores, de Suhaib Gasmelbari, duas obras centrais do inspirador cinema contemporâneo sudanês; o documentário argelino Rua do Saara, 143, de Hassen Ferhani, premiado no Festival de Locarno, e Nossa Senhora do Nilo, de Atiq Rahimi, adaptação do romance homônimo da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga.
Duas obras clássicas fazem parte da programação: O Exilado, último longa-metragem realizado pelo pioneiro nigerino Oumarou Ganda, co-criador do clássico Eu, Um Negro, dirigido por Jean Rouch, e Câmera da África, documentário histórico realizado pelo tunisiano Férid Boughédir no período de celebração do aniversário de 20 anos dos primeiros filmes produzidos no continente africano. A sessão do filme de Boughédir será comentada por Pedro Henrique Gomes, pesquisador dos pioneiros africanos no cinema.
A mostra tem apoio da Cinemateca da Embaixada da França e do Institut Français.
O valor do ingresso é R$ 10,00. SINOPSES de todos os filmes: http://www.capitolio.org.br/novidades/4754/iii-mostra-de-cinemas-africanos/
GRADE DE HORÁRIOS – MOSTRA DE CINEMAS AFRICANOS
2/12 (quinta-feira)
17h – Run
19h – Você Morrerá aos 20 Anos
3/12 (sexta-feira)
17h – Nó na Cabeça
19h30 – Projeto Raros Especial: O Exilado
4/12 (sábado)
17h – Rua do Saara, 143
19h – Falando Sobre Árvores
5/12 (domingo)
17h – Você Morrerá aos 20 Anos
19h – Nossa Senhora do Nilo
7/12 (terça-feira)
17h – Falando Sobre Árvores
19h – Mãe, Estou Sufocando
8/12 (quarta-feira)
17h – Programa de Curtas
19h – Câmera da África + debate com Pedro Henrique Gomes
9/12 (quinta-feira)
17h – Lamb
19h – Navegando até Kinshasa
Sinopse: Em Curral, Joel é um advogado que está na disputa para eleição de vereadores na cidade de Gravatá, em Pernambuco. Ele decide convidar seu antigo amigo Chico Caixa (Thomás Aquino) para participar da campanha.
O documentário "Camocim" (2018) de Quentin Delaroche se passava em Camocim de São Félix, um município pernambucano marcado pelas disputas em época de eleições. A cidade se divide em duas cores, vermelho e azul, onde as mortes faziam parte do enredo em tempos não muito distantes. Nesse local, o diretor Quentin Delaroche encontra uma jovem que se chama de Mayara Gomes, coordenadora da campanha limpa para eleger o seu amigo César como vereador da cidade.
Embora simples eu jamais me esqueci do documentário, pois nele mostra as entranhas de como se faz e se vence uma eleição, seja ela em maior ou menor grau. Em tempos em que a política anda fervilhando as nossas vidas nunca é demais saber como realmente funciona a propaganda e como se faz para persuadir as pessoas a votarem em determinado candidato. Seguindo uma linha mais ficção, porém, não menos realista, "Curral" (2021) procura colocar para fora o esqueleto escondido dentro do armário que determinados candidatos escondem quando se digladiam para obter o maior número de votos.
Dirigido por Marcelo Brennand, o filme conta a história de Joel (Rodrigo Garcia (II)) um advogado que está na disputa para eleição de vereadores na cidade de Gravatá, em Pernambuco. Ele decide convidar seu antigo amigo Chico Caixa (Thomás Aquino) para participar da campanha, angariando votos de um bairro simples do município através da promessa do fornecimento de água. Apesar de receoso, Chico aceita, mas se vê atravessado por forças conflitantes enquanto questiona a ética desse tipo de campanha.
O filme possui ares de um quase documentário, já que a maioria dos atores que surgem na tela eles estão representando eles próprios em seu dia a dia naquela cidade e não escondendo o lado precário de suas realidades. Porém, a transição do lado quase documentário vai acontecendo na medida em que a trama é conduzida através dos personagens principais e dos quais são interpretados por atores de grande calibre. Conhecido pelo seu desempenho em "Bacurau" (2019) Thomas Aquino carrega o filme nas costas, ao interpretar um bom samaritano da comunidade, mas que não esconde as suas ambições de mudar de vida muito em breve.
Quando surge a oportunidade, vemos o personagem transitar entre o bom senso e pela falta de caráter, principalmente em situações em que vemos o mesmo pagar para os eleitores para assim obter voto para o seu amigo advogado Joel. Esse último, aliás, não esconde a sua ambição de subir na vida, mas tão pouco disfarça as suas fraquezas e os momentos em que enfrenta os seus demônios interiores na medida em que a eleição se torna cada vez mais complexa. Porém, Chico busca não se vender por completo a esse sistema, mas sabendo que não há mais um caminho para que ele volte a ser o que era, principalmente ao descobrir o lado podre da eleição assim como também a real face dos dois lados da disputa.
