Sinopse: Dois jovens judeus eslovacos conseguem escapar de Auschwitz. Eles voltam para a Eslováquia e tentam relatar às autoridades o genocídio sistemático no campo de concentração.
Em "Bacurau" (2019) vemos os protagonistas enterrando o fascismo, mas ele é enterrado vivo. A cena serve como metáfora, pois mesmo derrotando o fascismo ele continua vivo, aparecendo aos poucos e dominando poderosos governos em tempos contemporâneos. "O Protocolo de Auschwitz" (2021) não é somente um retrato de uma época de puro horror vindo da loucura do ser humano, como também serve de alerta para essa geração atual que ainda dúvida sobre o holocausto.
Dirigido por Peter Bebjak, acompanhamos a história de Freddy e Walter - dois jovens judeus eslovacos que foram deportados para Auschwitz em 1942. Em 10 de abril de 1944, após um planejamento meticuloso e com a ajuda e a resiliência de seus internos, eles conseguiram escapar, tentando cruzar a fronteira para assim encontrar a liberdade. Porém, um novo desafio veio pela frente.
Assim como o poderoso "O Filho de Saul" (2015), Peter Bebjak usa a sua câmera em movimento constante, para nos passar um tom quase documental da história e nos dando a sensação de estarmos em meio ao inferno do campo de concentração. O cenário, aliás, não poupa os nossos olhos, que vai desde ao vermos judeus sendo despidos de suas próprias vestimentas, como também vermos os mesmos sendo mortos e empilhadores em locais obscuros. Ao mesmo tempo vemos os dois protagonistas usando todos métodos disponíveis para saírem daquele local, mas mal sabendo do horror que provocariam dali em diante.
Curiosamente, vemos um retrato um pouco mais verossímil de como agiam os nazistas daqueles tempos nebulosos. Sempre sendo retratados como monstros no cinema norte americano, vemos aqui os mesmos sendo retratados como pessoas transitando entre a maldade e a loucura da qual foram obrigados em praticar, ao ponto de vermos alguns se drogarem para continuar a cometer crimes contra a humanidade. Em determinado momento, por exemplo, vemos um amaldiçoando o próprio governo por ter feito perder o seu filho e sendo ainda obrigado a continuar sendo um monstro.
Com uma fotografia de cores pálidas, sintetizando o cenário de morte do local, o filme ganha certa esperança quando vemos os dois protagonistas obtendo a chance de relatar o que ocorre realmente nos campos de concentração. Porém, se percebe que o horror é tão explicito que parece até mesmo impossível de acreditar que realmente tenha acontecido. O ato final nos mostra bem isso, onde vemos um determinado personagem horrorizado e incrédulo ao ouvir histórias que mais parecem terem sido copiadas de um conto de horror.
Os minutos finais servem de alerta para todos nós atualmente, onde testemunhamos discursos discriminatórios, racistas e homofóbicos de pessoas que dizem cidadãos do bem, mas que logo mostram os monstros que são uma vez eleitos pelo povo iludido. São palavras que poderiam ter sido ditas facilmente por Hitler ou Pinochet, mas são dos líderes de hoje e que lideram esse fascismo trajado de Direita e que não mede esforços para se manter no poder a todo custo. "O Protocolo de Auschwitz" é um retrato de um passado tenebroso e que serve de alerta para o presente e o nosso futuro.
NOTA: O filme pode ser visto por locação no Youtube.
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