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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 6 de julho de 2022

Cine Especial: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - ‘Um Herói'

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.

SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana. Data: 09/07/2022, sábado, às 10:15 da manhã


"Um Herói" (Ghahreman)

Irã / França, 2021, 130 min, 12 anos

Direção: Asghar Farhadi 

Elenco: Amir Jadidi, Mohsen Tanabandeh, Fereshteh Sadre Orafaee

Sinopse: Rahim está na prisão devido a uma dívida que não conseguiu pagar. Durante uma licença de dois dias, ele tenta convencer o seu credor a retirar a sua queixa contra o pagamento de parte da quantia, mas as coisas não saem de acordo com o planejado.  Vencedor do Grand Prix no Festival de Cannes de 2021.


Sobre o Filme: 

Quando se pensa sobre o cinema iraniano imediatamente nos lembramos das obras de Abbas Kiarostami, cujo os seus diálogos e cenários conquistaram as plateias do mundo todo. Porém, Asghar Farhadi não fica muito atrás, pois o realizador de filmes como "Procurando Elly" (2010), "A Separação" (2012) e "O Apartamento" (2017) nos chama atenção pelo mesmo em querer explorar personagens que transitam entre a verdade e a mentira de determinados fatos da história. "Um Herói" (2021) é o seu mais novo filme que segue essa linha de raciocínio e nos surpreendendo novamente graças ao seu lado criativo.

Em "Um Herói", Rahim é um calígrafo que está na prisão por conta de uma dívida que não conseguiu pagar. Enquanto Rahim pode ficar dois dias fora da prisão, sua namorada, Farkhondeh apresenta a ele uma oportunidade que vai tirar ele atrás das grades. Quando consegue sair, Rahim é flanqueado por sua família, incluindo seu filho de um casamento passado, seus admiradores, seus devedores, e até com quem dividia a cela. Numa jogada entre vida ou morte, os dias de liberdade do protagonista parecem estar numerados.

Com uma sublime abertura de uma região histórica do Irã, Asghar Farhadi procura nos apresentar Rahim de forma gradual, para que possamos nos simpatizarmos com ele e compreender as suas motivações. Ao se envolver em uma forma de recuperar a sua dignidade através de um novo trabalho, é curioso como uma pequena mentira criada já no início do filme se torna uma grande bola de neve e fazendo ela se tornar incontrolável em determinados momentos da história. É preciso salientar que se a mentira já é um problema no ocidente no Irã a situação é redobrada, pois envolve muitas questões que vão desde a religião e honra.

Mas embora tenha essas diferenças, o filme escancara o fato de que o país não está livre também da proliferação de notícias que fogem rápido do controle a partir do momento em que são divulgadas nas redes sociais. Uma vez a internet envolvida a situação cada vez piora e fazendo da vida do protagonista um verdadeiro inferno. Tudo o que ele quer é obter uma vida digna, mas não usufruindo dela devido a burocracia e a falta de fé do próximo perante a sua pessoa.

Curiosamente, o filme me lembrou do clássico "Ladrões de Bicicleta" (1948) Vittorio De Sica, já que ambos os casos os personagens buscam o seu direito de adquirir o seu emprego para sobreviver. Enquanto no clássico italiano o protagonista busca um meio de reaver a sua bicicleta roubada, aqui o personagem Rahim busca arduamente uma mulher que pode confirmar a história de uma determinada e valiosa bolsa perdida. No final, ambas as jornadas dos protagonistas se tornam causas perdidas, pois as vezes a verdade nunca parece ser o suficiente hoje em dia.

O filme "Um Herói" é trama se passa no Irã, mas ela se torna universal quando sistema, redes sociais e verdades e mentiras escancaram o fato que a sociedade procura acreditar no que melhor lhe convir. 


Atenciosamente,

Marcelo Castro Moraes 

Diretor de Comunicação e Informática do  CCPA.

https://cinemacemanosluz.blogspot.com/

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