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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos



Sinopse: A região de Azeroth sempre viveu em paz, até a chegada dos guerreiros Orc. Com a abertura de um portal, eles puderam chegar à nova Terra com a intenção de destruir o povo inimigo. Cada lado da batalha possui um grande herói, e os dois travam uma disputa pessoal, colocando em risco seu povo, sua família e todas as pessoas que amam.



Os anos 90 foi um período em que houve inúmeras tentativas de levar adaptações de vídeo games para o cinema, mas que os resultados saíram desastrosos. Naquele período, os jogos de vídeo games eram superiores aos Ataris dos anos 80, mas mesmo assim, não possuíam uma trama que se comportasse de forma correta num filme de duas horas. Se naquele tempo era complicado, hoje a situação ainda é mais complicada, pois os jogos se tornaram realistas, ao ponto de ser realmente um filme, mas que você controla os personagens e numa jornada de várias horas de entretenimento.

Sendo assim, para que então fazer adaptações para o cinema desses jogos se eles próprios já são praticamente um filme de longuíssima duração?

O cinema americano, graças a sua escassez de falta de idéias originais, busca meios para gerar novas franquias e para assim gerar novos lucros. Levou tempo, mas eles conseguiram graças aos estúdios Marvel, por exemplo, construir franquias milionárias com as adaptações das HQ e que tão cedo não irá acabar. Mas a ambição fala mais alta e é aí que surge mais uma tentativa para uma adaptação de um jogo de vídeo game para as telas  e o novo candidato é  Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos.
Dirigido por Duncan Jones (Lunar), acompanhamos o embate entre humanos e orcs, sendo que esses últimos vieram ao mundo mágico da terra dos homens através de um misterioso portal. Entre os guerreiros com dentes grandes se encontra Durotan (Toby Kebbell), que acredita estarem no caminho errado da história e deseja criar uma aliança com o reino dos homens. Contudo, ambições e traições aos milhares fazem com isso gere mais conflito.
Pois bem, para começo de conversa nunca joguei Warcraft, mas prefiro não ter essa vantagem, pois fiquei livre em não ficar perdendo tempo em fazer comparações com a sua fonte de origem. Portanto, assistir ao filme, e analisá-lo, se tornou bem mais fácil, ao ponto de não ficar perdendo tempo com as possíveis readaptações que possivelmente os fãs mais ferrenhos irão se incomodar. Mas se por um lado não perdi tempo me incomodando com isso, por outro, fiquei fisgando a todo o momento momentos da trama que me lembravam outros filmes, até mesmo os mais recentes.
Para começar, não há como negar que Warcraft bebe muito da fonte do universo visto em O Senhor dos Anéis, sendo que, anões e elfos, mesmo que vistos brevemente, estão ali em momentos que me fizeram lembrar a já clássica trilogia. E se temos o universo criado pelo escritor Tolkien como referencia, não há como negar que o mundo de Azeroth, por vezes, lembra o planeta de Avatar, pois até mesmo vi em alguns instantes umas montanhas flutuantes, sendo elas muito parecidas com as que foram vistas na super produção de James Cameron. E se isso só já não é o bastante, há uma porção de referências ao velho e antigo testamento, sendo uma delas uma referência explicita ao libertador dos hebreus Moises.
Claro que isso não torna um defeito do filme, pois não é a primeira e nem será a última vez em que veremos uma obra se sustentar através de idéias já aproveitadas em outras obras. O que torna o filme rico, em termos técnicos, por exemplo, são sem sombra de dúvida os Orcs. Criados através pela capturas de movimento, o realismo visto aqui é algo semelhante com o que foi visto em Avatar, sendo que, se tivesse sido lançado pouco tempo depois da obra de Cameron, o impacto seria ainda maior.
Mas, se por um lado os efeitos impressionam, as interpretações dos atores reais vistos na tela soam um tanto que artificiais. No princípio, se percebe a dificuldade de alguns atores ao contracenarem com os personagens digitais, sendo que, durante a produção, logicamente eles contracenaram com o nada. Bom exemplo disso é o desempenho do ator Travis Fimmel (da série Vikings), que embora seja um bom ator, parece que a todo o momento ele se encontra travado, até mesmo nas cenas das quais se exige mais dramaticidade. Curiosamente, Dominic Cooper (Drácula: A História não Contada) do qual eu sempre considerei um ator regular, acaba impressionando como rei de Azeroth, principalmente nos momentos finais da trama.
É bom lembrar que, embora ação seja o grande chamariz da trama, o cineasta Duncan Jones foi habilidoso em dar espaço para o melhor desenvolvimento dos seus personagens, principalmente quando eles colocam pra fora o seu lado mais humano em situações de desespero. Medivh (Ben Foster) possui um momento tocante, onde revela um pouco do seu passado e demonstra total peso que sente nas costas devido a sua responsabilidade. Mas talvez o meu personagem preferido seja mesmo Garona (Paula Patton), uma guerreira que possui o sangue dos dois mundos e que carregará o grande fardo de uma grande consequência, que é disparado o melhor momento do filme.
Mesmo com duas horas, infelizmente o filme tem pouco tempo para desenvolver melhor tantos personagens. Porém, se percebe alguns cortes dos quais são bem nítidos e dando a entender que o filme deveria ter sido mais longo do que foi visto nas telas do cinema. Provavelmente veremos uma edição especial do filme futuramente.
Com final em que possui inúmeros ganchos para uma possível sequência, Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos tem o potencial para o nascimento de uma grande franquia. Resta saber se o público em geral irá aceitar, tanto os seus acertos, como também os seus defeitos.  