Com pouco mais de uma hora e vinte o filme jamais perde o seu ritmo, principalmente por dosar alguns pontos que envolve até certo suspense sobre o que irá acontecer em determinados momentos. Não deixa de ser surpreendente, por exemplo, um plano-sequência que ocorre dentro do carro, do qual dois personagens centrais testemunham compras de votos através de promessas que quase jamais serão cumpridas. São momentos como esse em que o longa nos prende do começo até o final da projeção e cujo o ato final todos os dilemas dos personagens principais são transbordados para fora do copo e cabe os mesmos aceitarem as consequências dos seus atos.
"Curral" é um pequeno pingo de uma grande tempestade sobre o que move as grandes eleições por todo esse país e sobre até onde a pessoa se vende por esse sistema já viciado e desacreditado.
SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES
A Noite do Fogo
SALA 1 / PAULO AMORIM
15h – OS TRADUTORES (NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DOMINGO, DIA 28) Assista o trailer aqui.
(Les Traducteurs - França/Bélgica, 2020, 105min). Direção de Régis Roinsard, com Lambert Wilson, Olga Kurylenko, Riccardo Scamarcio. Imovision, 14 anos. Suspense.
Sinopse: No mundo dos grandes lançamentos, o sigilo é fundamental. Por isso, nove tradutores, de línguas diferentes, são confinados em um hotel de luxo – e sem acesso à internet – para se dedicarem a um projeto milionário: a edição do último livro de uma famosa trilogia e que deverá ser lançado ao mesmo tempo no mundo inteiro. Tanto cuidado é para evitar qualquer vazamento, mas o negócio pode dar errado quando as primeiras dez páginas do livro chegam às mãos de criminosos.
17h – UMA HISTÓRIA DE FAMÍLIA (A PARTIR DE SÁBADO, DIA 27) Assista o trailer aqui.
(Family Romance, LLC - Estados Unidos/Japão, 2020, 90min). Direção de Werner Herzog, com Ishii Yuichi, Mahiro Tanimoto. Arteplex Filmes, 14 anos. Drama.
Sinopse: Em tempos de fake news e relações virtuais, por que não contratar amigos e familiares? Na empresa Family Romance LLC, há locações para todos os tipos de necessidades, inclusive seguidores para redes sociais e substitutos para reuniões de trabalho. Entre as muitas contratações da empresa, Ishii é chamado para representar o pai desaparecido de uma menina de 12 anos.
SALA 2 / EDUARDO HIRTZ
14h30 – A NOITE DO FOGO Assista o trailer aqui.
(Noche de Fuego - México-Alemanha-Brasil, 2021, 110min). Direção de Tatiana Huezo, com Norma Pablo, Mayra Batalla, Olivia Lagunas. Vitrine Filmes, 14 anos. Drama.
Sinopse: Em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, os homens não estão mais em suas casas: ou foram mortos, ou fugiram, ou foram cooptados pelas milícias. Com medo, as mulheres se protegem e tentam esconder as meninas dos grupos de narcotraficantes que atuam na região – sendo que uma estratégia é vesti-las como garotos. Indicado pelo México ao Oscar de melhor filme internacional, o filme é adaptado do livro "Reze Pelas Mulheres Roubadas", da escritora mexicana-americana Jennifer Clement.
16h30 – O NOVELO *ESTREIA* Assista o trailer aqui.
(Brasil, 2021, 95min). Direção de Claudia Pinheiro, com Nando Cunha, Rocco Pitanga, Sérgio Menezes. O2 Filmes, 16 anos. Drama.
Sinopse: Depois da morte da mãe, ainda na infância, cinco irmãos acabaram sendo criados pelo irmão mais velho. Agora, já adultos, eles recebem a notícia de que um homem, que está hospitalizado em estado de coma, pode ser seu pai. A sala de espera do hospital se transforma no cenário para um reencontro marcado por boas lembranças, algum ressentimento e a necessidade de seguir em frente. Prêmio de melhor ator para Nando Cunha e melhor filme pelo júri popular no Festival de Gramado 2021, a produção reúne cinco atores negros nos papeis dos protagonistas.
18h30 – CURRAL *ESTREIA* (NÃO HAVERÁ SESSÃO NA QUARTA, DIA 1º) Assista o trailer aqui.
