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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: Spotlight: Segredos Revelados



Sinopse: Um grupo de jornalistas descobre documentos que provam crimes sexuais cometidos por padres contra crianças em Boston. Eles preparam uma série de reportagens reveladoras, evidenciando os abusos cometidos por sacerdotes da Igreja Católica.

 

Um dos segredos para o sucesso do clássico Todos os Homens do Presidente era pelo fato do filme não se encarregar de somente retratar os motivos que levaram o estouro do escândalo watergate (1972), como também retratar qual é o verdadeiro papel de um jornalista profissional, ou seja, investigativo. O filme estrelado pelos astros Robert Redford e Dustin Hoffman serviu de modelo para outros filmes que viriam a seguir nas décadas seguintes, como no caso Zodíaco de David Fincher. Spotlight: Segredos Revelados talvez venha a ser mais um novo discípulo do clássico dos anos 70, mas ao mesmo tempo falando e muito por si por tocar num assunto espinhoso. 
Marty Baron (Liev Schreiber) manda um grupo de jornalistas de Boston investigar supostos casos de padres abusando sexualmente de crianças durante décadas. O grupo liderado pelo jornalista Walter Robinson (Michael Keaton) decide então escavar cada pista do que eles puderem descobrir. Mal eles sabem que, na realidade, os horrores que essas crianças passaram estão muito além de Boston.
Embora polêmico, o filme de Tom McCarthy (O Visitante) não procura demonizar a igreja Católica, mas sim procurar e divulgar uma lista completa de indivíduos que, se dizem a serviço de Deus, mas que não passam de lobos vestidos de cordeiros. Além disso, o filme se envereda mais para o papel do jornalista investigativo, fazendo da trama um verdadeiro filme policial e não meramente um drama. Agiu como ninguém, a câmera de McCathy não deixa escapar nenhum dos personagens principais, e criando então um verdadeiro mosaico, dos fatos que nos são apresentados durante as investigações individuais de cada um deles.
Demonstrando serem verdadeiros profissionais da área, os personagens optam em não discutirem o certo e errado sobre o papel da Igreja Católica durante a sua história, mas sim buscarem os verdadeiros fatos, pois querendo ou não, há pessoas próximas a eles que convivem com a igreja todos os dias. Uma vez que as emoções começam a dominar o lado profissional deles, se começa a perceber que o papel da igreja sempre esteve presente em suas vidas. Marty Baron (Liev Schreiber), por exemplo, optou ir à busca desses fatos ao lado desse grupo de jornalistas por motivos claramente pessoais, mesmo nunca demonstrando as suas reais motivações, mas sim escancarando somente o seu lado profissional no caso.
O mesmo não acontece com Michael Rezendes (Mark Ruffalo, ótimo): determinado, e sempre persistente em busca aos fatos, Rezendes gradualmente se deixa ser levado pelas emoções no caso em que trabalha. Não que o seu passado tenha algo de similar com que ele investiga, mas sim compreendemos as suas frustrações, e desapontamento pelo que sente perante a igreja e quando ele desabafa na frente dos seus colegas acaba se tornando uma das melhores cenas do filme. Com trejeitos e cacoetes visíveis, Ruffalo novamente cria um personagem que se difere do que ele já fez anteriormente na carreira.
E se o desempenho de Rachel McAdams se apresenta um pouco decepcionante no decorrer do filme, o mesmo não se pode dizer do desempenho do ex-Batman Michael Keaton, que, após ressurgir das cinzas com Birdman, ele demonstra total controle na interpretação em meio a inúmeros interpretes, e sempre quando está em cena contracenado com outros, nossas atenções sempre estão em volta dele. Aliás, o personagem de Keaton possui um momento que, sintetiza qual o verdadeiro papel da pessoa, em reagir ou não sobre tais fatos como esse da igreja quando se descobre e quais as consequências uma vez que não se faz nada a respeito sobre isso. É nesse momento em que o filme nos convida para nos colocarmos no lugar do personagem, e fazer com a gente se pergunte, sobre qual é o nosso papel uma vez que descobrimos sobre casos que não deveriam ficar no escuro.
Como eu disse acima, Todos os Homens do Presidente serviu de modelo para os filmes que viriam a surgir no decorrer das décadas, mas aqui a coisa se torna ainda mais explicita. Se naquele filme havia um misterioso personagem que ficava na penumbra (o tão famoso Garganta Profunda), para dar informação precisas para os jornalistas, aqui o personagem misterioso surge sempre com uma voz peculiar através de uma ligação telefônica. Á formula atualizada não é nenhuma maravilha, mas é uma homenagem mais do que clara ao clássico filme.
Com um final em que os personagens alcançam os seus objetivos, Spotlight: Segredos Revelados vem para questionar o mundo jornalístico de hoje que, cada vez mais se preocupa com a audiência, ao invés de investigar e lançar os verdadeiros fatos de determinados assuntos, seja ele político ou religioso.   


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