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Cine Dica: Pérolas de Clint Eastwood na Sala P. F. Gastal

MOSTRA “CLINT EASTWOOD – O GEMINIANO QUE NÓS AMAMOS” APRESENTA OBRAS MENOS CONHECIDAS DO MESTRE AMERICANO

Entre os dias 14 e 19 de junho, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) apresenta o ciclo Clint Eastwood – O Geminiano Que Nós Amamos, com um panorama de obras importantes e menos populares de um dos nomes mais talentosos da história do cinema. Com projeção digital e várias exibições em alta definição, a mostra é uma parceria com a distribuidora MPLC e a locadora E O Vídeo Levou.
Entre os destaques da mostra, estão o tenso primeiro longa-metragem de Clint, Perversa Paixão, sobre a obsessão amorosa; sua apropriação sombria do polêmico policial Dirty Harry, Impacto Fulminante; o melancólico retrato de um cantor apaixonado pela música, A Última Canção; e o seu primeiro faroeste como diretor, o violento O Estranho Sem Nome. Também ganham exibição a obra-prima Um Mundo Perfeito, reconhecido por muitos fãs como seu grande filme, e o subestimado Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal. Duas das atuações mais marcantes de sua trajetória, O Estranho que Nós Amamos, de Don Siegel, e O Último Golpe, de Michael Cimino, completam a programação.
 
 
GRADE DE PROGRAMAÇÃO
 
 
Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal
(Midnight In The Garden Of Good And Evil, 1997, 155 minutos)
 
John Kelso (John Cusack), um escritor e jornalista de Nova York, vai até Savannah, Geórgia, para cobrir a festa de natal de Jim Williams (Kevin Spacey), um noveau-riche (segundo ele mesmo) que se tornou a pessoa mais importante da cidade. Durante a festa na casa do milionário Kelso, sem ter noções de certos fatos, presencia uma briga entre o anfitrião e Billy (Jude Law), que parecia não ter tido grandes conseqüências. Mas, um pouco mais tarde, ele fica sabendo que Jim matara Billy, com quem tinha uma ligação íntima. Deste momento em diante tudo em Savannah passa a girar em torno do julgamento e Jim, que alega legítima defesa, espera usar seu prestígio e poder para ser absolvido, mas parece que tanto a defesa quanto a acusação decidiram mascarar a verdade de todas as formas, para terem um veredicto favorável. Exibição em HD.

Um Mundo Perfeito
(A Perfect World, 1993, 137 minutos)

Nos anos 60, presidiário sequestra criança como refém, após fugir de sua sentença. Segue para o Alaska, terra onde seu pai foi morar, para um acerto de contas com o passado. Porém, com o tempo, cria uma amizade com o menino, que também desconhecia a presença de uma figura paterna. Enquanto são perseguidos por um veterano policial, os dois compartilham emoções que lhes eram desconhecidas. Exibição em HD.

Impacto Fulminante
(Sudden Impact, 1983, 115 minutos)

Harry Callahan (Clint Eastwood) é um policial de São Francisco que é criticado por seu método, no qual mata diversos criminosos em seu trabalho. Assim é mandado em uma missão na Califórnia, enquanto a situação se acalma. Entretanto lá uma artista, Jennifer Spencer (Sondra Locke) foi atacada sexualmente juntamente com a irmã, que enloqueceu. Assim ela jura vingança e começa a eliminar os homens que a violentaram, fazendo com que Callahan tenha que evitar que ela continue matando. Exibição em DVD.

