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sexta-feira, 4 de junho de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Cruella'

Sinopse: Inteligente, criativa e determinada, Estella quer fazer um nome para si através de seus designs e acaba chamando a atenção da Baronesa Von Hellman. Entretanto, o relacionamento delas desencadeia um curso de eventos e revelações que fazem com que Estella abrace seu lado rebelde e se torne a Cruella. 

Sejamos honestos para nós mesmos quando pensamos nas versões live-action dos clássicos da Disney. Boa parte deles não tem alma, não passando de uma cópia sem nenhum brilho se for comparado ao original e existindo somente para gerar lucro ao estúdio. "O Rei Leão" (2019), por exemplo, talvez seja o pior exemplo de um filme sem alma, cuja a perfeição dos animais em cena não possui nenhum pingo de vida se for comparado ao desenho tradicional do clássico de 1994 que nos fazia até mesmo chorar em diversos momentos.

Porém, nem tudo são maçãs podres neste cenário, pois se puxarmos pela memória o estúdio havia começado com o pé direito nestas releituras dos seus clássicos. "Malévola" (2014) foi uma grata surpresa para a época, pois deu uma nova dimensão a uma personagem já bastante complexa do clássico "A Bela Adormecida" (1959) e provando que não custa ousar para inovar e nos surpreender. "Cruella" (2021) vem para jogar esse cenário de pernas pro ar e a gente só tem que agradecer.

Dirigido por Craig Gillespie, do magistral "Eu Tonya" (2017), o filme é ambientado entre os anos 60 e 70, em meio à revolução do punk rock, o filme da Disney mostra a história de uma jovem vigarista chamada Estella (Emma Stone). Inteligente, criativa e determinada a fazer um nome para si através de seus designs, ela acaba chamando a atenção da Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), uma lenda fashion que é devastadoramente chique e assustadora. Entretanto, o relacionamento delas desencadeia um curso de eventos e revelações que farão com que Estella abrace seu lado rebelde e se torne a Cruella, uma pessoa má, elegante e voltada para a vingança.

O clássico da Disney "101 Dálmatas" (1961) não somente apresentava animais fofos como também uma das vilãs mais carismáticas do estúdio. Cruella possuía uma presença contagiante, cuja a sua ambição em transformar cachorrinhos inocentes em casacos de pele era somente a ponta de um iceberg de uma figura que tinha ainda mais para nos oferecer. Convenhamos, a versão do clássico em  live-action  de 1996 somente funcionou graças a personagem e isso muito se devia a veterana Glenn Close ao dar vida a famigerada vilã. Parecia, portanto, uma missão impossível dar uma nova roupagem para esse curiosa figura em pleno século 21, mas eis que surge Emma Stone.

Vencedora do Oscar por ´"La La Land" (2016), Stone embarcou de cabeça na personagem, ao não somente ficar perfeita visualmente, como também em transforma-la em alguém mais humana e próxima a nós. Sua Cruella é uma personagem de origem trágica, que comeu o pão que o Diabo amassou, mas não desistindo de sua grande ambição de se tornar uma grande estilista. A primeira meia hora de filme é uma verdadeira aula de como se faz uma história de origem e cuja a narração off da personagem se encaixa profundamente.

Outro grande acerto do filme talvez seja o fato da trama transitar entre o verosímil e o cartunesco, sendo que esse último é representado por situações e personagens que mais parecem que saíram do clássico desenho animado, mas não dominando a cenas como um todo. Há uma preocupação na construção dos personagens, que antes em suas versões originais não possuíam profundidade e sendo apenas figuras para nos entreter. É surpreendente, por exemplo, vermos Horácio e Jasper, antes simples capangas da protagonista, se tornando peças fundamentais na vida da personagem e isso graças ao bom desempenho de Paul Walter Hauser e Joel Fry.

Voltando a protagonista, não me surpreenderia se Emma Stone fosse indicada ao próximo Oscar, pois atriz se sobressai em momentos em que a personagem dá de encontro com situações que desafiam o seu ser e a forçando a dar um novo passo para colocar para fora o seu lado mais sombrio e calculista. Porém, essas situações somente acontecem porque a sua antagonista Baronesa funciona também em cena e isso graças ao incrível desempenho de Emma Thompson. Aliás, ambas em cena são protagonistas de momentos em que o filme adentra a um terreno ousado, corajoso e até então um pouco inédito para o estúdio.

Tecnicamente o filme é um colírio para os olhos, cuja a edição de arte e fotografia se alinham com perfeição e nos passando uma bela reconstituição de época. Porém, é bom destacar a impressionante montagem das cenas, cujo o seu ritmo faz com que jamais sintamos o tempo passar e cujo um plano-sequência no primeiro ato da trama irá nos surpreender. Mas é no seu figurino que se encontra o seu maior triunfo, cujo o trabalho da estilista Jenny Beavan, vencedora do Oscar pelo figurino de "Mad Max - Estrada da Fúria" (2015) sintetizam tempos ousados do mundo da moda e se casando muito bem com as cores da época.

O filme, logicamente, não se esquece dos fãs do clássico do estúdio e cujo os créditos finais nos brindam com uma bela homenagem nostálgica e muito bem-vinda. Aliás, o filme termina exatamente quando o clássico começa, ou seja, respeitando a sua fonte original, mas sem copia-la. Com uma trilha sonora surpreendente e com as melhores músicas dos anos 60 e 70,  "Cruella" é o melhor filme live-action dos clássicos da Disney e provando que ousar nunca é demais para nos surpreender.


Nota: O filme está também disponível pelo Disney + 


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