Sinopse: Holt Farrier é uma ex-estrela de circo que retorna da guerra e encontra seu mundo virado de cabeça para baixo. O circo em que trabalhava está passando por grandes dificuldades, e ele fica encarregado de cuidar de um elefante recém-nascido, cujas orelhas gigantes fazem dele motivo de piada.
O grande problema de algumas versões live action recentes dos clássicos da Disney é que elas são muito presas a sua fonte original. "A Bela e a Fera"(2017), por exemplo, parecia uma cópia de cada cena de sua fonte original e não me surpreenderia se a versão de “Aladdin” (1992) seguir o mesmo caminho quando for lançado ainda neste ano. Felizmente,"Dumbo" segue por um caminho inverso, pois ao invés de ser uma cópia de sua fonte original ela possui vida própria e ganhando uma nova cara em tempos em que o assunto sobre a diversidade x intolerância sempre estão em pauta.
Dirigido por Tim Burton, o filme conta a história de Holt Farrier (Colin Farrell), ex estrela do circo que retorna da guerra com marcas que ela havia lhe deixado. Ao chegar ao lar, o seu circo se encontra em frangalhos e tendo a missão ao lado dos seus filhos em cuidar de um elefante a recém-nascido. Curiosamente, o pequeno elefante possui grandes orelhas e um talento escondido que ninguém imaginava.
Quando "Dumbo" foi lançado em 1941 o mundo era outro, onde temas como bullying não estavam em pauta e pessoas que eram excluídas dos demais da sociedade conservadora eram jogados na própria sorte. O filme emocionou inúmeras pessoas da época, ao ver um inocente elefante que era desprezado pelos humanos por ser diferente, mas que possuía um talento que nenhum elefante normal poderia alcançar. Por muito tempo se pensava como seria esse conto clássico em uma versão live action e Tim Burton decidiu abraçar esse fardo.
Com uma filmografia cheia de personagens que são menosprezados pela sociedade, como foi visto em sua obra prima "Edward Mãos de Tesoura" (1991), Burton possui total controle na apresentação do seu personagem principal. Ao vermos pela primeira vez Dumbo em cena ficamos encantados pelo seu profundo olhar, onde enxergamos um ser cheio de vida, mas confuso perante uma realidade que tornará a sua vida dura. É preciso reconhecer o enorme esforço na criação do personagem, já que poderia soar muito artificial, mas sentimos sentimentos vindo dele na primeira vez que vemos esse doce olhar que nos faz encantar.
Em termos de comparações, Burton jamais esquece do clássico de 1941 e sempre colocando em cenas pequenas homenagens para alegrar os saudosistas. Contudo, as referências vão até certo ponto e o filme ganha independência na medida em que a história avança. Outro fator que separa essa nova versão do clássico é o espaço muito maior dos personagens humanos e tornando cada um deles relevantes para dentro da trama.
Infelizmente eles acabam não se tornando tão interessantes se formos comparar com o próprio protagonista. Embora Colin Farrell seja a personificação humana de Dumbo dentro da trama, sua imagem se torna meio apagada quando se comparado aos velhos veteranos em cena, que são Deny Devito e Michael Keaton que, aliás, é sempre bom rever os dois finalmente juntos após longos anos desde "Batman - O Retorno" (1992). Curiosamente, Eva Green, a nova musa de Burton, possui um personagem curioso, mas que infelizmente é desperdiçado ao longo do percurso.
Em sua reta final, os realizadores se encarregam de criar um grande espetáculo, onde o protagonista precisará se livrar de suas amarras e dar o seu voo mais alto para assim abraçar a felicidade que quase nunca é alcançada. Embora previsível, é um final satisfatório, mesmo quando a gente deseja que Burton tenha maior liberdade criativa em uma superprodução como essa. Não é um filme perfeito, mas também há um coração ali envolvido.
"Dumbo" é um filme que compra briga contra a intolerância atual e só por isso já merece o respeito vindo de todos nós.
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