A Última Canção
(Honkytonk Man, 1982, 118 minutos)

Na década de 30, durante a terrível depressão americana, somente uma coisa era capaz de garantir a sobrevivência de um homem: seus sonhos. Red Stovall (Clint Eastwood), um apaixonado pela música e pelo Whisky, decidiu correr as estradas empoeiradas atrás de uma chance para se tornar um grande cantor country. Junto com seu fiel sobrinho (Kile Eastwood), cuja função era manter longe de problemas, eles seguiram de Oklahoma até Nashville vivendo aventuras e decepções em nome de seus sonhos. Exibição em HD.

O Último Golpe
(Thunderbolt and Lightfoot, 1974, 110 minutos)
Direção: Michael Cimino

Sete anos após um assalto a banco, um experiente ladrão que se disfarçava de sacerdote religioso se reúne com um companheiro mais jovem e irreverente, reencontrando seu antigo grupo para organizar um novo e audacioso golpe. Exibição em HD.

O Estranho Sem Nome
(High Plains Drifter, 1973, 105 minutos)

Eastwood interpreta um estranho misterioso que surge das escaldantes areias do deserto e cavalga decidido para amedrontada cidade do Lago. Após cometer vários crimes em vinte minutos, o Estranho é contratado pela cidade para protegê-la de três pistoleiros fugidos da prisão. Exibição em blu-ray.


Perversa Paixão
(Play Misty For Me, 1972, 102 minutos)

Dave (Clint Eastwood) é um locutor paquerador que perdeu a namorada (Donna Mills) por causa de suas traições. Na cidade de Carmel ele vive sua rotina de passeios noturnos pelo circuito de bares e cantadas picantes dirigidas às ouvintes que escutam as cinco horas diárias de seu programa. Certo dia, ele sai como uma fã (Jessica Walter) e na sequência um romance se inicia, apesar dele deixar claro para ela que não gostaria de nada sério. Quando a ex-namorada retorna para a cidade, Dave pensa em mudar de vida e tornar-se fiel, mas Evelyn não está disposta a perder essa disputa amorosa e revela-se mais perigosa e imprevisível do que ele poderia imaginar. Exibição em blu-ray.  

O Estranho que Nós Amamos
(The Beguiled, 1971, 100 minutos)
Direção: Don Siegel

Clint Eastwood e Geraldine Page estrelam este tenso drama psicológico sobre amor e traição. Durante a Guerra Civil Americana, um soldado da União ferido é abrigado pela diretora e pelas estudantes de um colégio para garotas no Sul do país. Enquanto sua saúde melhora, seu desejo aumenta. Contudo, poderia ele confiar que estas mulheres do inimigo não iriam entregá-lo? Exibição em blu-ray.  


GRADE DE PROGRAMAÇÃO
14 a 19 de junho de 2016

14 de junho (terça)
15h – Perversa Paixão
17h – A Última Canção
19h – Um Mundo Perfeito

15 de junho (quarta)
15h – O Estranho que Nós Amamos
17h – O Estranho Sem Nome
19h – Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal

16 de junho (quinta)
15h – Impacto Fulminante
17h – A Última Canção
19h30 – Lançamento do documentário Olhos Fechados Pro Azar, com a banda Dingo Bells

17 de junho (sexta)
15h – O Estranho Sem Nome
17h – Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal
20h – Projeto Raros (O Relatório, de Abbas Kiarostami + debate com Ivonete Pinto)

18 de junho (sábado)
17h – O Último Golpe
19h – Impacto Fulminante

19 de junho (domingo)
15h – Perversa Paixão
17h – O Estranho que Nós Amamos
19h – Um Mundo Perfeito
  
Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Fone 3289 8133

terça-feira, 7 de junho de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: YORIMATÂ



Sinopse: Documentário relembra a carreira da dupla Luhli e Lucina, artistas que ganharam reconhecimento nos anos 1970, explorando o cenário hippie. As duas foram pioneiras da música independente brasileira e até hoje vivem um relacionamento a três com o fotógrafo Luiz Fernando Borges da Fonseca, que ao longo dos anos captou várias imagens das cantoras e instrumentistas por meio de uma câmera Super 8.

