Sinopse: Garoto problemático tem segunda chance na vida através de uma escola de Coro.
O cinema possui inúmeros filmes em que se explora a música em sua total magnitude e que, por vezes, desafia os seus protagonistas a se superarem na vida através dessa arte. "Whiplash: Em Busca da Perfeição" (2014) talvez seja o melhor exemplo com relação a esse meu pensamento e sendo facilmente apontado como um dos melhores filmes desses últimos dez anos. Embora não chegue ao nível de perfeição, "Coro" (2015) é delicioso ao assisti-lo, ao nos identificarmos com os protagonistas que buscam o seu talento no mais profundo do seu ser.
Dirigido por François Girard, do filme "Violino Vermelho" (1998), o filme conta a história de Stet (Garrett Wareing), um confuso garoto-problema de 11 anos de idade, que sofre com a recente morte de sua mãe solteira em um acidente de carro. Ele acaba em um internato, onde ele se sente um peixe fora d'água. Logo, ele bate de frente com o maestro do coral do colégio, Carvelle (Dustin Hoffman), que reconhece algo especial na voz de Stet. O professor vai influenciá-lo a descobrir seu dom criativo na música e o jovem rebelde vai provar que consegue atingir os padrões exigidos para participar do coral, orgulho da famosa escola.
O primeiro ato já nos pega um pouco desprevenido, não só pelo fato da morte repentina da mãe do protagonista, como também pelo fato do mesmo nos surpreender em possuir o dom pela música mesmo aparentando ser um rebelde sem causa. Na medida em que a trama avança, o jovem acaba aos poucos abaixando a guarda e deixando a magia da música molda-lo para uma realidade que antes ele desconhecia, mas da qual ele sempre tinha a chave para abrir a porta. Logicamente ele recebe ajuda daqueles que enxergam nele algo muito além de um simples jovem, mesmo quando alguns ainda ficam na dúvida sobre ele.
Tecnicamente o filme é aquela típica obra que poderia ser facilmente exibida nos finais de ano, já que a trama sempre tem como pano de fundo momentos festivos como o natal e a músicas do coral sintetizam muito bem essa minha visão. Com uma fotografia de cores que transita entre o frio e o colorido, isso acaba por ser uma espécie de representação das mudanças que o jovem protagonista vai passando, desde ao se tornar um dos principais do coral, como também o fato dele ir amadurecendo e conseguindo obter assim o seu caminho. Por conta disso, o personagem de Dustin Hoffman nada mais é do que uma espécie de mentor que, embora não tenha o mesmo patamar de outros grandes mentores do cinema, o veterano ator consegue fazer o dever de casa ao construir um personagem que transita entre o seu lado pretensioso e a humildade na medida certa.
Como não poderia deixar de ser, o filme se encaminha para um ato final em que a maioria já irá adivinhar o que irá acontecer. Porém, isso não tira o brilho do filme como um todo, principalmente quando temos o privilégio de ouvir o clássico "O Messias" através do coral cantado por esses jovens. Vale destacar que o filme é inspirado no American Boychoir School, um dos corais mais respeitados do mundo, com sede em Nova Jersey.
Com pouco mais de uma hora e meia, "O Coro" é um filme sobre o indivíduo comum que busca pelo seu "eu" verdadeiro através da arte da música e para que assim consiga encontrar o seu real caminho para trilhar na vida.
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