Sinopse: O casal Ed e Lorraine Warren investigam um assassino que alega ter sido possuído por um demônio.
"Invocação do Mal" (2013) foi a prova viva que usando de bom uso os velhos recursos técnicos do cinema de antigamente pode sim gerar um ótimo filme de terror e foi exatamente isso que o cineasta James Wan provou. O filme não somente teve a sua continuação, superior diga-se de passagem, como também os seus derivados, desde a ótima trilogia de "Annabelle" iniciada em (2014), como os descartáveis "A Freira" (2018) e "A Maldição da Chorona" (2019). "Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio" (2021) vem para encerrar a trilogia com certa dignidade, pois se percebe que a fórmula já está dando os seus sinais de desgaste.
Dirigido por Michael Chaves, o mesmo de "A Maldição da Chorona", o filme conta a história assustadora de terror, assassinato e um desconhecido mal que chocou até os experientes investigadores de atividades paranormais Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga). Um dos casos mais sensacionais de seus arquivos, começa com uma luta pela alma de um garoto, depois os leva para além de tudo o que já haviam visto antes, para marcar a primeira vez na história dos Estados Unidos que um suspeito de assassinato alega ter tido uma possessão demoníaca como defesa.
Como a trama se passa no início dos anos oitenta é perceptível que o filme beba da fonte dos filmes de terror que faziam sucesso naqueles tempos, principalmente aqueles que exploravam questões de satanismo e possessão em abundância. Se você sentir um déjà vu na abertura não se surpreenda, pois tirando o fato do exorcismo apresentado na tela seja muito bem feito, a imagem de um padre chegando à casa é uma curiosa homenagem ao clássico "O Exorcista" (1973). Aliás, é perceptível que o filme carregue algumas outras homenagens e, portanto, não se surpreenda que o título "O Iluminado" (1980) venha também em sua mente.
Curiosamente, se nota também que o filme carrega o desgaste que esse subgênero de possessão e satanismo estava sofrendo naquela época, sendo que nem os estúdios Hammer escaparam da fórmula e misturando o universo do vampirismo com o satanismo para gerar algum lucro naqueles tempos longínquos. Logicamente, os realizadores batem forte na questão de que o filme é baseado em fatos verídicos e não tiro mérito disso, mas convenhamos, se nota que muita coisa foi romanceada para que ali se atraia a massa cinéfila.
Não que esse terceiro filme seja o mais fraco da trilogia, mas se nota que Michael Chaves não possua a mesma segurança e calibre na direção do que o seu antecessor James Wan. Se por um lado ele surpreende na reconstituição de fatos que foram notícias na época sobre o caso de possessão e assassinato, por outro lado, não soa muito verossímil quando os mesmos fatos transitam pelo gênero fantástico criado especialmente para o filme como um todo. Em contrapartida, o casal central Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) são novamente o coração central do filme, ao ponto de a gente sempre se preocupar com eles perante a situação que eles estão enfrentando, mesmo quando no fundo a gente sabe que eles sairão dessa situação vivos.
Falando nisso, o filme possui um ato final em que já sabemos como tudo irá se desencadear, mesmo quando os realizadores criam situações que nos faz a gente temer até o último minuto pela vida dos personagens centrais. Quando o filme termina, constatamos que os realizadores não tinham a pretensão de inovar a franquia, mas sim somente continuar o que já havia funcionado nela. Se por um lado faltou coragem, ao menos, não inventaram ideias absurdas que poderiam piorar o resultado final da obra.
"Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio" encerra a trilogia com certa dignidade, mas dando sinais que já está na hora do casal de investigadores paranormais se aposentarem das telas dos cinemas antes que seja tarde.
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