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quarta-feira, 2 de junho de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Mães de Verdade’

Sinopse: O casal Kiyokazu Kurihara e Satoko decide adotar um bebê. Seis anos depois, felizes no casamento, eles recebem uma ligação de uma mulher chamada Hikari Katakura alegando ser a mãe biológica de Asato, o filho adotado do casal. 

No filme americano "Juno" (2007) vemos de forma lucida e bem humorada a jovem protagonista doar para adoção o seu bebê, pois ela ainda é muito nova para criar. Porém, no mundo real, e na prática, as coisas não funcionam de forma mecânica, pois os sentimentos humanos sempre estarão lá para nos lembrarmos do que realmente somos feitos. "Mães de Verdade" (2021) retrata de forma delicada diversas mães, das quais tiveram sorte, mas outras tiveram o azar de encarar a dura realidade.

Dirigido por  Naomi Kawase,  o filme conta a história de Kiyokazu Kurihara (Arata Iura) e Satoko (Hiromi Nagasaku), um casal que, no desejo de ter um filho, adotam um bebê. Seis anos depois, enquanto vivem um feliz casamento, eles recebem uma ligação de uma mulher chamada Hikari Katakura (Aju Makita), alegando ser a mãe biológica de Asato (Reo Sato), o filho adotado do casal. Hikari diz querer seu filho de volta, chantageando a família com a pedida de uma alta quantia de dinheiro.

De forma lírica, porém, não menos realista, Naomi Kawase procura construir essa história de forma verossímil, mas jamais se esquecendo de estar lidando com o cinema. Por conta disso, a diretora usa diversos artifícios, desde ao criar uma bela fotografia de cores claras, das quais sintetiza o equilíbrio que o casal principal vai passando, como também para momentos obscuros em que a mãe biológica vai enfrentando. Tudo isso moldado por um curioso flashback, do qual surge sem nenhum aviso, mas que não nos confundem em nenhum momento.

Embora o filme seja um retrato da cultura japonesa atual, por outro lado, o tema sobre adoção é universal e devendo ser visto e debatido por todos. Se por um lado alguns países tratam o assunto com certo conservadorismo, é curioso observar que isso não acontece em outros como no caso do Japão, que trata o assunto de forma lucida e não se esquecendo do peso que ela traz para as pessoas envolvidas. O conservadorismo está ali, principalmente ao ser retratado através dos pais da mãe biológica, mas isso não é algo para ser jogado para debaixo do tapete, mas sim sendo encarado de frente.

Embora o casal o casal central seja os verdadeiros protagonistas do primeiro ato, Hikari Katakura surpreende em uma atuação comovente como a mãe biológica, da qual ela retrata diversas meninas sonhadoras de todo mundo, mas tendo o conto de fadas desfeito quando encara o mundo real como um todo. É neste último caso, por exemplo, que a diretora Naomi Kawase muda o tom do filme de uma forma quase documental, ao focar a jovem protagonista em meio a outras meninas com a mesma situação em um refúgio para dar à luz e assim conhecemos cada uma de suas histórias. Ou seja, não é um caso isolado, mas um de muitos ao redor do globo.

No ato final verdades precisam ser ditas, para que elas sejam administradas de forma coerente, seja pelos vai adotivos ou biológicos. Não importa qual o sangue fale mais alto, mas sim os sentimentos que precisam serem ouvidos. "Nossas Mães" fala sobre o amor universal vindo de mães que anseiam pelo melhor para os seus filhos em meio adversidades que vão surgindo no mundo. 


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