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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Elon não acredita na morte



Sinopse: Após o desaparecimento de sua esposa Madalena, Elon imerge em uma jornada insone pelos cantos mais sombrios da cidade, buscando entender o que pode ter acontecido com ela, na tentativa de não perder sua sanidade pelo caminho.


O plano sequência (tomadas em movimento e sem cortes) não é novidade para aqueles que acompanham a história do cinema desde sempre, onde câmera se torna os nossos olhos e fazendo a gente se tornar parte da trama. Martin Scorsese, por exemplo, usou esse artifício desde o princípio em seus clássicos e mais recentemente László Nemes fez com que adentrássemos no inferno ao lado do protagonista num campo de concentração no filme O Filho de Saul. Em sua estreia como diretor, Ricardo Alves Jr cria em Elon não acredita na morte uma espécie de pesadelo filmado, onde o protagonista vai numa cruzada de busca, mas que acaba encontrando algo, por vezes, inexplicável.
Na trama, acompanhamos a cruzada de Elon (Rômulo Braga de Sangue Azul) em meio a uma cidade claustrofóbica e sombria. Ele procura a sua esposa Madalena (Clara Choveaux, ótima) da qual, aparentemente, está desaparecida e ninguém sabe ao certo onde ela está. Aos poucos, situações corriqueiras dão lugar a momentos peculiares e dos quais colocam a sanidade de Elon em cheque.
Com a câmera quase sempre atrás do protagonista, o filme já começa com ele indo a uma busca desenfreada, onde praticamente nos convida a ser o segundo ou terceiro personagem em cena e ficarmos sempre na expectativa do que acontecerá em seguida. No decorrer do tempo percebemos uma persistência, até mesmo doentia, vinda do protagonista e fazendo a gente se perguntar o que realmente aconteceu a sua esposa. Porém, o clima soturno, além de personagens ainda mais peculiares surgindo em cena, nos dá entender que não seja exatamente a esposa dele que esteja perdida nessa metrópole peculiar.
Aos poucos, percebemos que o cineasta faz referencias a inúmeros temas dentro da trama, desde ao clássico da mitologia Grega Orfeu, como também criar uma representação de um Brasil desconstruído e se encaminhando cada vez mais para o precipício. Elon seria então uma espécie Orfeu contemporâneo, que desce ao inferno em busca de sua amada, mas que acaba sofrendo uma trapaça e da qual lhe custa a sua sanidade. Por outro lado, Elon seria também o cidadão brasileiro de hoje, cada vez mais afogados em mentiras, falsas promessas e criando para dentro de si uma paranoia e uma falta de fé explicita.
Não é uma trama que nos passe soluções fáceis, sendo que cada um tem uma interpretação sobre que assiste na tela. Quando a gente acha que as pontas soltas se enlaçam, principalmente quando surge rapidamente do nada Madalena numa passagem da trama, eis que tudo que acreditamos naquele momento cai por terra e reacendendo novas interpretações sobre o que virá a seguir. É neste ponto que Elon cada vez mais se adentra aquele submundo sombrio e desconexo e se entregando as consequências dos seus atos que se iniciaram a partir de sua busca. 
Como participação de nomes importantes, como do autor, cartunista e ator Lourenço Mutarelli de (Que horas ela Volta?), Elon não acredita na morte é uma pequena e sombria experiência fictícia, mas da qual não está muito distante de nossa própria realidade atual.


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