Quando se é bem feito, o
gênero de horror é um território fértil de boas histórias, onde se tem a
possibilidade de se criar uma trama da qual se torne um reflexo sobre a nossa
realidade contemporânea. Em tempos incertos, onde um conversador como Trump
está no posto mais poderoso do mundo, o cinema se encarrega de lançar obras das
quais nos fazem debater sobre os poderosos que nos governam e sobre o papel
daqueles que são perseguidos pelo preconceito sem sentido. Mais do que uma obra
de terror sobre o racismo em pleno século 21, Corra! é uma metáfora crítica
sobre a nosso mundo alienado e cada vez mais absorvido por uma realidade
plástica do qual os meios de comunicação tentam nos vender no dia a dia.
Dirigido pelo estreante
Jordan Peele, o filme acompanha a ida do casal Cris (Daniel Kaluuya) e Rose
(Allison Williams) à casa dos pais dessa última e para que eles então possam
conhecer Cris. Aos estarem na residência, os pais de Rose se comportam de uma
forma meio peculiar com o Cris pelo fato dele ser negro. A situação fica cada
vez mais mórbida no momento que Cris se dá conta que os empregados do casal
agem de uma forma peculiar e sarcástica, como se não vivessem exatamente na
realidade dos quais eles se encontram.
Falar mais seria igual a estragar as inúmeras surpresas que o filme nos reserva, principalmente pelo fato de ser uma obra da qual ela é mais bem compreendida após uma segunda sessão e o que torna a experiência cinematográfica cada vez mais interessante. Bebendo da fonte dos mestres do suspense como Alfred Hitchcock, por exemplo, o cineasta Jordan Peele fez bem a sua lição de casa, ao criar uma trama da qual nos identificamos, mesmo quando sua obra foge de uma verossimilhança da qual havia injetado em sua primeira meia hora de projeção. Curiosamente, o filme parece um grande episódio da já cultuada série Black Mirror e essas sensações aumentam ainda mais principalmente pela presença do ator Daniel Kaluuya (visto no segundo episódio da série) que aqui se apresenta como a verdadeira força matriz do filme.
Falar mais seria igual a estragar as inúmeras surpresas que o filme nos reserva, principalmente pelo fato de ser uma obra da qual ela é mais bem compreendida após uma segunda sessão e o que torna a experiência cinematográfica cada vez mais interessante. Bebendo da fonte dos mestres do suspense como Alfred Hitchcock, por exemplo, o cineasta Jordan Peele fez bem a sua lição de casa, ao criar uma trama da qual nos identificamos, mesmo quando sua obra foge de uma verossimilhança da qual havia injetado em sua primeira meia hora de projeção. Curiosamente, o filme parece um grande episódio da já cultuada série Black Mirror e essas sensações aumentam ainda mais principalmente pela presença do ator Daniel Kaluuya (visto no segundo episódio da série) que aqui se apresenta como a verdadeira força matriz do filme.
Na trama, o seu personagem Cris
é alguém desconfiado perante o mundo em sua volta, como se a perfeição fosse
apenas uma cortina da qual esconde uma realidade crua e que vive tentando escapar
dela. Essa sensação somente piora no momento em que ele se encontra naquele
local misterioso, onde a normalidade e a perfeição se tornam estranhas e até
mesmo amedrontadoras. Quando então conhecemos um pouco sobre o seu passado,
percebemos que Cris é vitima desde o princípio, não pela possibilidade de ter
sofrido o preconceito racial, mas por ter sido absorvido por um determinado
meio de comunicação que o deixou adormecido em um momento crucial de sua vida e
que o marcou para sempre.
Ponto para o cineasta Jordan
Peele, ao conseguir criar um momento simbólico, onde uma simples figura
familiar de nosso dia a dia se torna então uma figura maléfica e opressora. Os
simbolismos apresentados então no filme se casam com perfeição com a
ambigüidade vinda dos personagens daquele local, onde não deixam de escancarar
um desejo de curiosidade por Cris, como se ele estivesse numa jaula sendo
estudado e para logo depois ser colocado numa prova de choque. Esse cenário é
todo moldado pelos pais de Rose (Catherine Keener e Bradley Whitford, ótimos em
cena), cujo comportamento de ambos só não é mais estranho graças à presença de
outros personagens negros do local, dos quais se comportam como se estivessem
deslocados dessa realidade, absorvidos em um tempo retrógrado e já muito
esquecidos.
Uma vez que aquela realidade já não faz nenhum
sentido, é então que Cris toma uma providência e o que acaba descobrindo o que
realmente se passa no local. É então que o filme, surpreendentemente, se
encaminha por um território familiar para os fanáticos pelos filmes de terror
de antigamente, mas que poderia soar ridículo e sem nenhum sentido nos dias d
hoje. Felizmente, a proposta principal do filme fica intacta, mesmo quando o
roteiro ameaça se enveredar para o absurdo ou para soluções fáceis e fechando a
obra de uma forma que a gente saia da sessão com o desejo de debatermos sobre o
que assistimos.
Com a proeza de ter até
mesmo algumas boas pitadas de humor, CORRA! nos surpreende pela sua
originalidade, mas ao mesmo tempo, sabendo usar velhas fórmulas de sucesso para
se criar um belo filme de terror contemporâneo.
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