(Brasil, 2021, 90min). Direção de Marcelo Brennand, com Thomás Aquino, Rodrigo García, José Dumont. Pandora Filmes, 14 anos. Drama.
Sinopse: No município de Curral, no interior do Nordeste, a população sofre há muitos anos com a crise hídrica. Joel vê uma oportunidade de usar o tema para sua campanha à Câmara dos Vereadores e convida seu amigo Chico para conquistar os votos do bairro mais pobre da região. Chico aceita, mas enfrenta os dilemas éticos e financeiros típicos de uma campanha política no Brasil – não importa o tamanho do eleitorado.
SESSÕES ESPECIAIS DA SEMANA
Sessão do ciclo Clássicos na Cinemateca – 35 anos.
DIA 28 DE NOVEMBRO ÀS 15h
NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS
(EUA, 1939, 95min). Direção de John Ford. Faroeste.
Sinopse: Considerado um marco do gênero western, o filme tem John Wayne como protagonista e segue um grupo de pessoas que precisa atravessar o deserto do Arizona em carruagens. No percurso, enfrentam vários perigos.
Sessão da oficina “Escola de Cinéfilos”
DIA 30 DE NOVEMBRO ÀS 19h
1917
(EUA/Reino Unido, 120min, 2019). Direção de Sam Mendes. Drama de guerra.
Sinopse: Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, dois jovens soldados britânicos são encarregados de atravessar o território inimigo para entregar uma mensagem que pode salvar milhares de colegas. O filme se destaca por ter sido filmado em plano-sequência, com apenas dois cortes.
Sessão do ciclo “O que é o Cinema Gaúcho?”
DIA 1º DE DEZEMBRO ÀS 19h
NAS PAREDES DA PEDRA ENCANTADA
(Brasil, 2011, 120min). Documentário de Cristiano Bastos e Leonardo Bomfim.
Sinopse: O filme recupera a história do álbum "Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol" (1975), de Lula Côrtes e Zé Ramalho, marcada por muitos contratempos. A sessão comemora os 10 anos de lançamento do filme, com a presença dos realizadores.
PREÇOS DOS INGRESSOS:
TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES.
Professores tem direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional.Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.
*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.
A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.
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Sinopse: Jovem apaixonada por design de moda que é misteriosamente capaz de ir para a década de 1960, onde encontra seu ídolo, uma deslumbrante aspirante a cantora.
Edgar Wright já pode ser apontado como um dos melhores diretores autorais do cinema atual. Começou de forma mansa, mas logo foi conquistando o público e a crítica através de "Todo Mundo Quase Morto" (2004), "Chumbo Grosso", "Scott Pilgrim Contra o Mundo" (2010) e "Em Ritmo de Fuga" (2017). "Noite Passada em Soho" (2021) ele potencializa o seu lado autoral, ao nos colocar frente a frente com uma Londres sedutora, porém, maquiavélica por detrás das cortinas.
O filme conta a história de Eloise (Thomasin Mckenzie), uma jovem apaixonada por design de moda que consegue, misteriosamente, voltar à década de 1960. Lá, ela encontra Sandy (Anya Taylor-Joy), uma deslumbrante aspirante a cantora por quem é fascinada. O que ela não contava é que a Londres dos anos 1960 pode não ser o que parece, e o tempo passa cada vez mais a desmoronar, levando a consequências sombrias.
Atualmente há um desejo no público atual em voltar em uma época mais dourada, ou mais precisamente em uma década em que a pessoa mais se identifica. Isso é explorado em potência máxima pelo diretor, onde já na abertura deslumbrante vemos Eloise dançando e cantando sobre tempos coloridos dos anos sessenta e casando assim com a sua ambição em ser uma grande estilista de moda. Se abertura já nos conquista o restante do filme nos fascina.
Em uma verdadeira mistura de "Meia Noite em Paris" (2011) com a "Repulsa do Sexo" (1965) Edgar Wright cria para a protagonista uma verdadeira viagem sensorial, onde não sabemos ao certo o que está acontecendo, se ela está delirando, sonhando ou realmente testemunhando aquele novo cenário. Enquanto as respostas não vêm o cineasta capricha na edição, cujo os jogos de cenas são fantásticos e cujo o uso de espelhos se torna uma peça fundamental para a trama como um todo. Arrisco a dizer que a fotografia e a edição de arte que reconstitui Londres dos anos sessenta está entre as melhores do ano e isso não é pouco.