O nome Yorimatã surgiu da união de iorubá com tupi-guarani, referindo-se ao nome de uma de das músicas das cantoras e compositoras Luli e Lucina: Yorimatã Okê Aruê, que significa “salve a criança da mata”. Essas duas garotas se tornaram fortes imagens do universo hippie do nosso país durante os anos 70. O diretor Rafael Saar criou inúmeros curtas-metragens e já trabalhou com outro cineasta, Joel Pizzini no documentário sobre Ney Matogrosso, Olho Nú de 2014.
Foi no percurso da criação do filme de Joel que Rafael conheceu Luli e Lucina. Embora não sejam muito lembradas pela geração de hoje, as duas possuem um peso enorme, não só na história da música brasileira, como no comportamento livre que buscava o seu espaço na época e que ainda busca liberdade total até hoje. O cineasta então decidiu criar seu primeiro longa sobre essas duas garotas, que possuem uma cruzada de altos e baixos, mas que com muita união e amor colheram muitos louros.   

O documentário tem participado de inúmeros festivais, inclusive os de temática LGBT, como no caso do 23º Festival Mix, em São Paulo e  9º For Rainbow, em Fortaleza. Isso se deve muito a relação de Luli e Luciana, da qual a sintonia entre as duas era tão grande, que elas não viam problemas de uma delas ser casada. Luli já era casada com o fotógrafo Luiz Fernando da Fonseca quando conheceram Lucina na época. Isso não impediu de ambas sentirem uma identificação fortíssima por meio da musica e o que acabou se estendendo na vida do casal e formando uma relação a três.   

O longa abre com uma cena de ambas cantando e tocando violão. Somente depois dessa apresentação é que somos convidados a entender o universo particular de ambas as personagens. Para o cinéfilo desinformado ou sem nenhum conhecimento sobre MPB, é super interessante conhecer o vasto em termos de composições das quais elas criaram para os cantores de sucesso da época como Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Tetê Espindola, Joyse e inúmeros outros.     

Além disso, os cantores surgem em imagem de ontem e hoje, sendo que as imagens mais antigas são de Super 8, onde mostram a dupla trabalhando e mostrando o dia a dia delas com o marido. Mas o que torna Luli e Lucina importantes no universo da musica brasileira é que elas foram as primeiras do mundo da música ao lançarem um disco independente no Brasil. Isso se deve ao fato delas sempre recusarem a entrar no estilo que as gravadoras sempre exigiram na época para os cantores que buscavam o sucesso.  

Outra coisa que diferenciava a dupla dos demais cantores do período era a utilização dos seus tambores nas apresentações na TV e em show pelo país a fora. O desempenho das duas no palco deveria ter sido muito contagiante na época, pois visto pelo documentário já nos conquista. Com o debate da liberação feminina cada vez mais forte na época, a música de ambas fez um grande sucesso através do público feminino que se identificavam com a letra. 
Yorimatã é recomendável para ser visto por todos, principalmente por aqueles que, não somente curtem a música brasileira, como também para aqueles que defendem o feminismo, liberdade de expressão e o amor livre para todos.


 
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Cine Dica:Vampiros black de Bill Gunn no lançamento da mostra Faça a Coisa Certa

PROJETO RAROS APRESENTA O CULT GANJA & HESS
Na sexta-feira, 0 de junho, às 20h, acontece na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) a sessão de lançamento da mostra Faça a Coisa Certa, com uma edição especial do Projeto Raros, exibindo o cult Ganja & Hess (1973, 110 minutos), de Bill Gunn, uma singular e experimental aproximação entre o blaxploitation e os filmes de vampiros. Exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes em 1973, o filme ganhou uma recente refilmagem de Spike Lee. Após a sessão, debate com os pesquisadores Carlos Thomaz Albornoz e Cesar Almeida. Com exibição em blu-ray e legendas em inglês, a sessão tem entrada franca.
A mostra Faça a Coisa Certa acontece entre os dias 14 e 19 de junho e traz uma seleção de obras produzidas nos Estados Unidos por realizadores negros como Spike Lee, Gordon Parks, Charles Burnett, Melvin van Peebles, Ryan Coogler e Ava DuVernay. Em breve a divulgação completa.

SINOPSE: A lâmina de uma antiga adaga africana espalha uma epidemia vampírica para o assistente de pesquisa George, cuja sede de sangue logo infecta o Dr. Hess Green. Quando Hess é raptado pela bela esposa de George, Ganja, ele tenta esconder seu terrível segredo... mas a um preço muito alto.
Trabalhando o vampirismo como metáfora para o vício em heroína, Ganja & Hess traz Duane Jones, protagonista de A Noite dos Mortos Vivos, de George A. Romero, em seu segundo papel de destaque. O filme foi recebido pela crítica como a mais importante obra do cinema negro norte-americano desde o pioneiro independente Sweet Sweetback Baadasssss Song, de Melvin van Peebles. 
Carlos Thomaz Albornoz é idealizador do Projeto Raros, crítico de cinema, membro da ACCIRS e ator sempre que falta alguém e o diretor aceita qualquer um para o papel. César Almeida nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no ano de 1980. Ainda muito cedo, as histórias fantásticas do cinema e da literatura conquistaram sua atenção. Mais tarde, a paixão por filmes B e livros fantásticos o levou a pesquisar e escrever. Publica artigos sobre cinema desde 2008, e em 2010 lançou Cemitério Perdido dos Filmes B, que compila 120 resenhas de sua autoria. Também escreve ficção, com o pseudônimo Cesar Alcázar, além de atuar como editor (Argonautas Editora) e tradutor.

