Sinopse: Gray tem a mulher assassinada e fica com o corpo paralisado. Porém, com uma tecnologia avança, consegue a chance de se locomover e buscar vingança.
Leigh Whannell vem construindo uma carreira solida como um cineasta autoral e com ideias criativas dentro do gênero de horror e ficção. Trabalhando desde cedo pelo estúdio Blumhouse Productions, através como produtor e roteirista de franquias como "Jogos Mortais" e Sobrenatural", Whannell obteve o seu primeiro grande sucesso como diretor no bem sucedido sucesso de público e crítica "O Homem Invisível" (2020). Em "Upgrade" (2018) ele consegue demonstrar ainda mais seus dotes como cineasta autoral e não decepciona.
A trama se passa em um futuro próximo, onde a tecnologia controla quase todos os aspectos da vida. Mas quando Gray (Logan Marshall-Green), um tecnofóbico, tem seu mundo virado de cabeça para baixo, sua única esperança de vingança é um implante experimental de chips de computador chamado Stem. O que ele não sabe é que ele e a inteligência artificial se tornaram um só.
Visualmente se percebe que o cineasta bebeu muita da fonte da série cultuada "Black Mirror", da qual nos apresenta tramas em que a tecnologia vista ali não é muito diferente da nossa atual. Em ambos casos, são obras que falam sobre o poder cada vez maior dessas tecnologias, fazendo do ser humano cada vez mais dependentes a elas e fazendo com que, enfim, a gente perca a nossa própria identidade. Ao mesmo tempo, é uma trama em que mostra a tecnologia cada vez mais evoluindo, mas ao mesmo tempo fazendo com que muitos de nós percam o seu emprego e se tornando miseráveis e caindo no esquecimento.
Embora com essa forte carga de crítica contra o sistema capitalista, o filme também é entretenimento de primeira, mas que jamais se esquece da proposta principal da trama. Tecnicamente o filme é um show com o uso da câmera, já que Leigh Whannell a usa para registrar cada movimento do protagonista quando o mesmo usa a sua tecnologia interna. Com isso se tem momentos em que a câmera faz um giro de 360º graus, ou momentos de plano-sequências mirabolantes e cuja essa maneira de se filmar seria vista também em "O Homem Invisível".
Mas embora a trama seja criativa ela não é muito diferente do que já foi visto em filmes, literatura ou HQ em que se explora o subgênero cyberpunk. Porém, ela se torna corajosa quando se envereda por terrenos que raramente os realizadores se arriscam, mas fazendo com que se faça a diferença e ganhando assim até mesmo atenção de uma crítica mais exigente. Logan Marshall-Green pode até não ser um grande ator, mas se sai muito bem em determinadas cenas dramáticas e se virando bem em momentos em que se exige um bom preparo físico.
Com um final que daria espaço para uma eventual continuação, até mesmo para um série de tv,"Upgrade" é corajoso em sua proposta, ao retratar um futuro não muito diferente do nosso presente e fazendo a gente até mesmo temer pela perda de nossa própria realidade.
Onde Assistir: Netflix.