Curiosamente, a trama vai se tornando cada vez mais complexa, ao ponto de ela transitar entre humor, suspense e até mesmo o puro terror sobrenatural. Tudo embalado de uma forma para que nos pegue desprevenidos, como se alguns elementos vistos na tela não passassem de fumaça e espelhos para ocultar a verdade dos fatos. Além disso, não me surpreenderia se Edgar Wright tenha pegado elementos de sucesso criados pelo mestre Alfred Hitchcock, já que há personagens duplos e dos quais ocultam grandes segredos.
Falando em duplo, o filme pertence as duas atrizes jovens de grande talento. Tanto Thomasin Mckenzie como Anya Taylor-Joy se sobressaem em seus respectivos papeis, sendo que essa última já nos chama atenção graças aos seus enormes olhos e que tem mais a dizer do que imaginamos. Já a personagem de Mckenzie vai crescendo na trama de tal maneira que consegue brilhantemente até mesmo ofuscar a sua contraparte.
Se há um defeito no filme está justamente em sua reta final, onde o diretor arrisca em usar certos elementos convencionais dos filmes de terror e quase prejudicando o resultado final. Felizmente Os minutos finais nos surpreende com uma incrível revelação e pegando muita gente desprevenida, inclusive eu. No saldo geral, o filme é uma crítica acida dessa nova geração em querer voltar para outros tempos, sendo que os mesmos problemas de hoje já se encontravam lá desde o princípio.
Com inúmeras e famosas músicas dos anos sessenta, "Noite Passada em Soho" é desde já um dos filmes mais criativos do ano, com um visual vibrante e história envolvente.
Sinopse: Em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, os homens não estão mais em suas casas: ou foram mortos, ou fugiram, ou foram cooptados pelas milícias.
"Sanctorum" (2019), recentemente exibido em nossos cinemas, contava a histórias de pessoas que viviam em um vilarejo, das quais as mesmas eram ameaçadas por milicias do tráfico de drogas e, ao mesmo tempo, algo de estranho vindo da natureza acontecia em volta. O filme foi uma bela demonstração de renovar a questão da guerra contra o tráfico vista nos cinemas, que ao longo dos anos quase sempre foi retratada como grande espetáculo orquestrado por Hollywood. Do México vem novamente "A Noite do Fogo" (2021) filme que dá nova luz sobre a questão, mas através de um olhar inocente que sobrevive perante o horror.
Dirigido por Tatiana Huezo, o filme se passa em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, os homens não estão mais em suas casas: ou foram mortos, ou fugiram, ou foram cooptados pelas milícias. Com medo, as mulheres se protegem e tentam esconder as meninas dos grupos de narcotraficantes que atuam na região – sendo que uma estratégia é vesti-las como garotos.
Indicado pelo México ao Oscar de melhor filme internacional, o filme é adaptado do livro "Reze Pelas Mulheres Roubadas", da escritora mexicana-americana Jennifer Clement. O filme começa de uma forma curiosa, onde vemos mãe e filha cavando um buraco para que a última se deite nele. A resposta para isso não vem de imediato, já que Tatiana Huezo opta de nos mostrar o cenário e os acontecimentos através do olhar das três jovens protagonistas e das quais se tornam o coração do filme como um todo.
Através delas conhecemos o dia a dia daquele povo, sendo boa parte formado por mulheres que foram jogadas a própria sorte, mas que não se intimidam perante as limitações que aquela realidade sempre os aflige. Não deixa de ser curioso, por exemplo, quando vemos essas mulheres tentarem se comunicar com o restante do mundo, ao usarem o celular em um morro alto e para assim obter um sinal. As adversidades existem, mas as mesmas não são o suficiente para deterem essas mulheres que decidiram lutar perante o horror vindo do homem.
Em meio a essa luta, vemos esse trio central crescendo, aprendendo, tentando se comunicar com a realidade em volta e fazendo com que as mesmas se tornem ligadas uma na outra. Nem mesmo em meio ao cenário precário será o suficiente de impedi-las de buscarem o conhecimento, mesmo quando o desejo de ir ao mundo a fora é interrompido pelo medo de deixarem os seus entes queridos à mercê da violência que está à espreita. Esse medo, aliás, é o que torna o filme quase uma obra de suspense, já que sempre há um temor sentido no ar e que somente é suavizado pelos momentos de paz do trio central.
O ato final reserva momentos delicados, ao vermos o horror chegando em forma de carros pretos, comandados por homens sem nenhum escrúpulo e que se acham no direito de oprimir e transformar a vida dessas pessoas em um pesadelo. Em meio a perdas e revoltas, a esperança ainda é mantida, graças ao que se aprendeu pela persistência de alguns e pelo desejo de vencer e obter uma vida melhor. "A Noite do Fogo" é sobre a inocência que precisa ser preservada e para que a mesma consiga voar e que nenhum momento precise se preocupar.