PROJETO RAROS ESPECIAL
LANÇAMENTO DA MOSTRA FAÇA A COISA CERTA
GANJA & HESS
(Estados Unidos, 1973, 110 minutos)
Direção: Bill Gunn
Elenco: Marlene Clark, Duane Jones, Bill Gunn, Sam Waymon

Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Fone 3289 8133

www.salapfgastal.blogspot.com

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: UMA NOITE EM SAMPA



Sinopse: Um grupo de pessoas que vive no interior aluga um ônibus para ir à São Paulo assistir à uma peça no teatro Ruth Escobar. Ao fim do espetáculo, elas descobrem que o motorista não está e o ônibus está trancado. As pessoas não têm saída a não ser esperarem por ele. Mas é tarde da noite e eles ficam apavorados com os perigos que podem surgir como moradores de rua e um bocado de gente estranha.

Dependendo do seu conteúdo, um filme pode possuir inúmeras interpretações, das quais cada um que assiste pode tirar as suas próprias conclusões. É o caso agora de Uma Noite de Sampa, novo filme do cineasta Ugo Giorgetti (Cara ou Coroa) que, mesmo em pouco mais de uma hora de duração, a produção possui inúmeras camadas de interpretação. Se formos mais longe, o filme pode ser interpretado como uma metáfora da nossa sociedade brasileira atual, do qual se encontra cada vez mais presa devido ao medo da violência suburbana e dos estereótipos criados pelo dia a dia.
Mas talvez Uma Noite Sampa sinalize por algo que vai muito além do que isso. A proposta do cineasta que, há quem diga, sempre enxergou São Paulo com um olhar de dúvida, injeta aqui uma inspiração vinda do clássico O Anjo Exterminador do mestre Luis Buñuel. Naquele clássico, Buñuel retrata inúmeros personagens da alta burguesia, sendo impedidos de sair da sala principal de um casarão por algo que eles próprios não conseguem explicar.
É mais ou menos isso então que acontece em Uma Noite em Sampa: após assistirem a um espetáculo teatral, grupo que veio do interior, sendo alguns ex-moradores de São Paulo, ficam á espera do motorista do ônibus, do qual inexplicavelmente desaparece do local e fazendo com que o grupo fique a mercê do lado de fora do ônibus em plena noite escura. A longa jornada de espera na frente do veiculo logo vai descascando os medos que cada um ali guarda para si, não somente da violência que ocorre na grande metrópole, como também por possuírem receios perante aos drogados, sem tetos e figuras solitárias e estranhas que surgem no decorrer da noite.
Embora o filme tenha sido feito há pouco tempo, ele possui na realidade um clima meio retro, mas que sintetiza todo o clima de incerteza e medo do qual o Brasil vive atualmente. É ai que chego ao ponto do início do texto, já que a obra possui muito mais conteúdo do que apenas o que a gente vê na tela. Assim como foi visto em seus filmes anteriores, Ugo Giorgetti sabe como ninguém retratar de uma forma simples, porém crua, a divisão de classes que se encontra a nossa sociedade.
Infelizmente as pessoas se acostumaram mal a ficar presas ao estereótipo, do qual se cria então o medo, mas sem razão aparente. Nos momentos finais do filme, por exemplo, uma personagem cega dá um exemplo digno de nota e fazendo com aqueles que têm o dom da visão não consigam enxergar além do que os seus olhos podem ver. Essas pessoas então ficam presas como estátuas em seu próprio presente, como se elas estivessem no passado, mas o mundo continua andando.
Com um grande time de atores do teatro paulistano, como Fernanda Garrafa, Cris Couto, Maria Stella Tobar, Roney Facchini, Thaia Perez (que está no elenco de Aquarius) e Suzana Alves (sim, a Tiazinha), Uma Noite em Sampa vem nos dizer que estamos nos travando por medos, preconceitos e que, se continuarmos nesse retrocesso, seremos apenas seres humanos empalhadores para os olhos do resto do mundo. 


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